MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
fausto - por este rio acima
Por este rio acima
Deixando para trás
A côncava funda
Da casa do fumo
Cheguei perto do sonho
Flutuando nas águas
Dos rios dos céus
Escorre o gengibre e o mel
Sedas porcelanas
Pimenta e canela
Recebendo ofertas
De músicas suaves
Em nossas orelhas
leve como o ar
A terra a navegar
Meu bem como eu vou
Por este rio acimaPor este rio acima
Os barcos vão pintados
De muitas pinturas
Descrevem varandas
E os cabelos de Inês
Desenham memórias
Ao longo da água
Bosques enfeitiçados
Soutos laranjeiras
Campinas de trigo
Amores repartidos
Afagam as dores
Quando são sentidos
Monstros adormecidos
Na esfera do fogo
Como nasce a paz
Por este rio acima
Meu sonho
Quanto eu te quero
Eu nem sei
Eu nem sei
Fica um bocadinho mais
Que eu também
Que eu também
meu bem
Por este rio acima
isto que é de uns
Também é de outros
Não é mais nem menos
Nascidos foram todos
Do suor da fêmea
Do calor do macho
Aquilo que uns tratam
Não hão-de tratar
Outros de outra coisa
Pois o que vende o fresco
Não vende o salgado
Nem também o seco
Na terra em harmonia
Perfeita e suave
das margens do rio
Por este rio acima
Meu sonho
Quanto eu te quero
Eu nem sei
Eu nem sei
Fica um bocadinho mais
Que eu também
Que eu também
meu bem
Por este rio acima
Deixando para trás
A côncava funda
Da casa do fumo
Cheguei perto do sonho
Flutuando nas águas
Dos rios dos céus
Escorre o gengibre e o mel
Sedas porcelanas
Pimenta e canela
Recebendo ofertas
De músicas suaves
Em nossas orelhas
leve como o ar
A terra a navegar
Meu bem como eu vou
Por este rio acima
fausto - o barco vai de saida
O barco vai de saída
Adeus ó cais de alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P´ra lá da loucura
P´ra lá do equador
Ah! mas que ingrata ventura bem me posso queixar
Da pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida
Sem contar essa história escondida
Por servir de criado a essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de lisboa
Gingão de roda batida
Corsário sem cruzado
Ao som do baile mandado
Em terras de pimenta e maravilha
Com sonhos de prata e fantasia
Com sonhos da cor do arco-íris
Desvairas se os vires
Desvairas magia
Já tenho a vela enfunada
Marrano sem vergonha
Judeu sem coisa sem fronha
Vou de viagem ai que largada
Só vejo cores ai que alegria
Só vejo piratas e tesouros
São pratas são ouros
São noites são dias
Vou no espantoso trono das águas
Vou no tremendo assopro dos ventos
Vou por cima dos meus pensamentos
Arrepia
Arrepia
E arrepia sim senhor
Que vida boa era a de lisboa
O mar das águas ardendo
O delírio dos céus
A fúria do barlavento
Arreia a vela e vai marujo ao leme
Vira o barco e cai marujo ao mar
Vira o barco na curva da morte
Olha a minha sorte
Olha o meu azar
E depois do barco virado
Grandes urros e gritos
Na salvação dos aflitos
Esfola, mata, agarra
Ai quem me ajuda
Reza, implora, escapa
Ai que pagode
Reza tremem heróis e eunucos
São mouros são turcos
São mouros acode
Aquilo é uma tempestade medonha
Aquilo vai p´ra lá do que é eterno
Aquilo era o retrato do inferno
Vai ao fundo
Vai ao fundo
E vai ao fundo sim senhor
Que vida boa era a de lisboa.
