MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
siba e fuloresta - canoa furada
Saí pra pescar de canoa
Cochilei sem querer
E o rio me levou sem eu ver
No alto mar me largou
E a carona velha deixou
Muita água minar
Eu nunca aprendi a nadar
Será que essa água é molhada?
A canoa furada
Já ta perto de afundar
Em vez d'eu pescar um xaréu
Saberê, caraúna
Robalo, tainha, sauna
Camurim, camarão
Quem veio foi um tubarão
Pra me arrudiar
Será que ele quer me lanchar
Será que eu agüento a dentada?
A canoa furada
Já ta perto de afundar
Gritei: Meu Jesus, me socorra!
Me acuda, mamãe
Meu Deus, mande alguém que me apanhe!
Mas não chega ninguém
E o meu celular não dá nem
Pra ligar a cobrar
Que a conta ficou sem pagar
E a linha já ta bloqueada
A canoa furada
Já ta perto de afundar
Queria fazer uma prece
Para um santo qualquer
Que venha de onde vier
Mas me tire daqui
O caso é que eu nunca aprendi
Como faz pra rezar
Também não ia adiantar
Que reza de ateu não dá nada
A canoa furada
Já ta perto de afundar
siba e fuloresta - 12 linhas
Em cada rua uma igreja
Com a porta escancarada
Onde se escuta a zoada
Do sermão de um pregador
Em cada esquina um pastor
Com uma bíblia estendida
Pra cada palavra lida
Dando uma interpretação
Em cada boca um sermão
Em cada pescoço um terço
Em cada morada um berço
Em cada berço um pagão
Em cada palmo de terra
Tem uma cruz enfincada
De quem morre em emboscada
De fome ou por acidente
Em qualquer um continente
Um conflito tumultua
Em cada beco de rua
Uma criança infeliz
Que o pai gerou e não quis
A mãe pariu e deixou
E ela se transformou
Numa vítima do país
Em cada cabeça um mundo
Cada vida uma escritura
Cada idéia uma leitura
Cada capítulo uma história
Pra cada página de glória
Tem uma mancha que invade
Pra cada voz da verdade
Outra diz : talvez não seja !
Pra cada boca que beija
Tem outra que roga praga
Pra cada mão que afaga
Tem outra mão que apedreja
Em cada rosto uma lágrima
Em cada lágrima uma dor
Em cada crime um autor
De nome desconhecido
Em cada golpe sofrido
Uma revolta se gera
Em cada ano de espera
Um esperançoso cansa
Em cada voz de vingança
Um grito de ameaça
E em cada dia que passa
Se vai a nossa esperança
siba e fuloresta - a folha da bananeira
A folha da bananeira
Alumeia que só prata
Pelo jeito que eu tô vendo
Aquela morena
Ã? quem me mata
siba e fuloresta - a velha da capa preta
A morte anda no mundo
Vestindo a mortalha escura
Procurando a criatura
Que espera a condenação
Quando ela encontra um cristão
Sem vontade de morrer
Ele implora pra viver
Mas ela ordena que não
Quando o corpo cai no chão
Se abre a terra e lhe come
Como uma boca com fome
Mordendo a massa de um pão
A morte anda no mundo
Espalhando ansiedade
Angústia, medo e saudade
Sem propaganda ou esparro
Sua goela tem pigarro
Sua voz é muito rouca
Sua simpatia é pouca
E seu semblante é bizarro
A vida é corno um cigarro
Que o tempo amassa e machuca
E morte fuma a bituca
E apaga a brasa no barro
A morte anda no mundo
Na forma de um esqueleto
Montando um cavalo preto
Pulando cerca e cancela
Bota a cara na janela
Entra sem ter permisão
Fazendo a subtração
Dos nomes da lista dela
Com a risada amarela
Ã? uma atriz enxerida
Com presença garantida
No fim de toda novela
Disse a morte para a foice:
Passei a vida matando
Mas já estou me abusando
Desse emprego de matar
Porque já pude notar
Que em todo lugar que eu vou
O povo já se matou
Antes mesmo d'eu chegar
Quero me aposentar
Pra gozar tranqüilidade
Deixando a humanidade
Matando no meu lugar
siba e fuloresta - alados
Uma lagarta se escora
Sobre uma folha verdinha
Depois que come todinha
