MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
paulo matricó - avoante saudade
Num instante eu tenho asas pra voar
Atrás desta saudade matadeira
Distante como sol
Mas dentro o teu olhar
Ardendo no meu peito, esta fogueira
Tô ficando "em eta"* pra te encontrar
Pra sentir teu cheiro
Provar teu tempero.
Como borboleta que se atira ao mar
Que sem paradeiro,
Voando ligeira
Atrás desta saudade matadeira
("em êta" = agoniado, afobado)
paulo matricó - a vida é bela
Ah! Se já fosse amanhecer
E o sol despertasse a brilhar
Correria para o mar da minha janela
E teria o seu quente afago, lai-á
Porque a vida é bela
Mas se já fosse anoitecer
E a lua despontasse nua
Correria para a rua da minha janela
E teria o seu doce afago, lai-á
Porque a vida é bela
Olha que a vida é bela
É bela a vida
A vida é bela
E se já fosse sonhar
E o amor acordasse a sorrir
Correria para os braços da minha janela
E daria todo meu afago, lai-á
Porque a vida é bela
Mas se já fosse morrer
E a luz mostrasse o caminho
Correria para fora da minha janela
E agarraria a vida, lai-á
Porque a vida é bela
Olha que a vida é bela
É bela a vida
A vida é bela
paulo matricó - aquarela do tempo
No tempo dos bois
Zunia a almanjarra, cigarra
gritava a moenda de pau
no tempo dos bois
rugiam os carreiros, sua tez
no pêlo do canavial
o vento ainda canta a doce melodia
que um carro rangia cocões e cocais
e a mão da lembrança breve acaricia
punhado de dias que não voltam
ruiram mansões e taperas
coqueiros morões e cancelas
e a mente pintou de aquarelas
na tela do tempo
paulo matricó - terra molhada
Sorriso na boca da noite o trovão cantou
É o dia do padroeiro, São José anunciou
Vai chover lá na Malhada
Boqueirão bota de arrasto
Traz rama nova pro pasto
E folia pras enxadas
Sertanejo se alegra
Quando chega a invernada
Sertanejo sonha léguas
Quando vê terra molhada
De manhã bem cedo, café torrado
Cuado no beiço é desentalo de beijú
Menino presepeiro futuca o asseiro
Descobre ligeiro um melação de enxu
Canta o galo no terreiro
Sinfonizam os passarinhos
Zé de Terto e seus barrigudinhos
Se encaminham pro roçado
Aió, foice, enxó, machado
E a esperança no divino
Sertanejo se alegra
Quando chega a invernada
Sertaneja sonha léguas
Quando vê terra molhada
paulo matricó - terra mãe
Tempo que ficou marcado
Por muros tão desiguais
Conservando o silêncio
Mostrando quem sabe mais
No teu passo rodopio
Sou prego neste teu pião
Reta na estrada torta
Morta da imaginação
Vida no meio da guerra
Na serra sou igual
Terra mãe da água
Mãe da existência
Terra irmã de quem te fez
Sobre ti correm os rios
Presos ao abraço do teu corpo manso
E no teu romanso
navego lado a lado
com tuas barreiras
paulo matricó - canção da lua
Queria ser o vento
Pra todo momento te acarinhar
Queria ser a lua
Pra na noite, nua
Te alumiar
Queria está no mato
E na água d'um regato
Teu corpo banhar
Ser um passarinho
Te levar pro ninho
Pra gente se amar
És catingueira
Vou te cheirar
Sou capoeira
Vem te arranhar
Tu perderás o medo
E o meu segredo
Vou te revelar
Quero em teu peito
Me consolar
Achar um jeito
Pra te amar
E pela vida afora
A gente se namora
Só de espiar
paulo matricó - toada pro povo
É que me deu uma vontade de cantar
uma toada improvisada
pro povo do meu lugar
falando do valor
de um povo sofredor
que é tão trabalhador
e tem coragem pra lutar
cultiva sua terra
na beirada da serra
sua virtude intera
com a semente que plantar
de manhãzinha quando o santo galo canta
no mocambo se levanta,
tira o lombo do jirau
vai pro roçado, só volta de tardezinha
come fava com farinha
temperada n'água e sal
é que me deu uma vontade de cantar
uma toada improvisada
pro povo do meu lugar
lembrando do vaqueiro
que aboia o dia inteiro
fiel ao fazendeiro
só vive pra trabalhar
tempo de apartação
laça o boi no mourão
e só tira o gibão na hora de se deitar
a sertaneja é prenda da natureza
tem a graça da beleza
e a braveza do lugar
vai à cacimba com um pote na cabeça
e volta antse que anoiteça
com água pra se banhar
é que me deu uma vontade de cantar
uma toada improvida
pro povo do meu lugar
falar deste Nordeste
sertão cabra da peste
se o poder investe
tudo pode melhorar
chegou televisão
ainda falta feijão
e a situação tá assim vou lhe contar
está mudado apagou-se o cadeieiro
a luz solar tá no terreiro
mas a fome tá por lá
nosso caboco
ainda sabe dançar coco
mas vivendo no sufoco
a coisa pode acabar
paulo matricó - apreço ao meu lugar
Eu viajei pra muito longe
Atrás de um mundo novo
E me realizar
E quanto mais distante eu fui
Mais perto me encontrei
Aqui do meu lugar
Se deita na minha lembrança
A correnteza mansa
Águas do meu riacho
Espelhos nos igarapés
Quando lavava os pés
E a sombra por debaixo
Progresso, eu sei, é necessário
Mas não há salário
Que pague o que eu tenho
Indústria que tudo refina
Mas só me fascina
O doce do engenho
