MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
mestre ambrósio - coqueiros
O vento balança
Os coqueiros
Que moram (dançam)
Na beira do mar !
Traz de volta
Meu amor,
Coqueiro,
Ele foi viajar !
Bem pra lá
Defronte,
No horizonte
Onde o mar se perdeu !
Onde a curva da curva
Do mundo
Fez a curva
E o dia nasceu !
E já, já volta !
Vem chegando
Pro dia nascer !
E já, já volta !
Onde danço
Com o vento
E você !
mestre ambrósio - o espírito da mata
Quando em tronco encontrares teu corpo feito,
já teus pés em raízes vão estar
procurando na terra,
da água, o leito,
e não mais braços, sim galhos
pra se abraçar !
Em árvore transmutado,
poderás entender
o que a força do mato
já começa à dizer !
Muito além do humano
conceito ?respeito?,
mais do que teus países hão de dar,
há um todo completo,
um feito perfeito, fazes parte,
impossível separar !
Planta, enfim, com cuidado
tudo o que hás de colher,
todo ato é um parto,
vida é ser o aprender !
Não és dono do mundo,
não és deus, nem o topo da tua evolução !
Não és dono do mundo,
não és deus, nem o topo da tua evolução !
Quando o tronco em teu corpo
mostrar teu peito,
lá, bem mais do que dizes, vão estar,
costurando a matéria
da alma que és feito,
grãos e laços
no abraço pra te plantar
o infinito do espaço
onde irás compreender que essa força, de fato,
te arremessa á viver !
mestre ambrósio - a roseira
O mundo estava em guerra
Ninguém mais se entendia
Canhões de artilharia
Davam tiros sobre a terra
Foi aí que lá na serra
Tudo se modificou
Quando alguém anunciou
Disparado na carreira
Nasceu um pé de roseira
Onde a moça mijou!
Onde antes só havia
Desolação e tristeza
Pouco a pouco a natureza
Alegremente sorria
A vegetação crescia
E um riacho se formou
A água tanto aumentou
Que fez uma cachoeira
Nasceu um pé de roseira
Onde a moça mijou!
Acabou-se a tristeza
Ninguém mais ali chorava
Por ali só se falava
Na rosa e sua beleza
Como é linda a natureza
Depois que a rosa brotou
Foi ela quem nos deixou
Essa linda cachoeira
Nasceu um pé de roseira
Onde a moça mijou!
Foi tão grande a emoção
Era tanta alegria
Que todo mundo corria
No meio da multidão
Demontrando gratidão
Todo mundo se abraçou
E alegremente cantou
Repetindo a noite inteira
Nasceu um pé de roseira
Onde a moça mijou!
Foi aí que a velhinha
Que não dava mais no couro
Achou que era um desaforo
O mistério da mocinha
Pegou sua bengalinha
E para a serra rumou
Quando ela se acocorou
Foi aquela cachoeira
Matou o pé de roseira
Onde a moça mijou...
mestre ambrósio - caninana
Eu tava em casa
deitado na minha cama
lá chegou uns camaradas
pra cantar coco em Goiana
A caninana
correu no campo assanhada
não sou eu o causador
de você roer, chorona
Onde risca a caninana
toda certeza se engana
do amor cai a cabana
e a raiva monta uma igreja
Onde o ciúme sobeja
toda amizade se acaba
porque a mão que afaga
é a mesma que apedreja
Da caninana a mordida
ninguém nem vê a ferida
e pra salvar-se esta vida
precisa um sopro contrário
O ciúme é ordinário
só faz o que lhe convém
pois quando o diabo não vem
sempre manda um secretário
Caninana bate um prego
injeta um veneno cego
e eu por saber me nego
a rezar na sua prece
Eu sei que ninguém merece
padecer desta doença
mas se a cabeça não pensa
é o corpo quem padece
mestre ambrósio - carneirinho
Meu carneirinho
do pelinho enrolado
meu São João
dono do meu carneirinho
mestre ambrósio - esperança
Lá den?da mata se ouvia
Gritar e bater chocalho
Caboclo velho fazia
Sua festa e seu trabalho
Arreiamá
Guerreia, Aruba!