Deixa o talo e vai embora
Quando sente que é a hora
De fazer meditação
Se vira em adivinhão
Dependurada demora
Se transforma e vai embora
Encantada e feminina
Borboleta bailarina
Ninfa da brisa e da flora
Numa noite escura há
Criaturinhas que vagam
Luz acendem, luz apagam
Aqui, ali, acolá
Transformando um jatobá
Numa árvore natalina
Brilhantes de pérola fina
No pescoço de laia
Riscando pra lá, pra cá
Sem som, sem rosto e perfume
Pirilampo, Vagalume
Mosca de Fogo, Uauá
Balançando em suspenção
De fuzil engatilhado
Vai e vem desconfiado
Tarimbado em traição
Na ponta do seu ferrão
O gume da baioneta
O fogo da malagueta
E a quentura de um tição
Mestre cavalo do Cão
Tranca-rua e traiçoeiro
Marimbondo fuzileiro
Do quartel de papelão
siba e fuloresta - bloco da bicharada
Meu papagaio
Estando com fome
Se eu der ele come
Bolacha ou pão
Tem a razão
Inteligente
Não fala tudo o que sente
Mas aprende palavrão
Vive a galinha
Só pra panela
A sua mazela
Ã? a fome do povo
E o galo novo
Quer saber ligeiro
Quem veio primeiro
Se foi ela ou foi o ovo
Vive o leão
Uma vida ingrata
Com uma pulga chata
Na sua costeia Morde a canela
Pula pra pança
O leão coça que cansa
Mas não acaba com ela
siba e fuloresta - cantar ciranda
Cantar ciranda
Ã? como se aventurar
A viver em alto mar
Pescando numa jangada
Vela esticada
Chuva e sol, frio e calor
E eu me sinto um pescador
Puxando a rede pesada
E a cad~encia compassada
Da jangada balançando
Minha ciranda embalada
Cantar ciranda
Ã? balanço de maré
Quando vem, forma um balé
Quando vai carrega areia
Me arrudêia
Um temporal carrancudo
Quando vai, carrega tudo
E quando volta incendeia
E a poesia vadêia
Igualmente um bumerangue
E em cada gota de sangue
Que corre na minha veia
Cantar ciranda
Ã? como um jogo de azar
Quando eu saio pra cantar
Não sei se amanheço o dia
Patifaria
Não me atinge o coração
Pois eu tenho a proteção
De um poder que me irradia
E uma trombeta anuncia
Que o mundo está se abalando
Toda vez que eu estou tragando
No cachimbo da poesia
Só pode ser
Coisa de feitiçaria
Arrilia do sotaque
Ã? tão bom que até arrepia
Cantar ciranda
Ã? como fotografia
Faz morada na memória
Desde o primeiro dia
siba e fuloresta - joáo do alto
João do alto
Voando
Tá esperando
O Sinal da criatura
Se parece um deputado
Com paletó bem passado
De linho de pena escura
Seu escritório é o céu
Lá despacha sem papel
Carimbo ou assinatura
O seu serviço é comer
O vivente que morrer
Sem direito a sepultura
Bate ponto no horário
Mesmo sem ser funcionário
De nenhuma prefeitura
Só se alimenta de graça
Onde encontra uma carcaça
Mete o bico, rasga e fura
Merenda sem reclamar
Engole sem mastigar
Porque não tem dentadura
Nunca enjeitou refeição
Come carniça no chão
Pensando que é rapadura
Tudo o que come é pesado
Porém não fica empachado
Voando alto se cura
Nunca invejou o Pavão
Que não canta uma canção
Nem se tiver partitura
Pode o Pavão ter beleza
Mas também tem asa presa
Nos ares não se pendura
Só respeita o gavião
Por ele ter instrução
Na mesma literatura
E a coruja sabida
Conhecedora da vida
Sem precisar de leitura
Como empregado da morte
João do Alto tem sorte
Porque vive na fartura
Mas também vai virar pó
Porque o seu paletó
A morte também costura
João do alto
Voando
Tá esperando
O Sinal da criatura
siba e fuloresta - maria minha maria
Maria, minha Maria
meu doce da melancia
te lembra daquele abraço
que eu te dei ontem ao meio-dia
Vem ver o belo luar
que a tua ausência reclama
ô que noite tão preciosa
não deve dormir quem ama
Debaixo da Condesseira
onde canta o Zabelê
saudade da minha terra
onde eu nasci vou morrer
