MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
os bertussi - baile na serra
Pego na gaita e canto essa melodia
Me lembrando de um baile que eu fui a poucos dias
Foi lá na serra em casa do Mané Romão
E eu tinha um companheiro que era o meu irmão
E o gaiteiro um gaúcho resolvido
Na gaita fez um tinido e já começou a tocar
Tocou um xote pra dançar afigurado
E dos seus versinho rimado já começou a cantar
E uma morena do corpo enfeitiçado
Deu uma olhada pro meu lado e já com ela eu fui dançar
E o meu irmão com uma moça de encarnado
Saiu dançando apertado, coisa de se invejar
Com a morena sai falando baixinho
Devagar e bonitinho e o namoro se arrumou
Mas meu irmão saiu muito apertado
Com a moça de encarnado e o pai dela não gostou
E a meia-noite deu uma briga lá num canto
Quebraram uns três, quatro bancos por causa do meu irmão
De madrugada se acharam novamente
Fedeu a pau e porrete, e a revolver e a facão
Eu sou um qüera que gosto de reboliço
Já me meti no enguiço só pra vê o que ia dar
Me apertaram, me cercaram em cinco ou seis
Dei uns tombo nuns dois, três e não puderam me cortar
O meu irmão índio mal de pensamento
Arranco das ferramenta e muita gente ele cortou
E assim foi até clariar o dia
Pois ninguém mais se entendia até que o baile se acabou
os bertussi - o tropeiro
Pelo grito se conhece, vem lá longe o tropeiro
Já se ouve a boiada e as batidas do cincerro
A tropa vem se espalhando, vem seguindo o madrinheiro
E lá no coice da tropa, sempre alegre altaneiro
Junto com a peonada, vem gritando o tropeiro
E na costa de um capão, ou na beira de uma aguada
O tropeiro encosta a tropa, para fazer a sesteada
Tirando de uma bruaca, a chaleira enfumaçada
Um saco de revirado, carne gorda bem charqueada
No entrar a boca da noite contando suas gauchadas
Em cima de seus pelegos, vai deitando a peonada
No romper da madrugada, cantando sua toada
Se ouve o grito do ronda, botando a tropa na estrada
E o tropeiro vai embora, seguindo sua jornada
Só o rastro da tropa fica, pela estrada empoeirada
os bertussi - vida de gaúcho
De madrugada, no romper do dia
Em que o sol nasce iluminando o pampa
A vaca berra chamando o terneiro
E na restinga a passarada canta
Lá coxillha a perdiz pia forte
E na canhada o gado vai pastando
É que admiro a lei da natureza
Fasso os meus versos mesmo trabalhando
E o pingo zaino é igual ao pensamento
Que eu comprei em Lagoa Vermelha
E o cachorro companheiro e tanto
Que cuida o gado também das ovlhas
No meu pescoço o lenço colorado
Que eu ganhei de um compadre meu
No coração um patriotismo bárbaro
Maior presente que Deus me deu
E o touro berra dono do rodeio
O galo canta dono do terreiro
E a porcada solta no pinhão
E na guaiáca um masso de dinheiro
Na minha fazenda eu tenho de tudo
Roças de milho, feijão e trigo
E de noitinha eu pego na minha gaita
E canto versos para os meus amigos
"Vida de gaúcho é boa mas tem que trabalhar muito,
lutando no pampa imenso cuidando da obrigação,
no pensamento no progresso e a Pátria no coração"
Minha xinóca que é linda demais
Me ajuda muito e muito me destrai
E a gurizada por alí brincando
E o companheiro que é meu velho pai
Levanta cedo e trabalha muito
Um gaúcho guápo que mora pra fora
Colhendo roça e campereando
Com fé em Deus e Nossa Senhora
E nos domingos eu vou nos rodeios
Violão e gaita em baixo do braço
Barraca armada e muita festança
Pingo encilhado pra ganhar no laço
Companheirada por alí farreando
