MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
gabriel o pensador - cachimbo da paz
A cri... (cough)
A cri... (cough)
A criminalidade toma conta da cidade
A sociedade põe a culpa nas autoridades
O cacique oficial viajou pro Pantanal
Porque aqui a violência tá demais
E lá encontrou um velho índio que usava um fio dental e fumava o Cachimbo da Paz
O presidente deu um tapa no cachimbo e na hora de voltar pra capital ficou com preguiça
Trocou seu palitó pelo fio dental e nomeou o velho índio pra Ministro da Justiça
E o novo ministro, chegando na cidade, achou aquela tribo violenta demais
Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades e chamou a TV e os jornais
E disse: "Índio chegou, trazendo novidade índio trouxe Cachimbo da Paz"
Maresia, sente a maresia, maresia...
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Todo mundo experimenta o cachimbo da floresta
Dizem que é do bom, dizem que não presta
Querem proibir, querem liberar
E a polêmica chegou até o congresso,
Tudo isso deve ser pra evitar a concorrência
Porque não é Hollywood mas é o sucesso
O Cachimbo da Paz deixou o povo mais tranquilo
Mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos
E o povo aplaudiu quando o índio partiu pra selva e prometeu voltar com uma tonelada
Só que quando ele voltou "Sujou"!
A Polícia Federal preparou uma cilada
_"O Cachimbo da Paz foi proibido.
Entra na caçamba vagabundo! Vamô pra DP!
Ê, ê, ê! Índio tá fudido porque lá o pau vai comer!"
Maresia, sente a maresia, maresia...
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Na delegacia só tinha viciado e delinquente
Cada um com um vício, um caso diferente
Um cachaceiro esfaqueou o dono do bar porque ele não vendia pinga fiado
E um senhor bebeu uísque demais, acordou com um travesti e assassinou o coitado
Um viciado no jogo apostou a mulher, perdeu a aposta e ela foi sequestrada
Era tanta ocorrência, tanta violencia, que o índio não tava entendendo
Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento e acendeu um"Da Paz" pra relaxar
Mas quando foi dar um tapinha, levou um tapão violento e um chute naquele lugar
Foi mandado pro presídio e no caminho assistiu um acidente causado por excesso de cerveja:
Uma jovem que bebeu demais atropelou um padre e os noivos na porta da igreja
E pro índio nada mais faz sentido
Com tantas drogas porque só o seu cachimbo é proibido?
Maresia, sente a maresia, maresia...uuulll
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Na penitenciaria o "índio fora da lei" conheceu os criminosos deverdade
Entrando, saindo e voltando cada vez mais perigosos pra sociedade
Aí, cumpadí, tá rolando um sorteio na prisão
Pra reduzir a superlotação todo mês alguns presos tem que ser executados
E o índio dessa vez foi um dos sorteados e tentou acalmar os outros presos:
"Peraí, vâmo fuma um Cachimbinho da Paz"...
Eles começaram a rir e espancaram o velho índio até não poder mais
E antes de morrer ele pensou: "essa tribo é atrasada demais. Eles querem acabar com a violência, Mas a paz é
contra lei e a lei é contra paz"
E o Cachimbo do Índio continua proibido
Mas se você quer comprar é mais fácil que pão
Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos que mataram o velho índio na prisão.
Maresia
sente a maresia
Maresia.. uuulll
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Maresia
sente a maresia
Maresia.. uuulll
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
gabriel o pensador - astronauta
Astronauta tá sentindo falta da Terra?
Que falta que essa Terra te faz?
A gente aqui embaixo continua em guerra
Olhando aí pra lua implorando por paz
Então me diz: por que que você quer voltar?
Você não tá feliz onde você está?
Observando tudo a distância
Vendo como a Terra é pequenininha
Como é grande a nossa ignorância
E como a nossa vida é mesquinha
A gente aqui no bagaço, morrendo de cansaço
De tanto lutar por algum espaço
E você, com todo esse espaço na mão
Querendo voltar aqui pro chão?!
Ah não, meu irmão... qual é a tua?
Que bicho te mordeu aí na lua?
Eu vou pro mundo da lua
Que é feito um motel
Aonde os deuses e deusas
Se abraçam e beijam no céu
Ah não, meu irmão... qual é a tua?
Que bicho te mordeu aí na lua?
Fica por aí que é o melhor que cê faz
A vida por aqui tá difícil demais
Aqui no mundo, o negócio tá feio
Tá todo mundo feito cego em tiroteio
Olhando pro alto, procurando a salvação
Ou pelo menos uma orientação
Você já tá perto de Deus, astronauta
Então, me promete
Que pergunta pra ele as respostas
De todas as perguntas e me manda pela internet
Refrão
É tanto progresso que eu pareço criança
Essa vida de internauta me cansa
Astronauta, cê volta e me deixa dar uma volta na nave, passa achave que eu tô de mudança
Seja bem-vindo, faça o favor
E toma conta do meu computador
Porque eu tô de mala pronta, tô de partida
E a passagem é só de ida
Tô preparado pra decolagem, vou seguir viagem, vou medesconectar
Porque eu já tô de saco cheio e não quero receber nenhum e-mailcom notícia dessa merda de lugar
Refrão
Eu vou pra longe, onde não exista gravidade
Pra me livrar do peso da responsabilidade
De viver nesse planeta doente
E ter que achar a cura da cabeça e do coração da gente
Chega de loucura, chega de tortura
Talvez aí no espaço eu ache alguma criatura inteligente
Aqui tem muita gente, mas eu só encontro solidão
Ódio, mentira, ambição
Estrela por aí é o que não falta, astronauta
A Terra é um planeta em extinção
gabriel o pensador - palavras repetidas
A terra tá soterrada de violência,
De guerra, de sofrimento, de desespero.
A gente tá vendo tudo tá vendo a gente,
Tá vendo no nosso espelho na nossa frente,
Tá vendo na nossa frente aberração,
Tá vendo tá sendo visto querendo ou não,
Tá vendo no fim do túnel escuridão
Tá vendo no fim do túnel escuridão
Tá vendo a nossa morte anunciada,
Tá vendo a nossa vida valendo nada.
