MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
walther moraes - a volta do tordilho negro
Aquele trodilho negro
Que a muito tempo domei
Na estancia do paredão
Um certo dia voltei
Fui atender o chamado
Da moça que a flor ganhei
Pra chegada ter mais brilho
Eu fui no mesmo tordilho
E as tres da tarde cheguei
A fazenda embandeirada
De muito longe avistei
Um peão pra abrir a cancela
Meti o tordilho e cruzei
A linda moça na porta
Falou pro pai escutei
Vem chegando o domador
Aquele que eu dei a flor
E agora me apaixonei
Descí do tordilho negro
E a mão da moça apertei
Num aperto de carinho
Que ela me amava notei
Sem sentir nada por ela
Pedi licença e entrei
Tava anciosa que eu chegasse
E mandou que eu sentasse
Numa cadeira de rei
Logo veio o chimarrão
E a boa erva provei
Deu-me outro sinal de amor
Aí me justifiquei
Não resisti dei um beijo
E pra cadeira voltei
Dei-lhe a cuia com carinho
Apertei o seu dedinho
Que amava lhe confessei
Pedi um prazo de um ano
Com a linda moça casei
Na garupa do tordilho
Pra minha casa levei
Na estancia do paredão
Dois presentes eu ganhei
Duas coisas que um homem quer
Cavalo bom e mulher
Meu sonho realizei
walther moraes - criado em galpão
Nasci na pampa azulada e da minha terra eu sou peão
Estampa de índio campeiro que foi criado em galpão
Gosto do cheiro do campo e do sabor do chimarrão
E de dobrar boi brabo a pealo nos dias de marcação
(Gosto de fazer um potro se cortar na minha chilena
Pra sentir o sopro do vento me esparramando a melena
Pra sentir o sopro do vento me esparramando a melena)
Meu sistema de gaúcho é mais ou menos assim
Uso um tirador de pardo arrastando no capim
Uso uma bombacha larga com feitio do melhor pano
E um trinta ao correr da perna com palmo e meio de cano
Crinudo que sacode arreio engancho só na paleta
Pois as esporas que eu uso tem veneno na roseta
Tenho um preparo de doma trançado com perfeição
Pra fazer qualquer ventena saber que é este peão
O dia em que eu não puder agüentar mais o repuxo
Talvez o rio grande diga lá se foi mais um gaúcho
Mas enquanto eu tiver força laço domo e tranço ferro
E na invernada do mundo mais um rodeio eu encerro
walther moraes - alma de palanque
Na estância das casuarinas
Eu fiz minha fama de mau
Por deixar os aporreados
Salinos de tanto pau
Sou domador e me gusta
Montar de em pelo ou no arreio
Pois quando salto pro lombo
Nem com promessa eu me apeio
Meus amuletos campeiros
Ã? que me dão proteção
Um par de esporas de aço
E um mango firme na mão
Fui criado nesta lida
Que hoje me dá o sustento
Não é de agora que eu monto
Já faz um lote de tempo
Vivo grudado no lombo
Desses veiacos malinos
E é num pulo de potro
Que eu traço o próprio destino
Se um louco salta berrando
Cravo a espora e não me espanto
E o mango bate cruzado
Como quem benze quebranto
Tenho a alma de palanque
E o coração que é maneia
Por isso essa afinidade
Com bicho que corcoveia
walther moraes - bagual de corredor
Da licença companheiro que o bagual vai da um relincho
Mais xucro que touro alçado mais arisco que capincho
Vim no mundo por engano não sei que jeito ou maneira
Criado a leite de égua que nem burro pra carreira
Igual pastor de manada gauderio e namorador
Arrinconado no cambicho nas tianga de corredor
Eu levo a vida no tapa e a sorte vem de arrepio
Passo o tempo gauderiando na terra que me pariu
Só não quero ajojamento gosto de andar sozinho
Sem sirigote no lombo e sem buçal no focinho
walther moraes - bagual picaço
Certa feita me ajustei
Na estância do seu ponciano
Pra domar um bagual picaço
Que beirava cinco anos
Crioulo ali dos queimados
Lindeiro da terra dura
Este picaço afamado
Pingo de linda figura
