MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
josé claudio machado - chasque pra don munhoz
Amigo Érbio Munhoz
Meu chasque não tem floreios
Eu uso bombacha larga
E um chapéu de metro e meio
Botas de garrão de potro
Laço, pealo e gineteio
E me sustento pachola
Da serventia do arreio
Por voltas que a vida faz
Para açoitar um cristão
Ando cortado dos trocos
Freio e pelego na mão
Sem um cavalo de lei
Pra visitar meu rincão
O nosso Caiboaté Grande
Que trago no coração
(A Tia Maria me disse
Que tua tropilha é de lei
E o José Rodrigues Ramos
Confirmou quando eu pensei
Em te pedir um cavalo
Nesses versos que criei
Pra cantar em São Gabriel
Querência que sempre amei)
Entrega pro Tio Adir
Lá na Costa do Lageado
E diz pra Enilda e Sivinha
Que eu chegarei afogado
Num borrachão de saudade
Do tamanho do meu pago
E a Negra Juci me espere
Com um chimarrão bem cevado
Don Érbio guarde consigo
Que um dia arranco do peito
E pago esta obrigação
Que me deixa satisfeito
O pêlo é da tua conta
Baio, rosilho, eu aceito
Que o velho Moacir Cabral
Me fez assim por direito
(A Tia Maria me disse
Que tua tropilha é de lei
E o José Rodrigues Ramos
Confirmou quando eu pensei
Em te pedir um cavalo
Nesses versos que criei
Pra cantar em São Gabriel
Querência que sempre amei)
josé claudio machado - campereando
Na charla dos milongueiros,
contraponteando o silêncio
Eu sempre digo o que penso,
quando o violão me golpeia
E me garanto por terra,
cantando coisas do campo
Sem molestar o quebranto,
dum bordoncio queixoso
Aqueles do olhar lacrimoso,
quando voltamos pra dentro
Campereando vou,
campereando, vou
Vou eu, à cavalo,
encurtando o pago, campeador
Guardo nas léguas dos olhos,
remorsos nunca esquecidos
Um catre "bueno" e curtido,
pros dias que não enfreno
Tropilhas do mesmo pelo,
parceiros das invernadas
Quando amadrinho quarteadas,
no pampa do meu estado
E um coração solidário,
velando a luz do luzeiros
Sabe comadre milonga,
fulana nem sei das quanta
Sempre que um sonho se planta
tenho com quem conversa
Ando de lado atorado,
marcado pelo meu jeito
Quando a dor abre o peito,
e o vento nada responde
Talvez buscando horizontes,
eu mude a cara do tempo
josé claudio machado - motivos de campo
Um relincho de potro, um berro de touro e um cantar de galo
O rangir de um arreio, o acôo de um cusco e o tombo de um pealo
Um aboio de tropa, um murmúrio de sanga um tinir de argola
O minuano nas quincha, um rangir de cancela e um arrastar de espora
Uma tropa estendida, uma pega de potro
Um prosear no galpão
Um ronco de mate, e um rufar de patas
Que hace tambores no couro do chão
Um pontear de guitarra, um floreio de gaita
Um cantar de fronteira
Um gateado de tiro, um chapéu bem tapeado
Um adeus na porteira
(Esse é o pago que trago é o rio grande antigo
Pois meu verso garante essas coisas que digo
São motivos de campo que carrego comigo
São motivos de campo que carrego comigo)
josé claudio machado - arranchado
Nessa colméia povoeira
onde fiz arranchamento
amarro fletes de sonhos
nos palanques de cimento
vou bebendo nostalgias
de sangua, pitanga e vento
/sesmarias de saudade
não cabem num apartamento/
quando a lua se debruça
no arranha-céu dos viveiros
onde arranchei minha alma
no meu exílio povoeiro
/coiceia dentro do peito
um coração caborteiro
me sinto um pássaro preso
na angústia de um cativeiro/
um luzeiro imaginário
na quincha de um céu nublado
vai apartando o rebanho
de fumaça nos telhados
/e uma saudade de noivo
de campo e berro de gado/
vou embora pra querência
pra me arranchar no meu chão
amanhã eu ponho anúncio
nos grandes classificados
/vende-se um apartamento
no coração da cidade
a preço de ocasião
por motivo de saudade/
josé claudio machado - assim no más
Por conhecer a lida que a vida me deu
meu galopar de moço, escaramuça de dor,
quando te vejo vindo, meu fruto da mata,
arrastando alpargatas carente de amor!
Parece que o silêncio das rondas noturnas,
amunta o potro arisco da imaginação,
quando te espero cedo meu rumo isolado,
lavando o amargo apesar da ilusão!
Esporeei reminiscências com pesadas nazarenas,
na esperança que a saudade amansasse as
minhas pernas!
Mais dia, menos dia, domando pelegos,
vou arranchar sossegos que a espera me deu,
embriagando mágoas nas águas da sanga,
onde sovei "às pampa" meus sonhos nos teus!
Nas ressolonas tardes de anseios trocados,
a terra prometida arando restevas,
guardando pra semana o mel da lichiguana,
e a manhã castelhana que apeei das estrelas!
