sérgio reis - boiadeiro errante
Eu venho vindo de uma querência distante 
 sou um boiadeiro errante que nasceu naquela serra 
 o meu cavalo corre mais que o pensamento 
 ele vem no passo lento porque ninguém me espera 
 
 tocando a boiada auê-uê-uê-ê boi eu vou cortando estrada uê boi
 tocando a boiada auê-uê-uê-ê boi eu vou cortando estrada
 
 toque o berrante com capricho Zé Vicente 
 mostre para essa gente o clarim das alterosas 
 pegue no laço não se entregue companheiro 
 chame o cachorro campeiro que essa rez é perigosa 
 
 olhe na janela auê uê uê ê boi que linda donzela uê boi 
 olhe na janela auê uê uê ê boi que linda donzela
 
 sou boiadeiro minha gente o que é que há 
 deixe o meu gado passar vou cumprir com a minha sina 
 lá na baixada quero ouvir a siriema 
 prá lembrar de uma pequena que eu deixei lá em Minas 
 
 ela é culpada auê uê uê ê boi de eu viver nas estradas uê boi 
 ela é culpada auê uê uê ê boi de eu viver nas estradas
 
 o rio tá calmo e a boiada vai nadando 
 veja aquele boi berrando Chico Bento corre lá 
 lace o mestiço salve êle das piranhas 
 tire o gado da campana pra? viagem continuar 
 
 com destino a Goiás auê uê uê ê boi deixei Minas Gerais uê boi 
 com destino a Goiás auê uê uê ê boi deixei Minas Gerais uê boi 
 
   sérgio reis - hoje eu não posso ir
Avisa o pessoal lá em casa que hoje, eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou, ficar por aqui
Avisa o pessoal lá em casa que hoje, eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar, por aqui
Quantas meninas bonitas eu vejo aqui do meu lado
essa noite aqui ninguem dorme, todo mundo acordado
na hora da despedida, ai que a menina chora
nos meus braços vai dizendo, meu amor não vá embora
nos meus braços vai dizendo, meu amor não vá embora
Avisa o pessoal lá em casa que hoje, eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou, ficar por aqui
Avisa o pessoal lá em casa que hoje, eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar, por aqui
Tendo amor e saúde, da vida eu nao reclamo
eu amo a vida que levo, levo a vida que amo
ganhei o ouro do sol, ganhei a prata da lua
estou ganhando o amor, de quem mora nessa rua
estou ganhando o amor, de quem mora nessa rua
Avisa o pessoal lá em casa que hoje, eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou, ficar por aqui
Avisa o pessoal lá em casa que hoje, eu não posso ir
Gostei muito desta casa, eu vou, ficar por aqui
Eu vou ficar por aqui
Eu vou ficar por aqui 
   sérgio reis - caminheiro
Caminheiro que lá vai indo
 Pro rumo da minha terra
 Por favor faça parada
 Na casa branca da serra
 Ali mora uma velhinha
 Chorando um filho seu
 Esta velha é minha mãe
 E o seu filho sou eu
 
 Vai caminheiro
 leva esse recado meu
 
 Por favor diga pra mãe
 Zelar bem do que é meu
 Cuidar bem do meu cavalo
 Que o finado pai me deu
 Do meu cachorro campeiro
 Meu galo índio brigador
 Minha velha espingarda
 E o violão chorador
 
 Vai caminheiro
 Me faça esse favor
 
 Caminheiro diga pra mãe
 Para não se preocupar
 Se Deus quiser este ano
 Eu consigo me formar
 Eu pegando meu diploma
 Vou trazer ela pra cá
 Mas se eu for mal nos estudos
 Vou deixar tudo e volto pra lá
 
 Oi caminheiro
 Não esqueça de avisar 
 
   sérgio reis - o menino da porteira
Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino
 de longe eu avistava a figura de um menino
 que corria abrir a porteira e depois vinha me pedindo:
 - Toque o berrante seu moço que é pra eu ficar ouvindo.
 
 Quando a boiada passava e a poeira ia baixando,
 eu jogava uma moeda e ele saía pulando:
 - Obrigado boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando
 pra aquele sertão à fora meu berrante ia tocando.
 
 Nos caminhos desta vida muitos espinhos eu encontrei,
 mas nenhum calou mais fundo do que isso que eu passei
 Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
 Vendo a porteira fechada o menino não avistei.
 
 Apeei do meu cavalo e no ranchinho a beira chão
 Ví uma mulher chorando, quis saber qual a razão
 - Boiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradão!
 Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração!
 
 Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem
 quando passo na porteira até vejo a sua imagem
 O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem
 Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem.
 
