MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
jorge palma - a caminho de casa
Ainda não sei como vou fazer
Para não esquecer o que sinto agora
Amanhã quando acordar
Vou estar totalmente fora
Melhor talvez fosse nem dormir
Candidatar-me a uma linha recta
Atar um lenço aos sentidos
Fazer de mim uma seta
Sonhei que estava a caminho
A caminho de casa
Ainda não sei como vou fazer
Para alimentar este fogo terno
Vou transpor o rio do ouro
Vou exilar-me no inferno
Neste momento há gente a acordar
Para mais um dia a riscar do mapa
Vou dar um chuto no espelho
Dar cabo da minha capa
Sonhei que estava a caminho
A caminho de casa
jorge palma - eu vos darei poemas
Quando houver um grito mais afiado
Do que a lâmina
Quando houver um parto mais violento
Que um vulcão
Quanho houver um beijo mais forte
Do que um raio
Um anjo com cornos
Um demónio com tranças
Dei-os a mim.
Tragam-me todas as prostitutas
Tragam-me todos os criminosos
Todas as tempestades e revoltas
Dê-mas a mim
Hey!
Tragam-me todas as prostitutas
Tragam-me todos os criminosos
Todas as tempestades e revoltas
Dá-mas a mim
Eu vos darei...
Poemas com cidades
Casas e pessoas....
jorge palma - passeio dos prodígios
Vamos lá contar as armas
tu e eu, de braço dado
nesta estrada meio deserta
não sabemos quanto tempo as tréguas vão durar...
há vitórias e derrotas
apontadas em silêncio
no diário imaginário
onde empilhamos as razões para lutar!
Repreendo os meus fantasmas
ao virar de cada esquina
por espantarem a inocência
quantas vezes te odiei com medo de te amar...
vejo o fundo da garrafa
acendo mais outro cigarro
tudo serve de cinzeiro
quando os deuses brincam é para magoar!
Vamos enganar o tempo
saltar para o primeiro combóio
que arrancar da mais próxima estação!
Para quê fazer projectos
quando sai tudo ao contrário?
Pode ser que, por milagre,
troquemos as voltas aos deuses
Entre o caos e o conflito
a vontade e a desordem
não podemos ver ao longe
e corremos sempre o risco de ir longe demais
somos meros transeuntes
no passeio dos prodígios
somos só sobreviventes
com carimbos falsos nas credenciais
Vamos enganar o tempo...
jorge palma - a bem da nossa civilização
Quando há pouco te ouvi conversar,
Foi um prisioneiro em quem o carcereiro pode confiar
A quem eu ouvi falar.
Mas os pontapés que vais evitando,
Não se perdem não e é o teu irmão quem os vai apanhar.
Desculpa estar-te a lembrar...
As coisas podem nunca parecer o que elas são
E é por isso que tu vais engolindo toda a droga que eles te dão
E se um dia fazes ondas de mais, tiram-te a ração...
A bem da nossa civilização.
Quando alguém tenta convencer-te
Que o dever é agir conforme o que ele decidir, ele não te está a ajudar.
Ele só te está a usar...
A confusão aumenta em teu redor
E não te deixa abrir, não te deixa sentir que só tu podes saber
O que tens a fazer.
As coisas podem nunca parecer o que elas são
E é por isso que tu vais engolindo toda a droga que eles te dão
E se um dia fazes ondas de mais, tiram-te a ração...
A bem da nossa civilização.
As coisas podem nunca parecer o que elas são
E é por isso que tu vais engolindo toda a droga que eles te dão
E se um dia fazes ondas de mais, tiram-te a ração...