To vendo, chovendo sangue no meu jardim,
Tá lindo o sol caindo que nem granada
Tá vindo um carro bomba na contramão.
Tá vindo um carro bomba na contramão.
Tá vindo um carro bomba na contramão.
Tá rindo um suicida na direção
(REFRÃO)
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, na verdade não há
A bomba ta explodindo na nossa mão,
O medo ta estampado na nossa cara,
O erro ta confirmado ta tudo errado,
O jogo dos setes erros que nunca para,
Sete, oito, nove, dez, cem,
Erros meus erros seus e de Deus também,
Estupidez um erro simplório,
A bola da vez, enterro velório,
Perda total por todos os lados,
Do banco do ônibus a carro importado.
Teu filho morreu meu filho também,
Morreu assaltando Morreu assaltado
Tristeza, saudade por todos os lados,
Tortura covarde humilha e destrói.
Eu vejo um Bin Laden em cada favela,
Herói da miséria, vilão exemplar,
Tortura covarde por todos os lados,
Tristeza, saudade, humilha e destrói,
As balas invadem a minha janela,
Eu tava dormindo tentando sonhar.
(REFRÃO)
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, na verdade não há
Sou um grão de areia no olho do furacão,
No meio à milhões de grãos,
Cada um na sua busca,
Cada bússola num coração,
Cada um le de uma forma o mesmo ponto de interrogação,
Nem sempre pode se ter fé
Quando chão desaparece embaixo do seu pé
Acreditando na chance de ser feliz,
Eterna cicatriz,
Eterno aprendiz, das escolhas que fiz,
Sem amor eu nada seria,
Ainda que eu falasse a língua de todas as etnias,
De todas as falanges e facções,
Ainda que eu gritasse os gritos de todas as legiões.
Palavras repetidas, mais quais são as palavras que eu mais quero
repetir na vida?
Felicidade, paz, é
Felicidade, paz, sorte.
Nem sempre se pode ter fé
Mais nem sempre a fraqueza que se sente
Quer dizer que a gente não é forte.
gabriel o pensador - bossa 9
Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
é ela menina que vem e que passa
num doce balanço caminho do marBença, Vinícius e Tom, Dá licença
Desculpe incomodar o vosso bom e merecido sossego
Aí em cima deve ser maravilha
Sem medo, sem guerrilha sem miséria e desemprego
Dá um abraço no Ray Charlles por mim, outro pro Tim
Mais hoje eu só vim pra fazer um desabafo
Porque a coisa tá ficando ruim
Não é só em Ipanema nem é só aqui no Rio que tá assim
Mas às vezes dá vontade de pegar o Antonio Carlos Jobim
Por onde vem cada vez menos turista
E por onde sai cada vez mais morador assustado
Infelizmente dá vergonha de viver nesse estado
Ó Cristo Redentor, braços abertos
Não deixa o som do tiroteio sufocar nossos versos
Se eu declamo e se eu reclamo é por que eu amo isso aqui
Se a gente chora é porque sabe que merece sorrir
Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
É ela menina que vem e que passa (x2)
Num doce balanço caminho do mar
A praia tá bonita, as garotas mais ainda
Coisa linda, mais cheia de graça
Aqui no posto nove, não há quem reprove
Eu fico louco, só um pouco, mais um pouco
Dessa água de coco
Vale a pena vim aqui pra ver, meu skate, walkman
Eu fico zem, ouvindo esse Cd
É só decer a Vinícius de Moraes
Com a lagoa ali atrás, e na frente o mar aberto pode crer
Deslumbrante, a vista mais é bom ficar esperto
Que os ladrões vem pedalando e dão o bote certo
É bicicleta, poeta, a polícia não acompanha
Quem dá mole vira boi de Piranha
Olha que coisa mais feia, arrastão na areia
Quanto ladrão e o turista sem ação perdeu até o calção
Pra faze um bom samba, bossa nova vem que tem
Xá comigo, Poetinha, eu sou poeta também
Tudo que eu falo vem, do coração
Não sou um vinícius, mais também tenho esse vício
Cê me perdoa, sabe como é, inspiração
a gente vai rimando a toa, coisa ruim com coisa boa
Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
É ela menina que vem e que passa (x2)
Num doce balanço caminho do mar
Deixa comigo, maestro que eu faço meu som
Não sou um Jobim mais também rimo no tom
Chamei o meu filho assim, e foi em sua homenagem
E foi com ele que eu vim a fim de curtir a paisagem
a gente tá de passagem mais não tá de bobeira
É um mistério profundo é o queira ou não queira
Eu já rodei meio mundo feito um pião vagabundo
Mas sempre volto pra casa pra me curar da tonteira
Wou, o Haiti não é aqui
Mas é vigário geral logo ali
E a geral querendo subir a rocinha, pra controlar o morrão
E a garotada na lage soltando pipa e rojão
Wou Wou, olha a galera zuando na condução
Voltando da praia lá pra baixada
Amanhã tem trabalho, se não tiver chacina
De inocente, de criança, hoje de madrugada
Wou Wou, olha a menina passando no calçadão
Vendendo seu corpo mais não a alma
Por causa do amor e da beleza que existe
O sol se pos em ipanema e ela também bateu palma
Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
É ela menina que vem e que passa (x3)
Num doce balanço caminho do mar
gabriel o pensador - 12 meses por ano
[Refrão]
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez(2x)
12 meses por ano
30 vezes por mês
Mulher, eu faço contigo
O que ninguém nunca fez
O seu talvez é um sim
Pra mim o não é talvez
O sim é sim outra vez
Pois é tudo da lei
Eu faço o que tu queres
E tu fazes o que eu quero
Pois sei bem que tu queres
E tu sabes que eu sei
Não te arrependerás
Não me arrependerei
Dou-lhe uma, dou-lhe duas,
dou-lhe três!