Assim no más me perco deslumbrado de achego,
em meio às circunstâncias dos mesmos juncais,
que te acolheram pura meu resto de lua,
meu poente charrua empochado de paz!
josé claudio machado - cantar galponeiro
Meu verso é rio de águas claras correndo para o remanso
É igual a um potro manso se andar garboso e faceiro
Faz tempo que é meu parceiro pois é meu verso que acalma
As penas da minha alma nas horas de desespero
(O meu cantar galponeiro traz a marca da querência
E aprova de uma existência cevada no mate amargo
E quem aceita o encargo de campeiro cantador
Sabe que é fiador da memória do seu pago)
Quem não renega as origens é cerno de corunilha
Plantado numa coxilha palanque por vocação
Esta xucra devoção expressa através do verso
Participa do universo sem desgarrar do seu chão
Meu verso carrega o timbre do sentimento nativo
E cada rima é um estribo onde se afirma a consciência
E nesta busca de essência meu canto é quase sagrado
Porque projeta um legado além da minha existência
josé claudio machado - canto do entardecer
A rolinha canta no dorso do galho
Saldando o orvalho que à tardinha cai
Ao longe as graças de plumagens brancas
Enfeitam barrancas no rio uruguai
Logo escurece se ouve a cigarra
Mesmo sem guitarra se põe a cantar
Quero - quero grita seu canto charrua
Saudando a lua que está por chegar
E o sabia responde num tom requintado
Mesmo apaixonado cantando distrai
Ao longe as graças de plumagens brancas
Enfeitam barrancas no rio uruguai.
josé claudio machado - de pouca prosa
Que tal a doma, na mangueira se negando
Coiceando o vento, com a paleta na investida
Amanhã mesmo quando o sol bater no lombo
Embucalo a cara dele, firmo os basto e finco espora
Coisa bem linda, Deus permita que a saudade
Não me separe, desta vida de peão campeiro
Com a bagualada retoçando no potreiro
Bochinchando o tempo inteiro, com a potrada campo-fora
(De pouca prosa, tenho ganas guitarreiras
Mandando lenha nos fogões de acampamento
Com esta peonada, que de resto, se garante
Campereando o meu Rio Grande quando a gaita ronca mimosa)
josé claudio machado - defumando ausências
Busquei o teu riso claro,
Chamei por teu nome
Mil vezes em vão,
E muitos invernos
Ao pé do borralho,
Defumei ausências
No fogo de chão.
Gritei pela madrugada,
Lá fora nem rastro
De alguém pra escutar.
Um dia uma estrela
Cruzou a janela,
Me dando notícias
Que ias chegar.
Passei vassoura
Na sala do rancho,
Enxagüei a cuia
Pra te esperar
E quando viestes
Pra baixo do poncho,
Mil sonhos antigos
Comecei a cantar.
E desde essa feita
Não me reconheço,
Nem sei se mereço
Amar e sorrir.
Mi'a pilcha de gala
São os teus carinhos
Que abrem caminhos
Pra eu prosseguir.
josé claudio machado - firme nos bastos
Um dia loco de bueno de piquetear o cavalo
Qualquer serviço na estância, se ocupa ao cantar dos galos
Ajujo a erva do amargo, com galhos de maçanilha
E amanso a vista do encargo, no engorde d'uma novilha
A rês está de sobreano e a vida é quem faz sinuelo
Pra quem tropeia na lida, e ainda aparta rodeio
Costeando algum gado manso, acalmo xucros e ariscos
E agrupo junta à mangueira, as xergas do meu ofício
Assento bem os arreios, pro pingo não velhaquear
Pelego, carona, lombilho, cincha, badana e buçal
Com pose de capataz, torcendo as tiras do sovéu
Aparo as barras do dia, debaixo do meu chapéu
No santa-fé do galpão, sinais de algum picumã
Tenteando a alma da prosa, e as garras do amanhã
Maneando as mãos da saudade, pampeana dos milongueios
Lonqueio o pêlo do couro, pra um barbicacho campeiro
Assim tordilho as melenas, mermando o pêso do corpo
E afrouxo o pé no estribo, templando os ferro no potro
E nunca entrego os pelegos, compondo algum parelheiro
Na cancha reta da vida, dou trena, inflando o peito
Talvez num final de tarde, talvez num clarear de dia
Eu deixe a porteira aberta, pro campo lamber a cria
Talvez montado à capricho, talvez grudado nos bastos
Batendo o laço na cola, com a soga quebrando o cacho
josé claudio machado - batendo casco
C#m F#m B7 Eb7 G#m C#7 F#m G#7 C#m
F#m7 B7 E
Num trote fronteiro de atirar o freio, vou topando o vento, só por desaforo
A Ebm7(b5) G#7 C#m
De ganhar a vida num gateado oveiro, loco de faceiro, junto dos cachorros
F#m7 B7 E
Pelo campo-fora, pelas campereadas, apresilho os olhos num florear lindaço
A Ebm7(b5) G#7 C#m
De arrastar pra o toso as "ovelha-mestra", e tudo que não presta de arredor do rancho
F#m7 B7
(Me pilcho bem lindo, tipo pro namoro
E A
Cabresteando as rugas deste amor bagual
Ebm7(b5) G#7 Bis
Que ao "cambiar" das léguas, vai boleando a perna
C#m
Pra Santana Velha do Rio Uruguai)
Int.