fausto - a chusma salva se assim
Já anda a gente do mar
A fazer fardos e trouxas
Arrombando porões
A roubar arcas e caixões
E abandonam as mulheres
Os filhos desamparados
Que choram muito assustados
Sem outra consolação
Que uns abraçados com outros
Incham das águas aos poucos
Dos tragos salgados da morte
Imploram a deus outra sorte
Às arfadas
Aos arrancos
Em prantos
E às golfadas
E uns se afogam de vez
Deixando-se ir ao fundo
E se entregam assim
Ao sono mais profundo
Outros gritam aos céus
Pela absolvição
E se enforcam depois
Com suas próprias mãos
Perneando com a morte
As pernas descarnadas
Feitas em rachas em lanhos
E tão estilhaçadas
Que por esta parte em destroços
Lhes vão caindo os tutanos dos ossos
E sem saberem nadar
Sem a nau
Sem tábua nem pau
Vai o mundo adornar
Cai ao mar
Cai ao mar
Daquela assada do barco
Constroem seu salvamento
Amarrou-se a gente ao troço
P´la cintura p´lo pescoço
Indo assim tão carregada
Ferem com facas e lanças
As mulheres as crianças
Que se aferram à jangada
Mas rezam avé-marias
Padre-nossos litanias
P´las almas dos mutilados
Que p´ra ali são abandonados
Às arfadas
Em arrancos
Em prantos
E às golfadas
Cheio vai o batel
E quase a afundar
P´ra alijarem a carga
Botam gente ao mar
Engole uma vez de vinho
E da marmelada um bocado
O pobre de um marinheiro
Mesmo antes de ser lançado
Deixou-se então atirar
Com os braços cruzados
E se ofereceu todo à morte
Tão quieto e calado
E o piloto logo abençoou
Os seus dois filhos
Que ele próprio lançou
E sem saberem nadar
Sem a nau
Sem a tábua nem pau
Vai o mundo a adornar
Cai ao mar
Cai ao mar
Pequena era a tua filha
E não a quiseram salvar
Ficou ao colo da ama
No barco grande a afundar
Suplicas da jangada
Enfim
Ergues teus braços de mãe
Mas não te escuta ninguém
A chusma salva-se assim
Gaspar ximenes
Calado
Não chores alto
Cuidado
Tu chora só no coração
Ou também vais como o teu irmão
Às arfadas
Aos arrancos
Em prantos
E às golfadas
Passam dias a fio
À pura fome e sede
E há quem vá tragando urina
E morra do que bebe
Outros da água salgada
Falecem dos sentidos
Gritando sempre por água
Lançam-se ao mar ressequidos
Vai-se o soldado e o china
Não fica dor nem mágoa
Botou-se estêvão mulato
Com a mesma sede de água
E na tarde daquela aridez
Atirou-se o padre
E o piloto outra vez
E sem saberem nadar
Sem a nau
Sem tábua nem pau
Vai o mundo a adornar
Cai ao mar
Cai ao mar
fausto - À deriva porto rico
Naquele lugar servem-nos tabaco em lugar de vinho
em Porto Rico cheira a erva santa de Santo Domingo
tão doce e sentida, chupada e contida no peito tão só
sorvem como sumos pelas bocas em fumos pelos narizes em pó
por baixo das linhas quentes tropicais são ma is cristalinas
música de búzios, dos atabalinhos, de campaínhas e buzinas, transmarinas
Escarabulha, salta, pula, pincha, fazem muitas mil doidices, quem o disse?
De tal maneira a marinh ar p´ra não se deitarem ao m ar
Uns atavam-nos uns aos outros, pelas gambias, pelos cotos
Esvoaça, avoa, abeija a ala pelas ventas extasia, quem diria?
Imitam aves o que é raro e eu até sofro do faro
Um vai t onto e outro tolo pois tanta côdea é pró miolo
A chusma de gulosos dedilha folhas secas, viciosos canudinhos
em extase escondidos de tudo areou perdeu o tino dos caminhos
e andamos ao pairo sem norte nem sol no desvairo das folias
se o piloto trás dois nortes pelo seu sol outro em sua fantasia
e as ilhas deste mundo sem bóias que as prenda lá no fundo deste mar
andam sobre as águas bailam pelas fráguas como bóias a bailar a boiar
Escarabulha, salta, pula, pincha, fazem muitas mil doidices, quem o disse?
