MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
rui veloso - anel de rubi
Tu eras aquela
Que eu mais queria
P'ra me dar algum conforto e companhia
Era só contigo que eu, sonhava andar
P'ra todo o lado e até quem sabe
Talvez casar
Ai o que eu passei
Só por te amar
A saliva que eu gastei para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu
(refrão)
Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P'ra te levar ao concerto
Que havia no rivóli
E era só a ti
Que eu mais queria
Ao meu lado no concerto nesse dia
Juntos no escuro de mão dada a ouvir
Aquela música maluca sempre a subir
Mas tu não ficas-te nem meia hora
Não fizeste um esforço para gostar e foste embora
Contigo aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção
(refrão)
Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P'ra te levar ao concerto
Que havia no rivóli
Foi nesse dia que percebi
Nada mais por nós havia a fazer
A minha paixão por ti era um lume
Que não tinha mais lanha por onde arder
(refrão)
Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P'ra te levar ao concerto
Que havia no rivóli
rui veloso - a gente não lê
Aí senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
Rogar a deus que nos guarde
Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialecto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais
E do resto entender mal
Soletrar assinar em cruz
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por trás da luz
Aí senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezítia
De boca em boca passar o saber
Com os provérbios que ficam na gíria
De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleiro
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira
Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E nã quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem
rui veloso - a paixão
Tu eras aquela que eu mais queria
para me dar algum conforto e companhia
era só contigo que eu sonhava andar
para todo o lado e até quem sabe ? Talvez casar
Aí o que eu passei só por te amar
a saliva que eu gastei para te mudar
mas esse teu mundo era mais forte do que eu
e nem com a força da música ele se moveu
(Refrão)
Mesmo sabendo que não gostavas
empenhei o meu anel de rubi
para te levar ao concerto
que havia no rivoli
Era só a ti que eu mais queria
ao meu lado no concerto nesse dia
juntos no escuro de mão dada a ouvir
aquela música maluca sempre a subir
Mas tu não ficaste nem meia-hora
não fizeste um esforço para gostar e foste embora
contigo aprendi uma grande lição
não se ama alguém que não ouve a mesma canção
(Refrão)
Foi nesse dia que percebi
nada mais por nós havia a fazer
a minha paixão por ti era um lume
que não tinha mais lenha por onde arder
rui veloso - porto sentido
Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria
[refrão]
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa
rui veloso - a invenção do canto
Um homem estava sentado à sombra duma azinheira
Quando ouviu na ramagem uma ave cantadeira
Lançada em cantorias sem mensagem sem destino
Ou talvez cantasse ao sol que subia mesmo a pino
O homem era caçador cansado do seu caçar
Tocado pela cantoria deu em querer cantar
Subia a manhã dos tempos e não havia canções
Desde então na azinheira sentou-se o caçador
A ouvir a cantadeira e a sonhar-se cantador
E assim o caçador foi usando a sua clave
Foi abrindo a sua alma e caçou a alma da ave
Levou-a para a caverna estudou-a ao pormenor
E de trinado em trinado descobriu o dó maior
Subia a manhã dos tempos e não havia canções
Foi monge no seu mosteiro mercador e camponês
Trovador e guerreiro cantou o amor cortês
De gregório até Sinatra tornou-se voz apurada
Da caverna até ao casino fez-se uma ave dourada
Que voa no céu do Scalla e no do Royal Albert Hall
Sobre campos de algodão e urbes de rock and roll
Ã? o meio-dia dos tempos e ainda se inventam canções
*Cristina Silva*
rui veloso - a ilha
Fiz-me ao mar com lua cheia
A esse mar de ruas e cafés
Com vagas de olhos a rolar
Que nem me viam no convés
Tão cegas no seu vogar
E assim fui na monção
Perdido na imensidão
Deparei com uma ilha
Uma pequena maravilha
Meio submersa
Resistindo à toada
Deu-me dois dedos de conversa
Já cheia de andar calada
Tinha um olhar acanhado
E uma blusa azul-grená
Com o botão desapertado
E por dentro tão ousado
Um peito sem soutien
Ancoramos num rochedo
Sacudimos o sal e o medo
Falámos de música e cinema
Lia fernando pessoa
E às vezes também fazia um poema
E no cabelo vi-lhe conchas
E na boca uma pérola a brilhar
Despiu o olhar de defesa
Pôs-me o mapa sobre a mesa
Deu-me conta dessas ilhas
Arquipélagos ao luar
Com os areais estendidos
Contra a cegueira do mar
Esperando veleiros perdidos
rui veloso - a veia do poeta
Cansado do movimento
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta
Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo duma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta
rui veloso - ai quem me dera a mim rolar contigo num palheiro
Olhas-me bem romeira
Com esses olhos de malícia
Oh é esse andar romeira
Bem sabes que é uma delícia
Pousa esse olhar em mim romeira
Porque já amanhã me vou
Se quiseres pelo fim da feira
Todo o meu sono te dou
Esse teu sorriso tão matreiro
Aí quem me dera a mim
Rolar contigo num palheiro
Esse teu seio é um braseiro
Essa boca viva de romã
Teu pescoço teu traseiro
Oh por eles não ía amanhã
Pegaste em mim tão brejeira
Lá para trás dos olivais
E por esse teu jeito romeira
Não me fui daqui jamais
Esse teu sorriso tão matreiro
Aí quem me dera a mim
Rolar contigo num palheiro
rui veloso - logo que passe a monção
Num banco de névoas calmas quero ficar enterrado
Num casebre de bambú na minha esteira deitado
A fumar um narguilé até que passe a monção
Enquanto a chuva derrama a sua triste canção
Sei que tenho de partir logo que suba a maré
Mas até ela subir volto a encher o narguilé
Meu capitão já é hora de partir e levantar ferro
Não me quero ir embora diga que foi ao meu enterro
Deixem-me ficar deitado a ouvir a chuva a cair
Que ainda estou acordado só tenho a alma a dormir
Como a folha de bambú a deslizar na corrente
Apenas presa ao mundo por um fio de água morrente
Nos arrozais morre a chuva noutra água há-de nascer
Abatam-me ao efectivo também eu me vou sem morrer
Para quê ter de partir logo que passe a monção
Se encontrei toda a fortuna no lume deste morrão
Ópio bendito ópio minhas feridas mitiguei
Meu bálsamo para a dor de ser
Em ti me embalsamei
Ópio maldito ópio foi para isto que cheguei
Uma pausa no caminho
Numa névoa me tornei
rui veloso - nunca me esqueci de ti
Bato a porta devagar,
Olho só mais uma vez
Como é tão bonita esta avenida...
