zé fortuna & pitangueira - paineira velha
Paineira velha abandonada
Lá na estrada do meu sertão
Tens uma história do meu passado
Que esta guardada no coração
Te conheci, eras pequena
Em meio ao mato onde nasceu
E todas as tardes eu te regava
E assim depressa você cresceu
Paineira velha na tua sombra
Com minha amada fui tão feliz
Colhendo as flores que você dava
Mas o destino assim não quis
E numa tarde você murchou
E os passarinhos emudeceram
Pois no seu tronco só encontrei
O nome dela e um adeus
Paineira velha daqueles tempos
Já se passaram muitos janeiros
Ainda és tão boa tua sombra amiga
Hoje é pousada dos boiadeiros
Já não existe mais o terreiro
O meu ranchinho o cipó cobriu
E a sua casca cresceu de novo
E o nome dela também sumiu
Paineira velha fiel amiga
Nossos destinos são sempre iguais
Se estou contente você florece
Quando eu padeço suas flores caem
Nascemos juntos paineira velha
Vamos morrer nesta união
De vossos galhos quero uma cruz
De sua madeira quero um caixão
zé fortuna & pitangueira - a sanfona e o violão
A sanfona e o violão
Não podem se separar
Sanfona chorando quer
Violão pra lhe acompanhar
Quando junta-se os dois
Faz a festa animar
Isso deixa emoção
Quando o dia raiar
Sanfona chora mió
Se tem gaitas de metal
Violão que chora macio
Ã? de pau jacaranda
E eu me sinto feliz
Ouvi os dois dueta
Num cudiado que faz
Até as pedras chorar
Na festa que não tiver
A sanfona e o violão
Ã? como dia sem sol
Igreja sem capelão
Que os dois se quer bem
Como dois coração
Quie juntinho a bater
Mata quem tem paixão
Sanfona chora de lá
De cá responde o violão
E quando os dois chora igual
Ã? linda harmonização
E me diga depois
Se eu não tenho razão
De dizer que o melhor
Ã? a sanfona e o violão
zé fortuna & pitangueira - lembrança
Intro: G A7 D A7 D
D A7 D
Lembrança por que não foges de mim | Me ajude a arrancar do peito essa dor
A7 D
Afaste meu pensamento e o seu | Porque vamos reviver esse amor
A7 D
Amando nós parecemos iguais | Eu tenho o meu lar e ela também
A7 D D7
Ã? triste ser prisioneiro e sofrer | Sabendo que a liberdade não tem
| G A7 D A7 D D7
| Vai, lembrança não voltes mais, para acalmar os meus ais, deste dilema de dor
| G A7 D A7 D Introd.
| Vai, para bem longe de mim, não posso viver assim, devo esquecer este amor
Introd.
D A7 D
Lembrança já imaginaste o que é | Distante dois corações palpitar
A7 D
Querendo juntos viver sem poder | Com outra ter que viver sem amar
A7 D
Enquanto você lembrança não for | Ã? esse o nosso dilema sem fim
A7 D D7
Pensando nela eu vivo a sofrer | E ela também sofrendo por mim
Introd.
| G A7 D A7 D D7
| Vai, lembrança não voltes mais, para acalmar os meus ais, deste dilema de dor
| G A7 D A7 D Introd.
zé fortuna & pitangueira - lenda da valsa dos noivos
No terreiro a festança corria
Com Antônio Chiquinha casava
Sem saber que Mané Floriano
No escuro seus passos rondava
Floriano jurou que matava
A Chiquinha que ele queria
Por que não quis casar-se com ele
Nem com outro se casaria
A na hora da valsa dos noivos
Duas balas certeiras partiam
Derrubando os noivos sem vida
Sobre o sangue abraçados morriam
Floriano foi embora deixando
Pelas balas dois peitos varados
Como junto se amaram e morreram
Foram juntos sepultados
Este fato passou muitos anos
E o lugar ficou mal assombrado
Diz que a noite uma valsa se ouve
Lá naquele casebre largado
E a lenda da valsa dos noivos
Que Antônio e Chiquinha dançaram
Numa noite feliz do passado
Quando eles se casaram
zé fortuna & pitangueira - meu ponteado
Numa festa que eu fui na fazenda do ipê
Quando lá eu cheguei me vieram dizê
Que o Mané Cantadô era duro eu vencê
Eu toquei meu violão ponteado, fiz o cabra corrê
Desde a prima ao bordão pontiei pra valê
Eu fiz telha caí e o assoalho tremê
Coração de muié fiz parar de batê
Todos que ouviu meu pontiado, suspirou sem sabê
O festeiro chegou pra me cumprimentá
E me deu parabéns por me ver pontiá
