palmeira e luizinho - joanico do sertão
Joanico era um rapaz
Crescido sem proteção
E foi ele apelidado
Joanico do Sertão
Fazendeiro criador
No Triângulo Mineiro
Gostou muito do Joanico
Para ser peão boiadeiro
Joanico entrou com sorte
Que vocês não imagina
Conquistou logo o patrão
E sua filha Josefina
Joanico e Josefina
Viviam como dois irmão
Ele era muito jeitoso
Ela era mesmo um pirão
Joanico ganhou um presente
Dado pelo seu patrão
Era um boizinho zebu
Pretinho como um carvão
Joanico ficou contente
Cheio de satisfação
Batizou logo o boizinho
Com o nome de Trovão
O Trovão cresceu depressa
Ficou um lindo exemplar
Numa exposição bovina
Ganhou o primeiro lugar
Numa tarde bem tristonha
Quando do Trovão tratava
Josefina teve um fim
Que ninguém não esperava
Todo mundo ouviu um grito
Lá dentro do mangueirão
Era um gemido de dor
Que dava inté compaixão
Joanico sem demora
Sartou lá no mangueirão
Pra salvar a sua amada
Da fúria do boi Trovão
Ele também foi varado
Pelo chifre do animar
Ficando ali os dois sem vida
Morto no mesmo lugar
E o pai de Josefina
Mandou matar o Trovão
Vingando a morte da filha
E do Joanico do Sertão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
palmeira e luizinho - cavalo preto
Tenho meu cavalo preto
Por nome de Ventania
Um laço de doze braça
Do couro de uma novia
Tenho um cachorro bragado
Que é pra minha companhia
Eu sou um caboclo forgado
Ai, eu não tenho famía
No lombo do meu cavalo
Eu viajo o dia inteiro
Vou de um estado pra outro
Eu não tenho paradeiro
Quem quiser ser meu patrão
Me ofereça mais dinheiro
Eu sou muito conhecido
No Triângulo Mineiro
Tenho uma capa gaúcha
Que eu troquei por um boi carreiro
Tenho dois pelego grande
Que é pura lã de carneiro
Um me serve de corchão
E outro de travesseiro
Com a minha capa gaúcha
Eu me cubro o corpo inteiro
Adeus que eu já vou partindo
Vou pousar noutra cidade
Depois de amanhã bem cedo
Quero estar em Piedade
Deus me deu este destino
E muitas felicidade
Onde eu passo com o meu preto
Deixo rastro de saudade
Onde eu passo com o meu preto
Deixo rastro de saudade
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
palmeira e luizinho - chão de minas
Eu comprei passagem pra seguir destino
Na Rede Mineira fui pra Ouro Fino
Fiquei recordando o tempo de menino
Que eu acompanhava as festas do Divino
Passei Pouso Alegre quando o trem apita
Daí a pouco tempo cheguei em Santa Rita
Tive em Itajubá, cidade bonita
Que é do sul de Minas o cartão de visita
De Boa Esperança fui pra Campo Belo
De cristais de rocha e topázio amarelo
São João Del Rei tem ouro singelo
E tem sua história tempo do castelo
Gostei de Curvelho e também de Corinto
Lá de Montes Claros saudades eu sinto
Em Sete Lagoas, juro que não minto
Fiquei encantado, seu povo é distinto
Em Três Corações eu fiz serenata
Cássio e Guaxupé, Lagoa da Prata
Em Poços de Caldas fiz uma cantada
Também viajei na zona da mata
Eu gostei da zona, Triângulo Mineiro
Tem moça bonita e tem muito dinheiro
Onde de arreune todos os zebuzeiro
Pra mostrar o gado campeão brasileiro
Em Juiz de Fora ninguém tem fadiga
Terra de progresso, seu povo que o diga
Passei Diamantina, Vargem e Formiga
Na velha Ouro Preto de igrejas antiga
Nesta minha moda que ninguém se apronte
Eu gostei da terra do Santos Dumont
Que não é preciso que ninguém me conte
Que o seu coração é Belo Horizonte
palmeira e luizinho - sabugo de milho
(â??- Ã?ta viola danada, parece que qué falá
Cante uma moda, caboclo, cante que eu quero escuitá
Me ajuda meu companheiro, pra esse moço escuitá
Nóis vamo contá uma história de fazê as pedra choráâ?)
Eu inda tinha vinte ano mais ou meno
Quando fiquei conhecendo uma cabocla trigueira
Perante Deus nóis casemo na capela
E esta flor tão singela ficou minha companheira
(â??Mas com esse verso cantado com tanta sinceridade
Com vancês devia morá a dona felicidade! â?)
Por muito tempo tudo foi felicidade
Inté que um dia a maldade o meu rancho procurou
Minha cabocla esqueceu seu juramento
Desviou seu pensamento, de outro caboclo gostou
(â??Eu já tô quase inteirado do que com vancê se passou
Você tava desconfiado ou foi alguém que lhe contou? â?)
