MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
joca martins - eu sou bagual
Santana, minha Santana
Do potro de cacho atado
Quando cruzo no Barreto
Pra golpeá um vinho gelado
Santana, minha Santana
Santana do batuvão
Do artesanato gaúcho
Que povoa o calçadão
Eu sou bagual
Eu sou bagual!
Nasci no meio do campo
Dentro de um cocho de sal
Santana, minha Santana
Do cerro lá de Palomas
Dos barbado que se assanham
Quando as moça perdem a doma
Santana, minha Santana
Do Pinga e do Momoso
Da pensão â??Duas fronteirasâ?
Que ali já busquei pouso
Santana, minha Santana
Da cordeona abagualada
Do Leonel e do Cardoso
Que são baguais pela estrada
joca martins - a américa É para os guapos
A américa é para os guapos desde sempre foi assim
De Tiarajú a San Martin, índios, gaudérios, farrapos
Que na cor de um velho trapo ou no atavismo terrunho
Souberam dar testemunho que a américa é para os guapos
O mais guapo dos cavalos a história o identifique
Melhor exemplar da FICCC já podem considerá-lo
A mim me toca saudá-lo nesta milonga pampeana
Que é da terra americana o mais guapo dos cavalos
Toda a américa assistiu meu país chegar montado
No guapo mais afamado que por aqui já surgiu
Tanto orgulho varonil encheu meu peito deserto
Ao ver o alemão Gilberto com a bandeira do Brasil
O Guapo é filho de hornero vem dessa estirpe lendária
Na Viragro Agropecuária segue povoando os potreiros
Por isso é que o pago inteiro diz pra quem quer escutá-lo
O mais guapo dos cavalos tem que ser filho de Hornero
A américa é para os guapos nesta milonga eu sustento
Abriendo mi Poncho al Viento meu coração eu destapo
Índios, gaudérios, farrapos, sua prole segue em seus trilhos
Pois sabem desde potrilho que a américa é para os guapos!
joca martins - de como cantar um flete
Nesta folga domingueira
Tracei um buçal de estouro
Pra amanunsiar a meu modo
Esta beleza de mouro
Lonqueando tentos cantava
Minha própria confidência
Pra fazer deste cavalo
O melhor desta querência
Um bocal de tamanduá
Lombilho, cincha e carona
E aquele retorno de quebra
Pra levar a sia dona
Quem doma sabe o valor
De um flete manso e ordeiro
Valente, doce de boca
Para um aparte campeiro
Pelo fiador do buçal
Que é meu santo protetor
Este crioulo de lei
É a alma do domador
O valor de sua raça
Semeará aos quatro ventos
Co'a força do seu estado
A bate cola dos campos
E o meu Rio Grande que de longe
Vem montado neste embalo
Será grato à vida inteira
Às patas deste cavalo
joca martins - de cantar em versos
A noite escura se enfeitou de lua
Flor amarela nos cabelos da morena
E trouxe estrelas bonitas como a saudade
Deste sorriso pra inspirar meus poemasEstes teus olhos de estrelas pirilampas
Cristais de luas que brilham nas labaredas
De um fogo grande bichará pro inverno
Que põe lembranças a dançar na seda
(E já faz tempo que a saudade vem gelando
Toda campanha a imensidão do céu azul
Só o braseiro do angico aquece a alma
E o agosto nem chegou aqui no sul)
Quando a saudade ganha força nas esporas
Logo se encilha um cismar sem fim
Minha alma voa nas asas do vento
Até seus olhos anoitecerem em mim
Então os mates ganham novo gosto
Pois são cevados no calor da tua mão
E junto a ti meus olhos se acham
Pois não precisam te buscar na imensidão
(E nesta noite linda, a flor no cabelo
Lembrou da lua só no universo
Que brilha tanto e vem prá matar saudades
Dessas bonitas, de cantar em versos)
joca martins - botando o laço
Deixa pra mim que me toca
Herdei o laço e a mão
Do tempo em que se dava ouvidos
Aos antigos no galpão
Ponteio estendendo o braço
Depois que calço o garrão
O touro berra por touro mas cai a tranco e tirão
Melena moura no cacho
Mirando campo e distância
Sou tronco velho da estância
Brincando de â??â??botaâ??â?? o laço
Sopro de cordas ao vento
Pé no estribo e tô a cavalo
Ã? boi derrubado a pealo
Estremecendo a mangueira
Minha marca é caborteira e acordou de tirador
Com o santo pago na estância
E a banca de laçador
Meu mundo é o chão da campanha
Com a lena xucra postura
Que um pealo sem quebradura
Ã? sempre um trago de canha
No grito atropelo as horas
Com gado brabo em rodeio
E se abro o pingo pra fora
Ã? só pra aperta os arreios
Não me descuido mas acho
No fundo é um sonho campeiro
Que resta bem de fronteiro
Morrer atirando o laço
Sopro de cordas ao vento
Pé no estribo e tô a cavalo
Ã? boi derrubado a pealo
Estremecendo a mangueira
Minha marca é caborteira e acordou de tirador
Com o santo pago na estância
E a banca de laçador.
