MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
joca martins - recuerdos da 28
De vez em quando quando boto a mão nos cobre
Não existe china pobre, nem garçom de cara feia
Eu sou de longe, onde chove e não goteia
Não tenho medo de potro, nem macho que compadreia.
Boleio a perna e vou direto pro retoço
Quanto mais quente o alvoroço, muito mais me sinto afoito
E o chinaredo, que de muito me conhece
Sabe que pedindo desce, meu facão na "28"
Remancheio num boteco ali nos trilhos
Enquanto no bebedouro mato a sede do tordilho
Ouço mugindo o barulho da cordeona
E a velha porca rabona, repousando no salão
Quem nunca fala é um dio porco e grosso
De apelido Pescoço, de rabona ao querendão.
(Entro na sala no meio da confusão
Vou meio atarantado que nem cusco em procissão
Quase sempre chego assim meio com sede
Quebro o meu chapéu na testa de beijar santo em parede.
E num relance se eu não vejo alguém de farda eu grito:
-Me serve um liso daquela que matou o guarda!
E num relance se eu não vejo alguém de farda eu grito:
-Me serve um liso daquela que matou o guarda!)
Guardo o trabuco empanturrado de bala
Meu facão, chapéu e pala e com licença, vou dançar
Nestes fandangos, levo a guaiaca recheada
Danço com a melhor china, que me importa de pagar!
O meu cavalo, deixo atado no palanque
Só não quero que ele manque quando terminar a farra
A milicada sempre vem fora de hora
Mas eu saio porta afora, só quero ver quem me agarra
Desde piazito, a polícia não espero
Se estoura a reboldosa, me tapo de quero-quero
Desde piazito, a polícia não espero
Se estoura a reboldosa me tapo de quero-quero.
joca martins - a américa É para os guapos
A américa é para os guapos desde sempre foi assim
De Tiarajú a San Martin, índios, gaudérios, farrapos
Que na cor de um velho trapo ou no atavismo terrunho
Souberam dar testemunho que a américa é para os guapos
O mais guapo dos cavalos a história o identifique
Melhor exemplar da FICCC já podem considerá-lo
A mim me toca saudá-lo nesta milonga pampeana
Que é da terra americana o mais guapo dos cavalos
Toda a américa assistiu meu país chegar montado
No guapo mais afamado que por aqui já surgiu
Tanto orgulho varonil encheu meu peito deserto
Ao ver o alemão Gilberto com a bandeira do Brasil
O Guapo é filho de hornero vem dessa estirpe lendária
Na Viragro Agropecuária segue povoando os potreiros
Por isso é que o pago inteiro diz pra quem quer escutá-lo
O mais guapo dos cavalos tem que ser filho de Hornero
A américa é para os guapos nesta milonga eu sustento
Abriendo mi Poncho al Viento meu coração eu destapo
Índios, gaudérios, farrapos, sua prole segue em seus trilhos
Pois sabem desde potrilho que a américa é para os guapos!
joca martins - eu sou bagual
Santana, minha Santana
Do potro de cacho atado
Quando cruzo no Barreto
Pra golpeá um vinho gelado
Santana, minha Santana
Santana do batuvão
Do artesanato gaúcho
Que povoa o calçadão
Eu sou bagual
Eu sou bagual!
Nasci no meio do campo
Dentro de um cocho de sal
Santana, minha Santana
Do cerro lá de Palomas
Dos barbado que se assanham
Quando as moça perdem a doma
Santana, minha Santana
Do Pinga e do Momoso
Da pensão â??Duas fronteirasâ?
Que ali já busquei pouso
Santana, minha Santana
Da cordeona abagualada
Do Leonel e do Cardoso
Que são baguais pela estrada
joca martins - a don antônio bonini
Um par de botas no más
Tanta história resguardada
Das origens de além mar
Ao rincão de Pedras Altas.