A bem da nossa civilização
jorge palma - a canção de lisboa
Os serões habituais
As conversas sempre iguais
Os horóscopos, os signos e ascendentes
Mais a vida da outra sussurrada entre os dentes
Os convites nos olhos embriagados
Os encontros de novo adiados
Nos ouvidos cansados ecoa
A canção de lisboa
Não está só a solidão
Há tristeza e compaixão
Quando sono acalma os corpos agitados
Pela noite atirados contra colções errados
Há o silêncio de quem não ri nem chora
Há divórcio entre o dentro e o fora
E há quem diga que nunca foi boa
A canção de lisboa
Mamã, mamã
Onde estás tu mamã
Nós sem ti não sabemos mamã
Libertar-nos do mal
A urgência de agarrar
Qualquer coisa para mostrar
Que afinal nos também temos mão na vida
Mesmo que seja a custa de a vivermos fingida
O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa
Ó canção de lisboa
As vielas de néon
As guitarras já sem som
Vão mantendo viva a tradição da fome
Que a memória deturpa e o orgulho consome
Entre o orgasmo e a gruta ainda fria
O abandonado da carne vazia
Cada um no seu canto entoa
A canção de lisboa
jorge palma - a cantiga do zé
O Zé não sabe onde pôr as mãos
E está farto de as ter no ar
Não teve sorte com os padrinhos
Nem tem jeito para roubar
O Zé podia arranjar emprego
E matar-se a trabalhar
Mas olha em volta e o que vê
Não o pode entusiasmar
E a cidade cá está para o entreter
Indiferente e fria, disposta a esquecer
Que a ansiedade é um minotauro
Que se alimenta de solidão
E que a ternura é uma bruxa
Que faz milagres
Se a mente a deixar ser
O Zé está vivo e é das tais pessoas
Que sentem prazer em rir
Mas tenho visto ultimamente
Esse gosto diminuir
O Zé experimenta um certo vazio
Comum a uma geração
Que despertou da adolescência
Com "vivas" à revolução
E a cidade cá está para o entreter
Indiferente e fria, disposta a esquecer
Que a ansiedade é um minotauro
Que se alimenta de solidão
E que a ternura é uma bruxa
Que faz milagres
Se a mente a deixar ser
jorge palma - a colherzinha
Era uma vez um amor de talher
Bem arrumadinho num gavetão
Uma colherzinha pequena de prata
E um garfo lindo antigo de latão
Só de longe é que se olhavam
Nunca, nunca se encontravam
Só desarrumados
É que eles se tocavam
Assim foi, durante muito tempo
Até que o garfinho tão velho ficou
Que o deitaram fora
Ninguém se ralou
E a história triste quase chorou...
Era uma vez um amor de talher
Mal arrumadinho num gavetão
Só que a linda colherzinha
Que era esperta e pequenina
Tinha-se escondido escondidinha
Atrás dele...
jorge palma - a escola
Eu nasci lá para os lados do rio
passava os dias a jogar à bola
mas eu não era excepção
e antes que desse por isso
já estava na escola
O programa era elementar
entre o Euclides e o Arquimedes
mas sempre que a informação
dá uma volta no espaço
eu quero sintonizar
A escola ainda não acabou
há sempre tanta matéria a estudar
que eu chego mesmo a ter medo
de em qualquer momento
já não ter lugar
para mais conhecimento
Já consigo filosofar
sei uma ou duas palavras em grego
enquanto o tempo deixar
e a escola não se afundar
vou alterando o meu ego
Vou deixando as moscas pairar
vou vendo se Godot já chegou
e quando me dá na tola
dou um chuto na bola
só para me aliviar
A escola ainda não acabou
há sempre tanta matéria a estudar
que eu chego mesmo a ter medo
de em qualquer momento
já não ter lugar
para mais conhecimento
jorge palma - á espera do fim
Vou andando por ai
Sobrevivendo á bebedeira e ao comprimido
Vou dizendo sim á engrenagem
E ando muito deprimido
É dificil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja
Já houve tempos em que eu
Tinha tudo não tendo quase nada
Quando dormia ao relento
Ouvindo o vento beijar a geada
Fazia o meu manjar com pão e uva
Fazia o meu caminho ao sol ou á chuva
Ao encontro da mão miúda
Que me assentava como uma luva
Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gosto de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois á espera do fim
Tu tens furtuna e eu não
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo
Mas temos em comum o facto de ambos vermos
A vida por um canudo
Invertemos a ordem dos factores
Pusemos números á frente de amores
E vemos sempre a preto e branco o programa
Que afinal é a cores
jorge palma - a estrada do sucesso
Há alguns anos atrás
Deste por ti numa encruzilhada
Sabias que tinhas muito que andar
Só não sabias qual havia de ser a estrada
Querias dar-te a conhecer
Fazendo o que gostavas de fazer
E desse modo, talvez chegasses a enriquecer
E apontaste
À estrada do sucesso
Não é caminho fácil, não
Que eu também por lá andei
Sei o que custa vender
O que nos vem no coração
Bates à porta da companhia
E se acaso lhes agrada a tua melodia
Assinas um contrato e a partir daí
Eles tratam de te entregar à multidão
Pensa bem
Se te dá gozo viver
E ainda és novo
Não te esgotes para nada
Guarda um pouco do teu melhor
E leva-o contigo até ao fim da estrada
O público pode ser cruel
A ponto de um dia veres todo o teu mel
Falsificado, envenenado, transformado em fel
Se te entregares
À estrada do sucesso
Não é caminho fácil, não
Que eu também lá tenho andado
Sei o que custa vender
O que nos vem no coração
Bates à porta da companhia
E, se acaso, lhes agrada a tua melodia
Assinas um contrato e a partir daí
Eles tratam de te entregar à multidão
Vê lá bem
Não sei se o faça, se não
Estive a pensar noutro dia
Se hei-de vender a minha alma
À Companhia
Mas por mais que eles me pagassem
Era sempre eu quem perdia
Eu gosto muito de dinheiro
Mas gosto mais de alegria
jorge palma - a gente vai continuar
Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem á batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
jorge palma - a origem do drama
Olha essa nuvem que tu já conheces
Ela é negra e carrega de novo na tua cabeça
Ameaçando o desfecho feliz
Que tu tinhas já alinhavado para a tua peça
Porque será que ela teima em voltar
Sempre que as coisas parecem ir bem?
