MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS 
      irah caldeira - ciência popular
Pra falar dos violeiros e cantores
 Dou um viva aos poetas emboladores
 E em cultura popular que é tão intensa
 
 Tô atrás da consciência Brasileira
 Aquarela da feira e do forró
 Fazer parte dessa grandeza com a certeza
 De que nunca estou só
 
 Quero ver o canto das lavadeiras
 Das pastorinhas rendeiras e das filós
 Rezadeiras essa força coletiva
 Cangaceiras vencendo o nó cego nó
 
 Quero ver a missa do vaqueiro
 O sertão se ajoelha à fé maior
 Por que tudo se faz tão verdadeiro
 Que o violeiro traduz em mi maior 
 
    irah caldeira - a cura
Uma chuva de saudade me molhou
 Uma onda de lembrança me tocou
 Eu me deitei na praia do passado
 E vi ao meu lado o teu corpo rei
 Tentei tocar o corpo ali deitado
 Tinha sonhado então acordei
 
 Venha sonhar esse sonho comigo
 Trás teu corpo amigo
 Pra eu me sentir bem
 Vem saciar a sede desse fogo
 Vem jogar meu jogo
 Diz pra mim que vem
 
 Tô te esperando vem trazer a cura
 Pra minha loucura que é essa paixão
 Quero de novo ter prazer contigo
 Faz o teu abrigo no meu coração
 
 
    irah caldeira - a natureza das coisas
Se avexe não
 Amanhã pode acontecer tudo inclusive nada
 Se avexe não
 A lagarta rasteja até o dia em que cria asas
 Se avexe não
 Que a burrinha da felicidade nunca se atrasa
 Se avexe não
 Amanhã ela para na porta da tua casa
 Se avexe não
 Toda caminhada começa no primeiro passo
 A natureza não tem pressa segue seu compasso
 Inexoravelmente chega lá
 Se avexe não
 Observe quem vai subindo a ladeira
 Seja princesa seja lavadeira
 Pra ir mais alto vai ter que suar 
 
    irah caldeira - a poeira e a estrada
Amigo olhe a poeira olhe a estrada
 Olhe os garranchos que arranham pensamentos
 Entre o cascalho vá separando os espinhos
 Não esqueça que os caminhos são difíceis pra danar
 
 Nem todo atalho diminui uma distância
 Nem toda ânsia no final tem alegria
 Veja na flor que o espinho lhe vigia
 A noite adormece o dia e a lua vem lhe ninar
 
 Devagarinho vá pelo cheiro das flores
 Siga os amores nunca deixe pra depois
 Nem tudo é certo como quatro é dois e dois
 Nem todo amor merece todo coração
 
 Se a poesia ainda não lhe trouxe o fermento
 E o sofrimento entre o amor ganhou a vez
 Nem tudo é eterno quando a gente ama
 
 Por isso amigo não se entregue agora
 Talvez um dia o mundo lhe peça perdão
 Por isso não se perca não
 Os amores vão e a gente fica 
 
    irah caldeira - aperta o nó
Eu vim de terras mineiras
 No pinicar da viola
 Desci o rio num "gaiola"
 de Pirapora a Juazeiro
 Em Novo Exú Gonzagão 
 Me convidou prum forró
 Então apertei o nó
 Entre o calango e o baião
 
 Aí o meu coração começou a zabumbar
 Foi pelo mundo a cantar
 Um xote bem compassado
 Botei viola de lado
 E me engracei com o fole
 Gostei desse bole bole
 Desse xamêgo arretado
 
 É no chamego é no chamego miudinho
 Que eu vou devagarinho
 Machucando meu baião
 É no chamego é no chamego miudinho
 Que eu vou devagarinho
 Conquistar teu coração 
 
    irah caldeira - apreço ao meu lugar
Eu viajei pra muito longe
 Atrás de um mundo novo
 E me realizar
 E quanto mais distante eu fui
 mais perto me encontrei
 Aqui do meu lugar
 