De tal maneira a marinhar p´ra não se deitarem ao mar
Uns atavam-nos uns aos outros, pelas gambias, pelos cotos
Esvoaça, avoa, abeija a ala pelas ventas extasia, quem diria?
Imitam aves o que é raro e eu até sofro do faro
Um vai tonto e outro tolo pois tanta côdea é pró miolo
fausto - a flóber
Ainda me lembro. O melhor presente
que tive foi sem dúvida aquela flóber.
Toda a garotada da terra colaborou no meu
entusiasmo. Íamos para o campo,
pam pam, pardal aqui, pam pam, pardal ali.
A única arrelia que tive com ela foi
quando um dia, sem querer, pam,
acertei em cheio na tia Albertina.
Para castigo não me deixaram ir ao enterro
fausto - a guerra é a guerra
Salto no escuro
Entre dentes trago a faca
E nos meus olhos coloridos
Juro
Vem ver o fogo no mar
Os peixes a arder
Ã? Ana vem ver
Ã? Ana vem ver
Ã? Ana vem ver
Voando em arco
Esgueiro o corpo num balanço
Como um piloto do inferno, assalto
Nas asas guerreiras de um anjo
Seja louvado
Atacamos mui baralhados
Como um bando endiabrado
Por Jesus na sua cruz
Chora por mim ó minha infanta
Escorre sangue o céu e a terra
Ah pois por mais que seja santa
A guerra é a guerra
Malaca Malaca
A guerra é a guerra
No céu e na terra
Nos dentes a faca
Avanço e avanço
A guerra é a guerra
No céu e na terra
Balanço, balanço
Cruzado cruzado
A guerra é a guerra
No céu e na terra
O mais enfeitado
Largar largar
O fogo no mar
Seja bendito
De todos o mais enfeitado
Olha p'ra mim o mais guerreiro ao vivo
Olha p'ra mim o teu amado
E o céu a arder
Ã? Ana vem ver
Ã? Ana vem ver
Ã? Ana vem ver
Barcos em chamas erguidas
Parecia coisa sonhada queimados
Os gritos horrendos da besta ferida
E lá dentro ardiam homens encurralados
E cá fora à cutilada
Decepados p'la calada
Pelos peitos já desfeitos
Chora por mim ó minha infanta
Escorre sangue o céu e a terra
Ah pois por mais que seja santa
A guerra é a guerra
Foge saloio
Eh parolo
Aguenta António de Faria
E a fidalguia
Todo o massacre
E todo o desconsolo
Que já lá vem o Coja Acém
E o mar a arder
Ã? Ana vem ver
Ã? Ana vem ver
Ã? Ana vem ver
Diz-nos adeus o pirata, o labrego
De cima daquele mastro
Trocista e airoso
Mostrando o traseiro cafre
Preto escuro de um negro
Levando-nos coiro e tesouro
Rindo de gozo
Perdeu-se o resto na molhada
Pelo estrondo na quebrada
No edema da gangrena
Chora por mim ó minha infanta
Escorre sangue o céu e a terra
Ah pois por mais que seja santa
A guerra é a guerra
fausto - a ilha
Olhamos tudo em silêncio na linha da praia
De olhos na noite suspensos do céu que desmaia;
Ai lua nova de Outubro, trazes as chuvas e ventos,
A alma a segredar, a boca a murmurar tormentos!
Descem de nuvens de assombro taínhas e bagres
Se as aves embalam os peixes em certos milagres;
Levita-se o corpo da alma, no choro das ladainhas,
Na reza dos condenados, nas pragas dos sitiados,
Na ilha dos ladrões, quem sai?
E leva este recado ao cais:
São penas, são sinais. Adeus.
Livra-me da fome que me consome, deste frio;
Livra-me do mal desse animal que é este cio;
Livra-me do fado e se puderes abençoado
Leva-me a mim a voar pelo ar!