Vem ver o belo luar
que a tua ausência reclama
ô que noite tão preciosa
não deve dormir quem ama
siba e fuloresta - meu time
Meu Time (Siba)
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu zagueiro na bola dividida
Quaze mata de um chute o centro-avante
Só por isso o juíz ignorante
Expulsou o coitado da partida
Sem pensar que quem tem perna comprida
Faz a falta sem ter a intenção
E pra mim o castigo da expulsão
Só se aplica se houver assassinato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Esse infame corrupto e salafrário
Tem que ser fuzilado na parede
Toda vez que vem bola em nossa rede
Ele quer marcar gol para o contrário
Alguém prenda esse estelionatário
Que o castigo mais leve pra ladrão
Ã? passar uns dez anos na prisão
Que se eu for castigar por certo eu mato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Que me importa o goleiro não saber
Agarrar uma bola sem soltar?
Que me importa o zagueiro manquejar
Ter a perna zambeta e não correr?
Que me importa atacar ou defender?
Todos jogam na mesma posição
Quem encontra defeito em meu timão
Ou é cego, ou é doido, ou é gaiato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Todo dia os atletas do meu time
Estão na sede jogando dominó
No domingo tem brega ou tem forró
Rifa ou bingo, não tem quem não se anime
Não tem time que ao menos se aproxime
Do preparo da minha escalação
Para o ano o meu time é campeão
Nem que jogue com prego no sapato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
siba e fuloresta - pisando em praça de guerra
Dezesseis de fevereiro
Data de meu nascimento
Soprou naquele momento
No mundo um vento maneiro
Eu nu, pequeno e ronceiro
Chorando de sede e fome
Papai me botou um nome
Mamãe me abraçou primeiro
Um doutor falou ligeiro
Depois que eu tinha chorado
Esse nasceu tarimbado
Pra ser mestre cirandeiro
Um doutor falou ligeiro
Depois que eu tinha chorado
Esse nasceu tarimbado
Pra ser mestre cirandeiro
Cantando eu trago o trator
O ferro, a pedra, a madeira
O guindaste, a britadeira
O prego, o martelo, a lima
Quem de mim se aproxima
Vê mil homens trabalhando
Sangue e suor derramando
Pra construir com estima
Um edifício de rima
Todo de concreto armado
Pra eu subir e ficar sentado
Olhando o mundo de cima
Um edifício de rima
Todo de concreto armado
Pra eu subir e ficar sentado
Olhando o mundo de cima
Com armas de ferro e aço
Escutando e vendo tudo
Meu batalhão carrancudo
Invade os costais da serra
Ouvindo o canhão que berra
Botando a cara em trincheira
Metendo os pés na ladeira
Aonde a mina se enterra
Pisei na praça de guerra
Estou no campo de batalha
E a minha boca metralha
Balas de rima na terra
Pisei na praça de guerra
Estou no campo de batalha
E a minha boca metralha
Balas de rima na terra
siba e fuloresta - preparando o salto
Não vejo nada que não tenha desabado
Nem mesmo entendo como estou de pé
Olhando o outro no espelho pendurado
Me reconheço
mas não sei quem é
Não ouço passos de ninguem entre os escombros
Nem mesmo insetos revirando o pó
Um vento seco me arrepia
Encolho os ombros
Mas na verdade estou queimando o sol
Depois do fogo restam só
fumaça e brasas
Eu tiro as cinzas do meu peito nu
Daqui a pouco
meus dois braços serão asas
E eu me levanto
renascido e cru
E mesmo aquela velha sombra ressecada
Imita tanto quantos fui
e sou
ficou nos cacos de um espelho aprisionada
E pés cortados não vai onde eu vou
Antes de nascer as plumas
comi as unhas
Quero me arranhar
pra ter riscado na pele
um mapa tosco pra poder voltar
Vou passar como santo,
mudo
mirando alto, rindo,
preparando o salto,
deixando pra trás tudo.