Se ao menos fosse possível saber
De que paragens é que ela vem...
Olha essa conta que batia certa
E onde agora há uma parte que já não parece caber
Como a imagem que tu adoravas
Ao sol, na cozinha ou na cama
- Onde é que a vais esconder?
Porque será que ela teima em falhar
Quando afinal tudo podia ir bem?
Se ao menos fosse possível saber
De que paragens o erro vem...
(O doutor vai dar conta do sintoma
talvez tenhas que ficar alguns dias de cama
há-de-se arranjar maneira de te equilibrar a tensão
mas quem é que vai conseguir chegar à origem do drama?)
Vê a ambição e o lucro acenando
Do alto da estátua orgulhosa por ser de granito
Vê o instinto de posse alastrando
Como a espuma da onda que afoga o náufrago aflito
Será que existe algum bom movimento
Neste momento em que nada vai bem?
Se ao menos fosse possível saber
De que paragens a culpa vem...
(O doutor vai dar conta do sintoma
talvez tenhas que ficar alguns dias de cama
há-de-se arranjar maneira de te equilibrar a tensão
mas quem é que vai conseguir chegar à origem do drama?)
Há cansaço no ar, amargura no chão
Há tristeza nas torres de gente
Há dureza nos olhos, nos rostos, nos punhos
Da multidão desconfiada
E isso não ajuda nada...
Não ajuda mesmo nada...
E isso não ajuda nada...
Não ajuda mesmo nada...
E isso não ajuda nada...
jorge palma - abrir o sinal
Eu disse vamos partir
O espaço é seco vazio e banal vamos fugir
Andamos de lugar em lugar
Talvez a deixa fosse má
Afinal a marca ainda cá está
A conspirar
Nalgum patamar
Não é o momento de te aconchegar
E não posso ver-te mal
Acho que chegou o tempo de abrir o sinal
Não sou suposto ver aonde vais
Nem saber com quem tu sais
Neste canto meu
Há um mundo que é só teu
Olha que os nossos pés
Mesmo que às vezes estejam de revés
São de proteger
Respondem à voz do coração
Com erva vento pedra e frio
Na montanha ou no rio
Merecem ternura
E atenção
Não é o momento de te aconchegar
E não posso ver-te mal
Acho que chegou o tempo de abrir o sinal
Não sou suposto ver aonde vais
Nem saber com quem tu sais
Neste canto meu
Tens um mundo que é só teu
Canto meu
Neste canto meu
Tens um mundo que é só teu
jorge palma - acorda menina linda
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Anda ver que lindo presente
A aurora trouxe para te prendar
Uma coroa de brilhantes para iluminar
O teu cabelo revolto como o mar
Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Porque terras de sonho andaste
Que Mundo te recebeu
Que monstro te meteu medo
Que anjo te protegeu
Quem foi o menino que o teu coração prendeu ?
Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Anda a ver o gato vadio
À caça do pássaro cantor
Vem respirar o perfume
Das amendoeiras em flor
Salta da cama
Anda viver, meu amor
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
jorge palma - acordar tarde
tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a fazer
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia
Cds jorge palma á Venda