MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
quarteto coração de potro - tô de volta chamarrita
Chamarrita, chamarrita, diz pra ela que eu voltei
Venho com a alma empoeirada das lonjuras que cruzei
Trago os arreios judiados e as cordas que arrebentei
Lidando com a potrada que pra o serviço domei
Só não pude 'tirá' as baldas da saudade que aporriei
Chamarrita, chamarrita, diz pra ela que eu voltei
Chamarrita, eu tenho pena do meu pobre coração
Que é igual palanque de angico, aguentador de tirão
Mas tem andado 'flaquito' à soga com a solidão
Jogado igual laço velho, enrodilhado no chão
Arremalhado dos pealos mais certeiros da paixão
Chamarrita, eu tenho pena do meu pobre coração
Chamarrita, diz pra ela que eu saltei de madrugada
E o dia rompeu pra mim na volta grande da estrada
Eu de lenço esparramado, meu mouro de cola atada
Entre o assovio de uma copla e um grito forte com a eguada
E o sol clareando o meu mundo
No rumo da minha amada
Chamarrita, chamarrita, tô de volta, diz pra ela
Me vejo boleando a perna na frente do rancho dela
Eu sempre fui andarilho porque o destino atropela
Mas agora por capricho venho costear na cancela
E me entregar ao feitiço dos olhos da minha bela
Chamarrita, chamarrita, tô de volta, diz pra ela
Morena, me dá licença, que esta ansiedade me aflita
E eu arrasto minhas esporas se o meu instinto palpita
Morena do meu fascino, de todas, a mais bonita
Meu tempo, minha querência, meus sorriso, morenita
Graças a Deus, minha linda, tô de volta, chamarrita
Graças a Deus, minha linda, tô de volta, chamarrita
Chamarrita, diz pra ela que eu saltei de madrugada
E o dia rompeu pra mim na volta grande da estrada
Eu de lenço esparramado, meu mouro de cola atada
Entre o assovio de uma copla e um grito forte com a eguada
E o sol clareando o meu mundo
No rumo da minha amada
Chamarrita, tô de volta, diz pra ela, minha amada
Tô de volta, chamarrita
quarteto coração de potro - assim sou eu e me vou
Sou eu, sou eu que ponteio a tropa
Que vem na volta da estrada
Sou eu, sou eu que reponto a eguada
Que vem na frente do gado
Sou eu, sou eu de chapéu tapeado
E sustentando o meu destino, teatino
Sou eu
Me vou, me vou num grito de venha
Querendo chamar pra mim
Anseios, anseios de não ser fim
Junto ao fundo do horizonte
Me vou, me vou no mesmo reponte
Razões pra tanto buscando
Tropeando, me vou
Assim sou eu e me vou
Entre o que sinto e o que vejo
Coisas da sina do andejo
Manhas do índio tropeiro
Nesta tropa eu sou ponteiro
E o grito de "venha" é meu
Assim sou eu e me vou
Assim sou eu e me vou
Talvez, talvez num quarto de ronda
Eu lembre de algo esquecido
Talvez, talvez encontre algo perdido
No clarão de alguma estrela
Que talvez, talvez eu deseje tê-la
Junto a mim pra ser só minha, rainha
Talvez
Mas sei, sei que um dia serei tropa
No reponte de um sorriso
Eu sei, sei que tudo que preciso
Se resume neste encanto
Terei, terei o que adoro tanto
E que sempre me faz fiador
A minha flor, terei
Talvez as coisas que sei
Sejam muito pouco ainda
Mas é por ti minha linda
E por algo que a mim me indago
Que de tropa em tropa
Eu vago e o grito de venha é meu
É porque assim sou eu e me vou
É porque assim sou eu e me vou.