siba e fuloresta - qasida
Lembro bem do momento em que parti
Só não sei quantas vezes retornei
Como sempre, na hora em que cheguei
Me dei conta que errei voltando aqui
As ruínas da casa estão aí
Só paredes em pé, não tem telhado
Falta porta, está tudo escancarado
Mas o ar não se mexe pra passar
Já vi tudo, só falta acreditar
Que o portão do retorno está trancado
Não adianta tirar de onde não tem
Nem tentar encaixar onde não cabe
Sem saber alguém tenta, e quando sabe
Já não dá nem um passo mais além
Pois, de trás para frente nada vem
O que foi, já não é e nem será
E da frente pra trás ninguém irá
Desfazer o que fez certo ou errado
Vou deixar esse canto abandonado
Para sempre do jeito como está
Me esparramo ao relento, o chão é torto
Canta um grilo escondido e mais ninguém
Vou dormir nesse abrigo que só tem
Sede, fome, sujeira, desconforto
Pra sonhar que acordei de um sonho morto
No quintal de uma casa onde eu podia
Não correr contra o tempo enquanto eu via
Teu sorriso indo e vindo num balanço
Sem voltar pra você, eu não descanso
Minha casa é você e eu já sabia
siba e fuloresta - será
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
Pela direção que o mundo está tomando eu vou viver pagando o ar de meu pulmão
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
Pela direção que o mundo está tomando eu vou viver pagando o ar de meu pulmão
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
Pago imposto pra morar, pra beber água e comer
E até quando eu morrer tem imposto pra enterrar
Se não puder não cobrar por minha respiração
E pela direção que o mundo está tomando eu vou viver pagando o ar de meu pulmão
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
E a justiça tem um peso pra cada tipo de gente
Quando o réu é influente, quase sempre escapa ileso
Só quem se demora preso é quem não tem um tostão
E pela direção que o mundo está tomando eu vou viver pagando o ar de meu pulmão
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
E até mesmo o que não presta tem um preço pendurado
Todo favor é cobrado, de graça nada mais resta
E até injeção na testa começa a ter cotação
E pela direção que o mundo está tomando eu vou viver pagando o ar de meu pulmão
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
E pela direção que o mundo está tomando eu vou viver pagando o ar de meu pulmão
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
E pela direção que o mundo se desdobra um dia alguém me cobra o ar de meu pulmão
Será que ainda vai chegar o dia de se pagar até a respiração?
siba e fuloresta - tempo ii
A vida não dá certeza
pois tudo se movimenta
cada dia representa
a chance de uma surpresa
e até mesmo a natureza
se altera a cada segundo
o tempo é ventre fecundo
aonde tudo é gerado
se o tempo fosse parado
nada existia no mundo
o tempo é ventre fecundo
aonde tudo é gerado
se o tempo fosse parado
nada existia no mundo
Ninguém sabe o que será
do tempo futuramente
mas o tempo do presente
tudo tem e tudo dar
que o que tem no tempo está
em um caderno anotado
Tudo que o tempo tem dado
de tempo em tempo se soma
que o tempo com tempo toma
tudo o que deu no passado
Tudo que o tempo tem dado
de tempo em tempo se soma
que o tempo com tempo toma
tudo o que deu no passado
O tempo não tem feição
não tem cheiro e não tem cor
não tem som não tem sabor
voa sem ser avião
rouba mas não é ladrão
carrega tudo o que cria
Tempo é vento que assovia
que passa e faz pirueta
e o vivente é borboleta
levada na ventania
Tempo é vento que assovia
que passa e faz pirueta
e o vivente é borboleta
levada na ventania
Vejo o tempo que passou
montando o tempo que passa
e já respirando a fumaça
do tempo que não chegou
o tempo me atropelou
no meio de uma avenida
Estou na porta de saída
vendo o portão de chegada
depois de muita rodada
na bulandeira da vida
Estou na porta de saída
vendo o portão de chegada
depois de muita rodada
na bulandeira da vida
Cds siba e fuloresta á Venda