violões em funeral

Sílvio Caldas

VILA ISABEL VESTE LUTO,
PELAS ESQUINAS ESCUTO,
VIOLÃ?ES EM FUNERAL.
CHORAM BORDÃ?ES, CHORAM PRIMAS,
SOLUÃ?AM TODAS AS RIMAS,
NUMA SAUDADE IMORTAL.
ENTRE AS NUVENS ESCONDIDA,
COMO DE CREPE VESTIDA,
A LUA FICA A CHORAR.
E O PRANTO QUE A LUA CHORA,
GOTEJA, GOTEJA AGORA,
NOS OITIS DO BOULEVARD.

ADEUS CIGARRA VADIA,
QUE MESMO EM TUA AGONIA,
CANTAVAS PARA MORRER.
TU VIVERÁS NA SAUDADE,
DA TUA GRANDE CIDADE,
QUE NÃ?O TE HÁ DE ESQUECER.
ADEUS POETA DO POVO,
QUE RESSUSCITAS DE NOVO,
QUANDO NA MORTE DESCAMBAS.
SINHÃ?, DE PELE MAIS CLARA,
NO QUAL O SENHOR ENCARNARA,
A ALMA SONORA DOS SAMBAS.

OBS.: ESTES SÃ?O OS VERSOS DA COMPOSIÃ?Ã?O ORIGINAL, QUE SE ENCONTRAM ARQUIVADOS NO MIS E NA BIBLIOTECA NACIONAL.

ANOS APÃ?S A GRAVAÃ?Ã?O ORIGINAL, SURGIRAM MAIS 6 (SEIS) VERSOS, COM NUANCES NOS TRÃ?S PRIMEIROS VERSOS, DE AUTORIA DESCONHECIDA, QUE SÃ?O CANTADOS EM SERESTAS E INCLUSIVE EM GRAVAÃ?Ã?ES DE ARTISTAS TRADICIONAIS, CONFORME SE TRANSCREVE ABAIXO:

PRIMEIRA VERSÃ?O:

MEU VIOLÃ?O CHORA TANTO,
SOLUÃ?OS E MUITO PRANTO,
SOBRE O CAIXÃ?O DE NOEL.
ESTÁCIO, MATRIZ, SALGUEIRO,
TODO O RIO DE JANEIRO,
CONSOLA VILA ISABEL.


SEGUNDA VERSÃ?O:

TODA A CIDADE SOLUÃ?A,
COMOVIDA SE DEBRUÃ?A,
JUNTO AO CAIXÃ?O DE NOEL.
ESTÁCIO, MATRIZ, SALGUEIRO,
TODO O RIO DE JANEIRO,
CONSOLA VILA ISABEL.