MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
pedro ortaça - amigo pedro
Cha amigo pedro de fant
Parceiro de guitarreadas
Vaqueano das madrugadas
Noite adentro e campo a fora
Para que baile de espora
Sem pedir nem dar quartel
Pois já se formou o plantel
Nas bailantas de fronteira
Chamamé, polca e vaneira
Nos dedos do gabriel.
pedro ortaça - ronco da oito baixos
Quando vejo a oito baixos nas munhecas de um gaiteiro
Numa vaneira manhosa, me sinto mais missioneiro
Lembrando dos velhos tempos, depois de tantos janeiros
Dos bailes da minha terra, com chão batido e candeeiro
Dos bailes da minha terra, com chão batido e candeeiro
Como era lindo de ver, surgir ao longe um clarão
E o fogo da estrela D'alva, lá por detrás dum capão
Anunciando novo dia, pra iluminar meu rincão
E conversava pachola, na cordiona de botão
E conversava pachola, na cordiona de botão
Mas os tempos já passaram, hoje está tudo mudado
Resta meu rancho tapera, numa coxilha escorado
Mas palanqueando a querência, num jeitão bem entonado
Ainda mais quando me chego pra cantar no seu costado
Ainda mais quando me chego pra cantar no seu costado
Tempo é igual à bananeira que morre e não dá mais cacho
Secando a vertente d'água, não se ouve cantar o riacho
Por isso junto ao meu rancho, de saudade me emborracho
E chego a escutar o ronco da cordiona de oito baixos
E chego a escutar o ronco da cordiona de oito baixos
pedro ortaça - debulhando milho
Eu sabia, tanto verso,eu sabia um saco cheio
Mas bateu uma rataiada, e deixou o saco pelo meio
Destino que deus me deu,de ser louco atarantado
Costela é manta do peito,e entreperna é meu assado.
Quando chega,nesse ponto,é que um indio corcoveia
Aumentando a filharada,e a mulher ficando feia
Credo cruz,nossa senhora,que é mãe de nosso senhor
Te vira num capão gordo e,me ataca no corredor.
Credo cruz,ave maria,nunca vi uma coisa assim
A peonada aglomerada,tudo por riba de mim.
Virgem,nossa senhora,o mundo vai se acabar
As "muié"não dão mais cria e os,"home"vão ter que dar.
A galinha tira os pintos e o galo dá de mamar.
Destino, que deus me deu,de ser louco atarantado
Costela é manta do peito,e entreperna é meu assado
Credo cruz,nossa senhora,que é mãe de nosso senhor
Te vira num capão gordo e me ataca no corredor.
pedro ortaça - as pedras são testemunhas
As Pedras São Testemunhas
O canhão dos ditadores , a pistola e o arcabuz
Curvaram a força da cruz na chacina em caiboaté
Tirou a vida de Sepé roubou a terra guarani
Matou o progresso daqui queimando os templos da fé
Mas ficaram testemunhas a contar para os mais novos
Do que foi os sete povos em cuja esquife ainda encerra
Da hediondez de uma guerra a odiosa saga assassina
Quando as aves de rapina mancharam de sangue a terra
Cada pedra é testemunha da chegada do inimigo
Também doduro castigo dos rebencassos do clima
Nos falam da obra prima que os índios edificaram
Até que os bárbaros chegaram e pisotearam por cima
(Se essas pedras falassem gritariam sua agonia
Em protesto a tirania das hienas invasoras
Que com a força demolidora do satânico estrangeiro
Expulsou o povo missioneiro desta terra promissora)
Cada pedra dessas ruínas soluça o acontecido
O vento chora em gemidos pelos caminhos que passa
O bamburral se entrelaça com nefasto sentimento
Num funeral de lamentos do que restou de uma raça.
pedro ortaça - bailanta do tibúrcio
Vou contar de uma bailanta
que existiu no meu pontão
Indiada do queixo roxo
que nunca froxou o garrão
Vinho curtido em barril
e cachaça de borrachão.
Os gaiteiros que eram buenos
davam a mostra do pano
O Carlito e o Dezidério
o Felicio e o Bibiano
Cambiando com o Juvenal
num velho estilo pampeano.