Não foi preciso nem que eu desconfiasse
E que ninguém me contasse, ela mesmo me falou
Eu nesta hora senti uma coisa estranha
Uma loucura tamanha que meu corpo inté gelou
(â??Não é precisa contá como é que vancê se vingou
Rançou da cinta o punhá e no peito dela encravouâ?)
Não companheiro, eu nem relei na marvada
Levei ela inté na estrada e pedi pra não vortá
E esta cabocla que era linda, era faceira
Hoje é um pau de aroeira onde ninguém qué encostá
(â??- Caboclo, gostei de vancê e da sua resolução
Ela precisa sofrê pra pagá sua traição
Ela, coitada!
Vive por esse mundo passando de mão em mão
Ã? um sabugo de milho rolando por esse chãoâ?)
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
palmeira e luizinho - baldrama macia
Comprei um caco chapeado
E uma baldrama macia
Um cochinilho dos branco
Pra minha besta ruzia
Peitoral de argolinha
E uma estrela que brilha
Fui dar um passeio em Tupã
Só pra ver o que acontecia
E quando entrei na cidade
Com a besta toda enfeitada
O povo todo da rua
Parava em pé na calçada
E as muié que passava
Oiavam admirada
No meio delas vi uma
Que me prendeu numa oiada
Que morena tão bonita
Nunca vi muié assim
Pra onde eu me virava
Via ela oiá pra mim
E eu vendo aquela flor
Parecida com jasmim
Eu pensei comigo mesmo
Vou levá pro meu jardim
Eu andei mais um pouquinho
E da besta me apeei
E chegando perto dela
Lindas coisas eu falei
Ela então me arrespondeu
Se é por causa que eu oiei
Vancê tá muito enganado
Foi da besta que eu gostei
Vancê tá muito enganado
Foi da besta que eu gostei
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
palmeira e luizinho - baile na tuia
Minha moçada
Hoje é aleluia
E nóis vai fazê
Um baile na tuia
E nóis vai fazê
Um baile na tuia, ai, ai
Eu tô avisando
O arraiá inteiro
Quero muita moça
E um sanfoneiro
Quero muita moça
E um sanfoneiro, ai, ai
Escorei a tuia
Pra não balançá
E o assoaio embaixo
Já mandei carçá
E o assoaio embaixo
Já mandei carçá, ai, ai
Não precisa medo
Se o baile esquenta
Pode inté pulá
Que a tuia aguenta
Pode inté pulá
Que a tuia aguenta, ai, ai
Peço pras moça
Pra levá suas cuia
Pra bebê guarapa
No baile da tuia
Pra bebê guarapa
No baile da tuia, ai, ai
palmeira e luizinho - baixão de serra
O baião da Serra Grande
Já não ouves minha amada
Hoje vives no asfalto
E a casinha aqui do alto
Já não é nossa morada
Aqui tão perto do céu
Já não há felicidade
Este triste trovador
Que já foi o teu amor
Hoje chora de saudade
Não se escuta mais na serra
O cantar da juriti
Tudo é triste nesta terra
Porque a minha bem amada
Já não mora mais aqui
Se um dia te cansares
Dessa vida fantasia
Eu te espero meu benzinho
Ali no mesmo caminho
Que esperava todo dia
Tua presença aqui na serra
Sempre peço a Deus que mande
Tudo ficará contente
Cantaremos novamente
O baião da Serra Grande
palmeira e luizinho - boi penacho
Vamo boiada
Não deixe o carro pará
Puxa na guia Penacho
Que lá no riacho nóis vai descansá
Vamo boiada
Não deixe o carro pará
Puxa na guia Penacho
Que lá no riacho nóis vai descansá
Meu carro é de cabriúva
Cabeçaio de araçá
Eu fiz o eixo de piúva, oi, ai
Canga de jacarandá
Encosto a carro na lenha
Carrego inté onde dá
Arrocho bem arrochado, oi, ai
Pra lenha não escorregá
Vamo boiada
Não deixe o carro pará
Puxa na guia Penacho
Que lá no riacho nóis vai descansá
Vamo boiada
Não deixe o carro pará
Puxa na guia Penacho
Que lá no riacho nóis vai descansá
Trabaio com quatro junta
Todos eles sabe puxá
Na guia tenho o Penacho, oi, ai
Boi que só falta falá
E quando o dia amanhece
Não precisa campeá
Eu grito lá na porteira, oi, ai
Os oito vem me encontrá
Dou a ração de rastoio
Grito pros bois se arrumá
Penacho é o primeiro, oi, ai
A percurá seu lugá
Solto o meu carro na estrada
E deixo o carro rodá
E pra alegrar o meu gado
Eu fico de lado e começo a cantá
Vamos boiada
Não deixe o carro pará
Puxa na guia Penacho
Que lá no riacho nóis vai descansá
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)