MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
os mateadores - a história dos passarinhos
Eu destinei um passeio, domingo muito cedinho
peguei o meu violão e fui pro mato sozinho
descobri uma figueira com os galhos cheios de ninho
e passei a manha inteira debaixo desta figueira
apreciando os passarinhos.
Como eu tava achando lindo o viver desse bichinhos
se via perfeitamente vir com a fruta no biquinho
se via quando ele dava no bico do filhotinho
e eu ali tava entretido com o viver tão divertido
da vida desses bichinhos.
Nisso veio um negro veio e também trazia com um
negrinho
e este tinha uma gaiola e dentro dela um bichinho
perguntei que bicho é este? Diz ele este é um
canarinho
com este bicho que está aqui nas florestas por aí eu
caço
qualquer
passarinho, cantava que redobrava aquele pobre
bichinho,
parece
até que dizia: é triste eu viver sozinho, só porque eu
fui
procurar
comida pros filhotinho e fui tirar desse alçapão,
hoje aqui nessa prisão e nunca mais fui no meu ninho.
Aí eu fui recordando do que já me aconteceu,
hà muitos anos atrás a policia me prendeu
o juiz me condenou depois de mim se esqueceu e eu pelo
rádio
eu escutava os Mateadores cantavam e aquilo me comoveu
daí eu fui perguntando: Quanto quer pelo bichinho?
respondeu
ele eu não vendo eu cacei pro meu filhinho, porém saiu
uma voz da boca do gurizinho: a gaiola custam 10 kem
me
der 20mil réis pode levar o passarinho.
Comprei com gaiola e tudo pra evitar discussão
e fui abrindo a portinha e abrindo meu coração
e o bichinho foi saindoe eu peguei meu violão e num
versinho fui dizendo o que eu tava sofrendo eu já
sofri
na prisão.
Quem vai caçar de gaiola pra ver o bichos na grade
deveria
ser punido pela mesma autoridade, porque o coração dos
bichos
também consagre amizade. Oh! lei tu faça o que puder,
mas os
bichos também querem ter a mesma liberdade...
os mateadores - depois da lida
No ranchito já me espera a companheira
Com um amargo bem cevado só prá mim
E na estrada quando ela vê a poeira
Fica feliz porque meu dia chega ao fim
Me recebe com um sorriso cristalino
E já indaga como está o meu cansaso
Então eu digo que me sinto um menino
Quando estou no aconchego dos seus braços
(E me beija perguntando do meu dia
E me diz em um segundo o que fez
A saudade é tanta que parecia
Que ela não me via há mais de um mês
A noite quente vem chegando sorrateira
E seu olhar já atiça os meus sentidos
Ela insinua que existe uma mulher
Bis
Toda minha dentro do vestido)
Prometo tanta coisa pra minha linda
Até arco-íris cheio de cor
Mas ela sabe que minha fortuna
Se resume só no meu amor
A melodia seresteira das aguadas
Pede garupa no lombo do vento
E nos faz uma serenata campeira
Quando entra pelo rancho a dentro
os mateadores - bolicheiro de vila
Sou bolicheiro e vou le contar
Lidar com o povo, a coisa não é mansa
Não tenho tempo nem de me coçar
É canha no copo e bóia na balança
Já na segunda os "problema" começam
Os "homi-da-lei" querendo alvará
Os da prefeitura me medindo a peça
Os da saúde mandando lava
A meia-noite eu fecho o boteco
Saio pra vila prestando socorro
Tem cada porre de "estraviá" os "taréco"
E cada pauleira de junta cachorro
Tem nego bom que se faz de louco
Me compra "fiado" e manda devolver
Seu papo-sujo me devolva o troco
Batata podre não dá para comer
Descobri um geito de vender barato
É pelo peso, produto e tamanho
Tem tanto os nego que me chama de gato
Já tenho medo até de tomar banho
A meia-noite eu fecho o boteco
Saio pra vila prestando socorro
Tem cada porre de estraviá os "taréco"
E cada pauleira de junta cachorro
Ser bolicheiro lá na minha vila
A coisa seria só eu que sei
Já tava rico se eu vendesse a pila
Todas "putiadas" que ali já tomei
Às vezes penso no juizo final
Se o patrão do céu revisar meus cadernos
Se aqui na terra eu já ando mal
Pior se me mandam bolichiar no inferno
A meia-noite eu feicho o boteco
Saio pra vila prestando socorro
Tem cada porre de estraviá os "taréco"
E cada pauleira de junta cachorro
os mateadores - carreteiro de ilusão
Toca carreta carreteiro do meu pago abra caminho nessa tal evolução
Não te assusta com o progresso da ciência a querência ainda é tua meu irmão
Vai demarcando a fronteira do Rio Grande riscando a história no vermelho deste chão
