MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
fernando farinha - maria feia
Era era o riso da aldeia
P'ra todos Maria feia
Quando o seu nome era Rosa
Porque ao nascer, por desgraça
Deus não permitiu a graça
De que ela fosse formosa
Era a bondade em pessoa
Mas o ser assim tão boa
Não lhe servia de nada
E os rapazes lá da aldeia
Diziam que por ser feia
Não dava p'ra namorada
Até que um dia, ao lugar
Outro feio foi parar
Que se apaixonou p'la Rosa
Como ela correspondesse
Já havia quem dissesse
Que ela estava mais formosa
Casaram tempos depois
E daquele amor dos dois
Mais feios da redondeza
Nasceu um dia um petiz
Tão lindo que até Deus quiz
Fosse um prémio de beleza
fernando farinha - expresso a paris
Entrei no comboio
De malas na mão
Destino Paris
Ou continuação
Lágrimas caindo
Lenços acenando
Um adeus à terra
Até não sei quando
Estremece o comboio
Começa a viagem
Um breve silêncio
Enche a carruagem
Só Deus sabe e entende
A causa importante
Do homem que parte
Pâ??ra ser emigrante
O comboio apíta
Entra entra em velocidade
E quanto mais anda
Mais cresce a saudade
Perto da fronteira
Do país vizinho
Abrem-se cabazes
Há perfume e vinho
Depois do petisco
Fala-se da vida
Joga-se à sueca
E à bisca lambida
Já vai alta a noite
E o sôno sem vir
Quem pensa em futuro
Não pode dormir
Corpos contorsidos
Erguem-se de esperança
Está nascendo o sol
Já se vê a França
Ã?s sete da tarde
Chegada a Paris
Adeus companheiro
Que sejas feliz
Assim se despedem
Lestos lá vão
Em busca da sorte
De malas na mão
Uns ficam ali
Outros mais além
Algum sem família
Outros, sem ninguém
Não há desventura
Mais triste e brutal
Que ser Português
Sem ter Portugal!
fernando farinha - a todos o que é de todos
Sempre que me vou deitar
Antes do sono me dar
Trago o mundo à minha mente
E sem sabe-lo entender
Sofro por ele não ser
Igual para toda a gente
E perante tal visão
Que me aperta o coração
Choro quem, por mal estranho
Cumpre uma sina daninha
Sem ter cama como a minha
E uma casa como eu tenho
Sempre que à mesa me sento
Na hora em que me alimento
Logo a ideia me salta
Que embora simples manjar
Estou eu a saborear
Aquilo que a muitos falta
Neste mundo sem sentir
Não deviam existir
Situações tão desiguais
Nem grandes nem tão pequenos
Nem tantos terem de menos
Nem outros terem demais
Onde está o nosso Deus
Que é p? lo bem dos filhos seus
Que não quer fome nem guerra
Porque andará Deus assim
Tão esquecido, sem por fim
Ã?s desgraças que há na terra
Ã? Deus se és tão milagroso
Põe no mundo ambicioso
A tua divina mão
Traz à terra o doce bem
De não faltar a ninguém
Casa, paz, amor e pão
fernando farinha - destino marcado
O fado tem não sei o que
Que prende a vida da gente
O nada que se não fez
Um tudo que a gente sente
O nada que se não fez
Um tudo que a gente sente
Eu dei a vida a valer
Nada demais me podia dar
Agora para viver
Vivo sim, mas a cantar
Agora para viver
Vivo sim, mas a cantar
Tinha o destino marcado
Pois logo de pequenino
Fiz do destino dum fado
O fado do meu destino
Fiz do destino um fado
O fado do meu destino
Se a tristeza ao fado assiste
E o fado assim nos trazia
Prefiro ser sempre triste
Para não morrer de alegria
Na minha vida renasce
Neste meu canto o fado
Cada um é pra o que nasce
E eu nasci para o fado
Cada um é pra o que nasce
E eu nasci para o fado
fernando farinha - um fadinho juventude
Cabelos desalinhados
O capacete no braço
Os tenis brancos calçados
O jeito rock no paço
Calça de ganga e blusão
Com o estampado Inglês
La vai o encanta cão
O tenis boy Português
Fazendo inveja aos camones
Os idolos os seus encantos
São os Beatles, Rolling Stones
Pink Floyed e outros tantos
A festa de conta gotas
Não gasta nem uma coroa
Só com rock e mil garotas
Ã? que ele está numa poa
Na sua motorizada
Faz corridas bestiais
E nunca falta a chamada
Sempre que haja em Cascais
As vezes com furia louca
é vê-lo ai pelas ruas
A fazer o boca a boca
Numa miuda das suas
Também não quero os conselhos
Nem falho de modo drástico
E diz que nos os mais velhos
somos botas de elastico
Cá pra mim estás á vontade
E com a voz que em mim nasçeu
Captuado com a liberdade
Sou todo por ti ó meu.