Eu faço, tu fazes
Nós fazemo, nós faz
Tudo certo, tudo errado
Daqui a pouco tem mais
No sapato, sem vacilo,
100% sagaz
Não me arrependerei,
não te arrependerás
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez
"Eles não sabem chegar,
eles não sabem chegar"
Não é assim não!
Não é assim não!
"Eles não sabem chegar,
eles não sabem chegar"
Não é assim não!
Deixa o paapi ensinar
"Eles não sabem chegar,
eles não sabem chegar"
Não é assim não!
Não é assim não!
"Eles não sabem chegar,
eles não sabem chegar"
Não é assim não!
Deixa o paapi ensinar
Neguinho não sabe atacar
Vai parar na lona
Pensa que impressiona
Chega nas mulhé feito o louco
Que chegou no Vanderlei na maratona
Só decepciona
Se atrapalha, toma bola
Enche a cara, paga mico,
E a mulherada já detona:
"Quer sair comigo, deixa que eu nem te ligo
Nem você me telefona;
Quer esquentar o umbigo
Só se for na zona, péla-saco!"
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez(2x)
Se você for fora da lei me seqüestra
Se for polícia me prende
Se você for veterinária me atende
Bicho solto da goiaba
Bode solto, prende a cabra
O jogo só termina quando acaba
O jogo só acaba quando termina
A noite é uma criança
E tá chegando mais menina
Eu ando prevenido
Contra o que não tem vacina
Tá desanimada? Então deixa comigo
Que eu tô no clima
"Eles não sabem chegar, eles não sabem chegar..."
Quem disse que o Rap não pode ter poesia?
"Eles não sabem chegar, eles não sabem chegar..."
Quem disse que o jovem tem a cabeça vazia?
Que vazia o cacete! Não vem puxar o tapete
"Eles não sabem chegar, eles não sabem chegar..."
Já preparei um foguete pra encarar a frente fria
A meteorologia tá certa
O tempo tá fechando mas a mente tá aberta
A mulher sempre vai ser mais esperta
Mas é tudo da lei da demanda e oferta.
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez
12 meses por ano, 30 vezes por mês
12 horas por dia e à noite outra vez...
gabriel o pensador - 175 nada especial
Mais um dia mais um ônibus que eu peguei no Rio
Um ônibus tranqüilo
Estava vazio
A cidade engarrafada como não podia deixar de ser
Viagem demorada
O que fazer?
Sem nenhuma mulher por perto pra bater um papo esperto
Resolvi escrever um rap a mais
Mas não estou bem certo sobre o quê vou rimar
- Diz aí trocador
(Ah sei lá)
Então eu vou no instinto pego um papel e vâmo vê o quê que dá
Foi nesse instante em que eu olhei pra janela
E que susto eu levei
Era ela
A inflação estampada na vitrine
Atingiu meu coração
E deu vontade de partir pro crime
Porque o que eu quero comprar já não dá mais
A não ser que eu faça como fez o Ferrabrás (Quem?)
Então eu tento esquecer
Continuar a rimar
Mas o que eu vejo do outro lado é duro de acreditar
Mas é real
E a realidade dói demais
São dois mendigos se matando pelos restos mortais
De um cachorro qualquer que foi atropelado
E vai virar rango e se der
Talvez seja assado (Hmm os nojentos gostam disso?!)
- Não arrombado
Aquilo é um ser humano que chamaram de descamisado
Um desesperado
Um brasileiro como eu
Que deve sempre perguntar
(Será que existe mesmo Deus?)
Não é o Pensador que vai tentar responder
Eu continuo rimando tentando esquecer
Porque...
Esse rap não é sobre nada especial
É o rap do 175 que eu peguei na central
Mas esse rap não é sobre nada especial
é o rap do 175 que eu peguei na central
E de repente o ônibus começou a encher
Entrou mais gente
Houve um tumulto
Alguém gritou e eu olhei pra ver
(Quê que é isso? Quê que tá pegando? Quê que tá havendo?)
(É um assalto malandro! Será que você ainda não tá percebendo?)
O desespero do trabalhador começou
E eu também tentava esconder meu dinheiro quando alguém falou
(Libera esse aí que é o Pensador mané!)
Mas eles eram meus fãs
Então levaram meu boné
(Autografado né Pensador se liga!)
(calma!)
Alguns acharam que eu era cúmplice
Quase deu briga
Mas a viagem prosseguiu
E os ladrões desceram
E aí a raiva é que subiu na cabeça dos passageiros
E o mais injuriado era um bigodudo
Que tinha ganhado o salário e (Eles levaram tudo)
Entraram dois PMs pela porta da frente estufando o peito e
olhando pra gente
Impondo respeito
Mas os ladrões já tavam longe
Num tinha mais jeito
Pra priorar levaram o bigodudo como suspeito - Ele era preto
Coisas desse tipo é difícil esquecer
Mas eu vou continuar porque eu já disse a você que...
Esse rap não é sobre nada especial
É o rap do 175 que eu peguei na central
Mas esse rap não é sobre nada especial
é o rap do 175 que eu peguei na central
Agora estamos passando pela praia de Copacabana
Travestis e prostitutas se acabando por grana
E os gringos vão achando aquilo tudo bacana
(O Brasil é um paraíso! As mulheres são boas de cama!)
Ô gringo não força
Deixa de ser imbecil
Você que vem lá de fora quer entender do Brasil
(Hã... "O Brasil é um paraíso" - É mole? - E o inferno é onde?!)
- (Peraí Pensador)
E por falar em paraíso
Olha que loucura
Subiu no coletivo uma estranhíssima figura
Com uma bíblia na mão e uma cara de débil mental
Pregando a enganação da Igreja Universal
(Ou será que era alguma outra igreja dessas?
Ah num faz mal
Igreja de enganar otário é tudo igual)
E o coitado foi soltando aquele papo de crente
E eu rezando: Deus me dê paciência!
Mas o pentelho desceu pra alegria da gente
E na saída do ônibus
Sofreu um acidente
Se distraiu e foi atropelado por um caminhão
Morreu esmagado com a bíblia na mão
(É morreu? Melhor do que viver nessa ilusão
Num queria Deus? Foi pro céu então.) - (Num sei não)
Enquanto todos se benziam com pena do crente
Eu fui rimando
Bola pra frente porque...