joca martins - a marca bt
Nos campos largos da pampa
Onde o horizonte se ajoelha
As terras são mais parelhas
E o firmamento se acampa
Nasceu a marca que encampa
Um novo tempo ao cavalo
Para a querência saudá-lo
Simbolizando essa estampa
A ferro e fogo moldada
Na forja da seleção
Tornou-se o grande brasão
Marca BT consagrada
As iniciais são timbradas
Vem de Bastos Tellechea
E o sol do campo clareia
A vastidão das manadas
Ao criatório vem Sorro Campeiro
Primeiro esteio de seus garanhões
Deixou a base onde reinou Hornero
No sangue clássico dos campeões
Tanta saudade em meu olhar se apeia
Pois nessa marca a gente sempre vê
Flávio e Roberto Bastos Tellechea
Os criadores do sangue BT
Lembro o Amargo, o Juquiry, o Faceiro
Lembro a Percanta, o Olvido e o Sargento
Brasão, Doriana, Lamborguine e Inteiro
Laço de estrelas feito tento a tento
Raça crioula um cabedal de glória
Livro do pago onde o presente lê
É impossível escrever-te a história
Sem evocar as iniciais BT!
joca martins - tertúlia
Uma chamarra, uma fogueira,
Uma chinoca, uma chaleira,
Uma saudade, um mate amargo,
E a peonada repassando o trago...
Noite cheirando a querência
Nas tertúlias do meu pago!
Tertúlia é o eco das vozes
Perdidas pelo campo afora
Cantiga brotando livre
Novo prenúncio de aurora...
É rima sem compromisso,
Julgamento ou castração
Onde se marca o compasso
Com o bater do coração!
É o batismo dos sem nome
Rodeio dos desgarrados
Grito de alerta do pampa
Tribuna dos injustiçados...
Tertúlia é o campo sonoro
Sem porteira ou aramados
Onde o violão e o poeta
Podem chorar abraçados
joca martins - campesino
Eu nunca afrouxei a perna pra potro que corcoveia
Me criei montando em pêlo surrando só nas "oreia"
E quando o matungo roda, é que a coisa fica feia
Sou ligeirito no más, sou destes que não se enteia.
Num aparte de mangueira, tanto a pé como a cavalo
Na saída de algum brete sempre botei meu pealo
E quando a prosa é demais, eu ouço muito e me calo
Me deito em altas à noite, me acordo ao cantar do galo.
Quando faço um alambrado que espicho bem o arame
Se escapa o esticador o tombo é que mais infame
Se danço mal o fandango não importo que reclame
Em namoro só me paro no baldrame.
Se me meto na carpeta pra jogar, não jogo pouco
Se for preciso até brigo mas não entrego os meus trocos
O jogo é coisa do diabo e eu sou burro quando empaca
Já levantei de uma mesa com dez cartas na guaiaca.
Meu serviço é coisa bruta que não serve pra doutor
Nem pra estes de cola fina metido a conquistador
Vivo lavrando a boi, pisando no meu suor.
Levantando alguma vaca num fundo de um corredor.
Fui criado meio xucro, um pobre peão de estância
Venho curtido de estrada de tanto encurtar distancia
Respeitando a minha estampa no amor pela querencia
Sou feito de pau a pique com o Rio Grande na consciência.
joca martins - luzeiros da alma
Quem são os loucos tropeiros
Parceiros das madrugadas
Cruzando passos e aguadas
no lombo da lua grande
são com certeza o Rio Grande
que brota da serrania
só pra ver clarear o dia
depois qe a noite se atora
vendo a roseta da espora
se fazer de estrela guia
Quem são os loucos campeiros
buscando as próprias raizes
reabrindo as cicatrizes
dos seus peitos machucados
pelo cantar são amados
pois trazem lumes na guelas
fazendo abrir a janela
só no gemer do arreio
e vendo a perna no freio
se fazer de estrela guia
Deparo sobre as perguntas
como rondando a mim mesmo
de certo, não andam a esmo
pois trazem pártia nos bastos
iluminando os seus passos
na sinfonia da noite
vão clareando os horizontes
e então enxergo o luzeiro
vendo a alma desses homens
se fazer de estrela guia!!
joca martins - desgarrados
Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital
Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda a noite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho.
Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será.
Cevavam mate,sorriso franco, palheiro aceso
Viraram brasas, contavam casos, polindo esporas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos.
Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho.
Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Viraram brasas, contavam casos, polindo esporas,
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos.
Cevavam mate,sorriso franco, palheiro aceso
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,
E são pingentes das avenidas da capital
Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho.
Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será.
joca martins - romance do pala velho
Uma vez fui pra cidade na maldita perdição
Lá perdi meu pala velho que me doeu no coração.
Quando voltei da cidade, vinha com dor na cabeça
Cheguei fazendo promessa, Deus permita que apareça.