Captuado com a tua liberdade
Sou todo por ti ó meu.
fernando farinha - mãe há só uma
Chorei tanto, tanto, tanto, quando perdi minha mãe
que até meus olhos ficaram sem uma gota de pranto,
para chorar por mais alguém
Dos desgostos que há na vida os que mais nos faz
sofrer,
é sentirmos a partida daquela mulher tão querida
que um dia nos deu o ser.
Ã? sentir-mos a partida daquela mulher tão querida
que um dia nos deu o ser.
Ã? triste perder um pai como eu perdi o meu,
mas perder a nossa mãe é perder-mos um pedaço
da vida que ela nos deu.
Oh minha mãe, minha mãe, ouça esta minha canção,
Que Deus te guarde no céu, como eu te guardarei sempre
no meu coração.
Que Deus te guarde no céu, como eu te guardarei sempre
no meu coração
fernando farinha - velho fado corrido
Explicou-me um velho amigo
como o Fado era tratado
Tinha graça, o Fado antigo
da forma que era cantadoUm ramo de loiro à porta indicava uma taberna
À noite era uma lanterna
com sua luz quase morta
Como o fado tudo "importa"
foi sempre a taberna abrigo
do meliante ao mendigo
da desgraça e da miséria
Também tinha gente séria
explicou-me um velho amigo
Sob os cascos da "vinhaça"
deitada em forma bizarra
estava sempre uma guitarra
para servir de "negaça"
O canjirão da "murraça"
de tosco barro vidrado
andava sempre colado
aos copos p'lo balcão
E era assim nesta função
como o Fado era tratado
Se aparecia um tocador
às vezes até "zaranza"
pedia ao tasqueiro a banza
para mostrar seu valor
Logo havia um cantador
dando o tom de certo perigo
provocava o inimigo
num cantar à desgarrada
Até às vezes com "lambada", tinha graça, o Fado antigo
Pouco tempo decorrido
cheia a taberna se via
p'ra escutar a cantoria
ao som do Fado Corrido
Todos prestavam sentido
quando alguém cantava o Fado
O tocar era arrastado
o estilo dava a garganta
E hoje pouca gente o canta
da forma que era cantado
Escutei com atenção
um cantador do passado
e a sua linda canção
prendeu-me p'ra sempre ao Fado
Por muito que se disser
o Fado é canção bairrista
Não é fadista quem quer
mas sim quem nasceu fadista. "
fernando farinha - belos tempos
Belos tempos, que eu vivi
Com oito anos de idade
Quando no fado apareci
Ambição, sonho querido
Em que eu fiz desta canção
O meu brinquedo preferido
De muito novo
Assentei praça no fado
E com as praças antigas
Aprendi a ser soldado
Passei a pronto
Fiz do fado a minha luta
E agora tenho saudade
De quando era recruta
Belos tempos, quem me dera
Voltar à velha unidade
Do retiro da severa
Ter ainda, o carinho
Desse grande comandante
Que se chamava armandinho
Ver novamente, cantadores e cantadeiras
Naquele grupo valente
Que deu brado nas fileiras
E ouvir também
Alguém chamar na parada
Pelo "miúdo da bica"
E eu responder à chamada
fernando farinha - o rapaz do táxi
O jovem chofer de praça
Por isso senhor da cidade
A businar e a refilar com quantos passam
Como uma flecha sempre em louca velocidade
Quando apanha um passageiro
Se o serviço não lhe agrada
Torçe o nariz e ali ele vai pelo Caminho inteiro
Metendo todas as mudanças á pancada
Um rapaz de taxi tal como avião
Conduz sua vida sem nunca afrouxar
Tem pé vigoroso, firmeza na mão
Faz frente ao destino sem meter travão
O rapaz do taxi tem motor no peito
Tanto anda nas curvas como anda a direito
A vida é malvada e jamais melhora
Se não for levada sempre a cem á hora
O jovem chauffér de praça