(Carreteiro heróico do meu pampa
Estampa viva dos meus ancestrais
Vai rodando a carreta dos meus sonhos
Que a poeira do tempo não apagará jamais)
Hoje já as marcas no vazio da esperança desta jornada tu não podes regressar
A carreta que é teu meio de transporte bateu mais forte e já não quer vê-la rodar
Pois a ganância china maula é traiçoeira nasceu no luxo e não precisa carretear
Do pelo buçal te restou uma saudade se foram rastros à longínquas carreteadas
Boi do coice, o boi da quarta, o boi da ponta hoje repontam ilusões e a moradas
Até a estrela boieira que é teu guia perdeu sentido de brilhar pelas estradas
os mateadores - galope do mouro
(Galopa, galopa meu mouro
Me leva pra ver as donzelas
Que a tarde vai cair no cerros
E eu vou cair nos braços delas)
Hoje levantei com sede da estrada
Atirei as garras no meu pingo mouro
Apertei a cincha calcei as esporas
Sai mundo afora campeando namoro
Soltei a tristeza pro fim da invernada
Bebi alegrias no sorriso das sangas
Deixei a saudade na encruzilhada
E adocei minh'alma com sabor das pitangas
os mateadores - o potro da estância querência
"Não cai daquela feita te juto nunca mais caio
Na estância do João Sampaio que gineteada de luxo
Me benzi numa água benta peguei o diabo pelas venta
bem no estilo gaúcho"
Foi lá na Estância Querência
que eu me topei com um tordilho
Potro gavião e crinudo
com forquilha nos curnilho
Era cruzado com diabo
maleva desde potrilho
Tinha o lombo amaudiçoado
pra nunca sentar lombilho
Se criou cruzando campo cortando cerca de espinho
Ligeiro que nem um raio arisco e sempre sozinho
Dizem que em noites de chuva, de ceração ou neblina
Relinchava trincando os dentes mordendo a ponta da crina
Eu sou do campo, nascido lá na fronteira
Sou Doutor Honóris Causas da lida buena campeira
Já tinha matado gente
a golpe, coice e mordida
Peão que pegasse o ventana
já se estragava da vida
Resolvi tentiar uma ferpa
daquele maula teatino
Pra ver quem tinha mais sorte
no corredor do destino
O patrão fez um fandango que nem dia de "cazório"
Se acaso eu levasse a breca tinha festa no velório
Levei aquele "velhaco" bem no sinal no rodeio
Atraquei um pé de amigo pra depois mete os arreios
Eu sou do campo, nascido lá na fronteira
Sou Doutor Honóris Causa da lida buena campeira
Quando tirei a maneia
senti um brunido tão feio
Meteu as patas na cara
partiu meu basto no meio
Me grudei no tinhoso
senti arrepiar o cabelo
Saltei pra cima do quebra
sem nada no puro pêlo
Quebrei a fama do tufo cortando só nas "virilha"
Não caminhou uma semana e não pastou por quinze dias
Me disse um gaúcho taita ate o caixo a canta galo
Pra recorrer o Rio Grande montado nesse cavalo
Eu sou do campo, nascido lá na fronteira
Sou Doutor Honóris Causa da lida buena campeira
os mateadores - num tranco de vaneira
Sempre que a noite se deita, nas planuras do meu pago
Uma ânsia estradeira brota da espuma do amargo
Troco a cuia pelas garras, no pingo faço um afago
E saio a dançar as bailantas, pra gastar
com essas percantas
Essas patacas que trago
Não sou filho de perdiz, perdido pelas toceira
Me basta pra ser feliz uma china dançadeira
Cheirando a manjericão, com feitiço nas cadeiras
Pode ser de contrabando dessas que vivem bailando
Pelos galpões da fronteira
Quero um tranco de vaneira
Quero um tranco de vaneira
pra beliscar essa china no meio da polvadeira
Quero um tranco de vaneira, quero um tranco de vaneira
Num baile de chão batido de pura cepa campeira
Quero um tranco de vaneira que da sala não me mixo
Pois ando mais retovado do que gato de bolicho
Se a chinoca der entrada na contradança me espicho
Nas asas da madrugada sinto minha alma embalada
Nos braços deste cambicho
Dê-lhe fole seu gaiteiro porque eu tô de bota nova
E é feita de couro cru, tenho que dar uma sova
Se essa china não se achica levo na base da trova
Sou pior que tala de mango, só vou deixar de fandango
Se tiver com o pé na cova
os mateadores - meu chão de bombacha
Meu Rio Grande de bota e bombacha
Tilintar de espora e chapéu bem tapeado
Relinchos de potro da lida campeira
Do grito do peão e do berro do gado
Traz na seiva do verde do mate
A estampa nativa de cor magistral
É um jujo buenacho brotando da erva
Curando as feridas desse chão bagual
Som de gaita, violão e pandeiro.