Era o senhor das coxilhas
Sem nunca ter visto o laço
Tinha por cama as flexilhas
O famoso bagual picaço
Trouxe junto com a manada
Da invernada capororoca
Bufando e corcoveando
E coiceando na maçaroca
E ao chegar na mangueira
Deixei a poeira baixar
Enquanto a peonada faceira
Mateava a lhe contemplar
Discussões e gargalhadas
La na frente do galpão
Gabolices e patacuadas
Das lidas de domação
Com jeito botei o laço
Golpeando senti o perigo
Aos coices e manotaços
Passei lhe o pé de amigo
Arreglei as loncas do lombo
Daquele picaço infame
Arcado que nem porongo
Que da em cerca de arame
Alcei a perna seguro
No santo Antonio de prata
Já foi escondendo o quengo
No meio das duas patas
Saiu berrando e corcoveando
Só ouvia o ranger dos bastos
Várzeas, canhadas e coxilhas
Cruzamos riscando os pastos
Ficamos horas extraviados
Pras bandas do Boqueirão
As vezes perto das nuvens
Outras pertinho do chão
Se debulhando o endiabrado
Du puarva madurao
Inté parecia um mandado
Que vinha rachando o chão
Entregou-se o rei das coxilhas
E atende a qualquer upa
Ficou Bueno de encilha
E bem mancinho de garupa
walther moraes - bochincho
Num bochincho certafeita
Fui chegando de curioso
Que o vicio e que nem sarnoso
Nunca para e nem se ajeita
Baile de gente direita
Vi de pronto que nao era
Na noite de primavera
Gaguejava a voz de um tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quirera"
Chinocas de todo o porte
E gauderios do queixo roxo
Corria um bochincho froucho
Naquela noite de julho
E a nao ser pelo barulho
Da velha gaita manheira
So se ouvia a tinideira
De esporas no pedregulho
Meu pingo mascava o freio
Num palanque da ramada
Pateando de cola atada
Pois sempre fui previnido
Em pagos desconhecido
Nao me descuido por nada
Voltava de uma tropeada
E ali me achava entretido
Marca vem e marca vai
E a cordeona resmungava
Mas tinha um indio que olhava
Demais, pra minha chinoca
Lagarto que sai da toca
Quer chumbo, diz o ditado
E eu me paro embodocado
Quando um olhar me provoca
Me rasgaram a bombacha
E me esfiaparam todo o pala
Mas fiquei dono da sala
E antes que clareasse o dia
Vi o ultimo que fugia
Num zaino mouro de em pelo
Mas deixaram pra sinuelo
A china que eu mais queria
walther moraes - bolicho do tchalo
Quem veio de longe, quem veio de perto
Que entre no mas, que o bolicho ta aberto
Se a goela ta seca com teia de aranha
Se achegue pra diante, pra um trago de canha
Tem canha solita, tem canha com funcho
Aqui rapadura não cria caruncho
Tem banha de porco das buena e cheirosa
Porem só em cima, que é meio rançosa
Aqui no bolicho, tem fumo de rolo
Conforme a tragada, pateia o miolo
Os anos se passam, se vai o granito
Mas tem a vantagem, espanta mosquito
Bolicho gaucho é aquele do tchalo
Que serve uma bóia, com carne de galo
A bem da verdade comi um jacu
E o trago foi largo, na sombra do umbu
Tem água de cheiro, pra índio valente
Se errar a dosagem, tonteia o vivente
Se a caso a mimosa, for boa de olfato
A china desmaia, no cheiro do extrato
Aqui no bolicho tem charque de chibo
Só vendo por manta, e não passo recibo
O chibo engordou comendo carqueja
E não faça causo de alguma vareja
walther moraes - botando fogo no rancho
Chinoca volta pro rancho
Vem matar minha saudade
Meu coração anda triste
Sofrendo barbaridade
Esta amargura dói mais
Que pontaço de lança
A cada dia que passa
Me enredo mais na lembrança
Até meu cavalo amigo
Entendendo a minha dor
Relincha costeando a cerca
Olhando para o corredor
Meu cachorro companheiro
Vive olhando pra lua
Os bicho junto comigo
Já sentem saudade tua
O taura por ser ventana
Não entende a solidão
Vou botar fogo no rancho
Pra não ter recordação.
