MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
luiz carlos borges - misionera
Eu pela noite negra dos teus cabelos
Tu acendendo estrelas pra me guiar
Eu procurando a chave dos teus segredos
Tu apagando o rastro do teu olhar
Pra que rincões a vida levou teus passos
Flor das missões que vive nos sonhos meus
Como entender que um dia estando em meus braços
Com luz de sol me sorriu
E com uma voz de rio disse adeus
E é este amor que me traz assim
Peregrino em busca do teu querer
E é minha dor que jamais tem fim
Que serena os lírios no amanhecer
Linda missioneira da voz de rio
Flor que na fronteira da solidão
Me adoçou a boca e depois partiu
E amargou pra sempre meu coração
Por onde andarás, por onde andarei
Que será do amor que eu jurei por ti
Que será de ti sem o que eu te dei
Que será de mim que já te perdi
Sangra a terra vermelha dessas estradas
Arde no sal do rosto o sol do verão
E eu qual um andarilho pelas estradas
Vou maldizendo os rumos dessa paixão
Louco de amar assim teu amor selvagem
Louco de amar a imagem que eu quero bem
Sem entender que passas pela paisagem
Igual a flor de aguapé que é linda
Mas que não é de ninguém!
luiz carlos borges - florêncio guerra
(Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo
Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo
Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo)
Florêncio guerra das guerras do tempo em que seu cavalo
Pisava estrelas nas serras pra chegar antes dos galos
Florêncio guerra das guerras do tempo em que seu cavalo
Pisava estrelas nas serras pra chegar antes dos galos
Florêncio afiou a faca pensando no seu cavalo
Florêncio afiou a faca pensando no seu cavalo
(Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo
Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo
Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo)
Parceiros pelas lonjuras na calma das campereadas
Um barco em tardes serenas um tigre numa porteira
Pechando boi pelas primaveras sem mango sem nazarenas
(Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo
Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo
Florêncio afiou a faca para sangrar seu cavalo)
O patrão disse a Florêncio que desse um fim no matungo
Quem já não serve pra nada não merece andar no mundo
A frase afundou no peito e o velho não disse nada
E foi afiar uma faca como quem pega uma estrada
Acharam Florêncio morto por cima do seu cavalo
Alguém que andava no campo viu o centauro sangrado
Caídos no mesmo barro voltando pra mesma terra
Que deve tanto ao cavalo e tanto a Florêncio guerra
Caídos no mesmo barro voltando pra mesma terra
Que deve tanto ao cavalo e tanto a Florêncio guerra
O patrão disse a Florêncio que desse um fim no matungo
Quem já não serve pra nada não merece andar no mundo
A frase afundou no peito e o velho não disse nada
E foi afiar uma faca como quem pega uma estrada
Acharam Florêncio morto por cima do seu cavalo
Alguém que andava no campo viu o centauro sangrado
Caídos no mesmo barro voltando pra mesma terra
Que deve tanto ao cavalo e tanto a Florêncio guerra
Caídos no mesmo barro voltando pra mesma terra
Que deve tanto ao cavalo e tanto a Florêncio guerra
luiz carlos borges - canção de amor
Olha esses campos são recantos que eu quero ter
Olha natureza e a certeza de um novo amanhecer
Olha nasce o dia relva fria pés no chão
Olha sol saindo como é lindo meu pampa em oração
Olha sol saindo como é lindo meu pampa em oração
Quero rancho pobre somos nobre tu e eu
Quero só um cantinho um pedacinho do rio grande meu
Quero no teu olhar poder buscar toda inspiração
Quero voz e violão isto só me basta pra te fazer canção
Quero voz e violão isto só me basta pra te fazer canção
Me sinto dono da terra quando piso em teu solo
Me sinto dono do mundo quando adormeço em teu colo
Te comparo china morena ao rio grande meu país
Pampa moça meu futuro canção de amor que eu fiz
Te comparo china morena ao rio grande meu país
Pampa moça guitarra e vento tudo o que eu sempre quis
luiz carlos borges - missioneira
Eu pela noite negra dos teus cabelos
Tu acendendo estrelas pra me guiar
Eu procurando a chave dos teus segredos
Tu apagando o rastro do teu olhar
Pra que rincões a vida levou teus passos
Flor das missões que vive nos sonhos meus
Como entender que um dia estando em meus braços
Com luz de sol me sorriu
E com uma voz de rio disse adeus
E é este amor que me traz assim
Peregrino em busca do teu querer
E é minha dor que jamais tem fim
Que serena os lírios no amanhecer
Linda missioneira da voz de rio
Flor que na fronteira da solidão
Me adoçou a boca e depois partiu
E amargou pra sempre meu coração
Por onde andarás, por onde andarei
Que será do amor que eu jurei por ti
Que será de ti sem o que eu te dei
Que será de mim que já te perdi
Sangra a terra vermelha dessas estradas
Arde no sal do rosto o sol do verão
E eu qual um andarilho pelas estradas
Vou maldizendo os rumos dessa paixão
Louco de amar assim teu amor selvagem
Louco de amar a imagem que eu quero bem
Sem entender que passas pela paisagem
Igual a flor de aguapé que é linda
Mas que não é de ninguém!