Como se houvesse um encanto, uma estranha magia,
O sol lentamente flutua nas margens do dia.
Despe o meu corpo corsário, seca-me a veia maruja,
Morde-me o peito aos ais, das brigas, dos punhais,
Da ilha dos ladrões, quem sai?
E leva este recado ao cais:
São penas, são sinais. Adeus.
Andamos nus e descalços, amantes, sedentos
Se o véu da noite se deita na curva do tempo.
Ai lua nova de Outubro,
Os medos são medos das chuvas e ventos,
Da alma a segredar, da boca a murmurar
Adeus
fausto - a tua presença
Eu já nada sinto
e afinal
eu gosto de não sentir nada
sozinho na calma das horas passadas
tão só numa outra quietude
num sossego tão so´ sossegado
e esquecido
eu me esqueça de mim
aos bocados
adormece-me um sono dormente
que aos poucos se apaga
um sonho qualquer
mas não me acordes
não mexas
não me embales sequer
eu quero estar mesmo como eu estou
quietamente
ausente
assim
a viagem que eu não vou
nunca chega até ao fim
é longe
longe
tão longe
que de repente tu chegas
tu brilhas e luzes
na cor das laranjas
tu coras e tinges
a mancha da marca
na alma da luz
da sombra que finges
e tu já não me largas
saudade
tu queres-me tanto
e se eu lembro
tu mexes comigo
tu andas cá dentro
à volta do meu coração
no meu pensamento
também
e por mais que eu não queira
tu queres-me bem
e desdobras os mundos em cores
e levas-me pela tua mão
cativando o meu corpo
a minha alma
a razão
só a tua presença
é que me inquieta
aquela outra ausência
dói
como um passado projecta
aquele futuro que se foi
p´ra longe
longe
tão longe
que nunca se acaba
esta inquietação
se evitas momentos
já quase finais
e ficas comigo
ainda e sempre
um pouco mais
tu nunca me deixas
saudade
tu nunca me deixas
fausto - a voar por cima das Águas
Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas
Vai de roda quem quiser
E diga o que tem a dizer (Certo!)
Sonhei muitos, muitos anos por esta hora chegada
De Lisboa para a Índia vou agora de abalada
Mas em frente de Sesimbra
Logo um corsário francês
Nos atirou para Melides
Com o barco feito em três
E por Deus e por El-Rei
Que grande volta que eu dei
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas
Ena que alegria enorme
Uns mais ou menos conforme (Certo!)
Mas que terras maravilha mais parece uma aguarela
Que eu vejo da minha barca branca, azul e amarela
A Lua dormia ali e com o Sol é tal namoro
Que as montanhas estavam prenhas e pariam prata e ouro
Com Jesus no coração faz as contas ó Fernão
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas
Mais cuidado no bailado
Que andamos tão baralhados (Certo!)
Nunca vi bichos medonhos tão soltos e atrevidos
Que nos fomos logo a pique c'o bafo dos seus grunhidos
E todo nu sobre um penedo de mãos postas a rezar
'Té me tremiam as carnes por os não ter no lugar
'Inda por cima a chover vejam lá o meu azar
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas
Eh valente rapazinho
A cantar ao desafio (Certo!)
Matei mouros malabares quem foi à guerra fui eu
Afundei grandes armadas nunca ninguém me venceu
Mas ao ver o cu de um mouro foi tal susto grande e forte
Qu'inté a bexiga mijei e de todo estive à morte
Siga a roda sem parar que a gente vai a voar!
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
fausto - agua caliente
No Puedo negar, aunque quiera,
que un día fui tuyo;
instantes felices no dejo
que el tiempo destruya.
No puedo alejarme de ti,
ni tampoco lo intento;
haré de este día en mi vida
un eterno momento.
Ahora eres parte de mi
y de mi corta historia,
tu tierna manera de amar
ya la sé de memoria,
está bien guardada en mi mente
y en mi cuerpo entero;
y sabes que aún no te digo
que yo puedo y quiero.