 Se deita na minha lembrança
 A correnteza mansa
 Águas do meu riacho
 Espelhos nos igarapés
 Quando lavava os pés
 E a sombra por debaixo
 
 Progresso, eu sei é necessário
 Mas não há salário
 Que pague o que eu tenho
 Indústria que tudo refina
 Mas só me fascina
 O doce do engenho
 
 Insconscientemente o povo
 Corre atrás do novo
 E perde o endereço
 Ninguém trará de volta a feira
 A roça e a cachoeira 
 
    irah caldeira - avoante
Quando o riacho vira caminho de pedra
 E avoante vai embora
 Procurar verde no chão
 A terra seca fica só e num silêncio
 Que mal comparando eu penso
 Tá igual meu coração
 Que nem a chuva você veio na invernada
 Perfumando a minha casa
 Alegrando o meu viver
 Mas quando o sol bebeu o açude inté secá
 Quem poderia imaginar que levaria inté você
 Só resisti porque nasci num pé-de-serra
 E quem vem da minha terra
 Resistência é profissão
 E nordestino é ?madeira de dá em doido?
 Que a vida enverga e não consegue quebrar não
 Sobrevivi estou aqui contando contando a história
 Com aquela mesma viola que te fez apaixonar
 Tua saudade deu um mote delicado
 Pra fazer mais serenado
 Meu destino de cantar 
 
    irah caldeira - bole bole da sanfona
Sanfoneiro puxe o fole
 Bote o povo pra dançar
 É nesse bole bole que eu vou me acabar
 Vou dançar a noite inteira até o dia clarear
 Se segura sanfoneiro não deixe o forró parar
 O baile tá animado tem mulher rapaz e moça
 Ninguém mais fica parado no rela coxa com coxa
 Safadeza tá gostosa no meio do salão
 Forró tá pegando fogo na maior animação
 
 E puxe o fole sanfoneiro mole
 Não deixe o fole da sanfona parar
 A mulherada quando fica animada
 Começa a se assanhar
 
 É arrasta-pé no salão
 Dos pra lá dois pra cá
 No vai e vem do forró do xenhenhém
 Ninguém pára de dançar 
 
    irah caldeira - caboclo sonhador
Sou um caboclo sonhador meu senhor viu
 Não queria mudar meu verso
 Se é assim não tem conversa
 E meu regresso para o brejo
 Diminui a minha reza
 Um coração tão sertanejo
 Vejam como anda plangente o meu olhar
 Mergulhado nos becos do meu passado
 Perdido na imensidão deste lugar
 Ao lembrar-me das bravuras de Neném
 Perguntar-me a todo instante pôr Baia
 Mega e Quinha como vão tá tudo bem
 Meu canto é tanto quanto canta o sabiá
 Sou devoto de Padim Ciço Romão
 Sou tiete do nosso rei do cangaço
 E em meu regaço fulminado em pensamento
 Em meu rebento sedento eu quero chegar
 Deixem que eu cante cantigas de ninar
 Abram alas para um novo cantador
 Deixem meu verso passar na avenida
 Num forró fiado tão da bexiga de bom 
 
    irah caldeira - caia por cima de mim
Nunca mais eu vi Maria
 Nunca mais eu vi o amor
 Guardo na lembrança a cor do vestido dela
 Eu to roendo eu to cheinho de saudades
 Meu amor por caridade bote o rosto na janela
 
 Eu não aguento tanta ausência tanta dor
 Parece que o amor se esqueceu de mim
 Bateu a porta deu adeus e foi embora
 A solidão me devora agora eu to roendo sim
 
 Traga de volta a minha felicidade
 Abra um sorriso cheirando a rouge e carmim
 Aceite a dança solte a trança e jogue o laço
 Se tropeçar no compasso caia por cima de mim
 
 Caia caia caia por cima de mim
 Caia caia caia por cima de mim
 Caia caia caia por cima de mim
 Que eu te abraço eu te seguro
 Caia por cima de mim 
 
    irah caldeira - canto do rouxinol
Canta meu rouxinol cantador
 Convide o sabiá e o beija-flor
 Eu tô querendo um côro de passarinhos
 Pra cantar afinadinho e acordar o meu amor
 
