Playlist Graveola E O Lixo Polifônico

graveola e o lixo polifônico - desencontro

Deixa de bobeira, menina,
Nosso tempo acabou,
não fique aí pensando baboseira,
Já que a vida é bem maior

Leve meu sorriso na memória,
deixe a saudade pra depois,
e ao reiventar a nossa história,
finja que amanhã eu vou chegar

Seja criativa, aproveite,
experimente um novo amor,
saia de si mesma,
reconheça o seu valor

versos e desejo desvelados,
outros devaneios descuidados,
tantas aventuras em silêncio
acontecerão, você vai ver

versos e desejos revelados,
coisas do presente num passado,
e ao reiventar o nosso acaso,
finja que viver é bem melhor

"Ã? isso aí".

graveola e o lixo polifônico - amaciar dureza

E viveu uma semana
Foi-se o ano, foi-se Ana,
Destinada a caminhar os seus passados lentos

Sem trabuco, sem trambique
Ana ia com seu pique
Seu destino a transitar, sertão cantiga e vento

Ela foi um desacato, um descarrego
E tantos regos
Refletindo seus momentos, santos sentimentos

Ela não podia crer nos deuses
Madre Pedra, Padre Zé
Na lua viu jornadear
Lua de sonho, lua de vida
Por onde passei senti o seu destino
amargurado,
Pequeno, coitado, calado, jorrado
Seus mimos, seus sinos, seus anos passados.
Na vida, amaciar dureza.
Na vida, amaciar.

E viveu uma semana,
Era Ana, eram anos
Quanta vida enclausurada nesse mundo tempo
Era a cor dos seus cabelos,
Tantos erros, tantos zelos
Vida a passar os momentos deglutindo ventos

Ela só podia crer num deus
Sai da igreja, resta a fé
Jornadas viu sob o luar
Sonho de lua, vida de lua
Por onde passou, sentiu o seu destino
despedaçado
Atado, vidrado, trincado, cortado
Seus vícios, seus mortos, seus caminhos tortos

Na vida, amaciar dureza
Na vida amaciar...

graveola e o lixo polifônico - antes do azul

amanheceu outro sol que trará a luz, outro dia, sol lunar
e pro longe existir eu vou dizer do meu desejo de fazer tudo mudar

amanheceu e a manhã será como ontem, ante o ontem, outros dias iguais
e se o longe existir eu sou maior do que a distância pode ser nesse lugar

mais vivo que um azul de amanhecer

eu quis ver
você chegar e me trazer o sol
pois de que vale o sol sem ter lugar?
e o meu lugar é o sol que você traz
eu quis ver
o sol chegar e me trazer você
você chegar e ser o que eu nem sei
dizer em dois o que eu não sou num só

graveola e o lixo polifônico - babulina s trip

Mobilidade pelo mundo
Amabilidade
Amabilidade pelo mundo
Mobilidade
Pra todo mundo reouvir
Pra todo mundo refazer
Pra todo mundo realçar pra poder viver bem

Chegou a caçarola da preguiça, salve jorge ben
E junto com a malta progressista, salve beleléu
Do clássico, da novidade, do brejo da cruz

A rádio dub-soul de valadares habla pacumã
No jazz-filosofia do bordello rege o roquenrol
Da praia cimento da lúdica revolução

A língua do tambor engordurado toca portunhol
Lisboa meso-luso-brasileira já dançou baião
Na volta do mundo conecta uma mesma oração

graveola e o lixo polifônico - benzinho

benzinho
eu não estou nem aí
se você tem que partir
e não quiser mais voltar
benzinho
o sofrimento acabou
não tem mais chororô
hoje eu estou tralalá

se você me deu um pé na bunda
hoje eu estou aliviado
me sinto livre pra bailar
eu acho
que você deveria se cuidar
e dar um trato na peruca
pois seu desejo é mixuruca

graveola e o lixo polifônico - blues via satélite

Você que está sozinho aí
Entediado com a televisão
A solidão depende de você
Estão dizendo por aí
Ficar sozinho é tão clichê
A solidão depende de você

Eu procuro uma freqüência para achar você

Todo o meu sofrimento
Com total precisão
Vinte e cinco mil linhas de resolução
Todo o meu conteúdo
Mas esqueci a senha
Tenho que recorrer à assitencia técnica

Eu te liguei, mas você não respondeu
Mandei uma mensagem
Mas não sei o que que deu
Eu não tenho o seu e-mail
(ninguém ama somente por e-mail)

Sou tecnológico
Tecnicológico
Tecno-ilógico

graveola e o lixo polifônico - canção para um cão qualquer

Como é bom
Tomar um vento
Da janela
Do carro em movimento

Despertar
Farejar poeira
Preso só
Janela pelo vento

Vida cã
Brincar, disritmia vã
Brincar, disritmia cã
Brincar, disritmia vã
Brincar, disritmia

Esperar
Estar atento
Virar lata
E tropeçar no tempo

A ração já tá no fim
Chuva gota
Pelo pele morta

graveola e o lixo polifônico - chico buarque de hollanda vai à copa de 2006

chico buarque de hollanda vai à copa de 2006
ele vai assistir aos jogos do Brasil
não sei mais o quê
e vai fazer um espetáculo pros alemão

(ele vai dar uma espetada na barata dela ele vai dar uma espetada na bará)

mas chico
na verdade só deseja assistir àqueles dribles sem tamanho de alucinação
de ronaldinho gaúcho

eoronaldinhometeabolaprobirobirobilobirotocaabolaparavaldecirnomeiodaestradanãoépossívelmeudeuselevaidriblaumdribladoispelalinhadefundofezocruzamento...