Esse rap não é sobre nada especial
É o rap do 175 que eu peguei na central
Porque esse rap não é sobre nada especi-al
é o rap do 175 que eu peguei na central
E eu percebi que o trocador ficou fazendo careta
Prum coroa que passou por debaixo da roleta
Era um senhor de óculos, barba branca...
Ei Peraí! (Ei professor
O quê que o senhor tá fazendo aqui?!
Quê que houve? Foi assaltado? Perdeu o dinheiro?)
- (Não... É... sabeoquêqueé... Eu já gastei o salário inteiro!)
HmHm Mudei de assunto
Ele já tava encabulado
No meio do mês o salário dele já tinha acabado
Era o meu ex-professor da escola (Coitado)
Tá fudido e mal pago
Daqui a pouco tá pedindo esmola
Ele é um mestre
Um baú de sabedoria
E esse não é o valor que um professor merecia
Profissional de primeira importância pro nosso futuro
Ninguém mais quer ser professor pra num viver duro
E ele desceu em outra escola pra dar mais aula
(É que eu trabalho nos três turnos
Chego em casa e ainda corrijo prova)
- Tchau professor - (Tchau Pensador)
Desceu mais um trabalhador que tá numa de horror mas...
Esse rap não é sobre nada especial
É o rap do 175 que eu peguei na central
Mas esse rap não é sobre nada especi-al
é o rap do 175 que eu peguei na cen-tral
E nós agora estamos passando pelo bairro de São Conrado
E como o tempo tá fechando eu tô ficando preocupado
Ih! Choveu! Pronto tudo alagado
Uns vão nadando
Outros morrendo afogados
E enquanto na favela tem barraco caindo
Não é que passa o Prefeito num iate sorrindo
E se o nosso ex-presidente estivesse aqui
Ele estaria certamente num belíssimo jet-ski
Mas como nós não temos embarcação pra todo mundo
Essa triste situação tá parecendo o fim do mundo
Pra quem tá de carro
Pra quem tá de ônibus
Nessa Rio-Babilônia
No Brasil do abandono
E enquanto os governantes vão boiando sorridentes
Vâmo remando
Bola pra frente porque...
Esse rap não é sobre nada especi-al
É o rap do 175 que eu peguei na central
Mas esse rap não é sobre nada especial
é o rap do 175 que eu peguei na central
E o pior de tudo-tudo é que nessa grande viagem
Nada-nada disso do que aconteceu foi novidade
E as autoridades estão defecando
Pro que acontece ao cidadão brasileiro no seu cotidiano
Porque pra eles isso não é nada especial
No cu dos outros é refresco
Num faz mal
E fecham os olhos pro que até cego já viu:
O revoltante retrato da vida urbana no Brasil
E eu não me refiro ao 175 ou qualquer linha da central
Eu tô falando do dia a dia a qualquer hora em qualquer local
Porque esse rap não é sobre nada especial...
gabriel o pensador - 2345meia78
Fim de semana chegando e o coitado tá no osso
Mas acaba de encontar a solução
Coloca um caderninho no bolso,
Apanha umas fichas e corre prum orelhão
É o seu velho caderninho de telefone
Com o nome e o número de um monte de mulhé
E ele vai ligar pra todas até conseguir chamar uma gata pra sair e dar um rolé
2345Meia78!
Tá na hora de molhar o biscoito!
Eu tô no osso mas eu não me canso!
Tá na hora de afogar o ganso!
Letra "A", vâmo começar: Alô, por favor, Ana Maria está?
(Ela saiu com o namorado. Quer deixar recado?)
Não, obrigado, deixa pra lá.
Letra "B", vou ligar pra essa Bianca
Tem cara de carranca mas dá pra dar o bote
Desligou na minha cara, que tristeza
Chamei ela de princesa e ela pensou que fosse trote
Que se dane! É até melhor assim
Eu vou ligar pra Dani que ela é gamadinha em mim
"Oi, Danizinha, lembra do animal?!"
(Não conheço ninguém com esse nome. Tchau!)
Deve tá com amnésia, vou pra letra "E":
2-Bola-gato-69-bola-sete
É a bola da vez da: Elizabete
Dizem as más línguas que ela é boa de (Alô!)
"Alô, a Beth está?
(Tá, mas não pode falar. Ela tá de boca cheia e eu tô comendo,rapá)
Que azar, liguei na hora errada
A hora da refeição é uma hora sagrada
Meu caderninho de telefone parece um cardápio
E faz um tempo que eu não como nada
2345Meia78!
Tá na hora de molhar o biscoito!
Eu tô no osso mas eu não me canso!
Tá na hora de afogar o ganso!
Letra "F", quem não arrisca, não petisca
"Alô, é da casa da Francisca?"
(Ela se mudou. Casou com um delegado de polícia. Quer o número?)
Tô fora, risquei da minha lista
Há muito tempo eu conheci a Dona Guta, uma coroa enxuta
Como será que ela tá?
(Dona Guta? Vou chamar. Vovó! Telefone!)
(Hein!??)
Achei melhor desligar.
Tentei o "H", o "I", e o "J"
E até agora não arrumei uma... gata
"L", "M", "N", "O"... A cada letra que passa eu me sinto mais só
"P", "Q", "R", S.O.S!
Socorro! Eu já tô na letra "X"!
Meu caderninho de telefones já tá perto do fim e eu tô longe de um final feliz
2345Meia78!
Tá na hora de molhar o biscoito!
Eu tô no osso mas eu não me canso!
Tá na hora de afogar o ganso!
Ainda falta a letra "Z"
Mas acabaram as fichas, o quê que eu vô fazê?
Disque-Sex? Ah! Qualé?!
Chega de conversa, o que eu quero é uma mulher!
Já sei, vou ligar pro 102, o disque informações,
Não há nada errado nisso
(Informações, Creusa, pois não?)
Só queria uma informação: pode ser ou tá difícil?
(Queira desculpar, mas...)