 Que dia lindo
 Lindo o sol de verão a natureza
 Arrebol se faz canção
 Fruta madura no bico do sanhaçú
 É sinal que eu e tu
 Não se desgruda mais não
 É o meu peito pipocando de alegria
 Numa orquestra de harmonia
 Que renova o coração 
 
    irah caldeira - grãos de sonhos
Aqui eu plantei
 Aqui eu hei de colher
 A safra dos frutos doces do meu sonhar
 Aqui nessa terra rôta de pedra e pó
 Aqui nesse tempo rude de ferro e nó
 Plantei as sementes vivas hão de vingar
 
 Nem que seja regado a lágrima
 Suor ou sangue
 Eu faço esse solo dura brotar raiz
 E colho no tempo certo meu justo ganho
 Se aqui plantei os meus grãos de sonhos 
 Vai ser aqui que eu vou ser feliz
 
 Quem viver verá
 Quem viver verá
 Balançando ao vento
 A safra dos frutos do meu sonhar 
 
    irah caldeira - jeito maroto
Quando você passa por mim
 Que vira o rosto e não me olha
 Sinto alguma coisa que machuca
 E que me aperta o coração
 Fico feito uma flor desprotegida
 Triste e já despetalada
 Espalhada pelo vento que lhe leva
 Pro jardim da solidão
 
 É como se eu não valesse nada
 Não suporto esse seu jeito maroto
 De tratar meu coração
 Não "façisso" não, "façisso" não
 Que dói que dói que dói demais
 
 Ai minha gente se eu tivesse aquele amor
 Daria minha vida toda para ela
 Lhe dava a noite também lhe dava o dia
 E só queria em troca um pouquinho dela
 Depois diria para o mundo inteiro
 Que a vida é uma maravilha a vida é bela 
 
    irah caldeira - machado cortador
Eu comprei esse machado tipo de primeira
 E mandei botar esse cabo de boa madeira
 Veja bem foi escolhido que é de quixabeira
 E seu gume tá amolado de não dá canseira
 Foi preparado à propósito pra madeira torta
 E abra o ?ôi? tome cuidado que o machado corta
 
 Tome cuidado que o machado corta
 E abra o ?ôi? tome cuidado que o machado corta
 
 O cabo desse machado foi vinte mil réis
 E seu corte tá aprumado de não vim aos pés
 Pra miolo de braúna não sou eu que gabo
 E foi Pedro Marcolino quem botou o cabo
 Já mandei botar por ele pra fazer a porta
 E abra o ?ôi? tome cuidado que o machado corta
 
 Ajeite o tronco do pau limpe a redó
 Prepare bem direitinho nao deixe cipó
 Cuidado com o gume dele no seu mocotó
 Pois se pega de mau jeito é de fazer dó
 Tô cansado de avisar e você não se importa
 E abra o ?ôi? tome cuidado que o machado corta 
 
    irah caldeira - mentiras do vento
Um dia ia eu sozinha
 Andando em um desses caminhos
 Que levam ao lugar distante onde mora o tempo
 Fazia noite de estrelas
 os sonhos eram fugidios
 Principiava a madruga quando nessa estrada o vento
 me falou
 
 Menina eu vou lhe assegredar
 Eu venho de um lugar não longe
 Aonde a vida nasce e tem cor de quimera
 E a felicidade é uma rolinha mansa
 E lá a paz descansa e quer ser namorada
 O sonho é um menino vestido de nada
 É logo ali adiante atras daqueles montes
 Na linha do horizonte no fim dessa estrada
 
 Ah como eu andei
 Fui lá no fim do mundo e nada achei
 Foi mentira de um vento vadio
 Ou então delírio do meu desvario
 Eu tenho a ilusão cansada
 Mas doce fui acreditar
 Na rolinha mansa na paz namorada
 Um menino sonho vestido de nada
 Uma branca estrada um moleque vento
 Que contou mentiras pra me emgabelar 
 
          Cds irah caldeira á Venda