vulgare - dias vezes dias
volta pro jantar
explica pro teu pai
que o mundo ta lá fora e não quer te esperar
volta pro teu pai
explica que o jantar
logo foi tirado
ninguém quis te esperar
e diz que os garotos cresceram
e assim como os frutos rebeldes
amadureceram
caíram no chão, se estragaram de uma vez
como essa multidão
que escuta o que não é falado
e grita sem ser escutado
foge pro bar
desliga o rapaz
enxuga o orgulho
que te obriga a se orgulhar
desamarra o choro
porque te ensinaram a não chorar
me diz deus, você, que restou ai em cima, o que vai sobrar ?
se a cada dia
nos cai uma parte, a cada dia
nem resta o disfarce que eu ergo pra parecer mais, pra parecer mais feliz
nascem nessas casas
vários desses órfãos
adotados pela televisão
guiados pelo descontrole
fadados sempre a fracassar
tentando evitar essa gente que só quer o mal
só se quer mal
vulgare - dois minutos de ódio em valsa suburbana
Comprou teu sitio
Fez dele teu abrigo
Contra a lembrança
Daquela rotina que cansa
Contra o lugar onde a garota dança
que é o molde perfeito que a gente criou
Se isolou no canto mais escondido da Terra
Esquece a favela
Nem pensa mais nela
Quer saber muito menos dessa
Não pediu desculpas
Pelo mal que te fez
Superou a doença de todo carnaval
Andava nas ruas
Se esbarrava, passava mal
Não gostava mais das pessoas
Não gostava mais
Não quebro minha cara
Pra ver alguém se arrepender
E quanto mais eu tento, mais te vejo, mais eu penso mais te vejo
Indo embora sem acenar, sem se despedir, sem me avisar
Passando a vida ali
Recolhendo seus ossos
Pra perto da sua fogueira
Que queima com a lenha as suas tristezas
Você sabe bem, você sempre sabe bem...
vulgare - maio sem forças
Vulgare
música: edu muniz
letra: fabrício dias
Quando você for me usar assim
como apoio,
eu vou estar ali,
escondido nas sombras
ou ao vento, sereno,
sem me entregar
sem forcas,
com medo de você precisar.
Perdido entre o querer
e o nada que eu tenho a te oferecer
que tenta desviar meu corpo
que nunca esta lá.
E nessas horas que se encontrar,
talvez,
mesmo sem ninguém.
sem alguém pra te acalmar
e te arrancar desse poço,
tão denso, tão tenso,
que cisma em te tragar.
Sem forças, não me deixo
não vou me arriscar
Perdida sem saber
aonde possa se encostar.
O tempo vem dizer
que ninguém te sobra, só você.
E quem chora?
Quem vai te adotar, quando você precisar?
Quem pensa em ti?
Quem vai notar quando teu chão desabar?
Quem vai notar?
vulgare - musica de praia
esmaga um problema qualquer aqui
desmonta o mundo
vê se desintegra assim
toda essa tormenta
e hoje eu não vou mais me esconder
mas se afasta
e deixa a tarde ilesa
deixa a noite acesa sumir
com o nosso imenso teto
nessa fração pequena
me esconde ali
eu sei que você vai me proteger
mas fecha o céu
não deixa a chuva atrapalhar a tua ajuda
porque sem isso
não sou capaz
mas fecha o céu
não deixa a chuva atrapalhar a sua ajuda
enquanto isso
eu vou ........
vulgare - non liquet
enquanto você vai
me diz já, quem lá vem
para ocupar o espaço
que já foi meu também
o pouco que eu deixar
não precisa esconder
deixa essa pista pra você não se perder
vai, e não deixa ninguém ver
para quem vier contar
não saber o que dizer
nos outros que viram
vê se exclui minha inclusão
o oco q existe
é pra nós
é pra nós
uma missão
de quem não sabe perder
e vive essa vida com o pesar
de sempre se guardar
vê, o que de longe é razão
quando chega ao olhar
mas parece uma ilusão
uma tortura pra agüentar
tanta magoa pra beber
uma mentira pra salvar
alguns vícios pra esquecer
e eu isolado nessa ilha que eu criei
penso em mim
penso em você
mas nunca pensei
em nós dois
vulgare - substituivel
Vulgare
Substituivel
Vai chorar?
Vai, até não se agüentar.
Vai morrer?
Pode até querer,
mas hoje é cedo demais.
A vontade vai passar.
Sentada no canto,
escondendo tudo o que
você quis tanto mostrar.
Esquece o mal,
Quem te fez assim?
Frágil como o ar,
uma novidade
que não tem mais uso.
Que pode quebrar,
com o menor toque
ou até com descuido.
Deixa o vento te buscar,
levar você pra longe de mim
Vão te alcançar,
e te fazer tão feliz,
sempre substituir.
Um outro em meu lugar,
um outro quarto pra chorar.
Ã? sempre, sempre assim.
Sempre assim.
vulgare - trópicos e multidões
a solidão que acompanha todo homem
enquanto ele passa feito um fantasma
diante da multidão ao seu lado
e se desmancha
vive sem emoções
não busca explicações
se recortando aos poucos pela sala
deixando marcas rasas das suas falhas
sem saber pra onde ir
ou procurar ajuda
sem ser cobrada
olhando as ruas esvaziando
e o asfalto no teu pe
te empurrando de volta
pra um lugar que voce nao quer mais voltar
sendo rejeitado pela cidade
que nunca te aceitou
te vem uma resposta :
agora e sempre
nunca haverá o bastante para todos
sempre faltará demais
pro mundo que um dia
havera de ser um todo
para todos e sempre
como um todo e sempre