As mocinha eu fiz sem querê suspirá
Fiz as véia com meu pontiado do passado lembrá
Lá do arto do céu as estrela brilhou
De ciúme de mim até o galo cantou
Para o povo de lá eu mostrei meu valor
Só parei com o meu pontiado quando o dia raiou
Quando me despedi não quiseram deixá
Uma moça pediu pra me acompanhá
Respondi, meu amor voltarei te buscá
Só por causa do meu pontiado quase fico por lá
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
zé fortuna & pitangueira - a moça do carro de boi
Velho carreiro ao parar de carrear
Pra sua filha o comando ele entregou
E aqueles bois se acostumaram com a moça
De tal maneira que jamais ele encalhou
Podia estar no lamaçal mais perigoso
Bastava ela dar apenas um sinal
Pra se ouvir cocão gemer dentro do barro
E os bois tirando o carro do terrível pantanal
Somente à moça a boiada obedecia
Sem o seu grito o velho carro não saía
Somente à moça a boiada obedecia
Sem o seu grito o velho carro não saía
Um dia a moça adoeceu e aqueles bois
Outro carreiro não queriam respeitar
Era preciso que ela viesse à janela
E desse ordens pra boiada caminhar
Até que um dia sem ouvir a voz da moça
Puxaram o carro a passos lentos pela estrada
Por ter levado o seu corpo num caixão
Qual uma flor de estimação pra sua última morada
Este mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além tocando boi
Este mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além tocando boi
Daquele dia tudo se modificou
Tanta tristeza tomou conta do lugar
O velho carro que era dela silenciou
E a boiada nunca mais quis carrear
De sentimento por perder a companheira
Foram morrendo um a um pelos currais
Quem somos nós pra entender tamanha dor
Como cabe tanto amor nos corações dos animais
Este mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além chamando boi
Este mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além chamando boi
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
zé fortuna & pitangueira - esteio de aroeira
Esteio de aroeira corroído pelo anos
O vendável do tempo até hoje tu resistes
Quem hoje vê teu vulto no sertão abandonado
Não sabe que encerras sua história longa e triste
Meu pai que te plantou na terra dura lá da mata
Tu foste a cumeeira do teu rancho pequenino
Só o vento frio da noite e o cantar dos curiangos
Ficaram acompanhando a solidão de teu destino
Esteio de aroeira, também tenho a tua idade
Meu pai te construiu para que fosses meu abrigo
O tempo foi passando e só depois de muitos anos
Pela primeira vez te encontrei esteio amigo
Meu pai que também era o esteio firma da família
Há â??muitos anoâ? atrás longe daqui tombou sem vida
Só tu me esperou esteio â??véioâ? de aroeira
Para me conhecer e ouvir a minha despedida
Esteio de aroeira, quantas vezes esperança
Ficaram sepultadas no teu tronco no passado
Ainda tu conservas o sinal de uma lembrança
Marcada no teu tronco pelo corte do machado
Nós que â??nascemoâ? junto esteio â??véioâ? de aroeira
Será quem vai primeiro ser tombado pela sorte
Se és tu lá na floresta derrubado pelo tempo
Ou eu por este mundo derrubado pela morte
zé fortuna & pitangueira - flor do baile
Eu estava cantando num baile
Prá esquecer a traição de um amor
Quando ouvi os boêmios dizendo
Entra agora no baile uma flor
Eu olhei para ver quem entrava
E chorei com profunda emoção
Vi que era a mulher que um dia,
Roubou a alegria do meu coração.
REFRÃ?O:
Flor do baile,
Ã? assim que os boêmios a chamam.
Mas o meu coração que a reclama,
Sabe bem qual a flor que tu és
Flor da lama,
Que fugiu do jardim do meu lar,
E hoje vive tristonha a murchar
Na orgia de seus cabarés.
Quando ela com outro dançava
Embalados por minha canção
Um soluço embargou minha voz
Não cantei e chorei de emoção
Por lembrar que após tantos anos
Onde vim encontrar meu amor
Para mim ela hoje é uma sombra
Mas para os boêmios do baile é uma flor.
REFRÃ?O:
Flor do baile,
Ã? assim que os boêmios a chamam.