Marca do couro estampado
Cravando fundo as raizes
Legado do avô italiano
A Don Antônio Bonini
Um par de botas no más
Descrevendo uma história
Legenda da trajetória
Que Don Bonini plantou
Argentinos e Uruguaios
Politícos e ruralistas
Gente da pampa e do povo
Rio-grandenses e artistas
Da estirpe dos crioulistas
Estancieiros e peões
Veste luvas nos garrões
Da marca de Don Bonini.
Don Antônio Ângelo Bonini
Nasceu nas Pedras Altas
Herdou o ofício do pai
Nas lidas de um par de botas
Junto à terra das charqueadas.
joca martins - de como cantar um flete
Nesta folga domingueira
Tracei um buçal de estouro
Pra amanunsiar a meu modo
Esta beleza de mouro
Lonqueando tentos cantava
Minha própria confidência
Pra fazer deste cavalo
O melhor desta querência
Um bocal de tamanduá
Lombilho, cincha e carona
E aquele retorno de quebra
Pra levar a sia dona
Quem doma sabe o valor
De um flete manso e ordeiro
Valente, doce de boca
Para um aparte campeiro
Pelo fiador do buçal
Que é meu santo protetor
Este crioulo de lei
É a alma do domador
O valor de sua raça
Semeará aos quatro ventos
Co'a força do seu estado
A bate cola dos campos
E o meu Rio Grande que de longe
Vem montado neste embalo
Será grato à vida inteira
Às patas deste cavalo
joca martins - de cantar em versos
A noite escura se enfeitou de lua
Flor amarela nos cabelos da morena
E trouxe estrelas bonitas como a saudade
Deste sorriso pra inspirar meus poemasEstes teus olhos de estrelas pirilampas
Cristais de luas que brilham nas labaredas
De um fogo grande bichará pro inverno
Que põe lembranças a dançar na seda
(E já faz tempo que a saudade vem gelando
Toda campanha a imensidão do céu azul
Só o braseiro do angico aquece a alma
E o agosto nem chegou aqui no sul)
Quando a saudade ganha força nas esporas
Logo se encilha um cismar sem fim
Minha alma voa nas asas do vento
Até seus olhos anoitecerem em mim
Então os mates ganham novo gosto
Pois são cevados no calor da tua mão
E junto a ti meus olhos se acham
Pois não precisam te buscar na imensidão
(E nesta noite linda, a flor no cabelo
Lembrou da lua só no universo
Que brilha tanto e vem prá matar saudades
Dessas bonitas, de cantar em versos)
joca martins - botando o laço
Deixa pra mim que me toca
Herdei o laço e a mão
Do tempo em que se dava ouvidos
Aos antigos no galpão
Ponteio estendendo o braço
Depois que calço o garrão
O touro berra por touro mas cai a tranco e tirão
Melena moura no cacho
Mirando campo e distância
Sou tronco velho da estância
Brincando de â??â??botaâ??â?? o laço
Sopro de cordas ao vento
Pé no estribo e tô a cavalo
Ã? boi derrubado a pealo
Estremecendo a mangueira
Minha marca é caborteira e acordou de tirador
Com o santo pago na estância
E a banca de laçador
Meu mundo é o chão da campanha
Com a lena xucra postura
Que um pealo sem quebradura
Ã? sempre um trago de canha
No grito atropelo as horas
Com gado brabo em rodeio
E se abro o pingo pra fora
Ã? só pra aperta os arreios
Não me descuido mas acho
No fundo é um sonho campeiro
Que resta bem de fronteiro
Morrer atirando o laço
Sopro de cordas ao vento
Pé no estribo e tô a cavalo
Ã? boi derrubado a pealo
Estremecendo a mangueira
Minha marca é caborteira e acordou de tirador
Com o santo pago na estância
E a banca de laçador.
