MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
pedro bento e zé da estrada - preto velho sebastião
Declamado:
Preto velho Sebastião, escravo do Coronel Firmino,lá da Fazenda do Engenho Dágua. Preto bom e benzedor. Sabia de tudo. Ouçam sua história::
Lá no fundo da varanda, fica aquele fumaceiro
Quando o Preto Sebastião saboreia o seu palheiro
A procedência do fumo ele sabe pelo cheiro
No seu banco ali sentado, mergulhado no passado
Conta "causo" o dia inteiro
Preto velho Sebastião, benzedor e respeitado
Cura quebranto e defruço, ziquezira e mau olhado
Benze espinhela caida, cobreiro e bucho virado
Simpatia tem de sobra, cura picada de cobra
Doutor fica admirtado
Sua idade ninguem sabe, porque não foi registrado
Tá beirando o centenário, mais ou menos aproximado
Respeita todos os costumes lá dos seus entes passados
A sua crença não muda, o seu galhinho de arruda
Tá na orelha pendurado
Ele sente a natureza e acerta com precisão
A hora que vai chover, se vai ter raio ou trovão
Já desviou tempestade, "rodamoinho" e furacão
Oxalá guia seus passos, um Axé e um abraço
Preto velho Sebastião
pedro bento e zé da estrada - a dama de vermelho
Garçom, olhe pelo espelho
A dama de vermelho
Que vai se levantar
Note que até a orquestra
Fica toda em festa
Quando ela sai pra dançar
Essa dama já me pertenceu
Eu fui o culpado da separação
Hoje eu morro de ciúmes
Ciúmes do perfume
Que ela deixa no salão
Garçom, amigo!
Apague a luz da minha mesa
Eu não quero que ela note
Em mim tanta tristeza
Abra mais uma garrafa
Hoje vou me embriagar
Quero dormir para não ver
Outro homem lhe abraçar
Garçom, amigo!
Apague a luz da minha mesa
Eu não quero que ela note
Em mim tanta tristeza
Abra mais uma garrafa
Hoje vou me embriagar
Quero dormir para não ver
Outro homem lhe abraçar
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
pedro bento e zé da estrada - herança de boêmio
Amargurado sem destino pelo mundo
Esta é a herança que herdei da boemia
Ganhei o nome de boêmio vagabundo
Perambulando pelas noites de orgia
Agora sofro a triste desilusão
Das noites longas de amarga solidão
Mas se o destino pelo céu vier marcado
Serei um condenado pela dor da ingratidão
A negra herança dos meus tempos de boêmio
Foi o desgosto que na vida eu passei
Da boemia guardo ainda como prêmio
Esta saudade da mulher que eu tanto amei
Igual as nuvens vou vagando no espaço
Assim eu vivo a vagar por culpa sua
Sei que ela vive a vagar de braço em braço
E eu vou vagando sem destino pela rua
Agora sofro a triste desilusão
Das noites longas de amarga solidão
Mas se o destino pelo céu vier marcado
Serei um condenado pela dor da ingratidão
A negra herança dos meus tempos de boêmio
Foi o desgosto que na vida eu passei
Da boemia guardo ainda como prêmio
Esta saudade da mulher que eu tanto amei
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
pedro bento e zé da estrada - taça da dor
Muitas mulheres me querem
Mas não adianta, somente uma que eu amo na vida
Mas o destino roubou meu amor
Por isso hoje me entrego a bebida
Ela vive nos braços de outro
Fazendo carinhos, trocando juras e beijos de amor
Ainda sorri por me ver sofrendo
Sozinho nos bares bebendo
A taça negra da dor
Nem assim eu consigo esquecê-la
Um momento se quer
Porque na taça eu vejo
A imagem daquela mulher
pedro bento e zé da estrada - seresteiro da lua
Abre a janela querida
Venha ver o luar cor de prata
Venha ouvir o som deste meu pinho
Na canção de uma serenata
Sei que dorme sonhando com outro
Desprezando quem é teu amor
Que tu amas, de ti nem se lembra
Quem te quer você não dá valor
Só a lua de mim tem piedade
Porque nunca me deixa sozinho
E não sabe fazer falsidade
Ilumina sempre o meu caminho
E o sereno nas folhas das matas
Com o sol vai caindo no chão
Vai sumindo como o nosso amor
Foi se embora no seu coração
Como as nuvens que passam depressa
Foi assim que passou nosso amor
Só te peço que nunca te esqueça
Tudo aquilo que você jurou
Pois quem falta com o juramento
Com o tempo vai se arrepender
Porque o mundo é uma grande escola
Pra ensinar quem não sabe viver
pedro bento e zé da estrada - tradição
A viola está morrendo, acabando a tradição
Já não se vê cantador com a viola na mão
O que era brasileiro acabou-se, meu irmão
A guitarra dos roqueiros faz sucesso no sertão
Não se vê mais cantador com a viola na mão
A canção do sertanejo que falava do sertão
Transformou-se em adultério, ciúme e separação
De amor desencontrado, falam em briga e traição
Os poetas se perderam na orgia da ilusão
Não se vê mais cantador com a viola na mão