luiz carlos borges - a copla de assoviar solito
Meu pai um dia me fazia moço e me levando para camperear
Assoviava qualquer coisa doce como se fosse de luz de luar
Aquela copla que não era um hino e era simples e era só sua
Ia amansando nossa vida adulta ia amansando duas almas puras
(A copla terna que meu pai trazia
Não transcendia para alguém mais eu
Era a essência do lugar da arte
Ensimesmado no seu próprio ser
Não se achegava ao de redor do fogo
Nem vinha junto pro galpão da estância
Era parceira apenas campo afora
Só sem querer me acalentava a infância)
Hoje a lo largo na cidade grande quando vagueio a procurar por mim
Me dou de conta assoviando a esmo e me interrompo sem chegar ao fim
A minha copla de assoviar solito tropeando ruas numa relembrança
É aquela mesma que meu pai trazia que estranhamente me deixou de herança
luiz carlos borges - baile de corredor
É sábado ensolarado, prenúncio de noite linda
E eu indeciso ainda, pensando no que fazer
Não tem muito p?ra escolher, quem mora no interior
E quando o cheiro de flor se aninha no coração
A única salvação é um baile de corredor Bis
A sorte anda por aí, eu não nasci p?ra ter azar
Já ouço um toque de violão e um vanerão solto no ar
Quem pensa muito não se casa e eu sou brasa de acender
Me dá licença que eu vou nessa onde começa o bem querer
Chego sem pressa no rancho onde o baile ?tá enfezado
E fico meio assustado com tanta moça bonita
Se eu soubesse acredita, tinha chegado mais cedo
Para entregar meu enredo ?p?rum? simples cheiro de flor
E dar rédeas para o amor que há tempos guardo em segredo
Arrasto a espora no salão, em direção ao tocador
Que eu sou chegado e tenho fé, num chamamé sapateador
Grita o gaiteiro calma louco, espera um pouco e tu vai ver
Que o tempo corre mas vai dar p?ra começar meu bem querer
Buscando a loira de cacho, me agarro numa morena
E chega até me dar pena, do meu próprio coração
Porque será que a paixão, pelos bailes me acompanha
E quando me bate a manha de ver a flor de canela
Eu largo ao encontro dela nos bailes do meu rincão
E quando rompe o vai e vem, nem mesmo o trem pode atacar
E o baile é bom se a china tem, carinho e jeito p?ra dançar
Se o tempo é bom não reparei, não perguntei nem quero ver
Gaiteiro toca sem parar, que é p?ra firmar meu bem querer
luiz carlos borges - baile de fronteira
É num baile de fronteira que a gente pode aprender
Esse balanço safado de se dançar chamamé
Tem que ter manha no corpo, pra sapatear tem que ter
Tranco de sapo baleado e jeitão de jaguaretê
Tudo começou em corrientes, num baile, veja você
Também se orelhava um truco, que é um modo de se entreter
Um ás que sobrou na mesa bastou pra coisa ferver
A cachaça brasileira alguma culpa há de ter
Se foi tiro ou cimbronaço, pago pra ver
Deixa que venha no braço pra se entender
Se o facão marca o compasso, deixa correr
Enquanto sobrar um pedaço vamo metê
O gaiteiro era , não deixou o baile morrer
Parou um valseado de seco e sapecou um chamamé
Ficou só um casal dançando, gritando oiga-le-tê
Que por quatro ou cinco tiros, não vamos se aborrecer
Dançar na ponta da adaga não é tomar tererê
Tem que cordear pros dois lados, fazendo o poncho esconder
Daí surgiu esse tranco que foi até o amanhecer
Quanto mais corria bala, melhor ficava pra ver
Se foi tiro ou cimbronaço, pago pra ver
Deixa que venha no braço pra se entender
Se o facão marca o compasso, deixa correr
Enquanto sobrar um pedaço vamo metê
luiz carlos borges - caçapavana
Esse Meu Jeito De Fronteiriço,
