leonardo (gaúcho) - bagual de chácara
Eu sou um bagual de chácara que fugiu pra o corredor
Me boliei perdi os arreios, não tenho dono senhor
Rebentei todo o alambrado das convenções dos meus pais
Peguei os freios nos dentes e não voltei nunca mais
Não creio em china chorona e em égua de cola erguida
Sou um bagual solto de pata relinxando pela vida
Se como um churrasco gordo me limpo com fio da faca
Gosto do cheiro do campo, de ouvir o berro das vacas
Me criei com feijão preto, tripa gorda e carne assada
Num tiro de volta e meia, só boto sorte clavada!
Não creio em china chorona e em égua de cola erguida
Sou um bagual solto de pata relinxando pela vida
Ninguém me grita buraco se estou de guampa torcida
Gaudério de rumo incerto não tá ligando pra vida
Sou touro e não sou terneiro, como sal em qualquer coxo
Vaca não berra comigo e não corro de touro moxo!
Não creio em china chorona e em égua de cola erguida
Sou um bagual solto de pata relinxando pela vida
leonardo (gaúcho) - o fumo
Quem tá acabando com nossas vidas
Ã? o fumo, é o fumo, é o fumo
Nós fumo tocar uma festa, eu e o meu companheiro
Fumo cobrando barato "cobremo" dois mil cruzeiros
Fumo aplaudido de pé por aquele povo inteiro
No fim do nosso trabalho nós fumo buscar o dinheiro
Fumo avisado que o homem era um grande caloteiro
Fumo passado pra trás pelo maldito festeiro
Nós fumo pra capital levar vida diferente
Fumo direto pro hotel pra vestir roupa descente
Fumo tirando as botina fumo ficando pra frente
Fumo passear na cidade fumo ver algum parente
No fim do dia nós fumo pagar o hotel pro gerente
Ai que nós fumo ver que tinham roubado a gente
Nós fumo na rádio grande botar nossa vida em plumo
Lá arrumemos patrocínio do cigarro novo rumo
Falei pro meu companheiro os compromisso eu assumo
Fumo falar com o gerente o seu alberto perfumo
Sabemos nosso ordenado quiseram pagar com fumo
Quando nós soubemos disso nós embirremos e não fumo
leonardo (gaúcho) - viva a bombacha
Os cristãos batiam cascos os mouros se defendiam
Espadas, lanças cruzadas traçavam rumos na história
Os orientais ostentavam calças largas que faziam
Mais leves às cavalgadas na derrota ou na vitória
Era a bombacha chegando para gaúdeos do campeiro
Que cavalgou nos potreiros laçando, fazendo aparte
Prá bailanta, hora de arte jogo de osso, carteado
Era a veste domingueira feita de brim ou riscado
(Viva a bombacha, tchê viva a bombacha
Não interessa se faz frio ou sol que racha)
Foi depois da grande guerra me falou um castelhano
Que a bombacha foi usada pelos gaúchos pampeanos
Historiadores da terra garantem que o nobre pano
É uma herança legada por beduínos araganos
A verdade é que a bombacha é de muitos continentes
Mas foi com nossos valentes que ganhou notoriedade
Uniu o campo à cidade e a juventude do pampa
Lhes dando uma nova estampa raízes de liberdade