Encontrei xirú do posto e não deixei de maliciar
Que ele achou meu pala velho e não queria me entregar
Fui dar parte ao comissário, ficou pra segunda-feira.
Me levaram na conversa, se foi a semana inteira.
Veja as coisas como são, como se forma a lambança
Que pelo mal dos pecados era o forro das crianças.
Com este meu pala rasgado, passava campos e rios
Com este meu palinha velho não temo chuva nem frio.
Foi forro para as carpetas e em carreiras perigosas
?Inté? serviu de agasalho pra muita prenda muita prenda minosa
?Inté? nas noites gaudérias meu pala soltito ao vento.
Ia abandonando pachola pras luzes do firmamento.
Informem nas vizinhanças este triste sucedido
Quem tiver meu pala velho que prendam este bandido.
Neste mundo todos morrem, da morte ninguém atalha.
Me entreguem meu pala velho pra eu levar de mortalha.
joca martins - qualquer uma
Pode tocar qualquer uma desde que traga bem viva
A velha chama nativa que minha estrada inda ruma
Que em cada nota resuma esse destino altaneiro
Se for assim meu parceiro pode tocar qualquer uma
A minha alma se apruma quando a guitarra ponteia
O coração incendeia e a mágoa se desarruma
Eu não escolho nenhuma milonga, chote ou vaneira
Sendo gaúcha e campeira pode tocar qualquer uma
Qualquer uma que me faça sentir aquela fragrância
Da madruga na estância: olor de campo e fumaça
Que nela meio por graça a nossa querência taita
Na voz antiga da gaita cante os encantos da raça
Mate bem gordo de espuma na madrugada de inverno
E um pai-de-fogo no cerno vai fumaceando uma bruma
A cabriúva perfuma o meu galpão feito incenso
Eu ligo no rádio e já penso ?pode tocar qualquer uma?
joca martins - só resta o retrato
Fui num baile afamado onde vadiava a cordeona
Tinha muita querendona, chegava a andar atropelando
Então me peguei olhando pra uma flor bela e trigueira
E pensei hoje o romance vai empeçar com uma vaneira
A criatura era doce como mel de lechiguana
E fazia dez semanas que eu andava no exílio
Fazendo papel de filho que só anda no castigo
E por isso meus amigos nós Â?bailavaÂ? fazendo trilho
Dando um Â?traileÂ? daquele baile, Â?ansimÂ? fazendo um relato
Eu e a linda no bailado parecia carrapato
De tanto amor que brotava Â?inté tiremoÂ? retrato
Fizemos juras de amor, mais um lote de promessas
Quando uma paixão começa o Â?enredumeÂ? não tem preço
Se enxerga o mundo do avesso, também de pata pra cima
Me olvidei de relancina e não fiquei com o endereço
Hoje só resta o retrato daquela deusa gaúcha
E quando a saudade me puxa uma dor vem de sinuelo
Eu bailei com uma modelo das revistas do meu pago
E só de lembrar tomo um trago e imagino ela d'empelo!
joca martins - última lembrança
Eu hei de amar-te sempre, sempre além da vida
Eu hei de amar-te muito além do nosso adeus
Eu hei de amar-te com a esperança já extinguida
De que meus lábios possam ter os lábios teus
Quando eu morrer permita Deus que nesta hora
Ouças ao longe o cantar da cotovia
Será minh'alma que num canto triste chora
E nessa mágoa o teu nome pronuncia
Eu viverei eternamente nos cantares
Dos pobres loucos que dos versos fazem o ninho
Eu viverei para a glória dos pesares
Aonde quase sucumbi nos teus carinhos
Eu viverei no violão que a noite tomba
Ante a janela da silente madrugada
Eu viverei como uma sombra em tua sombra
Como poesia em teu caminho derramada
Nem mesmo o tempo apagará nossos amores
Que floresceram de uma ilusão febril e mansa
Quando eu morrer eu viverei nas tuas cores
Mas te levando em minha última lembrança
joca martins - veterano
Está findando o meu tempo a tarde encerra mais cedo
Meu mundo ficou pequeno e eu sou melhor do que penso
O bagual tá mais ligeiro braço fraqueja às vezes
Demoro mais do quero mas alço a perna sem medo
Encilho o cavalo manso mas boto o laço nos tentos
Se a força falta no braço na coragem me sustento
(Se lembro os tempos de quebra a vida volta pra trás
Sou bagual que não se entrega assim no más)
Nas manhãs se primavera quando vou parar rodeio
Sou menino de alma leve voando sobre os pelegos
Cavalo do meu potreiro mete a cabeça no freio
Encilho no parapeito mas não ato nem maneio
Se desencilho o pelego cai no banco onde me sento
Água quente e erva buena para matear em silêncio
Neste fogo onde me aquento removo as coisas que penso
Repasso o que tenho feito para ver o que mereço
Quando chegar meu inverno que me vem branqueando o
cerro
Vai me encontrar venta aberta de coração estreleiro
Mui carregado de sonhos que habitam o meu peito
E que irão morar comigo no meu novo paradeiro
Cds joca martins á Venda