Foi O Serviço Que Deu Prá Mim
Jeito De Taura Que Foi Tropeiro
Naqueles Cerros Lá Donde Eu Vim
A Minha Alma De Sombra Larga
Rincão De Tala E Flor De Alecrim
Herdei Das Tardes De Porcelana
Nas Ressolanas Do Mês De Abril Bis
quando A Tristeza Fez Silhueta
Dei Mais Gambetas Que Um Graxaim
Mas A Saudade Me Deu Um Pealo
E Parou O Cavalo Prá Ver Cair
E A Emoção De Campeiro Rude
Enquanto Pude Guardei Prá Mim
Botei Prá Fora Naquela Hora
Que Te Perdi
Morena Linda, Caçapavana,
Diz Que Me Ama
E Volta Prá Mim
Adoça O Mel Desta Lichiguana
Que Eu Largo A Fama De Camoatim
Morena Linda Caçapavana
Diz Que Me Ama E Volta Prá Mim
Eu Sou Mestiço
De Campo E Mato
De Carrapato E Guamirim
Trago Na Pele O Que A Japecanga
De Cada Sanga Escreveu Em Mim
Sou Um Dos Tantos Que Num Matungo
Virava Mundo Prá Ser Feliz
E que O Cabresto De Uma Morena
Levou Sem Penas por onde Quis Bis
quando A Tristeza Fez Silhueta
Dei Mais Gambetas Que Um Graxaim
Mas A Saudade Me Deu Um Pealo
E Parou O Cavalo Prá Ver Cair
E A Emoção De Campeiro Rude
Enquanto Pude Guardei Prá Mim
Botei Prá Fora Naquela Hora
Que Te Perdi
Morena Linda, Caçapavana,
Diz Que Me Ama
E Volta Prá Mim
luiz carlos borges - canção de sabão
Rosa, Rosinha, mocinha
À beira rio, sob o sol
Num quarador de flexilhas
Desfralda um alvo lençol
Fim de campo, fim de mundo
E um rancho de santa-fé
No cabelo de Rosinha
O azul da flor do aguapé
Alvo lençol, alva alma
E o coração de algodão
Rosa, Rosinha, mocinha
É noiva da solidão
Seus sonhos vão água abaixo
Como a espuma do sabão!
luiz carlos borges - cavalo crioulo
O pampa americano era de ninguém
Um continente à espera de seu senhor
Quando aportou a nau que vinha do além
Trazendo o europeu colonizador
Que pra tomar a terra como um tropel
Se armou da valentia de4 seu corcel
E este cavalo ibérico ao fim se alçou
E o pampa recriou
Então a seleção se fez natural
Sobreviveno apenas quem se moldou
Ao ambiente agreste que era bagual
E assim foi que o crioulo se aquerenciou
E se tornou nativo desse rincão
Como um diamante sem a lapidação
Pro tino do campeiro selecionar
Trabalho secular
Cavalo é crioulo porque é o padrão
?Del gaucho? e dos gaúchos mais atuais
Um sonho que se cria cada vez mais
No fundo da invernada do coração
No lombo de um gateado me sinto um rei
E o mundo todo gira na minha lei
Pois com o pé no estrivo, a rédea na mão
A alma sai do chão
Vieram então as marchas pra comprovar
Toda uma resistência que é sem igual
E a exposição do freio pra consagrar
Um biotipo lindo e mais funcional
E o mundo do campeiro testemunhou
Um pingo que montado se agigantou
E além de dar serviço passou a ser
De esporte e de lazer
Cavalo que anda pronto pra um desafio
Que na arrancada junta o zebu gavião
Que num giro de patas faz currupio
Que na esbarrada espalha a cola no chão
A história de amor que não tem mais fim
É a história do crioulo viva paixão
Um sonho pela rédea o cavalo enfim
Do peão e do patrão!
luiz carlos borges - chasque a galope
Eu tava me aprontando pro baile da noite
Mandaram me chamar (3x)
Encilha o gateado, toque a galope, a velha tá mal
Precisa remédio, não passa de hoje, um pé lá outro
cá,
Parará, parará, parará, parará...
Mas logo hoje na noite do baile
A Marica de certo nem sabe da velha
Não vai esperar
Tanto dia pra morrer e logo hoje...
Coitada da velha, patroa tão boa
No outro verão quando a Castelhana andou por aqui
Me metendo os olhos
Rebolejo pra cá, rebolejo pra lá, rebolejo pra lá,
A velha me avisa, ?cuidado meu filho essa não te
serve
é que nem coruja de corredor?