quarteto coração de potro - eu guitarreiro
Meu verso é fato e relato
Que transpõe meu sentimento
Se me tomam por pequeno
E assim querem me deixar
Me ponho a guitarrear
Só pra ver quem é menos
Minha guitarra tem segredos
Nos bordoneios matreiros
No coração e nos dedos
A melodiosa mensagem
Na xucra cumplicidade
Com a alma do musiqueiro
A guitarra sabe bem de mim
Como eu sei da guitarra
Por isso que se abaguala 2x
Nesta milonga potra
E floreia mais que as outras
Por ter o campo na alma
Meu canto tem opinião
Pois fala a verdade nua
Tem voz forte tem candura
Não humilha mais retosa
Fecha a cara e se alvorota
Na mais primitiva cultura
Quando minha guitarra chora
Transparecem minhas penas
E nesta crioula essência
Do verso e do canto claro
Pareço estar de acavalo
Quando a seis tento ponteia
A guitarra sabe bem de mim
Como eu sei da guitarra
Por isso que se abaguala 2x
Nesta milonga potra
E floreia mais que as outras
Por ter o campo na alma
quarteto coração de potro - o Último tirão
Lacei um touro brazino
Num tordilho redomão
Que se arrastou corcoveando
Não pude "livrá" o tirão
Me fui longe, gineteando
Tirando algum sestro e balda
E o matreiro foi pra o campo
Com o meu laço a meia espalda
Lembrei dum amor que eu tinha
Indo um pra cada lado
Vi o laço que nos prendia
Na presilha, rebentado
Senti saudade da trança
Daqueles lindos cabelos
Que me traziam na cincha
Sem precisar de sinuelo
Já fui matreiro e sem doma
Rebentador de presilha
De não parar no rodeio
E nem formar com a tropilha
Mas a gente se costeia
Um dia froxa o garrão
Vem lamber o sal mais doce
Do cocho do coração
E se um dia eu for guasqueiro
Do couro desse brazino
Vou trançar um laço forte
Pra "arrematá" o meu destino
E se um dia eu for guasqueiro
Do couro desse brazino
Vou trançar um laço forte
Pra "arrematá" o meu destino
Quem sabe ela me perdoe
E faça eu virar de frente
E as braças do nosso amor
Nenhum tirão arrebente
Quem sabe ela me perdoe
E faça eu virar de frente
E as braças do nosso amor
Nenhum tirão arrebente
Quem sabe ela me perdoe
E faça eu virar de frente
quarteto coração de potro - segunda feira bem cedo
Segunda feira bem cedo parece que o tempo muda
E a coisa fica mais osca pra o xucro que calça espora
Um grito de vira à frente benze a mangueira da forma
Onde a peonada da estância enfrena ao romper da aurora
Segunda feira bem cedo, faço cantar as argolas
Quando afoito aperto a cincha no alvoroço da encilha
Sou mensual e não refugo a volta por mais maleva
Talvez por isso o destino para os bastos me fez forquilha
E assim no más me desdobro
Volteando a manhas do tempo
Pois pra um índio peão de campo
A vida não tem segredos
Levo o mundo nos encontros
Do pingo das minhas confianças
E o resto eu reponto a grito
Segunda feira bem cedo
Segunda feira bem cedo um grito de upa! Me leva
Pra o parador do rodeio do invernadão das polianga
Vem na volta da função refugo e tiro de laço
Enquanto o sol despacito pra um mormaço se arremanga
Segunda feira bem cedo. Lembro da tarde passada
Quando na boca da noite firmei as garras no mouro
E ali no mate do estribo sorvi dos labios da linda
A ânsia que me reponta pra um domingo de namoro
quarteto coração de potro - patroinha
Esta canção é um segredo
Porque eu até tenho medo
Do que diriam de'um peão
Que é só um taura curtido
Mas sonha o sonho perdido
Que é a filha do patrãoQuando te vi por primeiro
Foi tamanho o entrevero
Quando saquei o chapéu
Que só resmunguei um buenas
E tu me olhavas, serena
Com os olhos da cor do céu
Não vou te falar de amores
Ou te comparar as flores
Tal fosse um moço estudado
Mas foi um mimo, um regalo
Te amansar um cavalo
Aquele zaino bragado
A minha guitarra pobre
Agora, a paixão descobre
Só porque tu provocou
Por isso que te cochicho
Uns segredos de cambicho
Que o rassier me contou
Recordo uma tardezinha
Que pediste, patroinha
E o teu bragado encilhei
Chegaste a tremer de sestro
Quando alcancei o cabresto
E a tua mãozinha toquei
Outra vez, no parapeito
Coraste, linda e sem jeito
Quando encontrei tua mirada
Confesso que me exibia
Floreando, com galhardia
Aquela potra tostada
Por isso fico pensando
E acabo as noites cruzando
Com este sonho perdido
Pois, talvez, também te toque
E pra provar, te provoque
Este romance proibido
quarteto coração de potro - tormenta
Tormenta braba já não me assusta
Nem faço caso, olho a janelaMas a tormenta dos olhos dela
Me leva o sono... que vai e custa
O que me assusta é a tarde mansa
Quando o sorriso ilumina a vida
Tormenta é a hora de minha partida
Chovendo os risos de tua lembrança
"Espero o tempo de céu aberto
Meu poncho seco nos tentos ato"
Frescor de brisa que cruza o mato
Me imita o jeito se a tenho por perto
Tormenta braba varre meu peito
E um sol sem jeito depois aponta
Tem nos teus olhos sem te dar conta
Lume de lua copiado ao leito
Igual tropa que marcha lenta
Com céu bem lindo poncho nos tentos
Meu canto triste se vai com os ventos
Junto a saudade que me atormenta!
quarteto coração de potro - chacarero y boleador
Sou cantor de chacareiras
Em noites enluaradas
Onde estendo boleadeiras
Em coplas de rimas alçada
Me agrada ser que potreia
Em tardes de correrias
Com a alma de quem boleia
No corpo das â??Três Mariasâ?