Pra todos baileros deste rincão
Ecoa bem forte nesta botoneira
Carcando vaneira neste balação
Se ouve vozes pelo continente
Cantigas terrunhas de união e fé
É o Gaúcho guerreiro num clamor pampeano!
os mateadores - ao nosso amor
Quisera eu fazer poemas que encantassem
Estes teus olhos que são cheios de ternura
E refletir com mesmo afeto teus abraços
Quando me enlaças desprovidas de tuas juras
Guardar silêncio em teu peito ofegante
Sentindo o cheiro que só tu consegues ter
Ganhando afagos, acalentando minh'alma
Das rebeldias que esse amor nos foi trazer
São em teus braços que encontro o que procuro
E que não tenho porque o tempo quis assim
Mas são tuas mãos que escondem os maiores mistérios
Não revelados, mas decifrados por mim
Tenho a certeza que te amo mais que tudo
Se às vezes calo é porque os olhos dizem mais
Se alguma lágrima que solta e vai embora
E junto dela o que não teremos jamais
Por um instante esqueço até da vida
Me entregando a um sentimento que é tão forte
E descobrindo que esses pequenos momentos
Se eternizaram para sempre além da morte
os mateadores - baile das negra touro
"Foi ali no Itaqui, que eu afinei a minha guela
lá pras banda da capela mandavam espichar couro,
e eu ia compiar namoro pelas madrugadas frias e
me amoitar com as gurias, no baile das negra touro"
Quem conhece não esquece daqueles baile de estouro
Que dava fim de semana no rancho das negra touro
A negra grande é mais forte arisca que nem guatiara
Cuidava a porta do rancho com um pedaço de taquara
O gaiteiro mirocai já tocava com preguiça
E a negrada se atocava que nem corvo na carniça
E lá pela madrugada um louco gritava rindo:
- Vamu se acordar negrada porque a policia vem vindo
No xaráxaxá xaxá
No xaráxaxá xaxá
No xaráxaxá rebolhando a nega vai
No xaráxaxá xaxá
No xaráxaxá xaxá
No xaráxaxá vem cá negrinha do pai
E que chega a se de fora naquele preto de bruto
Iam pensar que as morenas tavam bailando de luto
Tinha umas negrinha nova e outras pretas temporonas
Cada mais pedra e retinta do que cabo de cambona
Lavavam roupa pra fora benziam a alma do povo
Num dia faziam baile no outro faziam denovo
O Rio Grande negra touro se acaba no teu portão
Pra tomar um passe com canha e se amoitar no vanerão
No xaráxaxá xaxá
No xaráxaxá xaxá
No xaráxaxá rebolhando a nega vai
No xaráxaxá xaxá
No xaráxaxá xaxá
No xaráxaxá vem cá negrinha do pai
os mateadores - baile de ramada
Quatro esteios para as "toscas" mata olhos
De chão batido que nem eira pra feijão
São imagens criativas dos campairos
Que deram origem ao nosso carramanchão
O Marcolino pucha o zaino frente aberta
Atira as garras e se bandeia pro outro lado
De rancho em rancho convidando a gauchada
Para o fandando com gaiteiro afamado
Pena que o tempo galopeia sem parar
E lá adiante pode ser o fim da estrada
Talvez não tenha um baile desses campeiros
De chão batido de baixo de uma ramada
A lua cheia vem chegando sem convite
E as estrelas se apresentam temporonas
O João quati da uma "sova" na pandeiro
E a rapaziada vai se enchando as queredonas
Uma vanera penetra fundo na alma
E a gauchada se enleia de paixão
O mestre sala anuncia o fim do baile
Se vai a noite com ela uma ilusão
Pena que o tempo galopeia sem parar
E lá adiante pode ser o fim da estrada
Talvez não tenha um baile desses campeiros
De chão batido de baixo de uma ramada
Pena que o tempo galopeia sem parar
E lá adiante pode ser o fim da estrada
Talvez não tenha um baile desses campeiros
De chão batido de baixo de uma ramada
os mateadores - chinoca menina flor
Das pedras da beira da sanga
Da cor da pitanga eu vi uma flôr
Tão linda mas nem sabe ainda
Que é flôr de menina promessa de amor
Morena da cor da sucena
Tem pena do guasca que vem te espiar
Do guasca que a noite levanta
Te chama e te canta na ânsia de amar
Morena tu és tão airosa
Tão linda e cheirosa que a flôr do jardim
Morena da querência minha
Tu és a rainha que eu quero pra mim
Morena da cor da sucena
Tem pena do guasca que vem te espiar
Do guasca que masca o desejo
Na febre de um beijo, mil beijos te dar
Morena tu és tão airosa
Tão linda e cheirosa que a flôr do jardim
Morena da querência minha
Tu és a rainha que eu quero pra mim
Morena da cor da sucena
Tem pena do guasca que vem te espiar
Do guasca que masca o desejo
Na febre de um beijo, mil beijos te dar
Do guasca que a noite levanta
Te chama e te canta na ânsia de amar.
