MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
saulo laranjeira - arrumação
Josefina sai cá fora e vem vê
Olha os forro ramiado vai chuvê
Vai trimina riduzi toda criação
Das bandas de lá do ri Gavião
Chiquera pra cá já ronca o truvão
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó
Mãe Purdença inda num cuieu o ai
O ai roxo dessa lavora tardã
Diligença pega panicum balai
Vai cum tua irmã, vai num pulo só
Vai cuiê o ai, o ai da tua avó
Refrão
Lua nova sussarana vai passá
Sêda Branca, na passada ela levo
Ponta d´unha, lua fina risca o céu
A onça prisunha, a cara de réu
O pai do chiquêro a gata comeu
Foi um trovejo c´ua zagaia só
Foi tanto sangue que dá dó
Os cigano já subiro bêra ri
É só danos, todo ano nunca vi
Paciênca, já num guento as pirsiguição
Já só caco véi nesse meu sertão
Tudo que juntei foi só pra ladrão
Refrão
saulo laranjeira - viola apocalíptica
Os frutos da minha vida
Vem chegando um a um
Cada rima cada nota
Em cada canto em comum
Vem chegando e vem de dentro
Na correnteza do verso
No inverso do segredo
Do medo nasce o universo
Se no ponteio seguro
Seguro o braço da viola
Seguro o meu semeio
A ceia da nova era
Dos poucos anos de espera
A última primavera
Os frutos da nova era
Vem chegando um por um
Cada bicho cada fera
Tem a espera em comum
Vem chegando e vem de fora
Já bem em cima da hora
No contratempo do verso
No inverso do segredo
Do medo nasce o universo
Se no ponteio preciso
Preciso colher os figos
Na precisão do relógio
Do coração dos amigos
Seguro do meu semeio
Do meio da correnteza
Eu vou laçando sementes
Para nascer nas batentes
As flores da nova era
Dos poucos anos de espera
A última primavera
O mar vai se rebelar
E vai rolar sobre a serra
Enquanto a boiada berra
Enquanto o vaqueiro erra
Tem sumidouro profundo
E nossa cabeça encerra
Aqui na pele do mundo
Em pleno colo da terra
saulo laranjeira - ai qui saudade d ocê
Não se admire se um dia
Um beija-flor
A porta da sua casa
Te der um beijo e partir
Foi eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que num te vejo
Ai que sodade docê
Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que num te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que sodade sem fim
Mas se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Você caía no choro
E eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é docê
saulo laranjeira - pega pega
Entardeceu
Ai que vontade
De brincar de pega-pega
De macaca de comer goiaba
De trepar no muro
De soltar a raia
Mas a mamãe num deixa
Tenho que estudar
Ô mamãe deixa eu ir
Que amanhã eu aprendo a lição
E se eu num aprender
A senhora me ponhe no porão
Entardeceu
Ai que vontade
De brincar de pega-pega
De macaca de comer goiaba
De trepar no muro
De soltar a raia
Mas o patrão num deixa
Tenho que trabalhar
Ô patrão deixa eu ir
Que amanhã eu dobro a produção
E se eu num dobrar
O senhor não me dá um tostão
Entardeceu
Ai que vontade
De brincar de pega-pega
De macaca de comer goiaba
De trepar no muro
De soltar a raia
Mas o doutor num deixa
Tenho que repousar
Ô doutor deixa eu ir
Que amanhã num saio mais não
E se eu sair
Esteja certo será um caixão
Entardeceu
Ai que vontade
De brincar de pega-pega
De macaca de comer goiaba
De trepar no muro
De soltar a raia
Mas morte num deixa
Tenho que me enterrar
Ô mamãe deixa eu ir
Ô patrão deixa eu ir
Ô doutor deixa eu ir
Ninguém me deixou
E eu não pude brincar
saulo laranjeira - amo te muito
Amo-te muito
Como as flores amam
O frio orvalho
Que infinito chora
Amo-te como
O sabiá da praia
Ama a sanguínea
E deslumbrante aurora
Oh não te esqueças
Que eu te amo assim
Oh não te esqueças
Nunca mais de mim
Amo-te muito
Como a onda a praia
Que a praia a onda
Que a vem beijar
Amo-te muito
Como a branca pérola
Ama as entranhas
Do infinito mar
Oh não te esqueças
Que eu te amo assim
Oh não te esqueças
Nunca mais de mim
saulo laranjeira - batalhão
Vem cá, vem vê
Olha quanta gente
Nesse batalhão vencer
Um dia desses
Eu pego a viola de prata
Corro o risco de lutar
Um dia desses
Eu pego a viola de prata