Vou ligar pra Zumira mas nem adianta
Ela nunca dá mole pra ninguém
Mas eu já levei um fora do alfabeto inteiro
Quê que tem levar um "não" dela também?
_Alô! Zumira? Vai fazê o que hoje?
(Ah, não sei. Vamô num cinema...)
Quando a esmola é demais o santo desconfia
Essa mina deve tá com algum problema...
Chegando no local que ela escolheu:
"Não-sei-que-lá-do-reino-de-Deus"
Olha o nome do filme: "Jesus Cristo é o senhor"
É comédia? (Não é filme, o cinema acabou.
Virou Igreja Evangélica e eu só te trouxe aqui pra'cê comprar pra mim uma vaga lá no céu!)
Ah, irmã, deixa disso,
Minha grana só vai dar pra te levar pra ir rezar lá num motel!
(Ai, senhor, olha onde eu vim parar!)
Ah... relaxa, meu amor... ajoelhou?
Então vai ter que rezar!!
2345Meia78!
Tá na hora de molhar o biscoito!
Eu tô no osso mas eu não me canso!
Tá na hora de afogar o ganso!
(Ai isso é tentação do capeta)
Calaboca mulher vem fazer o canguru perneta
gabriel o pensador - Ãh
Eu não sei quem inventou essa mania e nem sei o que seria esse "ãh".
Eu só sei que eu acordei no outro dia e só ouvia todo mundo dizer ãh.
Eu nem sabia que existia essa palavra ou esse nome ou o que quer que seja ãh.
E de repente vi que toda a minha gente enfiou na sua mente o tal do ãh.
Tranquilamente fui ali na padaria e falei bom dia, responderam ãh.
Comprei um pão e fui ver televisão, só que na programação só tinha ãh.
Fui pro estádio assistir a um futebol e a torcida só gritava: "ãh! ãh!"
Liguei o rádio pra ouvir os comentários e era "ãh-ãh-ãh-ãh-ãh-ãh-ãh".
Cheguei em casa, o meu amigo me ligou, eu disse alô, ele disse ãh.
Ele me falou duma festinha recheada de gatinha, eu disse ah... hmm... Ãh!!
Cheguei na festa e realmente tava bom, mas o som ãh ãh ãh ãh
Uma garota me deu mole e começamos a conversar: "ah? ãh! ãh..."
Fomos lá pra casa e aí ãh, perguntei se ela ãh, ela veio e "ãh"...
Por isso eu digo "ãh!"
Everybody say "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh!", eu também quero falar ãh...
Por isso eu digo "ãh!"
Vem dizer comigo: "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh", então eu digo ãh... ah, sei lá!
Fui pra escola e esqueci a minha cola, e na prova eu respondia tudo ãh.
O professor me falou alguma coisa que eu não entendi porque não era ãh.
Voltei pra casa meio ãh, e o guarda me pegou com uma ãh, e falou que eu ia ãh.
"Peraí, seu guarda, eu posso explicar"
- "Então explica!"
- "É que... ãh..."
E o meu pai ficou sabendo e já veio me dizendo que eu era muito ãh.
Eu disse "pai, ãh, pai, mas pai, ãh, pai..."
- "Cê tá me respondendo, meu filho?!"
- "Ô, pai, ãh!!"
Meu pai nunca me escuta e pra mostrar quem é que manda ainda faz aquela cara meio ãh.
Eu resolvi fazer uma banda que é pra ver se alguém me escuta! O nome dela é Ãh.
O nosso som é uma mistura de ãh com ãh, e a nossa postura é ãh!
Acho que vai ser o maior sucesso, mas não sei se vai ser bom fazer sucesso, que o sucesso é meio ãh.
Hoje eu já falei com um, ãh, jornalista, que na hora da entrevista perguntou:
- "Porque 'Ãh'?"
- Ah... Por que 'Ãh'? Ah, Ãh por que ãh!
Se você não entendeu, sinto muito mas ãh...
Refrão
Tava tudo indo muito bem, porque eu só falava ãh, escutava ãh e pensava ãh.
Tudo como manda o figurino, as meninas e os meninos, todo mundo repetindo ãh.
Parecia muita hipocrisia, porque todo mundo repetia e nem sabia o que era "ãh".
Tão fazendo a gente de robô, só não sei quem programou.
Quando eu percebi eu disse: "ô-ôu!"
Foi aí que todo mundo olhou pra mim, só pra ver o quê que eu ia dizer.
Foi aquele olhar assim bem ãh, de quem quer ouvir um "ãh", só que aí em vez de "ãh" eu disse "B"!
Depois dessa resposta muita gente deu as costas, e até quem me adorava hoje fala que não gosta.
Eu até tentei compreender o "ãh", mas quando eu falei do "Be" ninguém tentou me entender.
É porque pra eles é o "ãh", tem que ser o "ãh", pelo jeito vai ser ãh a vida toda.
Se você quiser saber, depois do B já vem o C, e tem o D e tem o E e com o F eu digo foi.
Por isso eu digo "ãh!"
Everybody say "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh!", eu também quero falar "B"!
Por isso eu digo "ãh!"
Vem dizer comigo: "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh", então eu digo foi...
"ãh!"
Everybody say "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh!", eu também quero falar "B"!
Por isso eu digo "ãh!"
Vem dizer comigo: "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh", então eu digo Foda-se
Por isso eu digo "ãh!"
Everybody say "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh!", eu também quero falar "B"!
Por isso eu digo "ãh!"
Vem dizer comigo: "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh", então eu digo foi...
gabriel o pensador - amigo urso-resposta do amigo urso
Amigo Urso, saudação polar
Ao leres esta, hás de te lembrar
Daquela grana que eu te emprestei
Quando estavas mal de vida e nunca te cobrei
Hoje estás bem e eu me encontro em apuros
Espero receber e pode ser sem juros
Este é o motivo pelo qual te escrevi
Agora quero que saibas como me lembrei de ti
Conjeturando sobre a minha sorte transportei-me em pensamento até o Pólo-Norte
E lá chegando sobre aquelas regiões
Vai vendo só quais as minhas condições
Morto de fome, de frio e sem abrigo
Sem encontrar em meu caminho um só amigo
Eis que de repente vi surgir na minha frente
Um grande urso e apavorado me senti
E ao vê-lo caminhando sobre o gelo
- Porque não dizê-lo?