Ao começa a entardecer
Se fez a folha já ninguém, ninguém o caça
Até á hora que o colega o vem render
No balcão do velho bar entre um bagaço e um café
Fuma um cigarro e vê a bola até chegar,
sua miúda que trabalha ali ao pé
O rapaz de taxi tal com avião
Conduz sua vida sem nunca afrouxar
Tem pé vigoroso, firmeza na mão
Faz frente ao destino sem meter travão
O rapaz do taxi tem motor no peito
Tanto anda nas curvas como anda a direito
A vida é malvada e jamais melhora
Se não for levada sempre a cem á hora
O rapaz do taxi tem motor no peito
Tanto anda nas curvas como anda a direito
A vida é malvada e jamais melhora
Se não for levada sempre a cem á hora
fernando farinha - portugal o imigrante
Entre lagrimas e lenços
Apita o barco no cais
Nele vai o imigrante,
Até breve nunca mais
Nele vai o imigrante,
Até breve nunca mais
Leva sonhos colossais
Esperanças que arrasam montanhas
Fogo vivo nas entranhas
E um coração a bater
Pronto a sofrer e a vencer
Lá nessas terras estranhas
Pronto a sofrer e a vencer
Lá nessas terras estranhas
Muitos anos vai andando
Sacrificios vivendo
E as saúdades que vai tendo
Aos seus olhos naflurintos
São gotas de ouro caindo
Nas cartas que vai escrevendo
São gotas de ouro caindo
Nas cartas que vai escrevendo
Um dia vem de regresso
Á patria mãe, seus pais
E tal como na partida
Apita o barco no cais
E tal como na partida
Apita o barco no cais
Agora não volta mais
Lutou, cumpriu e venceu
E Deus, que tudo lhe deu
Também não lhe quis negar
Alegria de voltar
Ao cantinho onde nasçeu
Alegria de voltar
Ao cantinho onde nasçeu
fernando farinha - rosinha moleira
Cada vez que ia p'ra feira
A Rosinha do moínho
Perdia a manhã inteira
Na demora do caminho
Os seus olhos eram esperanças
E as redondas arrecadas
Tão lindas e tão doiradas
Como as suas loiras tranças
E os rapazes só p'ra vê-la
Iam todos atrás dela
Um... dois... três... quatro... cinco... seisUm dia a Rosa casou
Na capelinha da aldeia
Com alguém de quem gostou
Que tinha um bom pé de meia
Os anos passam correndo
E por graça do Senhor
Da semente desse amor
Os filhos foram nascendo
Um... dois... três... quatro... cinco... seis
Hoje a Ti Rosa moleira
Já sente o peso da idade
Mas ainda vai á feira
Para matar a saudade
Como é comprido o caminho
Que tão curto, outrora fora
Para a feira vai agora
Montada no seu burrinho
Atrás dela vão também
Os netinhos que já tem
Um... dois... três... quatro... cinco... seis
Mal chega á feira, A Rosinha
Olhando os netos sorri
E parece uma raínha
Com a corte atrás de si
E o moínho onde ela mora
Enquanto ela vai feirando
Vai moendo e vai contando
Os minutos que demora
Um... dois... três... quatro... cinco... seis
É que o moínho também
Tem os anos que ela tem
fernando farinha - o engatatão das dúzias
Sou casado, mas se em sorte
Tu me quisesses um dia
Juro-te à fé de quem sou
Que faria bigamia
Juro-te à fé de quem sou
Que faria bigamiaPorque é que este Pardaleco
Me está a arrastar a asa
Se ele já nem forças tem
Para que tem lá em casa
Se ele já nem forças tem
Para que tem lá em casa
Com três ou quatro mulheres
Isso não, não vou em tretas
Mas com duas 'inda hoje
Me aguento nas canetas
Mas com duas 'inda hoje
Me aguento nas canetas
Se tivesses dois casórios
O que dirias, Farinha
Se a tua mulher também
Te enfeitasse a cabecinha?
Se a tua mulher também
Te enfeitasse a cabecinha?