F#m7 B7 E
De sovéu bem curto "vamo" meu cavalo, amagando pealos nesses mundaréu
A Ebm7(b5) G#7 C#m
Atorando as chircas numa manga d'água, amadrinhando a mágoa sem "tirá" o chapéu
F#m7 B7 E
"Semo" um do outro sem "rasgá" baixeiro, adelgaçando o pelo neste manancial
A Ebm7(b5) G#7 C#m
Aparando as crinas, do pescoço a orelha, de uma égua prenha sem "passa" o bucal
( )
G#7 C#m G#7 C#m G#7 C#m9
Do Rio Uruguai, do Rio Uruguai, do Rio Uruguai
josé claudio machado - canção do gaúcho
Gaúcho eu sou
Nasci feliz
Nesta terra formosa onde estou
Sob o céu deste lindo país
Vim lá de Fora
Sou laçador
Só não pude laçar até agora
O meu amor
Gaúcho forte
Pra querência voltarei
No potreiro dos teus olhos
Nunca mais me apartarei
josé claudio machado - canção do verde
O meu cavalo sabe onde é a luta sabe escolher o verde que desfruta
Esta colheita amarelida dessas limitações
O meu rebento é quem abriga o gado campo dobrado onde meu sul galopa
Buscando a vida quitandeira das alucinações
(Nas fronteiras nuas do arvoredo iluminado
Sempre fica alguma pra chorar do outro lado
Pede por quem perde lá na mata, lá na várzea por aí
Faz com que a procura da textura da madeira
Desabrigue aos poucos o descanso das ovelhas
Força de quem some lá na mata lá na várzea por aí)
O meu destino não conhece rédeas não faz de conta nem tem sete léguas
Ele é o amigo mais antigo vizinho ao que faz mal
Meu desafio teme o sombrio das folhas é o que rebanha o fardo sem escolha
Onde despetalar na indefesa a cor da flor integral
josé claudio machado - de bota e bombacha
Um sul de verdade campeia em meus olhos
de bota e bombacha, montado a capricho
de alma amansada curtida da lida
com a doma da encilha na ponta dos cascos...
Um sul de verdade galopa comigo
sujeitando o pingo nas cambas do freio
sovando os arreios nas léguas do pago
reunindo o gado num pelado de rodeio.
Que tal um abraço compadre de mate
permita um aparte sem muito floreio
tirando os terneiros, as vacas de leite
o resto agente rebanha pra o lado!
Sentado nas dobras do basto
pensativo com a hora por fazer
me agrada uma sombra de mato
um cusco atirado, e um violão pra escrever
é o Rio Grande, gauchuda amiga!
de bota e bombacha, tapeando sombreio
dobrando os pelegos tapados de terra
é um quebra costela de atorar ao meio
é o sul mais campeiro que temos na vida
é a nossa porfia de prosear no galpão.
josé claudio machado - de já hoje
De já hoje quando estava no meu rancho
Me chamaram, me pediram que voltasse
E dos rumos de onde eu vim, eu fiz retorno
Na esperança de que a vida melhorasse
Juntei pilchas pelos cantos e fiz canto
Pois cantando quando eu vim cruzei caminhos
Nesta volta os meus sonhos de distância
Se fez ânsia de rever meu velho ninho
Quando vinha pela estrada de já hoje
La no passo esporeei o meu picasso
E na ânsia de chegar sai cantando
Nuca mais eu voltarei pra donde vim
De já hoje quando eu vinha pela estrada
Regressando do rincão onde nasci
Dentro d'alma galopeava uma saudade
E a vontade de encontrar o que perdi
Labaredas de algum fogo galponeiro
Vozes rudez de campeiros como eu
Mãos amigas me alcançando mais um mate
Realidade que a cidade não me deu
Quando vinha pela estrada de já hoje
La no passo esporeei o meu picasso
E na ânsia de chegar sai cantando
Nuca mais eu voltarei pra donde vim
De já hoje quando ao tranco fui chegando
Na porteira que eu abria quando piá
Vi gaúchos que me olharam de soslaios
Nem ao menos buenos dia hoje se dá
Não vi pasto no potreiro rebolcado
Nem caseiro pra gritar passe pra diante
Não vi erva pra um gaúcho tomar mate
Nem o resto do churrasco para o andante
Quando vinha pela estrada de já hoje
La no passo sofrenei o meu picasso
Esta bruta realidade mata anseios
Que eu sentia nos lugares de onde vim
De já hoje quando eu vinha pela estrada
Regressando do rincão onde nasci
Esporeei o meu picasso e num laçaço
Fui deixando para trás tudo que vi
Quero andar, andar, andar pelas estradas
E avisar quem vem de longe a regressar
Que a mentira vem tropeando mil promessas
E a verdade já cansou de cabrestear
Cds josé claudio machado á Venda