Não tem nada sertanejo nas modernas melodias
Os cantores de agora tem moleza e mordomia
Detestam homens violeiros, não defendem a tradição
Usam brinco, se rebolam cantando em televisão
Não se vê mais cantador com a viola na mão
Não deixe a viola morrer, meu querido sucessor
Ela fez tantos violeiros fez poeta e trovador
Que saudade de um catira, de um violeiro folgazão
Cantando sempre dizias as belezas do sertão
Não se vê mais cantador com a viola na mão
Com a viola na mão, com a viola na mão
Com a viola na mão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
pedro bento e zé da estrada - quando arrependeres
Quando arrepender-te dos teus erros
E ver teus lindos sonhos acabados
Voltarás, tenho certeza, voltarás
Pedindo pra ficar sempre ao meu lado
Talvez isto aconteça muito breve
Pressinto convencer-te a realidade
E do amor, do grade amor que destruímos
Só nos resta recordarmos com saudade
A vida é mesmo assim, bem reconheço
Há sempre atrativos enganosos
Ã?s vezes renunciamos o amor certo
Por sonhos passageiros e mentirosos
Se acaso precisares deste amigo
Livrar talvez a vida e outras quedas
Não pense que irei fazer desforra
Terás de mim pão em vez de pedras
A vida é mesmo assim, bem reconheço
Há sempre atrativos enganosos
Ã?s vezes renunciamos o amor certo
Por sonhos passageiros e mentirosos
Se acaso precisares deste amigo
Livrar talvez a vida e outras quedas
Não pense que irei fazer desforra
Terás de mim pão em vez de pedras
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
pedro bento e zé da estrada - a morte do carreiro
Isto foi no mês de outubro
Regulava o meio-dia
O sol parecia brasa
Queimava que até feria
Foi um dia muito triste
Só cigarra que se ouvia
O triste cantar dos pássaros
Naquelas matas sombria
Numa campina deserta
Uma casinha existia
Na frente uma paiada
Onde a boiada remuía
Na estrada vinha um carro
Com seus cocão que gemia
Meu coração parpitava
De tristeza ou de alegria
Lá no arto do cerrado
A sua hora chegou
O carro tava pesado
E uma tora escapou
Foi por cima do carreiro
E no barranco imprensou
Depois de uma meia hora
Que os companheiro tirou
Quando puseram no carro
Já não podia falá
Somente o que ele dizia
Tenho pressa de chegá
Os companheiros gritava
Com a boiada sem pará
Avistaram a taperinha
E as crianças no quintá
Os galos cantaram triste ai, ai, ai, ai
No recanto adonde eu moro ai, ai, ai, ai
Levaram ele pra cama
Não tinha mais sarvação
Abraçava os seus filhinhos
Fazendo reclamação
Eu sinto estes inocentes
Ficar sem uma proteção
Fechou os olhos e despediu
Deste mundo de ilusão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
pedro bento e zé da estrada - caminho de minha vida
Não vale nada esta vida
A vida não vale nada
Começa sempre chorando
Assim chorando se acaba
Por isso que neste mundo
A vida não vale nada
A vida é um triste caminho
Cheio de curva e subida
Aonde não encontramos
Nenhuma sombra perdida
Pra descansar um pouquinho
O grande peso da vida
Caminho de minha vida
Não passe por minha terra
Porque naquele lugar
Não há ninguém que me espera
A casa da minha infância
Hoje é uma triste tapera
Não há mais flor no terreiro
Não há mais ave no ninho
Quem tanto eu amei um dia
Já mora em outro caminho
O peso da minha vida
Preciso levar sozinho
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
pedro bento e zé da estrada - aquela mulher
O meu destino é viver vagando
Sem teus carinho eu vivo chorando
Eu vivo sofrendo por quem não me quer
Eu vivo enganado por uma mulher
Não posso mais viver assim
Neste tormento que não tem fim
Fui desprezado por quem tanto eu quis
Aquela mulher me fez infeliz
Sem teu amor não posso viver
Neste abandono eu vivo a sofrer
Vivo amargurado sempre a padecer
Sem o teu calor prefiro morrer
Não posso mais viver assim
Neste tormento que não tem fim
Fui desprezado por quem tanto eu quis
Aquela mulher me fez infeliz
pedro bento e zé da estrada - velho peão
Levantei um dia cedo sentei na cama chorando
Meu velho tempo de peão, nervoso fiquei lembrando
Senti uma dor no peito igual brasa me queimando
Ouvi uma voz lá fora parece que me chamando
Eu tive um pressentimento
Que a morte na voz do vento
Ali estava me rondando
Eu sai lá pro terreiro, lembrei as horas passadas
Me vi montado num potro, correndo nas envernadas
Também vi um lenço assenado de alguém que foi minha amada
Que a tempos se despediu pra derradeira morada
Tive um desgosto medonho
Ao ver que tudo era um sonho
E hoje não sou mais nada
Pobre de quem nessa vida na velhice não pensou
Ao me ver ali doente um filho me amparou
Recebo tanta indireta da nora que não gostou