 A cruzinha no estradão do pensamento não sai
 Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais
 Nem que o meu gado estoure, e eu precise ir atrás
 Neste pedaço de chão berrante eu não toco mais.
 
 
   sérgio reis - o rei do gado
Num bar de ribeirão preto
 eu vi com meus olhos esta passagem
 quando champagne corria à rodo
 na alta roda da granfinagem
 nisso chegou um peão
 trazendo na testa o pó da viagem
 pediu uma pinga para o garçom
 que era prá rebater a friagem
 
 Levantou um almofadinha
 falou pro dono, eu não tenho fé
 quando um caboclo que não se enxerga
 num lugar deste vem por o pé
 senhor que é o proprietário
 deve barrar a entrada de um qualquer
 principalmente nessa ocasião
 que esta presente o rei do café
 
 Foi uma salva de palmas
 gritaram viva pro fazendeiro
 que tem milhões de pés de café
 por esse rico chão brasileiro
 sua safra é uma potência
 em nosso mercado e no estrangeiro
 portanto veja que esse ambiente
 não é prá qualquer tipo rampeiro
 
 Com um modo bem cortês
 responde o peão prá rapaziada
 essa riqueza não me assusta
 topo e aposto qualquer parada
 em cada pé do seu café
 eu amarro um boi da minha boiada
 e prá encerrar o assunto eu garanto
 que ainda me sobra boi na invernada
 
 Foi um silêncio profundo
 o peão deixou o povo mais pasmado
 pagando a pinga com mil cruzeiros
 disse ao garçon prá guardar o trocado
 quem quiser saber meu nome
 que não se faça de arrogado
 é só chegar lá em andradina
 e perguntar pelo rei do gado
 
 tadashi 
 
   sérgio reis - baita macho
Amarrei o cavalo no tronco
 Entrei no baile chutando o capacho
 E já senti no olhar das velhas e suspiro das moças
 Mas que baita macho
 
 Mas que baita macho
 Mas que baita macho
 E fui dançar com a mulher mais linda
 Nos apertamos de cima prá baixo
 Ela parou no meio da sala e me puxou no pala
 Mas que baita macho
 
 Mas que baita macho
 Mas que baita macho
 
 Tirei a gaita da mão do gaiteiro Toquei um xote de atolar nos baixos
 Os mais valentes se desmunhecaram e então cantaram
 Mas que baita macho
 
 Mas que baita macho
 Mas que baita macho
 
 Larguei a gaita e peguei minha prenda
 E o salão que veio a baixo
 O mulherio se escabelou, todo salão cantou
 Mas que baita macho
 
 Mas que baita macho
 Mas que baita macho
 
 Peguei a mão da minha morena
 Ela de mão no meu barbicacho
 E lá na estrada a gente escutava o povo que cantava
 Mas que baita macho
 
 Mas que baita macho
 Mas que baita macho 
 
   sérgio reis - adeus mariana
Nasci lá na cidade, me casei na serra 
 Com a minha Mariana: moça lá de fora 
 Um dia estranhei o carinho dela 
 Disse: - adeus Mariana, que eu já vou embora 
 
 É gaúcha de verdade de quatro costados 
 Só usa chapéu grande de bombacha e espora 
 E eu que estava vendo o caso complicado 
 Disse: - Adeus Mariana, que eu já vou embora 
 
 Nem bem "rodemo" o dia, me tirou da cama 
 Celou o meu tordilho e saiu campo a fora 
 E eu fiquei danado e saí dizendo: 
 - adeus Mariana, que eu já vou embora 
 
 Ela não disse nada, mas ficou sismando 
 Se era desta vez que eu daria o fora 
 Segurou a açoiteira e veio contra mim 
 Eu disse: - larga Mariana que eu não vou embora 
 
 E ela de zangada foi quebrando tudo 
 Pegou a minha roupa e jogou porta a fora 
 Agarrei, fiz uma trouxa e saí dizendo: 
 - Adeus, Mariana que eu já vou embora. 
 
   sérgio reis - a vida do viajante
Minha vida é andar por este país
 Pra ver se um dia descanso feliz
 Guardando a recordação 
 Das terras onde passei
 Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
 Chuva e sol, poeira e carvão
 Longe de casa sigo o roteiro
 Mais uma estação e alegria no coração!
 