O vento espalha e carrega
O mundo escuta o retumbo
Quando vibram nas macegas
Rumor de patas e bumbos
Porque assim sou gaiteiro
Porque assim sou potreador
Boleador e chacareiro
Chacareiro e boleador
Em cada ramal da soga
Qual afinada de ouvido
Hay um silvido de joga
Em cada acorde torcido
La manija y duas tontas
Com seus retovos pra guerra
Onde o boleado é quem conta
Que atacado caiu por terra
Por isso minha encordada
Em noites de lua inteira
Se requinta de potreadas
E coplitas boleadeiras
Porque assim sou guitarreiro
Por que assim sou potreador
Boleador y chacareiro
Chacareiro e boleador
quarteto coração de potro - de semear e germinar
Para tudo tem o tempo de semear e germinar
Não se pode contrariar o tempo
Pois há um preço a se pagar
A natureza perpetua a vida
Mas o tempo é quem da o tempero
A estrada encartucha a tropa
Não há culatra sem madrinheiro
As gerações se renovam
Mas no mesmo rumo vão andando
Que o ensinamento dos avos a natureza esta mostrando
Às vezes é corredeira, às vezes é calmaria
Mas a cartilha dos galpões se repassa a cada dia. (Bis)
Alguns se perderam na estrada
Mas muitos ainda escutam o sincerro
Quando alguém indica o caminho
Não há por que insistir no erro
Este ciclo não se acaba
É semente de mimoso
Se resguarda no inverno
Para rebrotar mais viçoso
Às vezes é corredeira, às vezes é calmaria
Mas a cartilha dos galpões se repassa cada dia (Bis)
Se repassa a cada dia.
quarteto coração de potro - depois do lombo do pingo
Abre o peito e chama a tropa
Que assoma em seu devaneio
Venha, venha, venha boi
Com assobios pelo meio
Olha por cima do ombro
E banca o pingo no freio
Ã? bem assim que lhe vejo
Porque a razão me permite
Quem já esbarrou no horizonte
Agora tem seu limite
Casou com a lida de campo
E a idade fez o desquite
A se julgar pelos feitos
Quem poderá afinal
Justificar tanta maula
Levantado em pedestal
E um índio cria da estância
Sem nome e ser desigual
Depois do lombo do pingo
O que sobra é quase nada
Uma tapera sem sombra
Quase no fim da estrada
E uma lembrança remota
Chamando bois nas tropeadas
O avestruz não faz mais ninho
Campeando as covas de touro
O cusco não sai pra o campo
Perdeu a sombra do mouro
E a tropa é só uma quimera
Que não tem alma nem couro
Depois do lombo do pingo
O que sobra é quase nada
Uma lembrança remota
Chamando boi nas tropeadas
Venha, venha, venha boi
quarteto coração de potro - folcloreando
Não venho de muito perto
E pra bem longe é que vou
Eu chego quando anoitece
Quando amanhece não estou
Quem tem lado é boi de canga
E alpargata é quem não tem
Ã?s vez eu tenho de sobra
E volta e meia eu ando sem
Pras manhãs de lida e sol
Rodeio parado a grito
E pras tardes de garoa
Café preto e bolo frito
Folcoreando, folcloreando
Chacarereando pras moça
E tirando cósca de potro
Errei um pealo certeiro
Botei a culpa no laço
Depois d'uma noite bailando
Fazendo força no braço
Eu tenho um poncho de napa
E um par de bota de goma
Pra "domá" em dia de chuva
Porque potreiro não doma
Te trago minha saudade
Meu zóinho de coruja
E uma mala de garupa
Pesada de roupa suja
Quando eu morrer, façam fávoa
Não quero ninguém chorando
Pra que eu siga, tempo adentro
Folcloreando, flocloreando
quarteto coração de potro - meu canto lua dos ventos
Meu canto, lua dos ventos
Na prece santa que reza
Nas melodias sem pressa
Um canto que não tem fim
Na cifra escrita a Martin
No verso que em luz me resta
Meu canto, lua dos ventos
Na prece santa que reza
Meu canto, razão antiga
Abriga o santo dos tempos
Altar de algum pensamento
Que enluarado hoje canta
Na alma presa à garganta
Meu canto à lua dos ventos
Meu canto, razão antiga
Abriga o santo dos tempos
Meu canto é lua e poesia
Nas melodias que reza
Na prece dita sem pressa
Do meu canto por Martin
Poema que não vê fim
Se o verso é luz que me resta
Meu canto é lua e silêncio
Segredo dos pensamentos
Que envelheceram no tempo
Por uma prece olvidada
Que volta em canto de estrada
Na lua clara dos ventos