Dona china passou ruge
ajeitou bem o cocó
Cruzou o jaguapassô
lavou os pés no jaguassengó
Na bailanta do Tibúrcio
balanceava o mocotó.
Lembranças que são relíquias
dos meus tempos de guri
Os pares todos bailando
coisa mais linda eu não vi
Um agarrado no outro
pra mode de não cair.
E lá pela madrugada
bem na hora do café
Dom Tibúrcio mestre sala
gritava batendo o pé
Agora levanta os home
para comer as muié.
Milho assado era o catete
plantado de saraqüá
Feijão preto debulhado
a bordoada de manguá
Bóia melhor do essa
lhes garanto que nao há.
É lá no velho pontão
linda terra de fartura
Queijo, ambrosia e melado
bolo frito e rapadura
Batata deste tamanho
e mandioca desta grossura.
Mas que tempo aquele tempo
que se vivia feliz
Só a saudade restou lá
no garrão do país
Da bailanta do tibúrcio
vertente, cerne e raiz.
pedro ortaça - rasga cueca
Sou um prego nos arreios
Gajo e levado da breca
Não nasceu ainda um matungo
Que me faça de peteca
Mas tenho um rosilho - mouro
Chamado de rasga cueca.
Mal aperto a sobrecincha
O encilhado veiaqueia
Qualquer "baruio de fósfro"
Incha o lombo e murcha a "oreia"
E quando tá no palanque
Senta e peida na maneia
Que coisa feia!
Senta e bufa na maneia.
Das patas, deus nos acuda!
Fica de um jeito que assombra
Por isso, rosilho - mouro
Que toda indiada te nombra
Torto "véio" desconfiado
Que dá coice "inté" na sombra.
Rasga cueca, rasga cueca
Me ajuda, virgem maria
Venho com a guasca que é um trapo
E um ovo lá nas "viria".
Foi um pardo barba rala
Mala bruja e desalmado
Que não aguentando os pulos
Do rosilho acabanhado
À grito e cabo de mango
Deixou tapera de um lado.
Um dia, que estrupício!
Lacei um brasino mocho
Quando o laço rebentou
Da banda dos "zóio" chocho
Comigo se debulhando
Pulou por "riba" dum cocho.
Quase planchou corcoveando
No rodeio abriu uma fresta
Me firmei bem na chilena
Porque o zêlo é o que me resta
E "le" aplumei a guaxita
No redemoinho da testa.
Rasga cueca, rasga cueca
Me ajuda, virgem maria
Venho com a guasca que é um trapo
E um ovo lá nas "viria".
Oigaletê, rasga cueca!
Se tu tem parte com o diabo
Qualquer dia se "estraguemo"
Pois eu também ando brabo
E se tu "extraviá as cangaia"
Eu te rebento a pá do rabo.
Eu sei que tu não te amansa
Mortadela, endemonhado
E eu não floxo o cafichão
Nem me boleiam parado
E "ansim bamo atracando"
Mesmo que cabo enganjado.
Rasga cueca, rasga cueca
Me ajuda, virgem maria
Venho com a guasca que é um trapo
E um ovo lá nas "viria".
Rasga cueca, rasga cueca
Me ajuda, virgem maria
Venho com a guasca que é um trapo
E um ovo lá nas "viria".
pedro ortaça - codorninha
Instrumental
pedro ortaça - queixo duro
Eu nasci de queixo duro, ninguém me quebra o corincho
Gosto muito de bochincho que se baila no escuro
Na sola da bota um furo de tanto arrastar o pé
Nunca canta garnizé em terreiro de galo puro
Não me gusto disse ele touro brabo se boleia
A cascavel bate o guizo pelincho se balanceia
Lagarto não tem pestana e zorro não tem sobrancelha
E se bandeando aí veio bufando e dando pataço
Um facão marca formiga e o pala ao redor do braço
Mais parecia um corisco na noite cortando espaço
E ali no mais dei um grito te arremanga piá lacaio
O gato por ser ligeiro salta de lombo e soslaio
E quem quiser guabijú que venha sacudir o galho
Saímos trançando ferro como touro num pelado
Eu venho lá das missões no mundo não fui domado
Espatifei um canzil nas aspas do desgraçado
E dali sai bufando como touro jaguané
A vaca mansa dá leite e a braba dá quando quer
O cabo da adaga é minha a folha é de quem quiser
Montei ela no meu zaino do corpo senti o calor
E me fui a galopito junto a linda meu amor
E aquele jardim florido onde senta o beija-flor
pedro ortaça - velha gaita
Velha Gaita de oito baixos,
Duas Fieiras de botão.