Tomando trago e um bom chimarrão
No outro dia volto pro meu rancho
Assim eu honrro a nossa tradição
os bertussi - amor del alma
Porque te cansas da vida
Porque não entendes me amor
Porque pensar em traição
Se somos um coração
Amor que brota da alma
Com este que em mim brotou
Terá que ter um carinho
Que só Deus abençoou
Tu sabes que mim'alma
Viveu entre teus braços
A história de amor
Que eu tanto sonhei
Tu sabes que a muito me faz em pedaços
E em pensares que nunca te amei
Se às vezes muito choraste
Esqueças a tua dor
Atrás deixe o passado
Que a frente tens meu amor
Porque amor que brota da alma
Como este que em mim brotou
Terá que ter um carinho
Que só Deus abençoou
Tu sabes que mim'alma
Viveu entre teus braços
A história de amor
Que eu tanto sonhei
Tu sabes que a muito me faz em pedaços
E em pensares que nunca te amei
os bertussi - loira casada
Domingo levantei cedo
Fui festa em São Sebastião
Me encontrei com uma loirinha
Que doeu no coração
Fiquei todo entusiasmado
Desde a hora em que eu lhe vi
Linda loira flor da serra
Lá da beira do Rio Caí
Quando eu vi esta donzela
Toda de vestido branco
Cabelo loiro ondulado
Bela flor cheia de encanto
Eu falei pro meu irmão
Isto foi na mesma hora
Se ela não topar comigo
Eu pego a gaita e jogo fora
Quando eu olhava pra ela
Ela me olhava e sorria
Até que eu fiz um sinal
De que ela correspondia
Quando eu vi que dava jeito
Fui com ela conversar
Que loirinha tão bonita
Que gaúcha de abafar
Eu cheguei, disse pra ela:
Não me faço de rogado
Eu gostei do teu jeitinho
Porque estou apaixonado
Ela foi me respondeu:
Sei o quanto estou errada
É que sou comprometida
É que eu já sou casada
E ela ainda me falou
Moço não pense mal de mim
Eu fiquei apaixonada
Desde a hora em que eu lhe vi
Moço você vá-se embora
Nunca mais fale comigo
Mas se eu não fosse casada
Eu ia embora contigo
E eu fui disse pra ela:
Não te esqueça o que eu te digo
Se tu não fosses casada
Eu te levava comigo
Mas agora eu vou-me embora
De ti nunca esquecerei
Vou-me embora desta terra
Volto aqui
Quando não sei
os bertussi - cavalo preto
Fui passear lá na cidade
No meu preto marchador
Dei uma volta na praça
Uma moça me chamou
Me venda o cavalo preto
Oito mil Cruzeiros dou
Sei que é de um gaúcho
E gauchinha eu também sou
Não vendo o cavalo preto
Não tenho ele pra negócio
Não alugo e não empresto
Com ele eu não tenho sócio
Não há prata e não há ouro
Que consiga o tal divórcio
Se eu vender o cavalo preto
Depois eu sinto remorso
Gauchinho,gauchinho
Aperte bem minha mão
Me venda o cavalo preto
Que eu te dou meu coração
Peguei na mão da gaúcha
Nunca vi mais delicada
Puxei ela pro meu lado
Se chegou toda aflorada
Porém nos seus olhos pretos
Naquelas faces rosadas
Pode levar meu cavalo
Ele não lhe custa nada
Dei meu preto de presente
Arranjo outro se puder
Entreguei pra gauchinha
Ela faça o que quiser
Agora que eu vi bem
Meu fraco todo é mulher
Meu cavalo dei de presente
E voltei pra casa de a pé
Gauchinho,gauchinho
Faça um rancho pra nós dois
O teu cavalo vai hoje
Teu coração vai depois
os bertussi - cantando ao paraná
Oh, meu Paraná querido vai este verso cantado
Do fole desta cordeona sai um abraço apertado
Por este pago sempre tenho viajando
Por isto estou cantando a este grande estado.
Oh, meu Paraná querido orgulho sul brasileiro
Ã? um estado vibrante povo alegre e hospitaleiro
Oh, Paraná querido e canto com devoção
Por onde quer que eu ande te levo no coração.