joca martins - cruzando a querência
CRUZANDO A QUERÃ?NCIA
Sou alma e estampa cruzando a querência
Vou seguindo o rastro do meu estradear
Levo sempre por diante toda a minha essência
E de tiro a saudade gaviona de cada lugar
Quero tapear na testa o aba larga agora
E tinindo esporas apear no galpão
Venho corpo leviano se chora a cordeona
Pra um namoro junto às querendonas do meu coração
Banco o morito no freio bueno e campeiro se faz
O rebenque no cabo da faca, um palita atirado pra trás
â??Buenas nochesâ? do jeito fronteiro
Pra um baile grongueiro, me achego no más
Sei que a noite é potra e atropela as horas
No rastro da aurora cruza a solidão
Mas levando o corpo na linda morena
Vou firmando o compasso marcado deste milongão
Quero alçar a perna e a trote largo
Ir batendo o casco pelo corredor
Pra noutro domingo cruzar a querência
co´a estampa gaúcha de sempre no rumo da flor
joca martins - tesouro da raça
Oigalê tordilho bueno, parece até um furacão
O pago se faz pequeno ao ver tamanha função
Oigalê quero cantá-lo, tordilho de pechar touro
Na Maufer todo cavalo domam com bocal de ouro
Com La Frontera Tormento
Sopra uma â??quenaâ? dos andes
Ã? o Chile que em testamento
Se aquerenciou no Rio Grande
Muchacho, Apache, Jalisco
O Bailongo e o Natan
O Comunista é um corisco
Cavalos que são Titãs
Ao ver Del Oeste Apero
Tem-se a impressão colossal
Que é um monumento campeiro
Feito de selo racial
Cabanha Maufer, herdeira
Da fibra que nunca passa
E tem em suas cocheiras
Todo um tesouro da raça
A gente nunca se cansa
E sabe bem o porquê
Quando se entra na dança
Do Fandango do HV
Já não se conta nas tarcas
A gana que a gente tem
De convidar pra uma marca
A Prenda que é nota 100!
joca martins - potro sem dono
A sede de liberdade rebenta a soga do potro
Que parte em busca do pago e num galope dispara
Rasgando a coxilha ao meio
Mordendo o vento na cara.....
Bebe o horizonte nos olhos, empurra a terra pra trás.
Já vai bem longe a figura, mostra o caminho tenaz.
A humanidade sofrida,
Que luta em busca da paz.
Vai potro sem dono, vai livre como eu.
Se a morte lhe faz negaça,
Joga a vida com a sorte.
Despresando a própia morte,
Não se prende a preconceito.
Nem mata a sede com farsa,
Leva o destino no peito.
Na seiva da madrugada,
Vai florescendo a canção.
Aquece o fogo de chão,
Enxuga meu pranto de ausência,
Nesta guitarra campeira,
Velho clarim da querência.
joca martins - ao jaime caetano braun
Vocabulário pampeano, pátrias, fogões e legendas
O grande Jaime Caetano, o poeta, o mestre, a lenda
O payador campechano guardião de rumos e sendas
Vai de fogão em fogão já desde a gaúcha infância
Calçou bota de garrão em muito galpão de estância
Deixando seu cantochão sonorizando as distâncias
Payador dos payadores, campeiro vate imortal
Nos campos nos corredores se escuta a voz de um sorçal
São os versos campeadores do Jaime Caetano Braun
O bugre, o taura, o ventena, o domador, o campeiro
Tantos tipos tantas penas que recriou por inteiro
No seu ofício torena de payador e troveiro
De olhar com luz incontida de estrela de eterno facho
De poesia aguerrida falada com voz de macho
Deixou paisagens perdidas nalgum potreiro de guacho
Ao Jaime Caetano Braun a reverência elevada
De quem tropeia um sinal onde ele abriu as estradas
E busca o seu manancial para beber nas aguadas
Alma de índio altaneiro, sino de bronze e pajé
Velho chimango guerreiro, mescla de sonho e de fé
Pedra do chão missioneiro, lume do olhar de Sepé!