Foi que me lembrei de ti
Espero que mandes pelo portador
O que não é nenhum favor, tô te cobrando o que é meu
Sem mais, queira aceitar um forte abraço
Deste que muito te favoreceu
O meu garoto já cresceu, dá cá o meu
Dá cá o meu
Que o meu garoto já cresceu
Manda mais cem
Que tu não negas pra ninguém
Amigo velho, aí vai tua resposta
Quem é pobre nesse mundo
Sempre come do que gosta e o que não gosta
Eis porque fiquei furioso
Recebendo do amigo um tratamento desdenhoso
Mas a minha raiva logo se reprimiu
Eu não posso querer mal a quem tanto, tanto me serviu
Tua cartinha causou-me admiração
És perfeito na cobrança, como o gringo Salomão
(Que vende roupa a prestação)
Há muito eu andava persuadido que tu eras um sabido com carinha de otário
Mas, hoje, tua cartinha relendo, foi que fiquei sabendo que és expedicionário
Fostes ao Pólo sem gostar do teu algum
Enquanto eu fiquei sem nenhum aqui na velha dura sorte
Manda mais cem, eu sei que tu não negas
E receba do colega outro abraço forte
Minha continha eu pagarei no Pólo-Norte
gabriel o pensador - até quando?
Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve
Você pode e você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu
Num quer dizer que você tenha que sofrer
Até quando você vai ficar usando rédea
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea
Pobre, rico ou classe média?
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura
(Refrão)
Até quando você vai levando porrada, porrada?
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando porrada, porrada?
Até quando vai ser saco de pancada?
(Repete refrão)
Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
Seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Você tenta ser contente, não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante
É tudo flagrante
É tudo flagrante
(Refrão x2)
A polícia matou o estudante
Falou que era bandido, chamou de traficante
A justiça prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado e absolveu os PM's de Vigário
(Refrão x2)
A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco:
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que pra você não ver que programado é você
Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar
E querem q'eu seja educado, q'eu ande arrumado q'eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo emprego, começo o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego mas na hora que chego só fico no mesmo lugar
Brinquedo que o filho me pede num tenho dinheiro pra dar
Escola, esmola
Favela, cadeia
Sem terra, enterra
Sem renda, se renda. Não, não
(Refrão x2)
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro
(Refrão)
gabriel o pensador - bala perdida
Bom dia, mulher
Me beija, me abraça, me passa o café
E me deseja "Boa sorte"
Que seja o que Deus quiser
Porque eu tô indo pro trabalho com medo da morte
Nessas horas eu queria ter um carro-forte
Pra poder sair de casa de cabeça erguida
E não ser encontrado por uma bala perdida
Querida, eu sei que você me ama
Mas agora não reclama, eu tenho que ir
Não se esqueça de botar as crianças debaixo da cama na hora de dormir
Fica longe da janela e não abre essa porta, não importa o motivo
Por favor, meu amor, eu não quero encontrar você morta se eu voltar pra casa vivo
Mas se eu não voltar não precisa chorar
Porque levar uma bala perdida hoje em dia é normal
Bem mais comum do que morte natural
Nem dá mais capa de jornal
Tchau! Se eu demorar, não precisa me esperar pra jantar
E pode começar a rezar
Pra variar estamos em guerra
Pra variar...
Quem tá na chuva é pra se molhar
Quem brinca com fogo pode se queimar
Mas eu num quero ser mais um nas estatísticas
Num quero que meu corpo vire atração turística
Ensangüentado, vítima de um crime sem culpado, encaminhado prum exame de balística
Todo dia morrem dois ou três
Eu só quero saber quando vai ser a minha vez
Onde será?
No circo, na praia, no supermercado, na mesa do bar?
Ou na fila do banco?
No trem da central?
No ponto de ônibus?
Parado no sinal?
Ou assistindo TV, na segurança do lar?
Onde será que uma bala perdida vai me achar?
Se eu pudesse escolher eu morreria dormindo sem sentir muita dor
Eu sei que eu ainda sou muito novo pra morrer mas outro dia esse desejo quase se realizou:
Uma bala de fuzil se perdeu num tiroteio e veio parar no meio do meu travesseiro
Só não me acertou em cheio porque eu tava com prisão de ventre, no banheiro
Atualmente eu já me deito esperando o pior
E pra facilitar eu já durmo de paletó
Meu caixão também tá pronto atrás da porta, enrolado com a bandeira do Brasil
E quando eu sonho com o futuro eu acordo inseguro
Escutando mais um tiro de fuzil
Pra variar estamos em guerra
Pra variar...
Eu sou uma bala perdida, uma bala desgraçada
Inofensiva, feito uma criança abandonada
Eu estou sendo injustiçada
Não sou culpada
Se eu tô aqui é porque eu fui disparada
Eu não queria entrar na arma mas o dedo foi mais forte
O dedo me pôs na arma, puxou o gatilho, então porque que eu sou responsabilizada pela morte?
Eu gostaria de ser uma bala de mel
Feita com amor, embrulhada num papel
Mas vocês me fizeram pra acabar com a vida
Desde que eu nasci eu sou uma bala perdida
Eu sempre fui perdida, por natureza
Até num suicídio ou em legítima defesa
A maioria ainda nem percebeu:
Vocês tão muito mais perdidos do que eu.
Pra variar estamos em guerra
Pra variar...
gabriel o pensador - boca com boca
A minha boca olhou pra sua boca
E tá com uma vontade louca
De juntar boca com boca
Vontade louca
De juntar boca com boca
A vontade não é pouca
Deu até água na boca
A minha barriga olhou pra sua barriga
E já ficou naquela instiga
De juntar barriga com barriga
Naquela instiga
Juntar barriga com barriga
Deu um frio na barriga
Uma vontade roxa
A minha coxa olhou pra sua coxa
E tá com essa vontade roxa
De juntar coxa com coxa
Coxa com coxa, boca com boca
Barriga com barriga
Diz que Deus castiga
Será?