É o cais. Flor do cais:
Águas mansas e a nudez
Frágil como as asas de uma vida
É o riso, é a lágrima
A expressão incontrolada
Não podia ser de outra maneira
É a sorte, é a sina
Uma mão cheia de nada
E o mundo à cabeceira
Mas nunca
Me esqueci de ti
Não nunca me esqueci de ti
Eu nunca me esqueci de ti
Não nunca me esqueci de ti
Tudo muda, tudo parte
Tudo tem o seu avesso.
Frágil a memória da paixão...
É a lua. Fim da tarde
É a brisa onde adormeço
Quente como a tua mão
Mas nunca
Me esqueci de ti
Não, nunca me esqueci de ti
Não, nunca me esqueci de ti
Eu nunca me esqueci de ti
Nunca me esqueci de ti
Não não não não não nunca me esqueci de ti
Não não não não não não não não
Nunca me esqueci de ti
Não não
Nunca me esqueci de ti..
rui veloso - fala me de amor
Acabei por ter um fraco por ti
Que foi como veio eu não percebi
Pergunto como estás a velha certeza
Será que tu sabes o que correu mal
Hoje eu já sabia dizer ...
Ama-me , Leva-me , p´ra lá do meu horizonte
Fala-me de amor , Fala-me de amor
Segue-me , prende-me , p´ra lá do meu horizonte
Fala-me de amor , Fala-me de amor
Quero te dizer que ainda estou aqui
Todo o tempo á espera de ti
Quero te alcançar estou a pedir
Para ser como era que te conheci
Hoje eu já sabia dizer ...
Fala-me de amor ....
rui veloso - paixão
Tu eras aquela que eu mais queria
P'ra me dar algum conforto e companhia
Era só contigo que eu sonhava andar
P'ra todo o lado e até quem sabe?
Talvez casar
Ai o que eu passei, só por te amar
A saliva que eu gastei para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu
Refrão:
Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
Para te levar ao concerto
Que havia no rivoli
Era só a ti que eu mais queria
Ao meu lado no concerto nesse dia
Juntos no escuro de mão dada a ouvir
Aquela música maluca sempre a subir
Mas tu não ficaste nem meia-hora
Não fizeste um esforço p'ra gostar e foste embora
Contigo aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção
Refrão
Foi nesse dia que percebi
Nada mais por nós havia a fazer
A minha paixão por ti era um lume
Que não tinha mais lenha por onde arder
Refrão
rui veloso - a rapariguinha do shopping
A rapariguinha do shopping
Bem vestida e petulante
Desce pela escada rolante
Com uma revista de bordados
Com um olhar rutilante
E os sovacos perfumados
Quando está ao balcão
É muito distante e reservada
Nos lábios um bom baton
Sempre muito bem penteada
Cheia de rimel e crayon
E nas unhas um bom verniz
Vai abanando a anca distraída
Ao ritmo disco dos bee gees
You should be dancin'
You should be dancin'
You should be dancin'
You should be dancin'
A rapariguinha do shopping
No banco do autocarro
Faz absorta a sua malha
Torce o nariz delicado
Do suor da populaça
E manifesta o seu enfado
Por não haver primeira classe
Já não conhece ninguém
Do lugar onde cresceu
Agora só anda com gente bem
E vai ao sábado à noite à boite
Espampanante e a mascar chiclete
No vigor da juventude
Como uma estrela decadente
Dos bastidores de hollywood
rui veloso - afurada
Murmura a maré no casco
Os pescadores conversam
À porta do tasco
Fumando um cigarro forte
As velhas cosem as redes
Cheirando o vento norte
E vão sentido pela espinha
Uma nevralgia de morte
Há um jovem pescador
A trincar dedos cortados
Pela sediela fina
Segura na mão a amarra
E despede-se da mulher varina
Que lhe abotoa a samarra
Diz com a mão no puxo a afagar
Nunca tires a aliança
Tem o luto sempre à mão
Fico contigo na lembrança
E no esmalte do teu casacão
rui veloso - amiga é um termo dúbio
Ontem as águas estavam serenas
Mantinham a distância certa
Éramos cúmplices apenas
Sem ter o coração alerta
Amiga era um sentimento
Sem fazer calor nem frio
Tudo entre nós era simples
Como as coisas em pousio
Foi qualquer gesto que fizeste
Qualquer coisa que disseste
Que mudou a situação
Amo-te sem dares por nada
Eu próprio não dou por isso
Cada olhar cada risada
É um terreno movediço
Dou passos de sapador
Tão assustado e confuso
Nesse campo minado do amor
Sou o mais vulgar intruso
Foi qualquer gesto que fizeste
Qualquer coisa que disseste
Que mudou a situação
Amiga é um termo dúbio
Desses que a língua contém
Vê-se a linha de fronteira
Dá-se um passo e está-se em terra de ninguém
Cds rui veloso á Venda