Léo Pinheiro
tranquilo violeiro / oração carioca
Aqui fala um tranqüilo violeiroAstuto e matreiro perambulante
Pelas ruas da cidade maravilhosa
Aqui fala um artista iniciante
Que buscou na dissonância do acorde
A expressão da melancolia
Alguém passa na rua
Eu rio alegre e abano
Da praia vejo nuvens
Parindo um aeroplano
A sombra é a mãe do fresco
O sol é todo ano
Guerrilhas morro acima
Guerrilhas cá no plano
Eu sou um andarilho
Errante, pisciano
Cidade, acha teu trilho!
Meu Rio, eu te amo
Eu nunca fui pro Bush
Nem anti-americano
E ando na Lagoa
Pra Copa (salvo engano)
Tem tudo ali: mistura
Demônios e ser humano
São putas e dondocas
Meu Rio, eu te amo
Te estraçalharam com os dentes
Com a fúria de algum cano
Revólver da pobreza
Descaso ou mero engano
Que os teus 40 graus
Derretam o mal insano
Que arte te proteja
Meu Rio, eu te amo
Que todo o meu cansaço
De ti é leviano
Você é mãe e filho
Meu Rio, eu te amo
Se o mar é o nosso deus
Você é o Vaticano
Com teu surfista zen
Qual monge tibetano
De costas pra você
Olhando o oceano
Eu choro e ninguém vê
Meu Rio, eu te amo