E meu netinho inocente, chorando já me falou
A mamãe já deu estrilo
Diz que aqui não é asilo
Mas eu gosto do senhor
Neste meu rosto cansado queimado pelo mormaço
Duas lágrimas correram, espelho do meu cansaço
Ã? o prêmio de quem na vida não quis acertar o passo
Abri os olhos muito tarde quando já era um bagaço
Vejam só a situação
De quem foi o rei dos peão
Hoje não pode com o laço
A Deus eu fiz uma prece pedindo aos companheiros
Que perdoe todas as faltas desse peão velho estradeiro
Quando eu deixar ete mundo, meu pedido derradeiro
Desejo ser enterrado na sombra de um mantiqueiro
Para ouvir de quando em quando
A boiada ali passando
E o grito dos boiadeiros
pedro bento e zé da estrada - amanheci em teus braços
Amanheci outra vez em teus braços
E despertei chorando de alegria
Acariciei teu rosto com ternura
O nosso amor é cheio de ventura
Sorrindo estavas tu quando acordaste
Beijei a tua boca com ânsia louca
E silenciosamente nos amamos
Assim passaram muitas, muitas horas
Quando a noite chegou
E a lua apareceu
O mundo era de prata
Quando te ilumnou
Senti na minha alma
Um ciumes que maltrata
Tua voz estremeceu
Quase chorando
Beijando te acalmei
Toda amargura
A lua em seu fracasso
Foi embora
E amanheci outra vez
Em teus braços
pedro bento e zé da estrada - fracasso de mulher
O teu orgulho hoje eu vejo terminado
Tua vaidade terminando pouco a pouco
Já nem parece que em teus tempos de riqueza
Por tua beleza muito homem ficou loucoZombou de todos fingindo que tinha amor
Dando o desprezo àqueles que tanto a amava
E tão depressa se entregou à boemia
Em poucos tempos seu dinheiro se acabava
Hoje quem vê pelas ruas da cidade
Perambulando sem destino vive ao léu
Vive bebendo, está sempre embriagada
E sem morada vive assim de déu em déu
("Hoje meus olhos choram lágrima sentida
Porque na vida eu já perdi o meu cartaz
Quem me amou em outros tempos com loucura
Hoje me odeia, meu amor já não quer mais")
Pagaste caro e com juro o que fizeste
Hoje a vergonha te maltrata lentamente
Sendo obrigada a passar esfarrapada
Perto daqueles que te amavam loucamente
Já não tens forças pra zombar de mais ninguém
Nem tem belezas para ser admirada
Tua alegria transformou-se em tristeza
Tua presença hoje é indesejada
Hoje meus olhos choram lágrima sentida
Porque na vida já perdeste o teu cartaz
Quem te amou em outros tempos com loucura
Hoje te odeia e teu amor já não quer mais
pedro bento e zé da estrada - ladrão de beijos
Vem aos meus braços minha querida
Vem aquecer-me com teu calor
Tu és meu sonho, és minha vida
Eu quero ser o teu grande amor.
Não sejas doída me segurando
deixe meus braços te abraçar
porque minh'alma fica chorando
se os teus lábios eu não beijar.
(Quero sentir os teus lábios quentes
para matar meu febril desejo
estou cansado de ser somente
em tua vida um ladrão de beijos.)
Bem sei querida estou errado
se os teus beijos vivo a roubar,
de nossas brigas, eu sou culpado
mas eu nasci para te adorar.
Quero ser dono dos teus abraços
não fujas nunca dos braços meus,
pois minha vida será um fracasso
se eu ficar sem os beijos teus.
(Quero sentir os teus lábios quentes,
para matar o meu febril desejo
estou cansado de ser somente,
em tua vida um ladrão de beijos.
pedro bento e zé da estrada - a boiada do araguaia
A Boiada do Araguaia logo após a travessia
Parou pra fazer pousada porque já escurecia
Naquele ermo deserto só céu a mata existia
Morava uma Pintada terror da selva bravia
Quando essa fera miava tudo ali silenciava
Sertão inteiro tremia
Moído pelo cansaço da luta daquele dia
Naquela noite soturna enquanto o fogo ardia
Deitada sobre o baixeiro a peonada dormia
Somente um urutau o silêncio interrompia
De vez em quando gritando parece que anunciando
O perigo que surgia
A noite já ia alta era quase madrugada
A boiada remoia lá na beira da aguada
Ouvindo o mugir do gado a fera esfaimada
Naquele andar de felino veio vindo de emboscada
O cheiro da carne humana aquela fera tirana
Foi atacar a boiada
Aquele pobre boi velho que nas águas foi jogado
Conseguiu sair com vida antes de ser devorado
Pra se ajuntar a boiada com o corpo retalhado
Ele ia caminhando passo a passo bem cansado
Andando com lentidão chegou na hora que os peões
Já iam ser atacados
Defendendo a peonada que acordou espavorida
Aquele pobre boi velho com o corpo em feridas
Morreu lutando com a fera que por ele foi vencida
Disse o moço Ponteiro com a alma comovida
Foi quem não valia nada que salvou toda a boiada
E também as nossas vidas
By Euzebio Alves
Cds pedro bento e zé da estrada á Venda