Minha teta de índio guacho
Apojo da solidão no canto
Em que me remacho no mundo
Que é meu galpão.
Contigo coverso baixo
Segredos do coração.
Minha alam cresce e destapa
Tudo que herdei dos meus pais,
Raiz da cepa Farrapa e voz de
Meus ancestrais.
Um pampa bruto carrega no bojo
das ressonâncias, vento assopra
Nas macegas e arvoredos nas estâncias.
Velha Gaita de oito baixos,
Duas Fieiras de botão.
Minha teta de índio guacho
Apojo da solidão no canto
Em que me remacho no mundo
Que é meu galpão.
Contigo coverso baixo
Segredos do coração.
Resmungos de algum bochincho,
Rangir de couros e bastos saudade
Até d'um relincho rumor de chuva
Nos Pastos. Cochichas que sou o
Taita que entende dos teus segredos
Pois minh'alma é uma gaita que está
na ponta dos dedos.
Velha Gaita de oito baixos,
Duas Fieiras de botão.
Minha teta de índio guacho
Apojo da solidão no canto
Em que me remacho no mundo
Que é meu galpão.
Contigo coverso baixo
Segredos do coração.
pedro ortaça - changueiro
Me ajustei de agarrador numa comparsa de esquila
Se foi a plata na bóia não me ficou nenhum pila
Chegou a safra do trigo me justei com outro patrão
O patrão ficou mais rico meus piás com menos pão
Repontei boiadas gordas para embarcar pelo trem
No prato da filharada carne não tinha e não tem
Tudo que sobra pra o rico comprado pelo dinheiro
Passa de largo e não chega na guaiaca do chanqueiro
O changueiro não é nada embora possa querer
Faz tijolo, e não tem casa, se planta não vê crescer
Trabalha quando dá vasa, vive sempre de arrepio
Pega o tição pela brasa e o ferro branco pelo fio
Do grande aparte da vida sempre lhe toca o pequeno
Das rosas sempre os espinhos, das cascavéis o veneno.
pedro ortaça - galo missioneiro
Eu já cantei nas cabritas, sacudi os guabijus
Dancei com changa gasguita, escapei de sururu
Desatei tope de fita, tirei caroço de angu
Sem nunca perder de vista, o velho estilo Xirú
O meu canto eu justifico, nanando Xina bonita
Nas bailantas onde fico, olhando as flores das chitas
Não boto banca de rico, sou mais arteiro que artista
porém onde eu abro o bico, outro galo abaixa a crista
Por isso trago do Jayme, as bandeiras e os cavalos
Do Aparício ao Rio Grande, neste meu timbre de galo
Eu tenho faixa no cós, duma bombacha baguala
E um lenço cheio de nós, da mesma color do pala
Os galitos carijós, batendo as asas na fala
Porém onde eu solto a voz, até canário se cala
Não gargareja cristal, quem tem a garganta roca
Mas meu canto regional, tem som de madeira tosca
Não me encolho pra cardeal, rouxinol é coisa pouca
Por que o ri do meu Braun, perceijam na minha boca
Por isso trago do Jayme, as bandeiras e os cavalos
Do Aparício ao Rio Grande, neste meu timbre de galo
by Luiz Henrique Scariot
pedro ortaça - timbre de galo
Rio Grande, berro de touro,
quatro patas de cavalo.
Quem não viveu este tempo,
vive esse tempo a cantá-lo
e eu canto porque me agrada
neste meu timbre de galo.
É verdade que alguns dizem
que os tempos de hoje são outros,
que o campo é quase a cidade
e os chiripás estão rotos,
que as esporas silenciaram
na carne morta dos potros...
Cada um diz o que pensa -
isso aprendi de infância,
mas nunca esqueça o herege
que as cidades de importância
se ergueram nos alicerces
dos fortins e das estâncias.