REFRÃ?O 1
Eu tipo homem das cavernas olhei
Olhei pras suas pernas, olhei
Puxei os seus cabelos devagar
Saindo da caverna pra voar
Eu tipo homem das cavernas olhei
Olhei pra suas pernas, olhei
Chamei as suas pernas pra dançar
Pernas pra que te quero, pra que te quero
REFRÃ?O 2
Então você virou o que eu sou
E eu virei o que serei quando você
Fizer de mim o que quiser
E me disser o que vier à sua boca
E eu virei o que você disse que sou
E por você farei, faço o que for
Pois se você quiser é só dizer
Que quer a minha boca
A minha roupa olhou pra sua roupa
E ta com uma vontade louca
De se desabotoar com ela
O meu botão olhou pra sua fivela
A minha fivela olhou pro seu botão
E que vontade louca foi aquela
De se desafivelar então
Se misturar no chão, abrindo zíperes
E portas e janelas do meu quarto
Para uma quarta ou quinta dimensão
Que diversão!
Coxa com coxa, barriga com barriga
Coxa com barriga, barriga com coxa
Coxa com barriga e boca
Boca com barriga e coxa no colchão
Respiração
Coxa com coxa, barriga com barriga
Coxa com barriga, barriga com coxa
Coxa com barriga e boca
Boca com barriga e coxa
Coxa com boca e barriga
Diz que Deus castiga
Acho que não.
REFRÃ?O 1
REFRÃ?O 2
Pernas pra que te quero
Pra onde quer que queiram me levar
Me leva pra qualquer lugar
Esquece tudo, esquece o mundo e olha pra mim
Abre esse sorriso, que eu preciso dessa boca assim
Vem juntar boca com boca
Quero nem pensar no fim
Tamo junto e misturado
E o resultado não vai ser ruim
Faz o não virar talvez, e o talvez virando sim
Mais ou menos assim
REFRÃ?O 2
gabriel o pensador - brasa
Um poeta já falou, vendo o homem e seu caminho:
"o lar do passarinho é o ar, e não o ninho".
E eu voei... Eu passei um tempo fora, eu passei um tempo longe.
Não importa quanto tempo, não importa onde.
Num lugar mais frio, ou mais quente de repente, onde a gente é esquisita, um lugar diferente.
Outra língua, outra cultura, outra moeda.
É, vida dura mas eu sou duro na queda.
Se me derrubar... eu me levanto, e fui aos trancos e barrancos, trampo atrás de trampo, trabalhando pra pagar a pensão e superar a tensão do pesadelo da imigração.
Clandestino, imigrante, maltrapilho.
Mais um subdesenvolvido que escolheu o exílio, procurando a sua chance de fazer algum dinheiro, no primeiro mundo com saudade do terceiro.
Família, amigos, meus velhos, meu mano - o meu pequeno mundo em segundo plano.
Eu forcei alguns sorrisos e algumas amizades.
Passei um tempo mal, morrendo de saudade.
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade.
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...
Da beleza poluída, da favela iluminada, do tempero da comida, do som da batucada.
Da cultura, da mistura, da estrutura precária.
Da farofa, do pãozinho e da loucura diária.
Do churrasco de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali dormindo, o coroa aposentado.
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...
Da mulata oferecida, do pagode malfeito, de torcer na arquibancada pro meu time do peito.
A pelada sagrada com a rapaziada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.
Da malandragem, da nossa malícia, da batida de limão, da gelada que delícia!
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...
Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas dos programas da TV.
Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral.
Do calor humano, do fundo de quintal.
Do clima, da rima, da festa feita à toa - típica mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro e da cor.
E do nosso jeito de fazer amor.
Agora eu sou poeta, vendo o homem a caminhar:
o lar do passarinho é o ninho, e não o ar.
E eu voltei. E eu passei um tempo bem, depois do meu retorno.
Eu e minha gente, coração mais quente, refeição no forno.
Água no feijão, tô na área, bichinho.
Se me derrubar... eu não tô mais sozinho.
Tô de volta sim senhor.
Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.
Mas o amor é cego.
Devo admitir, devo e não nego, que aos poucos fui caindo na real, vendo como o Brasa tava em brasa, tava mal.
Vendo a minha terra assim em guerra, o meu país... não dá, não dá pra ser feliz.
E bate uma revolta, e bate uma deprê.
E bate a frustração, e bate o coração pra não morrer.
Mas bate assim cabreiro.
Bate no escuro, sem esperança no futuro, bate o desespero.
Bate inseguro, no terceiro mundo, se for, com saudade do primeiro.
Os velhos, os filhos, os manos - ninguém aqui em casa tem direito a fazer planos.
Eu forcei alguns sorrisos e lágrimas risonhas.
Passei um tempo mal, morrendo de vergonha.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...
Da beleza poluída, da favela iluminada, da falta de comida pra quem não tem nada.
Da postura, da usura, da tortura diária.
Da cela especial, da estrutura carcerária.
A chacina de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali pedindo, o coroa acorrentado.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...
Da mulata oferecida, do pagode malfeito.
Morrer na arquibancada pro meu time do peito.
O salário suado que não serve pra nada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.
Da malandragem, da nossa milícia, da batida da PM, porrada da polícia.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...
Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas de programa dos programas da TV.
Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral, do sorriso mentiroso na campanha eleitoral.
Do clima de festa, da festa feita à toa - ridícula mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro da carniça.
E do nosso, jeito de fazer justiça.
Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa, casa do meu coração.
Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa e a minha casa só precisa de uma boa arrumação.
Muita água e sabão.
Ensaboa, meu irmão.
Não se suja não.
Indignação.
Manifestação.
Mais informação.
Conscientização.
Comunicação.
Com toda razão.
Participação.
No voto e na pressão.
Reivindicação.
Reformulação.
Água e sabão na nossa nação.
Água e sabão, tá na nossa mão.