Adeus, adeus, adeus amor
Quando você foi embora
Eu fiquei lá fora
Chorando de dor.
Num cavalete os arreios
Juntando teia de aranha
Dependurada num gancho
Uma meia guampa de canha
A minha cuia e a cambona
Se encostaram num tição
Como quem ta te esperando
Pra sevar meu chimarrão
As vezes sinto que ando
Perdido num manancial
Encima de um potro xucro
Correndo só de buçal
Já resolvi meu parceiro
Vou tomar uma decisão
Vou atracar fogo no rancho
Pra aquecer meu coração
O taura por ser ventana
Não entende a solidão
Vou botar fogo no rancho
Pra não ter recordação.
walther moraes - campeiro no mas
Eu canto o Rio Grande por que nasci xucro
Na costa de mato no fundo de campo
Por isso meu canto tem marca campeira
Galpão e mangueira por que me garanto
Se falo em cavalo nos versos que rimo
É o parceiro que estimo pra farra e labuta
Eterno amigo de um guapo campeiro
Taura missioneiro sou da seiva bruta.
Pra cantar do pago falo dos cavalos,
chilenas, pealos, bocal e arreio
Da prenda lindassa que me alcança o mate,
no final da tarde depois que eu me apeio (2x)
A lida campeira é meu catecismo
Herança deixada por meus ancestrais
Por isso que eu sigo cantando o xucrismo
E amando o Rio Grande campeiro no mas
Trago a terra santa da minha Palmeira
Na sola da bota que arrasto no chão
Assim vou ao tranco tapeando sombreiro
De cima do arreio firmando o garrão
Pra cantar do pago falo dos cavalos,
chilenas, pealos, bocal e arreio
Da prenda lindassa que me alcança o mate,
no final da tarde depois que eu me apeio. (2x)
walther moraes - cantando a saudade
Canta! Canta!
Quero-quero vigilante
Teu cantar me traz saudade
De alguem que ficou distante
Oh! Meu Deus quanta saudade
Da velha querencia amada
Eu quero voltar pra la
Pra rever a gauchada
Ao pe de um fogo de chao
Tomar trago e chimarrao
Contar causos com a peonada
Oh! Meus Deus quanta saudade
Da querencia onde nasci
Do velho rancho barreado
Dos meus tempos de guri
Do pingo e dos bois de canga
E dos meus banhos de sanga
Onde pesquei lambari
Canta! Canta! ...
Oh! Meus Deus quanta saudade
Do pago em que fi nascido
Dos meus pais e meus irmaos
Que por mim ja tem sofrido
Por causa da minha ausencia
Desde que deixei a querencia
Deste meu pago querido
Canta! Canta! ...
walther moraes - caudilho do cavera
Venho do perau da Serra do Cavera
Das artimanhas da vida tenho causos pra "conta"
Ja cruzei picada escura nas noites de chuvarada
Ja vi coisas de outro mundo numa tapera assombrada
Mas nem por isso parceiro, eu deixo de andar no mundo
E o rincao "dos Boca seca" eu conheco de frente a fundo
Das peripecias da vida ja saltei fora
Cortei baldrama de rancho com os dentes das minhas esporas
Ja desaporriei matungo dando laco a campo fora
Quando o caborteiro roda, dou-lhe um grito e salto fora
Gosto de mulhr bonita, de fandango e carreirada
E uma gaita de oito baixos roncando na madrugada
Mas nem por isso parceiro...
Pouco me importa se o tempo um dia vai me matar
Eu nao nasci pra semente e nem vim aqui pra ficar
Agradeci a natureza por tudo que ela me deu
Meu nome fica na historia pra quem nao me conheceu
Mas nem por isso parceiro...