Nas jornadas desta vida cantando pelos rincões
Levando sempre alegria para muito corações
Cantar este estado forte é um orgulho sem fim
Nas cidades tem progresso, teus campos são um jardim.
os bertussi - ades moçada
Adeus moçada que eu já vou embora
De eu partir esta chegando a hora
A festa esta terminando
Ã? hora de ir me retirando
Adeus morena que eu já vou embora
Comigo, pois não vai ninguém
Te levo no pensamento
E no coração vou te guardar bem.
Vou embora lá pra serra
E num ranchinho eu vou morar
Levo junto minha sanfona
Para tristeza nós espantar.
Linda morena o que eu te peço
E que sempre me queira bem
E esse peito que está cantando
Há de te querer também.
os bertussi - casereando
A noite turva era um breu
A lua estava em férias no infinito
Somente sobre os tentos de um catre vazio
Dava corda no relógio um grilito
Uma coruja chia espantando os cavalos
A cachorrada uiva quebrando o silêncio
Uma pulga chega pedindo pousada
Acampada nos pelêgos do Terêncio
(Sou caseiro, casereando, casereiro
Nos ranchos, nas fazendas e onde ande
Sou feliz por ter nascido aqui no sul
E fazer parte deste querido Rio Grande)
Me reviro, perco sono e vou pensando
Em tesouros, causos de assombração
Um galo canta, se dormiu, não sei se ouviu
O pingo baio relinchando no galpão
Vou tirar leite a vaca estranha e senta as patas
Galinha e porco, reclamando seu quinhão
Pego o sogueiro e dou um jeito na recolhida
Nem tive tempo de tomar meu chimarrão
Conto nos dedos quantos dias ainda faltam
Pra sair do compromisso e da rotina
Comer comida feita por mão de mulher
E ir pro povo me encontrar com alguma china
Tomar um trago, parceiro do índio vago
Dar uma bailada nas bailantas da costeira
Contar ao patrão que aqui tá tudo bem
Se for preciso eu casereio a vida inteira
os bertussi - a gaita do falecido
Quando eu partir não quero grito e nem choro
Por que eu não quero que a tristeza vá comigo
Peguem minha gaita que pra mim vale um tesouro
E vão tocando até meu derradeiro abrigo
Naturalmente que ao chegar no cemitério
O porteiro não vai deixar entrar tocando
Até ali já fizeram como eu quero
Larguem da gaita e podem continuar rezando
A minha gaita vou deixar como lembrança
Pra algum dos filhos que tiver a vocação
O que eu não quero ela em mão de criança
Andar rolando pelos banco ou pelo chão
Ah minha esposa quero deixar um pedido
Enquanto ela de mim se recordar
Se por ventura arranjar outro marido
Na minha gaita não é pra deixar tocar
Não é ciúme não é nada não é intriga
Pouco me importa depois que eu tenha morrido
Tudo o que eu quero é que o malvado nunca diga
Fiquei com a gaita e a muié do falecido.
os bertussi - oh de casa
Venho vindo de longe e multo tenho que andar
Por isso peço, patrão, um lugar para pousar
Chegue seu moço o apeie, puxe o pingo pro galpão
Neste rancho de gaúcho tem pousada e chimarrão
Oh de casa, oh de casa
Quanta alegria se sente quando alguém nos recebe
Oh de casa, oh de casa
E no dia seguinte a jornada prossegue
Mas quando se dá um oh de casa, na estância do bem-querer
E só o eco responde, fazendo a gente sofrer
Sem rumo quase cansado, se sai sem ter direção
É o oh de casa mais triste na estrada da ilusão
Oh de casa, oh de casa
Só o eco responde, fazendo a gente penar
Oh de casa, oh de casa
E na estrada da vida a gente tem que pousar
Na estância lá de São Pedro, de joelho e chapéu na mão
Vou dar o último oh de casa, com respeito e devoção
Peço ao patrão do céu que de mim tenha piedade
Me arranje qualquer cantinho no rancho da eternidade
Oh de casa, oh de casa
Peço, patrão do céu, um cantinho pra mim
Oh de casa, oh de casa
Essa tropeada da vida, um dia chega a seu fim
os bertussi - são francisco de cima da serra
Na minha terra tudo é alegria
Tenho orgulho em lá morar;
Ã? São Francisco de cima da serra
Onde o touro berra desde o sol raiar.
