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Lourenço & Lourival
saco de ouro
Num saco de estopa, com embira amarradoEu trago guardado, a minha paixao
Uma bota velha, um chapeu cor de ouro
Bainha de couro e um velho facão,
Tenho um par de espora, um arreio e um laço
Um punhal de aço, rabo de tatú
Tenho uma guaiaca, ainda perfeita
Caprichada e feita so de couro crú.
Do lampião quebrado,
So resta o pavio,
Pra lembrar o frio, eu também guardei
Um pelego branco que perdeu o pelo,
Apesar do zelo com que eu guardei,
Também o caximbo, do cano do longo,
Quantos pernilongos com ele espantei
Um estribo esquerdo, que guardo com jeito,
Porque o direito na cerca quebrei.
A nota fiscal ja toda amarela
Da primeira sela que eu mesmo comprei,
La em soledade, na casa da cinta
Duzentos e trinta na hora paguei
Também o recibo, ja todo amassado
Primeiro ordenado que eu faturei,
E a minha traia num saco amarrado,
Num canto encostada, que eu sempre guardei.
Pra mim representa um belo passado
Da Lida de gado que eu sempre gostei.
Assim enfrentei um trabalho duro.
Eu fiz o futuro sem violar a lei,
O saco é Reliquia, com meus apetrechos
nao vendo e não deixo ninguem por a mão
Nos trancos da vida, segurei o taco
E o ouro do Saco, e a recordação...