joca martins - alma crioula
Na alma crioula que trago comigo
Galopa um gateado que sabe aonde vai
É o puro atavismo que tenho e que sigo
Já desde os caminhos dos meus ancestrais
Cavalo crioulo que ainda baliza
Meus sonhos que voam no céu mais azul
Cavalo crioulo que então simboliza
Com fibra e com garbo o Rio Grande do Sul
Quem é do Rio Grande ou mesmo de fora
Mas faz do cavalo crioulo a paixão
Por certo carrega consigo onde mora
Um pouco do pago em seu coração
Por isso é que habito no arreio sovado
Tal fosse um centauro sem lei nem comsolo
Metade campeiro, tropeiro ou soldado
E a outra metade o cavalo crioulo
Por isso a querência não é território
Quem vive com ela não pode transpô-la
Pra mim não existe sinal divisório
Pois trago comigo esta alma crioula!
joca martins - minha querência
De manhã muito cedinho, quando o sol devagarinho
Vem rasgando a escuridão
Ouço a voz da peonada, no galpão arrinconada
Em roda de chimarrão
Da cacimba vem chegando, a velha pipa e derramando
Gotas d?água pelo chão
Vacas mansas na mangueira e ciscando, muy faceira
No terreiro a criação
Meu Rio Grande Do Sul, meu lindo pago, meu chão
Minha querência eu te trago, na forma do coração
Gineteando a cavalhada, cruza o campo a gauchada
Pra o rodeio e a marcação
E o quero-quero alvissareiro, que lhes avista primeiro
Grita a sua saudação
Quando eu vejo a minha serra e a beleza desta terra
Nos meus olhos o debucho
Prezo a Deus em minha crença
por esta ventura imensa de ter nascido gaúcho.
joca martins - a boa vista de um peão de tropa
Nos rincões da minha querência, arralbadeira conforme a vontade
Me serve um mate "pampa-minha" nesta vidinha que me destes...
Antes que embeste a novilhada pra o mundo alhei das porteiras
Saúdo a poeira destas crinas que me arrocinam sujeitando...
E da garupa de um cavalo faço um regalo a ventania
Que na poesia dessas léguas tomo por rédeas e conselhos
Chamo no freio a coisa braba, o tempo é feio, mas o que importa
Quando se engorda na invernad, não falta nada pra quem baba
De focinho levantado e mais curioso!
Afim de ir, pra estância do pasto
Na direçao de casa costeando o arvoredo
O meu desespero profia com a tropa
Fazendo o que gosta ao sul de mim mesmo!
E todo bem que havia maneado ao destino
Divide caminho com a rês que amadrinha
O rio que não via, mimando de sede a minha saudade!
Na função dos meus afazeres rememorados conforme a manada
Vou ressabiando afeito a fadiga as horas mingas de sossego...
Talves melhore durante a sesteada sou por demais igual a campanha
Tammanha alma de horizonte ali de fronte aos cinamomos...
Já não habita a teimosia, atropelando o meu rodeio
Quando me aguento no forcejo pra erguer no laço os caídos...
Não me lastimo nem receio, vou pelo meio do sinuelo
Tocando manso os mais ariscos
Só pelo visto de por quartos, ciudar do gado,
Rondando o baio que amanuseio!
joca martins - cordeona
De onde me vem cordeona o formigueiro
Que sinto n´alma ao te escutar floreando
Esta vontade de morrer peleando
Será que um dia eu já não fui gaiteiro?
De onde me vem este tropel no pulso
Este calor de fogo que incendeia
Porque será que fico assim convulso
Só de ouvir-te o sangue corcoveia
É o atavismo, eu sei cordeona amiga
Sem que tu digas, sem que ninguém diga
Parceira guasca que nos apaixona
E se mil vidas deus me desse um dia
Uma por uma delas eu daria
Pra ter mil funerais de mil cordeonas!
Cds joca martins á Venda