Meu canto é lua e silêncio
Segredo dos pensamentos
Meu canto, cifra e guitarra
Poema pra noite nua
Poema da voz charrua
Que reencontrei na garganta
Nos ventos das noites santas
Nas santas formas das luas
Meu canto, cifra e guitarra
Poema pra noite nua
quarteto coração de potro - milonga de campo a laurindo pedra
Quem conheceu nestes fundos
Um gaúcho de respeito
Conheceu laurindo pedra
Tal o seu nome, o seu jeito
Viveu qual pedra de campo
Encravado em seu lugar
Pele moura e face rude
Mas com cristais no olhar
Viveu a vida aos pouquinhos
Um dia de cada vez
Dividiu seu próprio tempo
Entre a calma e a solidez
Solidez de quem um dia escolheu viver sozinho
Na calma de quem entende
Que a vida aponta um caminho
Num rancho sombreado a velas
E copas de timbauva
Ã?s vezes cruzava as tardes
Ouvindo a prosa da chuva
Soube porque ela chorava
Que um dia chorou também
Pois aprendeu o que é saudade
Pela partida de alguém
Tinha silêncios na alma
Entre murmúrios e preces
Neste seu mundo interior
Bem menor do que parece
Tal como pedra no tempo
Também confundiu-se a terra
Vivendo apenas por ela
Num ciclo que não se encerra
Há quem conte nos bolichos
Que ele perdeu-se na vida
Petrificado em silêncio
Depois do adeus da partida
Eu acredito em seus olhos
Que não parecem mentir
Dizendo que seu silêncio
Somente a alma há de ouvir
Bem como a pedra do nome
Sua vida foi muito dura
Talvez por isso que a estrada
Lhe apontou a desventura
Seus horizontes de campo
Não foram além da divisa
Pois cada um sabe a estrada
E dos rumos que precisa
E ali no mesmo ranchito
Sombreado, quieto e distante
Mateia laurindo pedra
Com o mesmo jeito de antes
Feliz, topou seu destino
Sem questionar os motivos
Pois aprendeu que viver
Não é somente estar vivo
quarteto coração de potro - o casco e a pedra
O casco pisando a pedra, são como a flor e o espinho...
Embora sendo distintos estão no mesmo caminho;
São, na verdade, um exemplo pra todo aquele que pensa
Que a estrada não tem motivos pra unir pela diferença.
Por entre o casco e a pedra, o cuidado é mais sentido,
Pois quem já feriu com ferro, com ferro um dia é ferido...
E quando num trote largo o casco também se quebra,
A dor que manca o cavalo é bem mais forte que a pedra.
Quem "estropeia" um cavalo por gosto, perde a razão;
Aponta o próprio destino com sete pedras na mão.
E bem sabe quem lhe toca, pelas estradas de chão,
Que o "mol" do casco é sensível e se chama coração.
Nos campos duros de pedra, um mês sem chuva é bastante,
E os cascos são como as luas crescente, cheia e minguante...
Que vão crescendo, enfraquecem, e ficando ressequidos
Se quebram por quase nada, igual a um copo de vidro.
Depois de quebrar de fato, nem dá pra fazer alarde,
Posto que o tempo, se cruza, pra remediar já é tarde...
E á tempos cuido da lida, e dos cavalos que enfreno;
Aparo e "groseio" os cascos pelas manhãs de sereno.
Por isso o casco e a pedra são iguais e tão distintos,
Vivem assim, um no outro, respeitando seus instintos.
Sabem da força incontida que apenas só um detém,
E sabem que sobre as pedras nem rastro fica de alguém
quarteto coração de potro - o texto das reculutas
Meu galponeiro idioma reculatado nos fogões
Traz suor dos redomões e respingos de luzeiro
A rapidez dos matreiros e o restos de um bailecito
Toldado de céu bonito quincha maior dos pampeiros
Dos conselheiros de mate tive os poetas maiores
E os payadores melhores improvisando inconstâncias
Andei com eles distâncias de mil picadas que abri
Para o meu canto sorrir na evocação das estâncias
Quinchar mangueira empredrada destino do céu que tenho
Das tolderias que venho sobrou meu sangue torena
E a intimidade serena de arrocinar meus cavalos
Depois com gosto cantá-los rondando a noite morena
Por isso meu idioma tem braseiro nas rimas
E acorda o vento nas crinas na correria selvagem
Que um dia tornou-se imagem no olhar daquele que escuta
O teto das reculutas que eu arquivei nas paragens
Cds quarteto coração de potro á Venda