Mas do jeito que vamos já fiz uma légua
Não dá pra parar, parará, parará, parará, parará,
parará
Parará, parará, parará, parará....
A Marica tá na baile dançando com quem? (2x)
No ano passado no cuxirão da quebra do milho peguei o
meu eito do lado do dela
Vontade de tá perto, dizer o que sinto
Vontade de tá perto, dizer o que sinto
Mas não vem
Do jeito que vamos já fiz outra légua
Parará, parará, parará, parará
Parará, parará, parará, parará...
O Cigano chegou vendendo tacho
A Marica num vestidinho quase não cabendo
O Cigano estaqueado,
Olhando demais
Me deu um engasgo
?Bicho do diabo, vendedor de tacho
não sabe nem andar a cavalo?
No outro dia fui na venda e comprei um pano de chita
?Tome, faça outro vestido, aquele não te cabe mais?
Nessa hora o baile já pegou
Nessa hora o baile já pegou
A Marica tá lá, a gaita se abrindo, o gaiteiro se
rindo
Cantando pras moças assim deste jeito:
?Quando vim da minha terra minha mãe recomendou
Meu fio tu nunca te casa, que o teu pai nunca casou!?
A estrada se estira e a metade já foi
A Marica no baile e eu a galope
Convidando o cavalo, ?vamo gateado véio?
Fala nisso, me lembrei do Gaúcho da Fronteira, tchê
?Ala pucha, tia Picucha quadra o corpo e vou de lado
O Gaúcho da Fronteira dê-lhe boca pro gateado?
Quando a volante chegou na fazenda
Seu fiscal todo monarca
Intimando: ?Quero isso! Quero aquilo!?
E blocos e ?papélis?
E o patrão atendendo e a raiva crescendo
E o patrão atendendo e a raiva crescendo
Até que não deu
Arrepiou o topete, se arrastou pra fora e puxou dos
talher
Na hora do pega o seu fiscal pediu penico
?Pelo amor de Deus, não se ofenda, o senhor entendeu
mal,
não foi isso que eu disse?
Chegou grandão, saiu pequenininho
Mas um upa gateado, que estamos no passo
E não dá pra pará
Parará, parará, parará, parará...
Parará, parará, parará, parará...
Sem de coro marcado chego na vila
Enforco o gateado, cabresto na guela
Pra miorá o fôlego
Bato na farmácia, me atende ligeiro
A velha tá mal, não passa de hoje
Que eu toco de volta, um pé lá outro cá
Parará, parará, parará, parará...
Que ainda tem baile, me espera Marica
Dá tempo pra um tango
Se o cigano vai, dá tempo pra um mango
Parará, parará, parará, parará...
Eu tava me aprontando pro baile da noite...
Mandaram me chamar...
(por Keni Wilder Muniz)
luiz carlos borges - coração de gaiteiro
Me despedi sem palavras
Da missioneira paisagem
Nas barras da madrugada
Em que abandonei meus demais
O coração de gaiteiro
Já tinha alçado viagem
A tempo andava na estrada
E agora eu ia de atrás
A velha são luiz gonzaga
Ficou na luz das retinas
Quando eu entrei na argentina
De balsa por são tomé
E um "rendarme" me perguntou
O que levava?
E "yo" lhe disse:
A alma atada na gaita
E a vida num chamamé!
Guri que nasce gaiteiro
Não manda no seu destino
Vem ao mundo peregrino
Dos sonhos do pago inteiro
E se ele for mensageiro
Da pampa que nos iguala
Sua canção quando fala
Fala por todo campeiro
O coração de gaiteiro
Aprende tudo de ouvido
Por isso canta sentido
A sina do peão campeiro
Se a fome emuda um posteiro
E um verso tras a novilha
E a gaita se desencilha
Nos "causo" de um caborteiro
Refrão:
Deixa que queime, queimando
Deixa que bata, batendo
Se o coração "tá" querendo
Me manda que eu vou cantando
Por culpa desta cordeona
Que me dá vida e me mata
Já "tá" na capa da gaita
O coração do gaiteiro
Um pago sem um gaiteiro`
É um mato sem passsarada
É noite sem madrugada
É rancho sem candieiro
Por isso todo gaiteiro
Reponta sua existência
Levando a voz da querência
Como se fosse um tropeiro
E às vezes fico pensando
Que o coração de gaiteiro
Por nunca ter paradeiro
Vai acabar me matando
Então eu sigo teimando
Pra ver quem cansa primeiro
Mas coração de gaiteiro
Morre batendo e tocando.
luiz carlos borges - despetalada
Tem quarto, dona Isolina?