Na madrugada se ouvia
O som da mata se abrindo
Caboclo velho fazia
Brincadeira de menino
Arreiamá
Guerreia, Aruba!
Caboclo cortou caminho
Por den?da mata fechada
Saiu na boca da noite
Bater pau na madrugada
Arreiamá
Guerreia, Aruba!
Bater pau na madrugada
Necessita proteção
Minha flecha e meu trovão
Minha vara e meu trovão
Arreiamá
Guerreia, Aruba!
mestre ambrósio - fuá na casa de cabral
Naquele Brasil antigo
Perdido no desengano
Seu Cabral chegou nadando
E não preocupou com nada
Deu ordem à rapazeada
Mandou barrer o terreiro:
"Me chame o pai do chiqueiro
que hoje eu quero forró,
Toré, samba, catimbó
Que eu já virei brasileiro"
Foi gente de todo tipo
Na festa de seu Cabral
Português de Portugal
Raceado no Oriente
Negão bebeu aguardente
Caboclo foi na Jurema
Seu Cabral pediu um tema
Danou-se a cantar poesia
Até amanhecer o dia
Numa viola pequena
No fim da festa e da farra
Cabral não sentiu preguiça
Mandou logo rezar missa
Pra ficar aliviado
Chamando o padre, apressado
Mandou começar ligeiro
Botando ordem no terreiro
Com seu maracá na mão
Jurando pelo alcorão
Que era crente verdadeiro
Mas na hora da verdade
Quando passou a cachaça
Seu Cabral sentou na praça
Caiu na reflexão
Disse: "Esta situação
sei que nunca mais resolvo!"
Então falou para o povo:
"Juro que me arrependi
o Brasil que eu descobri
queria cobrir de novo!"
mestre ambrósio - gavião
O gavião
Acordou de manhã cedo
Quem rasteja o chão tem medo
de ver gavião voar
Sentindo o frio
Que o vento da manhã traz
Vira o pescoço pra trás
Solta um grito de assustar
Bebeu da água
Da corrente do baixio
Quantos peixes tem no rio
Nunca pensou perguntar
Mora na mata
Porém ninguém sabe onde
Que o gavião não se esconde
Tem jeito pra se encantar
Montou no vento
Pra ouvir o que o vento ensina
Toda ave de rapina
Entende o vento falar
Chegou voando
Desceu por cima da serra
A sua visão não erra
Não tem quem possa escapar
Pousou no pau
Por lá ficou de vigia
Recebendo a brisa fria
Esperando alguém passar
Estica a asa
Balança se espreguiçando
Fica tranqüilo esperando
O momento de atacar
De lá de cima
Tudo no mundo conhece
E até seu grito parece
Com o mergulho de caçar
Desceu ligeiro
Pegou bicho pela unha
Nunca sobrou testemunha
Que se possa confiar
Não tem vivente
Como o gavião do vale
Nem lei no mundo que cale
Sua voz de governar
mestre ambrósio - josé
Não fique de boca aberta, Zé
Em cidade que for chegando
Zé...
Tem que tomar cuidado, Zé!
Tem casa amarela
Tem casa vermelha
Tem casa com fome
Tem casa na ceia
Tem casa com florzinha na janela
Tem cabra que eu não sei
Que malvadeza é aquela
Na rua do marmeleiro
Na frente da casa do coveiro
Tão te esperando, Zé
Zé...
Tem que tomar cuidado, Zé!
Tem arma de bala,
cacete e bengala,
Tem faca e serrote,
Punhal, cravinote,
Soldado sem farda,
Resóve, espingada
No meio da cidade
Vão te deixar nu
E nesse lundu
Sem querer razão
Até com a mão
Vão querer dar em tu
Zé...
Tem que tomar cuidado, Zé!
Entrou pela frente
Saiu por detrás
Puxou por um lado
Mexeu e lá-vái
José não tem medo
Nem do satanás
Não fique de boca aberta Zé
Em cidade que for chegando
Terra alheira, pisa no chão devagar *....