 Minha vida é andar por este país
 Pra ver se um dia descanso feliz
 Guardando a recordação 
 Das terras onde passei
 Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
 Mar e terra, inverno e verão
 Mostro o sorriso, mostro alegria mas eu mesmo não
 E a saudade no coração 
 
   sérgio reis - filho adotivo ft almir sater 
Com sacrifício eu
Criei meus sete filhos
Do meu sangue eram seis
E um peguei com quase um mês
Fui viajante, fui roceiro, fui andante
E pra alimentar meus filhos
Não comi pra mais de vez
Sete crianças
Sete bocas inocentes
Muito pobres mas contentes
Não deixei nada faltar
Foram crescendo
Foi ficando mais difícil
Trabalhei de sol a sol
Mas eles tinham que estudar
Meu sofrimento
Ah, meu deus valeu a pena
Quantas lágrimas chorei
Mas tudo foi com muito amor
Sete diplomas
Sendo seis muito importantes
Que as custas de uma enxada
Conseguiram ser doutor
Hoje estou velho
Meus cabelos branqueados
O meu corpo está surrado
Minhas mãos nem mexem mais
Uso bengala
Sei que dou muito trabalho
Sei que as vezes atrapalho
Meus filhos até demais
Passou o tempo
Eu fiquei muito doente
Hoje vivo num asilo
E só um filho vem me ver
Esse meu filho
Coitadinho, muito honesto
Vive apenas do trabalho
Que arranjou para viver
Mas deus é grande
E vai ouvir as minhas preces
Esse meu filho querido
Vai vencer eu sei que vai
Faz muito tempo
Que não vejo os outros filhos
Sei que eles estão bem
E não precisam mais do pai
E um belo dia me
Sentindo abandonado
Ouvi uma voz bem do meu lado
Pai eu vim pra te buscar
Arrume as malas
Vem comigo pois venci
Comprei casa e tenho esposa
E o seu neto vai chegar
De alegria
Eu chorei e olhei pro céu
Obrigado meu senhor
A recompensa já chegou
Meu deus proteja
Os meus seis filhos queridos
Mas foi meu filho adotivo
Que a este velho amparou ! 
   sérgio reis - cavalo preto
Eu tenho um cavalo preto
 Por nome de ventania
 Um laço de doze braças
 Do couro de uma novilha
 Tenho um cachorro bragato
 Que é pra minha companhia
 Sou um caboclo folgado
 Ai Eu não tenho família
 No lombo do meu cavalo
 Eu viajo o dia inteiro
 Vou dum estado pro outro
 Eu não tenho paradeiro
 Quem quiser ser meu patrão
 Me ofereça mais dinheiro
 Eu sou muito conhecido
 Por esse Brasil inteiro
 Tenho uma capa gaúcha
 Que eu troquei com um boi carreiro
 Tenho dois pelego grande
 Que é pura lã de carneiro
 Um me serve de colchão
 E outro de travesseiro
 Com minha capa gaúcha
 Eu me cubro o corpo inteiro
 Adeus que eu já vou partindo
 Vou pousar noutra cidade
 Depois de manhã
 Quero estar em Piedade
 Deus me deus esse destino
 E muita felicidade
 Quando eu passo com o meu pingo
 Deixo um rastro de saudade
 
 
   sérgio reis - felicidade
Felicidade foi-se embora
 
 E a saudade no meu peito ainda mora 
 E é por isso que eu gosto lá de fora 
 Porque sei que a falsidade não vigora. 
 A minha casa fica lá de trás do mundo 
 Mas eu vou em um segundo 
 Quando eu começo a cantar...
 Meu pensamento parece uma coisa a toa 
 Mas como é que a gente voa 
 Quando começa a pensar.
 By: Lucao Barestein - TCHAMPS SEMPRE!!! 
 
   sérgio reis - as andorinhas
   sérgio reis - cavalo enxuto
Eu tenho um vizinho rico
 Fazendeiro endinheirado
 Não anda mais a cavalo
 Só compra carro importado
 
 Eu conservo a minha tropa
 O meu cavalo ensinado
 O fazendeiro moderno
 Só me chama de quadrado
 Namoramos a mesma moça
 Veja só o resultado
 
 Um dia a moça falou
 Pra não haver discussão
 Vamos fazer uma aposta
 A corrida da paixão
 Granfino corre no carro
 Você no seu alazão
 
 Eu vou pra minha fazenda
 Esperar lá no portão
 Quem dos dois chegar primeiro
 Vai ganhar meu coração
 
 Ele calibrou os pneus
 Apertou bem as rédeas
 Eu ferrei o meu cavalo
 Que tem asas nas canelas
 O granfino entrou no carro
 Pulei em cima da sela
 
 Ele funcionou o motor
 E fechou bem as janelas
 Chamei o macho na espora
 Bem por baixo das costelas
 
 Eu entrei pelos atalhos
 Pulando cerca e pinguela
 Quando terminou o asfalto
 Ele entrou numa esparrela
 Numa estrada boiadeira
 Toda cheia de cancela
 
 Cheguei no portão primeiro
 Dei um beijo na donzela
 Quando o granfino chegou
 Eu já estava nos braços dela
 
 O progresso é coisa boa
 Reconheço e não discuto
 Mas aqui no meu sertão
 Meu cavalo é absoluto
 Foi Deus e a natureza
 Que criou esse produto
 
 Essa vitória foi minha
 E do meu cavalo enxuto
 A menina hoje vive
 Nos braços deste matuto