zé keti - a voz do morro
Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei do terreiro
Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem levo a alegria
Para milhões de corações brasileiros
Salve o samba, queremos samba
Quem está pedindo é a voz do povo de um país
Salve o samba, queremos samba
Essa melodia de um Brasil feliz
zé keti - diz que fui por aí
Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando um violão / debaixo do braço
Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
E se houver motivo
É mais um samba que eu faço
Se quiserem saber / se volto diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
Só depois que a saudade se afastar de mim
Tenho um violão / p?ra me acompanhar
Tenho muitos amigos / eu sou popular
Tenho a madrugada / como companhei. . .ra
A saudade me dói / o meu peito me rói
Eu estou na cidade / eu estou na favela
Eu estou por aí
sempre pensando nela
zé keti - a mesma fantasia
A mesma fantasia de cetim
Do carnaval que passou
Eu vou vestir esse ano
Eu vou sair de Pierrot
Vou procurar colombina
Que se perdeu por aí
Pelos salões, pela cidade
E juro que ei de encontrar
Quero matar a saudade
Andar de braços com a felicidade
Eu vou morrer de paixão
Se eu não conquistar
O seu coração.
Ride Palhaço
Lamartine Babo - 1934
Ride Palhaço
Trá... Lá, lá, lá, lá, lá
Trá... Lá, lá, lá, lá, lá
Trá... Lá, lá, lá, lá, lá
Ah ah ah ah ah ...
Eu sou
O teu Pierrô,
Colombina ...
Colombina ...
Reparte este amor
Metade pra mim
Metade pro teu Arlequim.
zé keti - máscara negra
Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
A mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
zé keti - conversa de malandro
Não é conversa de malandro
Eu sempre fui malandro, mas agora não
Gostei de ver o seu sapateado
E quero conquistar seu coração
Está crescente esta amizade no meu peito
Estou contente
E já mandei construir para nós um caixote
Já encontrei batente
E lá no morro
Quando o sol chegar
E eu descer sorrindo para trabalhar
E alguém perguntares:
Pacato, o que foi que aconteceu?
Eu vou dizer
Que abandonei de fato a vida de orgia
E que vivendo assim sou mais feliz
Na verdade o malandro sou eu
zé keti - acender as velas
Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer
zé keti - quero morrer na portela
Não sei o que que tem
O que tem na Mangueira?
Dona Neuma é uma beleza
Digo com franqueza tia Vicentina
Que Dona Rosária também trabalharam
E como lutaram na hora precisa
Mesmo na derrota elas nunca falharam
Mano Décio da Viola...
Mano Décio da Viola
Pertenceu a minha escola
Já brigou muito por ela
E hoje distante tem saudade dela
Se eu não fosse portelense
Eu seria mangueirense, tá na cara
Sem sair de Mangueira, Mangueira
Pra curtir
Mano Tinguinha, a minha comadre Zica, Nininha partideira
Lá da estação Primeira... Mangueira
Só para ouvir o divino Cartola
Cantando pra nós uma linda canção
E Carlos Cachaça, poeta da raça
Brincando de samba, sambando no chão
Mangueira eu queria viver pra você
Ai, se eu pudesse seria um prazer
Mas é na Portela que eu quero morrer
Mangueira...
Mas é na Portela que eu quero morrer
zé keti - nega dina
A Dina subiu o morro do Pinto
Pra me procurar
Não me encontrando, foi ao morro da Favela
Com a filha da Estela
Pra me perturbar
Mas eu estava lá no morro de São Carlos
Quando ela chegou
Fazendo um escândalo, fazendo quizumba
Dizendo que levou
Meu nome pra macumba
Só porque faz uma semana
Que não deixo uma grana
Pra nossa despesa
Ela pensa que minha vida é uma beleza
Eu dou duro no baralho
Pra poder comer
A minha vida não é mole, não
Entro em cana toda hora sem apelação
Eu já ando assustado, sem paradeiro
Sou um marginal brasileiro
zé keti - praça 11 berço do samba
Favela
Do camisa preta
Dos sete coroas
Pra ver o teu samba
Favela
Era criança na praça onze
Eu corria pra te ver desfilar
Favela
Queremos teu samba
Teu samba era quente
Fazia meu povo vibrar
Até a lua a lua cheia
Sorria, sorria
Milhões de estrelas brilhavam por um lugar melhor
Queriam ver a Portela
Mangueira estarcio de sá
E a favela com as suas baianas tradicionais
Brilhavam mais do que a luz do antigo lampião a gás
Fragmentos de brilhantes
Como fogos de artifícios
Desprendiam lá do céu
E caiam como flores na cabeça das pastoras
E do samba de Noel
Correrias e empurrões
Gritarias e aplausos
E o sino da capela não parava de bater
Os malandros vinham ver
Se o samba estava certo, se
Enquanto as cabrochas
Gingavam no seu rebolado
No ritmo da batucada
De olho cumprido
Que nem bobinho
Eu terminava durmindo na calçada
De olho cumprido
Que nem bobinho
Eu acabava durmindo na calçada
zé keti - vestido tubinho
A nega mandou fazer
Um tal de vestido tubinho
E mandou pintar a óleo
Uma flor na altura da barriga
Eu não gostei.
Quis brigar.
Dessa moda eu não gosto
Eu já disse que não quero
E pra ser muito sincero
Vou dizer uma verdade
Ã? que os homens de hoje em dia
Vão olhar pra flor da nega
E a flor vai virar saudade.