Passo a semana sempre gauderiando
No campo imenso do meu torrão
Cavalo bom e cachorro ensinado
Que tira o gado lá do restingão.
Numa tropeada se uma res refuga
E dando um jeito pra me escapar
Desato o laço e meto o meu picaço
E dou uma armada para segurar.
E nos domingos lá no povoado
Tomo uns margo com a gauchada
Pego uma gaita e invento uns versos
Tudo certo e não e f alta nada.
Em São Francisco todos são amigos
Povo que honra sua tradição
Eu me despeço e minha gaita eu fecho
E levo todos no meu coração.
os bertussi - surungo campeiro
Venho de longe tapado de solidão
A cavalo no meu pingo, cortando léguas de chão;
To meio louco e cheio de ansiedade
Trabalhei barbaridade dando duro no rincão.
Botei arreio no meu cavalo gateado
Saí troteando apressado só pra cumprir o meu vício
Quero um surungo bem no estilo campeiro
Com violão, gaita e pandeiro para encontrar um cambicho.
Capricha gaiteiro, hoje eu estou faceiro
To no entrevero não posso passar...
Capricha gaiteiro na manha do fole
Não te faz de mole que eu quero dançar.
os bertussi - meus velhos tempos
Ai, meus velhos tempos quando eu pagava na minha gaita
E cantava cada xote de doer no coração
Na minha terra lá em cima da serra
E nos fandango que eu chegava animava a confusão.
Quando eu montava no meu pingo ventania
Cavalo de estrevaria, cavalo de estimação
Quando eu chagva naquelas festa d campo
Guria não me faltava pra alegrar meu coração.
Quando eu pegava na minha gaita e tocava
O meu peito já cantava na maior satisfação
Era só moça e mulher que me olhavam
Até os velhos gostavam de ouvir minhas canção.
Quando eu dançava com as moreninhas trigueiras
Escolhia as mais faceiras, isto só pra judiação
Dizia versos no ouvido das caboclas
E deixava quase, quase louca de paixão.
Mas hoje em dia já não tenho alegria
De saudade da minha terra, de saudade de meu torão
Mas se eu voltar quero cantar novamente
Visitar aquela bela gente que mora no meu rincão.
os bertussi - são francisco é terra boa
Com licença meus amigos vou falar da minha terra
Vou contar de São Francisco dos campos de cima da serra
Eu sou filho daqueles pagos terra boa e sem luxo
É o coração serrano no Rio Grande o mais gaúcho
São Francisco é terra boa gente forte e hospitaleira
Todo serrano é pachola e a serrana é faceira
Muito gado na coxilha no bolso muito dinheiro
Prá cantar de improviso serrano não tem parceiro
São Francisco é um município entre os maiores do estado
A sua maior riqueza é a criação do gado
Fazendas de campo aberto coxilhas a campo fora
Onde canta o quero-quero e onde o minuano chora
Eu saí de São Francisco, o interior fui visitar
Por Tainhas e Contendas, Aratinga e Cambará
Almocei na Jaquirana, resolvi continuar
Só em Cazuza Ferreira é que eu fui pernoitar
Vila Seca e Criúva, Apanhador e Juá
Passei no Passo do Inferno e o Salto fui visitar
Nunca vi tanta beleza, no mundo igual não há
O que eu quero nestes versos é minha terra cantar
Quando chega fim de setembro, na saída do verão
O serrano então demonstra de gaúcho a tradição
Montando no seu cavalo ou nas lidas de galpão
Da ilhapa até a presilha o serrano é campeão
Quando estou longe dos pagos a saudade é de matar
Eu me sinto acabrunhado com vontade de voltar
O serrano é um homem triste vivendo em outra terra
O serrano só morre feliz, morrendo em cima da serra
Cds os bertussi á Venda