MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
luís represas - entre mim e eu
Porque é que naquela rocha
Perdida no meio do mar
Arrasada pelo vento
Despida pelo luar
Porque é que foi no segredo
De não ter com quem falar
Que me despedi do medo
Que tinha de me encontrar
Só
Desembarco só
Neste porto só
Sou eu quem me espera
Só
Entre mim e eu
Um de nós me deu
O espelho que eu quero
Não foi por ser inocente
Que ali me fui encontrar
A mim que já não me via
Nem me podia tocar
Foi porque um de nós sabia
O que o outro lhe contou
Sabia que não fugia
Nenhum de nós lá ficou
Só
Desembarco só
Neste porto só
Sou eu quem me espera
Só
Entre mim e eu
Um de nós me deu
O espelho que eu quero
Só
Desembarco só
Neste porto só
Sou eu quem me espera
Só
Entre mim e eu
Um de nós me deu
O espelho que eu quero
Gostava que tu soubesses
Que tenho a rota traçada
Sei lá ir quando quiseres
Se houver conversa adiada
Só
Desembarco só
Neste porto só
Sou eu quem me espera
Só
Entre mim e eu
Um de nós me deu
O espelho que eu quero
(x3)
Só
(Desembarco só)
(Entre mim e eu)
luís represas - ao canto da noite
Ao canto da noite
Esperava o dia
Que fossem horas de a ver chegar
Ao canto da noite
Já desesperava
Em todos os cantos que deixou p´ra trás
Esperava como dia
Como tarde
Ou até como amanhã
Esperava ao ver-se ontem
já levado em braços
Pelo pôr do Sol
Ao canto da noite
Já ninguém ficava
A fingir que faz poemas a ninguém
Ao canto da noite
Já ninguém deixava
Fugir desabafos por perder alguém
Só quem passasse
E olhasse para o nada
Via um vulto que se esconde
Por trás do nada
O dia espera
Como escravo do horizonte
Espera
No fundo do canto da noite
Foge
P´ra longe do canto da noite
Ao canto da noite
Pensava o dia
Que se podia um dia apaixonar
Se houvesse outro dia
Que para ele olhasse
E se deixassem os dois abandonar
Ao canto de uma noite
Sem ter medos
Sem ter regras a cumprir
Depois fugir do canto
Sem destino
Sem ter rotas a seguir
Já se ouviu contar
Que nesse canto mora a alma
De outras tantas almas
De outros cantos
De outras noites
luís represas - a vez mais próxima do fim
Teus olhos amanheceram
como ontem, como sempre,
mas com um brilho diferente,
sincero, lindo e presente
que quase temi por eles
ou antes temi por mim
Afinal correram anos.
E podemos complicar;
se em vez de anos foicem horas
o peso já era grande
para o tempo levar sobre as asas
o tempo que fez passar.
Temi por mim.
Porque as vezes que amanheceram
e que se abriram assim
se calhar já foram tantas
se calhar já foram sempre
que temi que fosse aquela
a vez mais próxima do fim
Enquanto o temor fizer
com que a angústia me invada
não posso querer mais nada
a não ser querer rever
igual que ontem e sempre
o brilho sincero e presente
que amanheceu para mim.
luís represas - a feiticeira
De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada
De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado
De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido
De que fontes de que águas
De que chão de que horizonte
De que neves de que fráguas
De que sedes de que montes
De que norte de que lida
De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida.
luís represas - a hora do lobo
Se todos os desejos fossem medos
E todos os teus gritos vagabundos
E todos os teus gestos só enredos
De uma novela fora deste mundo
Se todos os teus choros fossem raiva
E os dedos fossem pontas de navalha
Os olhos, de repente, a luz que crava
A lança quando o coração te falha
Se a luz do teu sorriso fosse fogo
E o som da tua voz fosse um punhal
Que brilha ao escuro na Hora do Lobo
Quando um suspiro sopra um vendaval
Espero por ti
Na Hora do Lobo
Quando as nossas sombras são iguais
Espero por ti
Na Hora do Lobo
Se estamos juntos não somos demais
Se todos os teus passos fossem grandes
Correndo todo o mundo num só salto
E os braços fossem asas esvoaçantes
Da Águia que vigia lá no alto
Se todas as fraquezas fossem forças
Daquelas que rebentam as muralhas
Que crescem pelo meio das tuas rotas
E que te põem dentro das batalhas
Se toda a tua vida fosse tua
E o teu destino fosse teu refém
Se a Terra toda fosse a tua rua
E a tua rua fosse de ninguém
luís represas - a marca
Porque é que desligaste a campaínha
Cá fora não há nada pra fazer
Esgotei cada segundo desta noite
Esgotei toda a vontade de te ver
Porque é que me fechaste o cortinado
Julgavas que não ías perceber
Eu sei sempre onde estás só pelo cheiro
Ou pelo simples facto de saber
Se alguma vez quiseres contar comigo
Ã? só descer a escada para a rua
Se pensares que já não estou e já me fui
Experimenta ver a marca no portão
Ao lado de uma outra que era a tua
Bom dia estou na vida à tua espera
Porque é que apagaste o candeeiro
A lua deixa sombras bem maiores
Até no prédio em frente se notava
Que andavas nua pelos corredores
Porque é que abafaste essa paixão
Será que já não gostas do desejo
Será que te afogaste em solidão
E não me vez assim como eu te vejo
luís represas - a última festa
Era uma pérola mais
que ia passando
de concha em concha
E ao passar
só ficavam
conchas fechadas para não voltar.