walther moraes - chamarrona de campanha
Chamarrona de campanha
Floriada a dedo de taita
Numa empoeirada gaita
Comprada La nas carreiras
Dita as noites missioneiras
Neste galpão macanudo
Onde se encontra de tudo
Destes lados da fronteira
Eu que me criei campeiro
Conheço o galo que canta
E o mais florão das percantas
Nos bailes de chão batido
Pois me vejo comovido
Quando o instinto me apura
A floria lotes de jura
Cochichando ao pé do ouvido
Chorominga a botoneira
Todo mundo sarandeia
O candieiro balanceia
No tranco da chamarrona
Minha guecha redomona
La Embaixo da figueira
Relincha a noite inteira
Pra os bufido da cordeona
Escarvando o chão da sala
Vou de um jeito mal costiado
Num romance abagualado
Aonde a chinoca esbarra
Que um ponteio de guitarra
Dita o embalo da dança
Se miâ??alma xucra balança
Num compassão de chamarra
E sei que um baile de candieiro
Ã? um bagual intretimento
Pra um índio cento por cento
Se embalar na chamarrona
Nos braço dâ??uma temporona
Nas bailantas missioneiras
E bailar noites inteiras
Inté encharcar a carona
walther moraes - coisas do mundo de peão
Tem tanta coisa parceiro neste meu mundo de peão
Que além de serviço e lida vira farra e diversão
Gosto de bicho maleva que veiaqueia e dispara
Só pra sair abrindo o peito dando de pala na cara
Também me agrada um bagual desses que só por cacoete
Se embodoca e sai bufando pras esporas do ginete
Gosto do mundo de peão na pampa verde e amarela
De cortar um matambre gordo um granito uma costela
E golpear um trago de canha pra limpar o perau da goela
Acho lindo um touro brabo num dia de campereada
Sair na cola do pingo me errando coice e corneada
Gosto de montar num potro depois duns tragos de vinho
Co'a cachorrada da estância pegando só no focinho
Só por pachola me agrada atirar um pealo de patrão
Pro maula trocar de ponta guasqueando o lombo no chão
Também me orgulho parceiro do ofício de domador
E de ver a china que eu quero num bagual escarceador
Gosto de passear num mouro de laço atado nos tentos
E amanhecer me guasqueando num fandango pacholento
Só vou emalar meus arreios e deixar meu mundo de peão
Quando o patrão do universo me enfiar o laço nas mãos
walther moraes - coracao italiano
Sempre que penso na serra
Meu coracao ja palpita
A vontade chega antes
Nesta terra tao bonita
Eu sigo ao tranco, depois
Ancioso pela chegada
E a saudade desta gente
Me acompanha pela estrada
Gauchada quando penso!
Nesta terra de caxias
Ouco a gaita dos bertussi
Ecoando nas serranias
Nos veroes ensolarados
Na neve em dias de frio
A natureza que encanta
Pelo ronco de um bugio
Uma gralha azul cantando
Na copa dos pinheirais
Aguas puras, cristalinas
Dos mais puros mananciais
Gauchada...
Um cheiro de pao caseiro
Vem do forno de tijolo
O turista nao resiste
Vinho e salame crioulo...
Enquanto um canario canta
Nos galhos da cabriuva
Meu coracao italiano
Se vai pra festa da uva...
Gauchada...
walther moraes - de cima do arreio
Eu ando na estrada cansando o cavalo
Botando sentido nas coisas que vejo
De cima do arreio campeio meu rumo
E aos poucos me aprumo por sobre os pelegos
Um trago de canha, um mate cevado
E um sonho a "lo largo" no sul do pais
Campeando um sorriso alem da saudade
Aprendendo as verdades da vida que eu quis
Eu sinto que a estrada me ensina aos pouquinhos
E sigo sozinho, sem medo de ir
Vencendo distancias cruzando fronteiras
Encontro nas ancias razoes pra seguir
Eu trago a esperanca estampada na cara
E guardo as lembrancas das coisas que fiz
Com raca e coragem eu topo a parada
E aguento o repuxo firmando a raiz
Ah! tristeza gaucha que trago no peito
Trancando essa historia com fibra e com jeito
De quem sabe bem levantar quando cai...
Ah! a estrada e comprida e andar vale a pena
Pois quem busca sonhos de alma serena
Tocando pra frente sabe aonde vai
Assim me sustento e tapeio o chapeu
Andando "a lo leu" nas voltas do pago
Descubro a querencia nos fundos de campo
E canto o rio grande nos versos que faco
Ternura e silencio nas horas tranquilas
Destraza no braco pra quando e preciso
A vida me leva conforme o seu tranco
E assim me conduz mansamente em seus trilhos
Ah! tristeza gaucha...
Cds walther moraes á Venda