Mas o meu coração que a reclama,
Sabe bem qual a flor que tu és
Flor da lama,
Que fugiu do jardim do meu lar,
E hoje vive tristonha a murchar
Na orgia de seus cabarés.
zé fortuna & pitangueira - o punhal da vingança
"Tereza e José se amavam
Mas os pais dela obrigaram
De José se separaram
E quando os dois se apartaram
Pra nunca mais se casar
Num longo abraço juraram
Um punhal pra cada um e guardaram
Com um trato feito: Se um dos dois se casasse um dia
O outro tinha o direito de chegar
Fosse onde fosse e cravar o punhal no peito
José foi estudar pra padre, Tereza também mudou
Passados quatorze anos os pais a filha obrigou
A casar com um velho rico contra o gosto ela casou
Na hora do casamento, Tereza não conheceu
Que o vigário era o José que os uniu perante Deus
E ao lhe dar os parabéns junto um presente lhe deu"
Quando chegaram na porta da igreja
Emocionada o presente ela abriu
Dentro encontrou o punhal que um dia
Ela entregou ao amor que partiu
Reconheu que o vigário era aquele
Que no passado punhal ela deu
Quis o destino que ele viesse
Unir a outro amor que era seu
Junto ao punhal encontrou um bilhete
Onde Tereza releu a chorar
Guarde contigo o punhal da vingança
Porque não quero de ti me vingar
Seja feliz e esqueça o passado
Peço por Deus para dar lhe um olhar
Fique com o mundo que eu fico com Deus
Porque com Deus aprendi a perdoar
Os convidados não compreendia
Qual o segredo de sua grande dor
Somente ela sabia que havia
Sobre este punhal uma jura de amor
Pegando firme o punhal da vingança
Com desespero seu peito cravou
Enquanto o sino da igreja batia
Ali Tereza sem vida tombou
zé fortuna & pitangueira - moda dos defeitos
(â??- Bá tche! Ã?ia que home mais narizudo, sô!
Ah, ah, ah, ah... !
Não se ri compadre!
Argum defeito neste mundo todos temâ?)
Algum defeito, meus amigos, todos tem
Você aí não adianta rir que tem também
Ora, se tem, tem, tem
Você aí não adianta rir que tem também
Homem bem alto pensa ser o maioral
Mas quando morre, ai meu Deus, que trabaião
Para levar pro cemitério tem que ser
Dobrado em quatro para caber no caixão
Ora, se tem, tem, tem
Algum defeito, meus amigos, todos tem
Algum defeito, meus amigos, todos tem
Você aí não adianta rir que tem também
Ora, se tem, tem, tem
Você aí não adianta rir que tem também
Homem careca tem mania de dizer
Que é inteligente, mas às vez não é de nada
Sua careca mais parece um pão de ló
E é perigoso de levar uma dentada
Ora, se tem, tem, tem
Algum defeito, meus amigos, todos tem
Algum defeito, meus amigos, todos tem
Você aí não adianta rir que tem também
Ora, se tem, tem, tem
Você aí não adianta rir que tem também
Homem bem gordo vive contando vantagem
Que é muito forte mas na hora de tombar
Ã? igual besouro deitado na areia quente
Se esperneando sem poder se levantar
Ora, se tem, tem, tem
Algum defeito, meus amigos, todos têm
Algum defeito, meus amigos, todos têm
Você aí não adianta rir que tem também
Ora, se tem, tem, tem
Você aí não adianta rir que tem também
Homem baixinho diz que faz economia
Por ser pequeno gasta menos pra vestir
Mas se ele sai com a namorada é um azar
Pra beijar ela num caixão tem que subir
Ora, se tem, tem, tem
Algum defeito, meus amigos, todos têm
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
zé fortuna & pitangueira - acordeon dentro da noite
Numa rua sem luz de vidraças sem cor
Numa noite passei, à procura de amor.
O compasso de um tango, convidou-me a entrar
quase morri de dor quando vi meu amor no salão a dançar.
A companheira que eu deixei num subúrbio bem distante
Em outros braços encontrei era, talvez, o seu amante.
Chorando triste eu parti por deixar quem eu quis bem
E o acordeon dentro da noite ficou chorando também
Eu não tinha razão pra vingar meu rival
Porque sempre vivi pelo caminho do mal.
Meu amor sem carinho no abandono da dor
precisando de alguém e não tendo ninguém procurou novo amor.
A companheira que eu deixei num subúrbio bem distante
Em outros braços encontrei era, talvez, o seu amante.
Chorando triste eu parti por deixar quem eu quis bem
E o acordeon dentro da noite ficou chorando também
zé fortuna & pitangueira - beijo inocente
Aquele beijo inocente que numa noite
Roubei de seus lábios virgens minha querida
Tão puro e sublime era aquele beijo
Que eu nunca pensei que fosse mudar-lhe a vida
Porém na doce ilusão de seus quinze anos
Na febre daquele beijo foste vencida
E outros lábios beijaste caindo sempre
Aos poucos se transformando numa perdida
E hoje ao contemplar os sofrimentos seus
Eu sinto que fui eu o primeiro a lhe beijar
E entre amores mil jamais hás de encontrar
A mesma sensação do primeiro beijo à luz do luar.