Um dia, ao de leve, o mar abriu
a boca á Sereia da Paixão.
E assim nasceu mais um sorriso
que se abre a quem vive em solidão
Por cada pérola mais
que encontre o destino
da tua boca
Por cada beijo que houver
sentido
o desejo de uma resposta.
Que sopre outra vez em turbilhões
e faça estoirar os corações,
e regue os desertos das almas
que bebem dos rios de ilusões
Toma de assalto o que resta
Dança na ultima festa
Voa
Quem sabe se há espaço
e te espera um abraço ao chegar.
luís represas - acontece
Eu fui ao teu desencontro
Pra não te ver. nunca mais!
Pra mostrar que sou dos tais
A quem dói o cotovelo
Eu fui ao teu desencontro
Para te desencontrar
E para descobiçar
As ondas do teu cabelo
Eu fui ao teu desencontro
Porque nada me dizias
Passa bem nem os bons dias
E fingias não me ver
Eu fui ao teu desencontro
Só para te desfalar
Para me desabraçar
Dos teus braços de mulher
Ás vezes
Até parece
Que não vai dar
Não apetece
Não
E quando vamos largar
É que tudo acontece
Ás vezes
Até parece
Que amamos fora de mão
Eu fui ao teu desencontro
Sem uma ponta de despeito
Nem sequer vi no teu peito
O coração de rubis
Eu fui ao teu desencontro
Só para te desbeijar
Para me descompassar
Da dança dos teus quadris
Quando nos desencontrámos
Deu-se a química secreta
Essa fórmula discreta
Em que somos equação
Pomos lá tudo o que temos
O que queremos e não queremos
E acabamos mais ou menos
Ao encontro da paixão.
luís represas - ando em busca das palavras
Aprendi mais do que sei
Sei coisas que desconheço
Ando em busca das palavras
Que são lidas do avesso
Faz-me falta
O que já tenho
Dos sonhos que construí
Só as minhas mãos tão cheias
Desmentem
O que não fiz
Apenas faço um aceno
Um sinal
Dia após dia
Sentado à beira do mundo
Para dizer que estou aqui
Quem me achar que me acompanhe
Ao lugar de onde parti
A minha vida não para
E corre no meu caminho
Esta teima do destino
Em dar-me o que sempre quis
Faço mais do que digo
Digo mais do que penso
Tenho tudo e nada tenho
Que a tudo e todos pertenço
Olho os homens
Olho o mundo;
Vejo uma estrela cadente.
luís represas - ao fim ao cabo
Ao fim ao cabo a Lua
Já nos pareceu mais clara,
Porque antes em redor
A noite era negro carregada!
E como se fosse luz
Ao fundo do túnel prometida
Avançamos sem medo
E com vontade!
Se os passos eram longos
Outros mais longos fomos dar
Até que outros mais longos
Fossem possíveis de alcançar
Pois passo atrás de passo
Também os rios vão dar ao mar
Seguros de que não podem regressar.
Vai
Sem desistir de procurar
Ver
Se os trilhos ainda estão marcados
Vai reviver as estradas velhas
E apontar o rumo de outras novas estradas
Desapareceram vidas
E companhias costumeiras
Algumas por trocarem por companhias derradeiras
Mas mesmo assim persistem apresentadas nas fileiras
Guardando o cofre das recordações.
E dia a dia o tempo
Se desintegra e se recria,
E as horas para trás
Chamam-se noite ou gritam dia.
O Galo não se importa
Com o despertar da Cotovia-
Afinal, é livre de dizer Bom Dia!