Tô morrendo de paixão, tô morrendo de paixão...
gabriel o pensador - brazuca
Futebol? Futebol não se aprende na escola
No país do futebol o sol nasce para todos mas só brilha para poucos e brilhou pela janela do barraco da favela onde morava esse garoto chamado Brazuca
Que não tinha nem comida na panela mas fazia embaixada na canela e deixava a galera maluca
Era novo e já diziam que era o novo Pelé
Que fazia o que queria com uma bola no pé
Que cobrava falta bem melhor que o Zico e o Maradona e que driblava bem melhor que o Mané, pois é
E o Brazuca cresceu, despertando o interesse em empresários e a inveja nos otários
Inclusive em seu irmão que tem um poster do Romário no armário
Mas joga bola mal pra caralho
O nome dele é Zé Batalha
E desde pequeno ele trabalha pra ganhar uma migalha que alimenta sua mãe e o seu irmão mais novo
Nenhum dos dois estudou porque não existe educação pro povo no país do futebol
Futebol não se aprende na escola
É por isso que Brazuca é bom de bola
Brazuca é bom de bola
Brazuca deita e rola
Zé Batalha só trabalha
Zé Batalha só se esfola
Brazuca é bom de bola
Brazuca deita e rola
Zé Batalha só trabalha
Zé Batalha só se esfola
Chega de levar porrada
A canela tá inchada e o juiz não vê
Chega dessa marmelada
A camisa tá suada de tanto correr
Chega de bola quadrada
Essa regra tá errada, vâmo refazer
Chega de levar porrada
A galera tá cansada de perder
No país do futebol quase tudo vai mal
Mas Brazuca é bom de bola, já virou profissional
Campeão estadual, campeão brasileiro
Foi jogar na seleção, conheceu o mundo inteiro
E o mundo inteiro conheceu Brazuca com a dez
Comandando na meiúca como quem joga sinuca com os pés
Com calma, com classe, sem errar um passe
O que fez com que seu passe também se valorizasse
E hoje ele é o craque mais bem pago da Europa
Capitão da seleção, tá lá na Copa
Enquanto o seu irmão, Zé Batalha, e todo o seu povão, a gentalha da favela de onde veio, só trabalha
Suando a camisa, jogado pra escanteio
Tentando construir uma jogada mais bonita do que a grama que carrega na marmita
Contundido de tanto apanhar
Confundido com bandido
Impedido
Pode parar!!
Sem reclamar pra não levar cartão vermelho
Zé Batalha sob a mira da metralha de joelhos
Tentando se explicar com um revólver na nuca:
Eu sou trabalhador, sou irmão do Brazuca!
Ele reza, prende a respiração
E lá na Copa, pênalti a favor da seleção
Bola no lugar, Brazuca vai bater
Dedo no gatilho, Zé Batalha vai morrer
Juiz apitou... Tudo como tinha que ser:
Tá lá mais um gol e o Brasil é campeão
Tá lá mais um corpo estendido no chão
Refrão
O país ficou feliz depois daquele gol
Todo mundo satisfeito, todo mundo se abraçou
Muita gente até chorou com a comemoração
Orgulho de viver nesse país campeão
E na favela, no dia seguinte, ninguém trabalha
É o dia de enterrar o que sobrou do Zé Batalha
Mas não tem ninguém pra carregar o corpo
Nem pra fazer uma oração pelo morto
Tá todo mundo com a bandeira na mão esperando a seleção no aeroporto
É campeão da hipocrisia, da violência, da humilhação
É campeão da ignorância, do desespero, desnutrição
É campeão da covardia e da miséria, corrupção
É campeão do abandono, da fome e da prostituição
Refrão
gabriel o pensador - brilho cego
Deixa a luz brilhar
Deixa o amor crescer
Deixa a luz brilhar
Deixa o amor crescer
Luz brilhar pra mim é bom sinal
Luz brilhar pra mim é natural
Luz brilhar pra mim é bom sinal
Feito o brilho dos seus olhos que eu olho não tem igual
Feito o sol e feito a lua pelo sol iluminada
A luz que lá de cima ilumina a minha estrada
E com a luz que é emprestada pelo sol e pela lua
Eu continuo a caminhada e a caminhada continua
Deixa a luz brilhar, fica tranquila
Deixa a lua cheia se enxaguar na sua pupila
Enxuga as lágrimas e o suor da testa
Ã? que daqui a pouco chega o sol fazendo festa
Agora eu não pergunto mais aonde vai a estrada
Agora eu não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser faca amolada
Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Deixa a luz brilhar
Deixa o amor crescer
Deixa a luz brilhar
Deixa o amor crescer
Deixa a luz brilhar
Deixa o amor crescer
Deixa a luz brilhar
Deixa o amor crescer
Gosto de você assim
Ã? desse jeito
Como eu gosto de você do jeito que você é
Como você é
E você diz no meu ouvido que duvida do que eu digo
Quando eu digo como eu gosto de você assim
Você duvida
Duvida não, da vida!
E nem duvida de mim
Que eu fui ao fundo do poço pra ver que o poço tem fim
Eu fui ao fundo do poço e foi do fundo que eu vim
E vi que o poço no fundo nem é tão fundo assim
Eu fiz do poço uma fonte
Eu fiz da água uma ponte
Eu fiz um túnel pra poder atravessar o monte
Eu vi um belo horizonte me esperando
Você na minha frente e o teu sorrisso me chamando
Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranqüilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, faca amolada
Irmão, irmã, irmão, irmã de fé, faca amolada
Deixa a luz brilhar
(no teu sorriso)
Deixa o amor crescer
(e ser tranqüilo) (4x)
Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia
Plantar o trigo e refazer o pão
Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia
Beber o vinho e renascer na luz
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser faca amolada
A fé, a fé, paixão e fé, a fé
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser faca amolada
O chão, o chão, o sal da terra, o chão
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser faca amolada
O brilho, o brilho de paixão e fé
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser faca amolada
O brilho, o brilho de paixão e fé
Cds gabriel o pensador á Venda