Inconscientemente o povo
Corre atrás do novo
E perde o endereço
Ninguém trará de volta a feira
A roça e a cachoeira
Tudo tem seu preço
paulo matricó - coração mamulengo
Meu coração quer andar
De perna de pau
Meu coração quer andar
De perna de pau
Rosinha vem me ensinar
A atar o nó
Rosinha vem me ensinar
A atar o nó
Na perna de pau
Na perna de pau
Na perna de pau
Sou de Olinda
Que linda folia
Gigantes da alegria
Do carnaval
Sou do macuco, maluco, mamulengo
O coração tá querendo
Andar de perna de pau
Na perna de pau
Na perna de pau
Homem da meia noite
Mulher do dia
Sou sorriso, sorria
Boca de babau
Sou vitalino, galdino
Que lindo
Seba no Agreste sorrindo
Anda na perna de pau
paulo matricó - é sertão
Vem do pasto, do mato
Do riacho
A minha canção
Vem da terra que encerra
Entre paz e guerra
A minha paixão
Onde o côco, reboco é folia
O pé de parede é poesia
Poesia, viola e baião
No pé da ladeira, alforria
Beirando a foqueira, alegria
Alegria, forró e Sertão
Alegria, forró no Sertão
Na padroeira bochechinha encarnada
No rosto da menina
Dia de feira um ceguinho sanfoneiro
Puxa a concertina
Imbolada e côco, folia
Romance no cordel, poesia
Poesia, é o meu Sertão
Poesia, cá no meu Sertão
Poesia, assim é o Sertão
paulo matricó - pau de atiradeira
Sou do meio do mato
Sou filho da relva
Olhar de anum
Meu abraço é quem sela
O oco do céu no seio da terra
Coração pulsa forte
Tambor de guerreiro
Tupã criador
Trago um sonho de moço
Nos caminhos da mão
No suor do meu rosto
Na garapa de cana
No canto do canário
Ã? onde eu me acho
Meu castelo é de palha
No mugido do boi
Nos olhos da pintada
Sou madeira de lei
No meu lugar eu sou rei
Sou a polpa e o caroço
Montanha pra mim é ladeira
E pra ser pau que nasce torto
Sou pau de atiradeira
Meu destino tem rama
E o meu tempo enramado
Faz da vida um melaço
Sou bezerro que mama
Tô na ponta de estrela
No fiapo da manga
Tenho amor escondido
E guardo um cheiro de arruda
Pra espantar mau olhado
Quem não fez o seu rumo
No coração de alguém
Tá perdido no mundo
Já plantei minha sina
Onde a terra é mais verde
Onde o chão é maduro
No amor tô no cio
Tô no favo de mel
Nos brasis do Brasil
Fiz minha sorte
Ergui minha bandeira
Minha estrela guia
Hoje é minha alegria
Sou barro, sou mato
Cordão de infieira
Sou pau de atiradeira
paulo matricó - junho também
Eu também sei que é junho
E que é de barro esta estrada
Em Olhos D'Água a flora
A rosa e o cheiro
A troca de pureza
Na malícia da cidade
E a energia de matos
Na saudade
Inverno em meu país
tão cedo ser feliz
Primeiro
Cantar a Vida
Pra remir do desespero
Fazer outono
Brotar no coração
Quem dera poder te ver amor
Na estacão das flores
Polinizar os frutos
Pro verão
paulo matricó - canto de cordel
Me diga a palavra exata
Para abrir as portas do seu coração
E olhe quantas léguas faltam
Pra ser conhecida a minha canção
Repare a moeda que tem dentro da mochila pela bacia
Se olhasse vinha me dizer que estando cheia ainda está vazia (2x)
Suscite todo cantador que teve um canto forte da raestribeira
Foi um bate que matou a morte cantando os bares e cordel nas feiras
Não sei de onde é que vem tanto improviso, tanta espiração.
Será segredos de amores que vem
Ou será desejos de paixões que vão (2x)
Me diga a palavra exata
Para abrir as portas do seu coração
E olhe quantas léguas faltam
Pra ser conhecida a minha canção
paulo matricó - da cor do chão
Trago a sina da estrada
A poeira na fala
A campina é a sala
A várzea é o oitão
E o sempre verde juazeiro
Ã? sombra do terreiro
Amansava o chão
Lembro das saudades boas
Nos versos, nas Lôas
Que meu pai cantava
No arrastar das roucas melodias
Toadas poesias
Para quem chegava
Vem meu passarinho canção
Desmancha a escuridão
Faz rebentar o dia
Vem, troveja o meu sertão
Na rama do feijão
Na cor da melancia
Deito os "ói" no boqueirão
Pra ver a mansidão
Do gado que pastava
Menina mansa
Estende-se na lembrança
Era a esperança
Que o mundo esperava
paulo matricó - fuxico
Me contaram,
Que o amor tem duas caras
Uma é bela e não separa
A outra é solta em multidão
Me falaram,
Que o amor tem dois sentidos
Um é heroi, o outro é bandido
Quando um diz sim, o outro diz não
Ele é sabiá cantando
Numa laranjeira em flôr
Ele é pedra de bodoque
Bate e vai deixando a dor
Me contaram,
Que o amor tem duas asas
Uma volta sempre pra casa
A outra vai sem direção
Me avisaram,
Que o amor são passarinhos
Um que mora em vários ninhos
O outro morre em solidão
Ele é sabiá cantando
Numa laranjeira em flôr
Ele é pedra de bodoque
Bate e vai deixando a dor
O amor, eu soube que tem dois lumes
Feito faca de dois gumes
Ã? liberdade e é prisão
Porque o amor sempre ajeita
Um jeito diferente
De chegar bem juntinho da gente
E ficar falando ao coração:
Ã?h um, êh dois
Amor que vem
Amor que foi
Ã?h um, êh dois
Amor que vem
Amor que foi
Cds paulo matricó á Venda