Quiero al beber tu veneno
embriagarme de suerte;
quiero al momento de amarte
acercarme a la muerte.
Quiero entre sábanas blancas
hacerte volar y suavemente,
quiero correr por tu cuerpo
como agua caliente.
Ahora ya sé tus deseos,
tus miedos, tus sueños.
Ahora conozco también
tus defectos pequeños
estás bien guardada en mi mente
y en mi cuerpo entero;
y sabes que aún no te digo
que yo a ti... ¡te quiero!
Quiero al beber tu veneno
embriagarme de suerte;
quiero al momento de amarte
acercarme a la muerte.
Quiero entre sábanas blancas
hacerte volar y suavemente,
quiero correr por tu cuerpo
como agua caliente.
fausto - alerta pescador
Tu não me conheces
Não sabes quem eu sou
Mas olha que eu estou
Contigo e com esses
Que o mundo afastou
Meu pai camarada
Foi um pescador
HeróI vencedor
De muita nortada
Com sangue e suor
Eu sou operário
O que acaso aprendi
Mas escuta o que ouvi
Que um certo fadário
Iguala-me a ti
Por tal camarada
Te estendo esta mão
Tu és o irmão
Da minha jornada
Em busca do pão
(refrão)
Alerta pescador
Aperta-me a mão camarada
Esta mão calejada
Tem força maior
Com a tua agarrada
E mais camarada
Há outra razão
A produção
é toda roubada
Pelo mesmo ladrão
O teu cachucho
A tua pescada
é devorada
Nas casas de luxo
E tu não tens nada
Da minha oficina
Da minha bancada
Sai pedra lavrada
Da forma mais fina
P'ra quem não faz nada
E vês camarada
Nós somos iguais
Nem menos nem mais
Que a massa roubada
P'los mesmos chacais
(refrão)
Alerta pescador
Aperta-me a mão camarada
Esta mão calejada
Tem força maior
Com a tua agarrada
Mas tu que trabalhas
Ainda não viste
Que a força que existe
Nas nossas migalhas
Ninguém lhe resiste
Há falta porém
Da nossa união
Mas olha o ladrão
A força não tem
Nem tem a razão
Tu foste soldado
Pescador camarada
Eu fui obrigado
A andar embarcado
Na mesma jangada
Precisas somente
Juntar-te comigo
Que o nosso inimigo
Só morto p'la gente
Nos poupa o perigo
(refrão)
Alerta pescador
Aperta-me a mão camarada
Esta mão calejada
Tem força maior
Com a tua agarrada
Traz camarada
Um remo bem forte
Um remo bem forte
E espalhamos a morte
Entre esta cambada
Eu levo o martelo
E os camponeses
Que tragam forquilhas
Que tragam as foices
Que tragam enxadas
Travamos os coices
Das bestas esfaimadas
Os nossos filhos
Que são os soldados
Que venham armados
Com armas p'ra nos
Façamos bem diferente
O mundo onde estamos
Se nós trabalhamos
O mundo é da gente
(refrão)
Alerta pescador
Aperta-me a mão camarada
Esta mão calejada
Tem força maior
Com a tua agarrada
fausto - ao longo de um claro rio de Água doce
E parecia aquele Tejo
este rio doirado
parecia até que tu vinhas
comigo a meu lado
ou seria das flores
e das matas cheirosas
das madressilvas dos frutos
das ervas babosas
E pareciam campinas
vales tão estendidos
pareciam mesmo os teus braços
que me abraçam cingidos
ou seria das silvas
do gengibre do benjoim
do cheiro daquela chuva
dos cacimbos enfim
porque haveria de ter
saudades tuas
ao longo de um claro rio
de água doce
E parecia verão
no imenso arvoredo
parecia até que dizias
qualquer coisa em segredo
ou seria dos dias
muito quedos
sem fim
das noites
muito melhor
assombradas
assim
porque haveria de ter
saudades tuas
ao longo de um claro rio
de água doce
fausto - atrás dos tempos
Eu pego na minha viola
e canto assim esta vida a correr
eu sei que é pouco e não consola
nem cozido à portuguesa há sequer
quem canta sempre se levanta
calados é que podemos cair
