na palma da mão

Pirisca Grecco

O mundo gira enquanto mateio
Se reinventa a cada instante
Ã? minha hora de parar rodeio
O meu olhar se faz distante

Além da fumaça que vela meus olhos e o meu pensamento
Além das porteiras das tantas fronteiras dos meus sentimentos
Além das palavras não ditas de toda poesia
Além das verdades cansadas do meu dia a dia

O mundo gira enquanto mateio
Agora vejo o que me cerca
A vida é mais do que um simples rodeio
Nessas paisagens descobertas

Ã? o abuso que move meus passos buscando novos caminhos
Ã? o jeito de ser por inteiro e o meio de não ser sozinho
Ã? o que vai além do horizonte e além do silêncio
Ã? o mundo na palma da mão onde me reconheço

Ã? a mão estendida que usava ferida, pastores, rebanhos
Ã? o homem perdido buscando sentido nos seus desenganos
Ã? um tempo de espera por novas bandeiras e falsos profetas
Ã? a gente insistente que ainda acredita e que ainda contesta

Ã? a semente no solo e o filho no colo, o brilho no olhar
Ã? o homem na lua, um menino de rua, as pernas pro ar
Ã? o sopro da vida, a bala perdida, a pedra e o tropeço
Ã? a fuga de casa pra um voo sem asas e um novo começo

Ã? a fome que impera, a dor que desterra, o sonho na estrada
Então a esperança nos ergue e nos lança na eterna jornada

O mundo gira enquanto mateio...
O mundo gira, gira gira, gira, gira...