Não esqueça, de outra parte,
para honrar a descendência,
que tudo aquilo que muda,
muda só nas aparências
e até num bronze de praça
vive a raiz da querência.
Eu nasci no tempo errado
ou andei muito depressa,
dei ó de casa em tapera,
fiquei devendo promessa
mas se pudesse eu voltava
pra onde o Rio Grande começa.
E se me chamam de grosso,
nem me bate a passarinha.
A argila do mundo novo não
tem a mescla da minha,
sovada a cascos de touro,
com águas de carquejinha...
Rio Grande, berro de touro,
quatro patas de cavalo !
Quem não viveu esse tempo
vive esse tempo ao cantá-lo,
e eu canto porque me agrada
neste meu timbre de galo...
pedro ortaça - campeando o boi barroso
Foi nesses fundos de campo dos confins do fim do mundo
Que berrando grosso e fundo, o boi barroso se sumiu
E muitos índios campeiros saíram a procurá-lo,
Até cansaram cavalos, mas nenhum o descobriu.
Laços de couro de touro, de jacaré-jacutinga,
Rios sangas e restingas, furnas, grotões e perais
E foi campeando esse boi que nossa indiada campeira
Veio empurrando a fronteira até que o rio não deu vau.
Mas ficou dessas andanças muita coisa de reserva
Surrões de couro p'ra erva, aperos, peças de arreio
Dos laços os maneadores, e de um rodeio até outro,
As botas "garrão de potro" nascidas no pastoreio
E dos rodeios e rondas, correrias e galopes,
Desde Blau ao Guia Lopes quando o vaqueano surgiu
E quanto laço nos tentos, adagas e boleadeiras,
Campearam nessas fronteiras o boi que um dia sumiu
pedro ortaça - bagual
Bagual
Fui criado campo a fora sem cangaia e sem maneia
Conheço bem o meu pago e alguma querência alheia
Caborteiro e aporreado
Sou lá do chão colorado pátria da terra vermelha.
Sou bagual do queixo roxo, pescoço ruim de torcer
Baleio os quartos e peleio pois não aprendi a correr
Sou crioulo deste chão
E me entrincheiro no facão se o diabo me aparecer.
Cabrestear não cabresteio, me domar ninguém me doma
Gosto de churrasco gordo e café preto na cambona
Eu fui criado sem luxo
Pois não sou destes gaúchos que dá tudo e depois toma.
Assim carrego esta vida no lombo do meu destino
Por que já trouxe de herança de ser gaúcho teatino
O meu lenço é uma bandeira
Sou da terra missioneira deste Rio Grande divino.
pedro ortaça - magia do pantanal
Nasci por entre os banhados
Desta terra pantaneira
Carrego a alma de caboclo
Nesta estampa boiadeira
Levei boiadas de gado sem
Ter ninguém que me mande
Espalehie minha semente
Do Mato Grosso ao Rio Grande
Cresci na beira do Rio
Ouvindo toadas mundanas
Sonhando com as Paraguaias
No balanço das Chalanas
Muito tirei destas águas,
Pintado, Piava, Pacu.
Ao som do canto das aves
E aos vôos dos tuiuius.
Quando canto ajoelho a alma,
Neste cenário imortal,
Sou fragmento da terra barrenta
Do Pantanal. Dentro da vioa caipira
Penduro um varal de penas,
Lembranças de comitivas,
Festas e lindas morenas.
Então a alegria aflora
Junto de tanta beleza,
Nesta terra o nosso Deus
Se fez vida e natureza.
O Mato Grosso é magia,
Poesia símples rural
essência de campo e Rio
no cosmos do Pantanal.
Matogrosenses e Gaúchos,
Este canto vos pertence
Pois tenho a alma pantaneira
E o sange de Riograndense
Tenho muito do Rio Grande
Neste jeitão pantaneiro
O meu pai que Deus o tenha
Era Gaúcho brasileiro.
Quando canto o Pantanal
Exalto o que me pertence
Neste estilo Missioneiro,
Gaúcho e Matogrosense.
Quando canto ajoelho a alma,
Neste cenário imortal,
Sou fragmento da terra barrenta
Do Pantanal.
Cds pedro ortaça á Venda