A rosa, mas quem diria
É pra ver, dona Isolina
Então voltou a ser china?
E seu amigo brigaram?
Brigamos. Me pôs pra rua
Cortou-me a carne e as asas
E a mim, agora, o que resta
Se não voltar pras casas?
Tinha quarto para a Rosa
No cabaré da Isolina
Cama, bidê e bacia
Mais a lâmpada azulada
Uma flor despetalada
Na ponta magra de um fio.
Rosa pendura nos pregos
Seus restos de amigação
Salvados de seus naufrágio
De corpo e de coração
Suas rendas e seus risos
Anéis, berloques de guisos
Lembranças de deserança
Queimando como tições
Vinte anos de cansaços
Se estiram sobre o lençol
Onde manchas pardacentas
São como escarros de sol
Nunca digas dessa água
Não beberei. Vem o dia
E Rosa o vive morrendo
Em que um esgoto escorrendo
Sabe a puros de cacimba
luiz carlos borges - devaneio
Rosinha reponta um sonho
Na lonjura ensimesmada
De mais um domingo igual
Rosinha encomprida os olhos
Que se confundem ? tão verdes
Ao verde do pastiçal
Por que o peito me buliça?
Rosinha assim se pergunta
Quase sabendo a resposta
Num pedacito de espelho
Rosinha indaga o destino
Será que o João não me gosta?
Madruga um sorriso esquivo
Só no olhar, no olhar tão verde
Que se entrefecha ao mormaço
Ai, um dia! Ai, um dia!
João me leva, sei pra onde
Na garupa do picaço
Ai, se o pai adivinhasse
Ah, meu Deus se a mãe soubesse
Do beijo que o João roubou
Quando estourou a carreira
Todo mundo olhou pra cancha
Menos João, João não olhou
Rosinha sonha acordada
Mordendo a ponta da trança
Do lado do coração
E o laçarote da trança
Fazendo ?cosca? nos lábios
Parece a boca do João.
luiz carlos borges - encontro com a milonga
Ouvi dizer que a milonga
Andava com a espinha torta
Ouvi dizer que a milonga
Andava com a espinha torta
E até ouvi comentários
Que a milonga estava morta
Então quem foi que esta noite
Veio golpear minha porta?
Então quem foi que esta noite
Veio golpear minha porta?
Acordei de madrugada
Inquieto e meio nervoso
E fui terminar o pouso
Abraçado na guitarra
Parecia uma fanfarra
A mescla de corda e voz
Uma milonga entre nós
E eu grudado na guitarra
Só lá pelas quatro e meia
Já na madrugada longa
Eu controlei a milonga
Sem entortar harmonia
Enquanto ela me dizia
Num tom grave, mas sincero
?Ou tu canta como eu quero
Ou não vê clarear o dia?
?Tum tum tum, tum tum tum?
A milonga repetia
E eu não chorava nem ria
Com os olhos que eram braseiro
Mas quem nasce milongueiro
Mesmo com a vida num fio
Não refuga desafio
E nunca corre primeiro
E as horas foram passando
E eu já parecia outro
Ela viu que eu era potro
Mas disse ?não te amedronta
Ninguém venceu, faz de conta
Que aqui nada se passou?
Mas quando o sol apontou
Eu tinha a milonga pronta!
E ainda, meio cansado
Depois desse pega-e-solta
Com jeito, campeei a volta
Antes que ela fosse embora
E perguntei sem demora
Porque eu sou curioso assim
?Conta em segredo pra mim,
Onde é que a milonga mora??
E a milonga então me disse
?Não é segredo, parceiro
Já morei com o missioneiro
Que tinha n'alma um violão
Eu durmo em qualquer galpão
E desperto com a boieira
Mas, se tu for da fronteira,
Eu moro em teu coração?
E não pude mais contê-la
Quando enveredou pra porta
Me gritando ?eu não tô morta,
E pra frente há muita lida
Por ora estou de partida
E a razão pouco me importa
Mas volto a golpear tua porta
Porque o teu rancho tem vida?
Nem cuidei de despedida
Senão o pranto me agarra
Afinei bem a guitarra
E num dedilhado assim
Pelo pago me perdi
Conforme a milonga manda
Eu não sei onde ela anda
Mas foi quem me trouxe aqui
Eu não sei onde ela anda
Mas foi quem me trouxe aqui
Cds luiz carlos borges á Venda