Corro o risco de lutar
Jurema escurecer do chão
Jurema escurecer do chão
Saque a viola mude a canção
Joga a rede no mar
Saque a viola mude a canção
Joga a rede no mar
Cai do coqueiro
Côco embola no chão
O meu rochedo num corre não
De longe de muito longe
De onde já não se vê
A rosa guerreira forte
Flor do meu bem querer
Vem cá, vem vê
Olha quanta gente
Nesse batalhão vencer
saulo laranjeira - boa nova
Quero que você
Leve essa notícia
Que espalhe
A boa nova
Porque é tempo
De colher
A semente boa
Vingou
O jardim floriu
A alegria voltou
Você na minha vida
Tudo tem mais valor
Troco as mágoas
E as tristezas
Por você meu amor
Cantarei
Louvarei
Do alto da serra
Clamarei e levarei
Nas mãos
Um punhado
Da terra
Que sussurrem nos becos
Gritem nas praças
Aticem os decrentes
Essa é minha graça
Você na minha vida
Tudo tem mais valor
Troco as mágoas
E as tristezas
Por você meu amor
saulo laranjeira - canção do vale
Eu cresci
Navegando no teu rio
Regando a terra
Que da sede, chora
Mar de pó
De pedras coloridas
Terra querida
Terra sofrida
Desperta
Que vem mais um dia
E os teus filhos
vão olhar por ti
E os teus filhos
Vão lutar por ti
Desperta
Vale do Jequitinhonha
Que os teus filhos
Vão olhar por ti
Desperta
Vale do Jequitinhonha
Que os teus filhos
Vão lutar por ti
Como um favo de mel
O meu Vale
Vai se construir
E um arco-íris
Vai pintar o céu
saulo laranjeira - capinzal
Sei mesmo é do capinzal
Sei das histórias sem fim
Que o vento traz dos caminhos
Por ai sei porque espio
Dos peixes bulindo o rio
De chuvisco no quintal
Poça d' água no jardim
Cheio de amor de onze horas
Sim sei das ruas de aurora
De água dôce, juriti
Ai, mas de ti pouco sei
Bem pouco entendo afinal
Sendo coisa da razão
Quando quiseres
Tu virás
Porém jamais
Pelo sopro da manhã
Te quero chuva
Água nova
Temporal
Vem cortando o chão
E aos corpos nus
Traz a paixão
saulo laranjeira - desassombrado
Desassombrado eu
Desassombrei
Eu pensei
Que o mal assombrado
Fosse maior do que eu
Ôi, meus sinhores
Vou contar minha odisséia
Viajei no é da idéia
Pra tecer este cantar
E galopando no chitão
Da minha burra
Fiquei preso numa furna
Sem poder mais cavalgar
Eu tive medo
Vi tudo da cor da noite
Um ente, uma foice
Querendo me degolar
Eu me azouguei
Disse prá ele se tremer
Mando pro diabo comer
Cum farofa de imbuá
Eu desassombrei
No outro dia Abruzacã
Me apareceu
Minha alma estremeceu
Eu fiquei prá me acabar
Desassombrado eu
Desassombrei
Eu pensei
Que o mal assombrado
Fosse maior do que eu
Aí pensei
Me valei Nossa Senhora
Não me leve nossa hora
Ainda quero vadiar
Devagarinho
Fui ponteando a rebeca
Me lembrei da minha terra
Prá eu me desanuviar
E descansei
Mas não pense
Que eu sou covarde
Eu carrego um bacamarte
Quando quero atiro, pá
Eu desassombrei
Desassombrado eu
Desassombrei
Eu pensei
Que o mal assombrado
Fosse maior do que eu
Corri as terras
No trote de caluzinha
Num pensei que o mundo tinha
Tanta coisa pra ajeitar
Fui ao Egito
Degolei na Palestina
Embarquei para as Malvinas
Vi o mundo se acabar
Mas viajando
Vi branco matando negro
Vi a morte dos galêgo
Na cidade de Judá
Ouvi os jatos pelos céus
Fazendo zummm
Vi as bombas pelebum
Os fuzis taratátá
Eu desassombrei
Desassombrado eu
Desassombrei
Eu pensei
Que o mal assombrado
Fosse maior do que eu
E refreando
A pisada do meu trote
Vou findar o meu galope
Cum zóio na beira mar
Eu vi um anjo no cordão
Das bunitezas
Me dizendo miudezas
Que era para eu sossegar
Limpei a vista
Sacudi o meu calvário
Nas contas do meu rosário
Prosseguir meu caminhar
É manga espada
É manga rosa, é manga roxa
Essa é a minha trouxa
Eu desassombrei
Desassombrado eu
Desassombrei
Eu pensei
Que o mal assombrado
Fosse maior do que eu
saulo laranjeira - campo branco
Campo branco
Minhas pernas
Que pena secou
Tudo bem que nós tinha
Era chuva, era o amor
Num tem nada não
Nós dois
Vai penando assim
Campo lindo
Ai que tempo ruim
Tu sem chuva
A tristeza em mim
Peço a Deus
A meu Deus
Grande Deus de Abraão
Pra arrancar as penas
Do meu coração
Dessa terra seca
Inhança e aflição
Todo bem
É de Deus quem vem