os mateadores - doutrina de gaúcho
Brotei de um tempo onde a pátria axucrada
Trouxe entonada na pua o timbre de galo
E à picumã eu retovei este galpão
Do coração pra ser portal de algum regalo
Minha raiz traduz na sua própria estampa
Toda esta pampa que o gaúcho idolatra
Com meus pesuelos trago a saudade gaviona
Que repechona vem tropeando a culatra
Dentro do peito corcoveia uma doutrina
Estirpe e sina palanqueando a tradição
Sou como o rio, que vai legando mil caminhos
Tirando espinhos em cada aperto de mão
De onde vim eu trouxe herança galponeira
Velha bandeira de um atavismo curtido
Mesclando campo com o sabor desta querência
Reminiscência do meu pago mais querido
Os horizontes que eu empurrei à cavalo
Mastigam pealos deste amor que retempera
Não tem um quera que more aqui no Rio Grande
Que o seu sangue não valha a sua terra
os mateadores - no tranco do zaino
No clarão vermelho, lá por trás do cerro o sol se anuncia
E a aurora serena, linda de açucena, as barras do dia
É sol de domingo, tô com o pé no estribo, pra ver minha paixão
Bateu a saudade, daquela metade do meu coração
(Meu zaino sai estrada afora
No rumo pra onde o sol se vai
É lá que mora minha linda
A moreninha que amo demais)
Tô indo pra ela que é flor mais bela deste meu rincão
Meu peito suspira e o zaino se atira se erguendo do chão
os mateadores - perdido num baile de fronteira
Lembrando daquele baile que fui um dia lá na fronteira
Peguei a minha cordeona que tantas vezes me foi parceira
No retoço de um surungo meti um matungo numa ratoeira
Entrei pulando a janela e disse pras belas "adescurpe" a poeira
Cheguei arrastando a asa dei "Oh! De casa" pros bagaceiras
Achei uma preparada dessas guardadas na prateleira
A la pucha meu compadre porque a cachaça era brasileira
Eu empinei o gargalo e cantei
(E a peonada num vai vai vai e as prendinha num vem vem vem
Bis
Era um baita sapateio e eu perdido pelo meio não me achava com
ninguém)
Int.
O sol nem tinha baixado e estavam grudado numa rancheira
Puxada na quatro soco na mão do loco do joão cruzeira
Ponteando um violão bacudo naquele estudo lá da fronteira
Andava um xirú crinudo apostando tudo numa dedeira
O batedor de pandeiro tocava em riba de uma cadeira
Olhava o baile por cima fazendo clima com a bolicheira
Quando o mingau ficou quente saltava gente da frigideira
E o baixinho valente quebrou dois dentes na brincadeira
( )Int.
Entrei numa jogatina porque uma china me deu bandeira
E me tiraram pra bobo fizeram um rombo na minha algibeira
Num ato de desespero abri um berreiro com os calaveras
Não é querer me exibir mas amanheci ombreando madeira
Depois de quebrar a louça o quarto das moças era uma trincheira
Pra uma senhora minha amiga eu disse que a briga era passageira
No meio do galinheiro eu ouvi parceiro a saideira
Por sorte salvei meu terno daquele inferno lá da fronteira
( )Int.
Cds os mateadores á Venda