(...)

é gol
mais um gol brasileiro

graveola e o lixo polifônico - cidade

espaço em contradição de ser
ruas avenidas praças
traços verticais
transeuntes uns, josés e tais

barulhos afins, faróis
na esquina de um joão ninguém
há mundos de papelão

sujeitos e construções
olhar
pernas descobertas me desviam a atenção
qualquer coisa pra dizer
ou não

não há de salientar
o vento a fazer voar as penas
num bar ou qualquer lugar
num ônibus circular
se a noite continuar
cidade vou te encontrar

e a noite a madrugar manhãs escuras

graveola e o lixo polifônico - coquetismo

papapapapapa
parararaparapararara
papapapapapa
parararaparapararara

eu te vi, menina, e não foi
a primeira vez que eu pensei
quanto de vontade pode haver
entre você e eu?

ela brinca sem dizer
sobre ter e não brincar
faz ouvir esse poder
de não se aproximar

eu me aproximei (apaixonei), mas você não
acha que isso é muito natural
falta-te vontade (coragem) pra cair
e se deixar levar

mas ela bem que tenta
provar que não me quer
dizer dos seus desejos (das suas manhas)
de mulher

eu te respondi
você não perguntou
tudo bem, meu bem, é hora de partir

e se quer saber
sobre esse quase amor
eu prefiro não

papapapapapa
parararaparapararara
papapapapapa
parararaparapararara

graveola e o lixo polifônico - desagrados e flores

Vai embora da minha cabeça
Vista essa roupa
Penteie esse cabelo
Abuse do perfume só pra te estragar
Sim, não me interessa
Que toda essa bagunça suje a sala de estar

Vai embora da minha cabeça
Abuse do perfume
Vista essa roupa
Penteie esse cabelo só pra te estragar
Sem você por perto
A casa mais vazia e descansa

Pode olhar mais uma vez pra trás
Só pra dizer que gostava
Seu olhar trazendo flores
Que você esqueceu de regar

Soberba
Apelos, tantos desagrados
Cruzam as mesmas certezas
E verdades sempre desarmáveis
Disfarçam orgulho em grandeza

Te perguntei e você não respondeu
Ã? claro que não
Você nunca ouve, só diz
E eu menti
Perguntei e você me respondeu
Ã? claro que sim
Você sempre diz e me põe a ouvir

(Ele traz as flores
Ela pede pra regar
Em cima da mesa
Ficou o perfume
Que não mais adoça a sala de estar)

graveola e o lixo polifônico - desmantelado

Desconocido
Desmantelado
Se fue a trabajar en el sertión
Del méxico
Y como yo
Sufrió su bida y mala cosa le pasó

Chica bonita de naranja
Cueantos hombres encantó!
Una mujer que hizo historia por onde camiñó

Amalgamado
Y mal amado
Emborrachado tantas noches se quedo
Y como yo
Y como tantos
Dezemplazado por su triste corazón

Estou aqui para mostrar o meu potencial
O meu sucesso, simplesmente, muito natural
Saiba, vou seguir em frente, pode acreditar
Se os homens são valentes
Eu sou muito mais
Me ha dado el sangre y el dinero, tudo en van
Estoy acerca de perder la razón
Por eso canto!
Me ha dado tanto!
Desemplazado como un triste pierrot

E nem adianta me pedir pra não chorar
(sente, eu sei!)

E nem adianta me pedir pra não sambar
(faz isso comigo não!)

E nem adianta me pedir pra não falar
(blá blá blá)

E se eles querem me ver mal

(...)

Una bela noche (in miami)
In un texas holdem (in miami)
Fui tentar la suerte y gané una bolada

Fui bailar la rumba (in miami)
Fui balar el samba (in miami)
Luego una muchacha me dejó descontrolado

Essa mulher me deixou descontrolado
(elas estão descontroladas)

Ai meu bem, meu benzinho
Você não quis o meu carinho
E eu fiquei aqui sozinho

graveola e o lixo polifônico - do alto

chegou nada do mar
- mas o mar era um nome tão bonito...
- o mar fui eu que fiz.

chegou...

é de manhã
vôo e vontade
é de manhã
semanas, mês
enquanto é enorme cantar
sangrar o corte,
o norte e a dor
em mim

ouvi morrer o mar

o mar chegou cantei
o mar chegou cantei

é de manhã
vou caminhar
é de manhã
vou trupicar

vou caminhar...

graveola e o lixo polifônico - dois lados da canção

quando eu ouço as canções que eu fiz pra você
o tempo vem dizer
o que o tempo deve ser
o espaço em que agora o meu passo chegar
vai dizer:
- amanhã já é outro lugar

eu juro que é melhor enfim
eu juro vai ser melhor assim

eu já não ligo mais para você
hoje não canto
não falo, não saio, não durmo bem
os tênues fios que me ligam a você estão hoje em prantos
e no entanto arriscamos tanto nos envolver

desligo você
nus, deslizamos
pra que te esquecer
se o amor é tanto?
existo em você
por louco engano

graveola e o lixo polifônico - ensolarado

um sol
atravessou
minha cabeça

me senti assim não entendi pra onde fui
fui parar no meio de lugar nenhum
era pra dizer
se fizesse sol
que antes era hora de brincar de melodia
antes o meu mundo era menor
depois de ensolarado cheguei a pensar num desvio de tom

(tantos caminhos possíveis depois que o sol já se foi)

graveola e o lixo polifônico