luís represas - aqui não me parece
Aqui não me parece que haja faltas
Ou ausência de carinhos entre os dois
Aqui não me parece que o vazio
Descubra uma janela para entrar
Aqui não me parece que as parecenças
Pareçam mais reais do que a verdade
Aqui não me parece que as diferenças
Não sejam coincidências de igualdades
Aqui não me parece que as manias
Sejam donas dos nossos desafios
Aqui não me parece que os bons dias
Nos acordem mais ou menos frios
Só me parece bem
Tudo o que em nós existe
E nos vem à memória
Só me parece bem
O que no fundo viste
E não passou à história
Aqui não me parece que uma carta
Tenha a força que já teve outrora
Aqui não me parece que os recados
Não venham a não ser pela boca fora
Aqui não me parece que haja medos
Nem falta de palavras ou expressões
Aqui não me parece que se esqueçam
Os códigos dos nossos corações
luís represas - às vezes
Às vezes conto as horas
da cabeça aos pés
da vela
da solidão
Enquanto arde
o escuro não se vê
Às vezes pinto a cara
de uma côr solene
só para me entreter
A ver se vejo o que se vê
E são vezes sem conta
que me sento a ler
segredos que refaço por prazer
Estão escritos numa folha de ar
que respirei
Às vezes saio em braços
a cantar vitória
de uma luta desigual
Só eu sei como se luta de memória
E são mais de mil vezes
vezes outras mil
que adormeci ao som
de uma surdez gentil
Que afunda ainda mais o sono no vazio
e me passeia pelo meu lado menos frio
Quando me vires assim
poupa-te ao esforço
não tentes guardar recordações de mim
Quando me vires assim
não é por castigo
é porque aprendi
contigo
a não procurar abrigo
e assim estar mais junto de ti
Às vezes tenho o telemóvel da cabeça
desligado na central
que está na terra á minha espera
À espera dos recados dos sentidos
que chegam de todos os lados
O coração é uma caixa postal
Não espero que o Sol venha
p´ra me confundir
quando se veste de noite
e convida a fugir
do certo ou do errado
ou do ainda pior
Às vezes faço eu as regras a seguir
Num gesto lento e meio raro
afasto cortinas de luz
vejo-te a sombra do vestido
Volto do fim do medo ao mundo
volto do fim do mundo à espera
de te encontrar ainda aqui
luís represas - assalto
O dia nasceu
Mais cedo que eu esperava,
E nem me deu tempo
De esconder a luz que entrava.
A noite correu
Depressa demais
E nem fez questão de me avisar.
Ainda dormia
No ar, aconchegado,
Um cheiro tão doce
De um segredo bem guardado.
Nem cara, nem nome,
Nem voz, nem silêncio.
Nem mesmo a lembrança de um recado.
O corpo,
A alma,
Alguém os levou de mim.
Sem medo,
Com calma,
Quem foi que me teve assim?
Sem marcas na cama
Nem cabelos na almofada,
Nem traços de lama
No tapete da entrada.
Nem copos vazios,
Nem cigarros frios,
Nem rasgos profundos na guitarra.
Alguém me deixou
Voltar desamparado
Do fundo do sono
Num assalto ao beijo armado.
Um crime perfeito
Sem ter um suspeito
Nem provas do tanto que roubou.
Ferido de morte neste assalto
? podia o tiro ser de amor!
Porque de amor já ninguém morre...
Só de um desejo matador!
luís represas - ausência e tu
A noite já não cai como caía dantes
E a lua não se expõe com tanto avontade
As ruas brilham menos por não ter brilhantes
Que alguém roubou do guarda jóias da cidade
Cansadas estão as penas dos nossos poetas
Que correm nos papeis em busca dos amantes
P´ra lhes dar um motivo p´ra guiar as setas
Que os cupidos que restam lançam delirantes
Só tu me dás motivos p´ra manter acesa
A luz que brilha junto da minha janela
Alguma coisa quente e flores sobre a mesa
Algum amor que se consome numa vela
Já tudo em volta parece estar deserto
Contudo um cheiro intenso me revolve o fundo
Da alma só me resta um desejo certo
De me saber sozinho contigo no mundo
Se o sol tiver a força que duvido ter
De matar as dúvidas que a noite tem
Certamente um olhar se trocará com outro
Adivinhando um beijo que decerto vem
luís represas - benção de ser homem
Quem subir ao cimo dessas dunas
há-de ver o mar
onde eu pescava um dia
sem saber
que pescar é benção de ser Homem
e ser Homem é
a benção de poder viver de pé.
Já muitas campas eu pisei sem querer
e outras eu abri cedo de mais
se alguém me obriga a ir além fronteiras
eu me assumo aqui
como mais um dos animais.
(...quisera eu que fôssemos iguais)
Quem subir ao cimo desse monte
há-de ver a terra
onde eu lavrava sonhos sem saber
que lavrar é benção de ser Homem
e ser Homem é
a benção de poder sonhar de pé
Já muitas vidas eu levei sem querer
e outras eu roubei cedo demais
se alguém me obriga a ir além fronteiras
fujo como foge
qualquer um dos animais.
(...quisera eu que fôssemos iguais)
Fecho a fronteira p´ra lá de mim
olho-me em ti p´ra me ver
juro que a paz não faz parte de um sonho
espero por ti p´ra vencer
Quem descer o curso desse rio
há-de ver as margens
onde eu amei um dia sem saber
que amar é benção de ser Homem
e ser Homem é
amar a benção de quem nos quiser
Já muita esperança eu tirei sem querer
e outras eu vivi cedo demais
ninguém me obriga a ir além fronteiras
onde ninguém se ama
nem o melhor dos animais.
(...quisera eu que fôssemos iguais)
Cds luís represas á Venda