Nas ondas do teu corpinho
Faria mil diabruras
Nas ondas do teu corpinho
Faria mil diabruras
Essas bolinhas de carne
Até me fazem tonturas
Essas bolinhas de carne
Até me fazem tonturas
Se nas ondas do meu corpo
Navegasses um bocado
De tão magrinho que és
Morrias logo afogado
De tão magrinho que és
Morrias logo afogado
Quem me vê assim vestido
Nem calcula o que eu sou nu
Quem me vê assim vestido
Nem calcula o que eu sou nu
Se me visses em cuecas
Até caías de cu
Se me visses em cuecas
Até caías de cu
Se um dia te visse nu
Com tantos ossos que tens
Vendia-te a um canil
Pra alimentação de cães
Vendia-te a um canil
Pra alimentação de cães
Por muito que me desprezes
Minha fé não se perdeu
Que ainda vais se acabar
Por seres mãe dum filho meu
Que ainda vais se acabar
Por seres mãe dum filho meu
Farinha não remes mais
Não navegues à deriva
Vai lá mas é fazer filhos
À mula da cooperativa
Vai lá mas é fazer filhos
À mula da cooperativa
No mar alto das mulheres
Meu barco vai sempre ao fundo
No mar alto das mulheres
Meu barco vai sempre ao fundo
Mas que porcaria de homem
A minha mãe deu ao mundo
Mas que porcaria de homem
A minha mãe deu ao mundo
fernando farinha - aninhas
Aninhas tem paciência
Ã? o jeito que fazes
Eu não tenho outra mesa
aonde possa atendelos
São dois velhos arretas que
Se julgam rapazes
Mas são fragueses bons
E não convem perdelos
E Aninhas resignada
Afastou-se discreta
Lançando toda via o seu
cansado olhar
Pelas turbas juvial
e não ha quem selecta
E enchia de alvoroço
O hino cante par
E logo aquela mesa acolheu sem entraves
Álem de bom champagne e taças de cristal
Duas mulheres gentis e dois sujeitos graves
Dispostas ao clamor de louca infernal
Entretanto na rua entrega aos próprios passos
Aninhas recordavam seu esplandor perdido
Alegria nos rostos, as pulseiras nos braços
A casa mobilada e o camarim florido
Lembro o que fora outrora
Ã? por isto que está famada
Que acende um clarão de tantas paixões cegas
E o que hoje esteve em triste
Era o que em fim convidava
A se ver se o aneza ás modernas colegas
E por elas maldizem em carata profissão
Que as levem gloriamente ao destino mais reles
Quem manda a mocidade atrás de uma ilusão
Mais breve do que um fundor de um casaco de peles
Aninhas éras nova nao pensaste
á luxuria te entregaste sem prever os resultados
Não viste de que lado estava o mal
Levaste a vida em carnaval
E terminaste em finados
Não viste de que lado estava o mal
Levaste a vida em carnaval
E terminaste em finados
fernando farinha - canção de lisboa
Quando o fado era cantado
pelas tabernas de Alfama
ninguém diria que o fado
viesse a ter boa fama.
Era a canção
da bebedeira e do calão,
da rufiagem, capelão
e dos fadistas de samarra
e mal diria
a Madragoa e a Mouraria
quem em Lisboa inda haveria
assim tal gosto pela guitarra.
Adeus tardes de toiradas
com guitarras e cantigas
adeus noites bem passadas
com bom vinho e raparigas.
Hoje os fadistas
são tratados por artistas
e aclamados nas revistas
com ovações delirantes.
Vestem do bom
e por ser chique e ser do tom
já vão à tarde ao Odeon
se as matinés são elegantes.
Hoje o fado já não tem
a rufiagem por tema.
Poliu-se, já é alguém
e até já vai ao cinema.
O fado agora
é pedido a toda a hora
e ouvido p?lo mundo fora
com alegria e agrado
e há-de chegar |
a Hollywood e ter lugar, |
pois não se ilude quem pensar | (2x)
que há-de ser grande o nosso fado. |
fernando farinha - marcha da bica
Hoje a marcha sai, mas que reinação
Vem o bairro inteiro que eu já sei
Olha como vai cá o meu balão
Belo companheiro que arranjei
Quando a Bica tem que mostrar quem é
Tem sempre alegria até ao fim
Á rua não vem quem lhe bata o pé
Onde ela chegar é sempre assim
Que rica que vai a Bica
Vai com tal graça e tem um certo não sei quê
Que linda que ela é ainda
Por onde passa até alegra quem a vê
Lisboa, hoje enfeitou-a
Fez dela agora um arraial de amor e fé
Foi posta naquela encosta
Só quem lá mora é que conhece o que ela é
Rosas aos montões, arcos e balões
Ai como ela ficou, ai Jesus
Eu ia apostar que o próprio luar
Até cá na Bica tem mais luz
Quem tem mal d'amor, seja lá qual fôr
Vá até á Bica devagar
Mas cuidado sim, que a Bica é assim
Cds fernando farinha á Venda