Quem tem bem
Louva Deus que vem
Quem não tem
Pede a Deus quem vem
Pelas sombras do Vale
Do rio Gavião
Os rebanhos esperam
A trovoada chover
Num tem nada não
Também no meu coração
Vou ter relampo e trovão
Minh'alma vai florescer
Quando amada e esperada
Trovoada chegar
Inhantes das quadras
As marrã vão ter
Sei que inda vou ver
Marrã partir sem querer
Amanhã no amanhecer
Tardã mais sei que vou ter
Meu dia inda vai nascer
Esse tempo da vinda
Tá perto de vim
Sete casca arveira
Cantaram pra mim
Taratena vai rodar
Vai botar fulô
Marela de uma vez só
Pra ela de uma vez só
saulo laranjeira - canto de guerreiro mongoió
Uiúre iquê uatapí
Qui apecatú piaçaciara
Unheên uaá uicú arauaquí
Ára uiúre Ianêira
Depois, depois de muitos anos
Voltei ao meu antigo lar
Desilusões qui disinganos
Não tive onde repousar
Cortaram o tronco da Palmeira
Tribuna de um velho sabiá
E o antigo tronco da Oliveira
Jogado num canto pra lá
Qui ingratidão pra lá
Adeus vô imbora pra Tromba
Lá onde Moneca chorô
De lá vô inu prú Ramalho
Prú vale verde do Yugú
Um dia bem criança eu era
Ouví de um velho cantador
Sentado na praça da Bandeira
Que vela a tumba dos heróis
Falou do tempo da conquista
Da terra pelo invasor
Qui em inumanas investidas
Venceram os índios mongóis
Valentes mongóis
Falou de antigos cavaleiros
Primeiros a fazer um lar
No vale do Gibóia no Outeiro
Filicia, Coati, Tamanduá
Pergunto então cadê teus filhos
Os homens de opinião
Não doi-te vê-los no exílio
Errantes em alheio chão
Nos termos da Virgem imaculada
Não vejo mais crianças ao luar
Por estas me bato em retirada
Vou ino cantar em outro lugar
Cantá prá não chorar
Adeus vô imbora prá sombra
Do vale do ri Gavião
No peito levarei teu nome
Tua imagem nesta canção
Por fim já farto de tuas manhas
Teus filtros tua ingratidão
Te deixo entregue a mãos estranhas
Meus filhos não vão te amar não
E assim como a água dexa a fonte
Também te dexo pra não mais
Do exílio talvez inda te cante
Das flores a noiva entre os lençóis
Dos brancos aos cafezais
Adeus, adeus, meu pé-de-serra
Querido berço onde nasci
Se um dia te fizerem guerra
Teu filho vem morrer por ti
saulo laranjeira - casa de taipa
Casa de Taipa
Ripa e cumiêra
Feita de madeira
Morada do Zé das Contas
Que vive lá nos cafundó
Que trabalha no roçado
E só faz questão
De ser honrado e em vão
Espera tempo mió
Casa de Taipa
Ripa e cumiêra
Feita de madeira
Morada do Zé das Contas
Que vive lá nos cafundó
Que trabalha no roçado
E é o maior amigo
Do maré
E a noite dança forró
O Zé fez uma promessa
Mas nem esperou vingar
Pois roupa e sapato novo
E foi pra igreja pagar
Deu um cabrito pra Santa
E pôs uma rosa no altar
E voltou pro seu roçado
Com muita fé pra esperar
Não sei se um ano
Ou uma vida
Só sei que o tempo passou
Zé ficou sem o cabrito
E viu que a rosa murchou
Mas sabe que Deus é bom
Pois nem tudo lhe negou
Zé só não sabe porque
A Santa não lhe escutou
Promessa, promessa vai
Promessa, promessa vem
É o Zé falando com o vento
Pensando que a chuva vem
Promessa, promessa vai
Promessa, promessa vem
É o Zé pedindo fartura
Pras terras
Não sei de quem
saulo laranjeira - como vai minha aldeia
Como vai minha cidade
Oi minha velha aldeia
Canto de velha sereia
No meu tempo
Isso era meu tesouro
Um portão
Todo feito de ouro
Uma igreja
E a casa cheia
Cheia no vazio
Desse meu Brasil
No meio da noite surgiu
O meu pai
E meu pai me mostrou
Seu retrato
Morrendo na rua
E seu tempo ali parado
E seu povo ali parado
Minha gente
Que nunca mudou
Minha igreja
Minha casa cheia
Meu Brasil
saulo laranjeira - corujinha
No penar das tuas penas bacurau
Ví cercânias
Foi sofrê de roupa nova lá pro céu
Dar cantoria
Quem não pagar a promessa
Currupião
Vai calar, vai rodar
Nas ventanias
Canta corujinha
Dança o caboré
Chora mãe da lua
Nos igarapés
Eu também fui castigado
Curiango
Por assim querer viver
Meu torrão virou barragem
Tesoureiro
Pras águas de se beber
Vou cavocar na memória
Corujão
Sou do chão
Quero a luz do seu saber
Canta corujinha
Dança o caboré
Chora mãe da lua
Nos igarapés.
Cds saulo laranjeira á Venda