* Ponto tradicional da Umbanda
mestre ambrósio - maria clara
Maria Clara
Do céu que cai
De tão perto vem
Maria Clara
Da luz que brilha
Dorme neném
mestre ambrósio - no bojo da macaÍba
Eu ouvi o eco
No bojo da Macaíba
Ah, não ouve quem não quer...
Tem urubu na Embaúba
Foi Gonçalo- Alves
Um guerreiro forte
Tombou para o norte
Gemendo nos ares
Mergulhou nos mares
Da mata acuada
Teve por espada
Dureza do lenho:
Instinto ferrenho
Seiva derramada
Vi bem infincado
Pau-Ferro, Upeúna
Vi Sibipiruna
Jucá, Pau- Pintado
O chão sombreado
Que o céu não se via
Da noite pro dia
Tem festa animada
Madeira calada
Machado assovia
Madeira encorpada
Os galhos dançavam
Flores decoravam
A mata encantada
Onde a bicharada
Já fez carnaval
Velho vegetal
Na fogueira assa
Só brota fumaça
Na ponta do pau
Cedro, Jatobá
Braúna, Jacu
Ipê, Cumaru
E o Mata- matá
O Jacarandá
Que jamais empena
Acompanho a cena
Da porta da casa
De madeira a brasa
Distância pequena
Frei Jorge foi santo
De vida modesta
Pregou na floresta
De flores o manto
Sentiu com espanto
Cortarem seu pé
Apesar da fé
Que a alma renova
O machado prova
Mais forte quem é
Seja Acajaíba
Leiteiro ou Peroba
Pau- quina, Andiroba
Quirí, Macaíba
Oiti, Pindaíba
Umbu, Casca D? Anta
Já não adianta
Se para o chão vai
Gigante que cai
Não mais se levanta
mestre ambrósio - os cabôco
Duarte, que do além-mar veio,
Catarinetando sua nau,
Do mais alto morro gritou:
?Oh, linda paisagem para um carnaval!?
No sobe e desce das ladeiras,
Em trajes de brilhos astrais,
Crianças num terreiro onde brincam bem mais!
Seus olhos sambando nas cores
Das fitas que fitas no espaço
Os corpos são os movimentos
Das lanças do vento no grande mormaço!
E o mundo explode na rua
Se espalha e se junta no ar
Olinda pro sol e pra lua
A língua que fala na boca do mar
mestre ambrósio - pé de calçada
Mas eu fui num forró no pé duma serra
Nunca nessa terra vi uma coisa igual
Mas eu fui num forró no pé duma serra
Cume quente, baiano sensacional
Rabeca véia do pinho de arvoredo
Espalhava baiano no salão
O pandeiro tremia e maquinada
Eu via a poeira subir do chão
Hoje eu faço forró em pé-de-calçada
No meio da zuada, pela contramão
Eu fui lá na mata e voltei pra cidade
De caboclo eu sei minha situação
Rabeca veia não me abandona
Zabumba treme-terra, come o chão
Na hora em que o tempo desaparece
Transforma em pé-de-serra o calçadão
mestre ambrósio - pedra de fogo
Naquela escura e fria madrugada
Não sei a pedra que me ouviu subir
Guardou em sua entranha amalgamada
Imagem, cheiro ou cor do que eu senti
Naquela fria e triste noite escura
Não sei se a pedra que me viu passar
Guardou em sua entranha antiga e dura
O que de mim nem eu senti deixar
Pedra de fogo
Cruzei diversas ruas noite adentro
Sem ver que pertencia ali também
Talvez nas redondezas do meu centro
Só enxergasse a mim e a mais ninguém
Na amanhecença súbita do dia
Pedaços de lembrança colorida
Quem quase não lembrava, renascia
Suspenso pela alma retorcida
Pedra de fogo
mestre ambrósio - pescador
Água, agora
Me chama a correr...
Água, é a hora
E eu torno a dizer:
?pro mar?!
Areia branca
Branco é o belo barcoC
céu azul a norte-sul
Temporal...
Um cinza e verde
Musical...
A chuva que cantou
Já faz tempo que eu sai de casa
Pra viver no mar
Cds mestre ambrósio á Venda