secos e molhados - sangue latino
Jurei mentiras
E sigo sozinho
Assumo os pecados
Os ventos do norte
Não movem moinhos
E o que me resta
Ã? só um gemido
Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minh'alma cativa
Rompi tratados
Traí os ritos
Quebrei a lança
Lancei no espaço
Um grito, um desabafo
E o que me importa
Ã? não estar vencido
secos e molhados - assim assado
São duas horas
Da madrugada
De um dia assim
Um velho anda
De terno velho
Assim, assim
Quando aparece o guarda belo
Ã? posto em cena
Fazendo cena
Um treco assim
Bem apontado
Ao nariz chato
Assim, assim
Quando aparece a cor do velho
Mas guarda belo
Não acredita
Na cor assim
Ele decide
No terno velho
Assim, assim
Porque ele quer um velho assado
Mas mesmo assim
O velho morre
Assim, assim
E o guarda belo
Ã? o heróI
Assim, assado
Porque é preciso ser assim assado
secos e molhados - fala
Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser
Tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala
Fala
Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto
Fala
secos e molhados - rosa de hiroshima
Pense nas crianças mudas telepáticas
Pense nas meninas cegas inexatas
Pense nas mulheres, rotas alteradas
Pense nas feridas como rosas cálidas
Mas só não se esqueça da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária
A rosa radiotiva, estúpida, inválida
A rosa com cirrose a anti-rosa atômica
Sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada
secos e molhados - não não digas nada
Não, não digas nada
Supor o que dirá
A tua boca velada
Ã? ouví-lo já
Ã? ouví-lo melhor
Do que eu dirias
O que és não vem a flor
Das frases e dos dias
Ã?s melhor do que tu
Não digas nada, sê
Graça do corpo nu
Que invisível se vê
secos e molhados - que fim levaram todas as flores
Que fim levaram todas as flores
Que o preto velho me contava?
Que fim levaram todas as flores
Que a rainha louca não gostava?
Que a lapela morta carregava,
Que olhar de todos me lembrava,
Que fim levaram todas as flores
Que qualquer coisa não estragava?
Em qualquer dia que podia,
Com grande amor e alegria,
Que fim levaram todas as flores
Que a criança as vezes me pedia?
La la la la....
Que a lapela morta carregava,
Que o olhar de todos me lembrava,
Que fim levaram todas as flores
Que qualquer coisa não estragava?
Em qualquer dia que podia,
Com grande amor e alegria,
Que fim levaram todas as flores
Que a criança as vezes me pedia?
Que fim levaram todas as flores
Que a criança as vezes me pedia?
Que fim levaram todas as flores?
secos e molhados - amor
Leve como leve pluma
Muito leve leve pousa
Na simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma
Sombra silêncio ou espuma
Nuvem azul que arrefece
Simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma
Que em mim amadurece
Enviado por benedito césar
secos e molhados - o vira
O gato preto cruzou a estrada
Passou por debaixo da escada.
E lá no fundo azul
na noite da floresta.
A lua iluminou
a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Bailam corujas e pirilampos
entre os sacis e as fadas.
E lá no fundo azul
na noite da floresta.
A lua iluminou
a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Bailam corujas e pirilampos
entre os sacis e as fadas.
E lá no fundo azul
na noite da floresta.
A lua iluminou
a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
secos e molhados - primavera nos dentes
Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa a contra-mola que resiste
Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade decepado
Entre os dentes segura a primavera
secos e molhados - flores astrais
Um grito de estrelas vem do infinito
E um bando de luz repete o grito
Todas as cores e outras mais
Procriam flores astrais
O verme passeia na lua cheia
O verme passeia na lua cheia
O verme passeia na lua cheia
O verme passeia na lua cheia
secos e molhados - o patrão nosso de cada dia
Eu quero o amor
Da flor de cactus
Ela não quis
Eu dei-lhe a flor
De minha vida
Vivo agitado
Eu já não sei se sei
De tudo ou quase tudo
Eu só sei de mim
De nós
De todo o mundo
Eu vivo preso
A sua senha
Sou enganado
Eu solto o ar
No fim do dia
Perdi a vida
Eu já não sei se sei
De nada ou quase nada
Eu só sei de mim
Só sei de mim
Só sei de mim
Patrão nosso
De cada dia
Dia após dia
secos e molhados - anônimo brasileiro
Da primeira vez eles se permitem
E como amigos não fazem nada
Da segunda vez já não se arriscam
Os olhos fixos prendem nossa mão
Até que chega o mocinho deles
Entra de fininho e não diz que não
Aponta-nos o dedo e conhecendo a reação
Esmaga-nos a voz do coração
E porque não se somos mais?
secos e molhados - prece cosmica
Que os quatro
Como num teatro
Conservem a mão
Sem nenhum
Gesto
Que o vinho quente
Do coração
Lhes suba à cabeça
Espêssa
Que do bolso de
Cada um dos
Quatro
Como num teatro
Voem pombas
Pombas brancas
E amanheça
Enviado por benedito césar
secos e molhados - medo mulato
No meio da noite
No meio do medo
Aos olhos insones
Os fantasmas passeiam
No canto do galo
No uivo do cão
Nas vozes do vento
No galope, no relincho
No meio da solidão
O escuro esconde
Zumbis, lobisomens
Os bichos do mato
O medo mulato
E a morte passa
Num calafrio que corre
Dos pés
A cabeça tapada
Enviado por benedito césar
secos e molhados - tercer mundo
Ahí no lejos
Las anguilas laten
Su imenso pulso
Su planetário giro.
Todo espera el ingreso
En una danza
Que ninguna Izadora danzó
Nunca de este lado del mundo
Tercer mundo global
Del hombre sin orillas
Chapoteador de história
Vispera de si mismo.