com vinho molha-se a garganta
se a lua nova está para subir
que atrás dos tempos vêm tempos
e outros tempos hão-de vir
eu sei de histórias verdadeiras
umas belas outras tristes de assombrar
do marinheiro morto em terra
em luta por melhor vida no mar
da velha criada despedida
que enlouqueceu e se pôs a cantar
e do trapeiro da avenida
mal dormido se pôs a ouvir
que atrás dos tempos vêm tempos
e outros tempos hão-de vir
sei vitórias e derrotas
nesta luta que vamos vencer
se quem trabalha não se esgota
tem seu salário sempre a descer
olha o polícia olha o talher
olha o preço da vida a subir
mas quem mal faz por mal espere
o tirano fez janela p´ra fugir
que atrás dos tempos vêm tempos
e outros tempos hão-de vir
mas esse tempo que há-de vir
não se espera como a noite espera o dia
nasce da força de braços e pernas em harmonia
já basta tanta desgraça
que a gente tem no peito a cair
não é do povo nem da raça
mas do modo como vês o porvir
fausto - canto para letrado
Este canto pra letrado fala da história do que não se fez
Ja no tempo do passado nasceu vã glória de tanta altivez
são Francisco Xavier em jaculatória matou um japonês
Colombo num ovo escalfado deu a volta ao mundo
e era português
E no tempo em que vivemos o processo histórico
baralha o freguês
Sobe o preço a que comemos,
sobe o tom retórico menos o fim do mês
O aristocrata falido perdeu a carroça sofre de estrabismo
Enquanto o burguês distraído
mete o pé na poça rumo ao socialismo
E adeus que me vou embora
Adeus, adeus meu amor
Que nestas cantigas de agora
Continua em moda o velho rimador
Que nestas cantigas de agora
Continua em moda a rima à beija-flor
A gente trabalhadora avança e recua, espera e contra-ataca
Vai sabendo enganadora a voz que não é sua, é do vira-casaca
Quando a casaca se vira tem o patronato o seu deputado
Que afirma que socializa e em boa verdade aumenta-lhe o saldo
O político-neurótico revê matéria tomando calmantes
Toma um antibiótico, anda a valéria à custa dos amantes
Ali ao centro do chiado tomam bicas de canos,
cicranos, que é tudo lazer
Esgueirados numa mesa ao lado 30 mil cubanos tomam o poder
E adeus que me vou embora
Adeus, adeus meu amor
Que nestas cantigas de agora
Continua em moda o velho rimador
Que nestas cantigas de agora
Continua em moda a rima à beija-flor
O novo-rico está na berra de tudo consome espírito e matéria
A gente pobre desta terra é que se consome de fome e miséria
E o ministro faz chalaça, diz que não há fome ri-se de lambido
Pois da fome que se passa só ri quem não come
por já ter comido
Só bate o pé na terra quem toca a cantiga e a sabe cantar
Quando o cantor já não presta bebe jeropiga e acaba a dançar
No meio desta confusão morre o Zé do Telha e vive quem roubou
Pois quem se lixa é o mexilhão
e já cá não está quem aqui cantou
E adeus que me vou embora
Adeus, adeus meu amor
Que nestas cantigas de agora
Continua em moda o velho rimador
Que nestas cantigas de agora
Continua em moda a rima à beija-flor
E adeus que me vou embora
Adeus, adeus meu amor
Que nestas cantigas de agora
Continua em moda o velho rimador
Que nestas cantigas de agora
Continua em moda a rima à beija-flor
fausto - clara
Esteve fora, agora está aqui
Para lhe pedir pra voltar
Sempre fez o que ele lhe pediu
E mesmo assim ele jogou tudo fora
Quando lhe traiu
Em seu carro com o rádio alto
Ainda pode ouvir o que lhe passa em mente
E se não foge mente que esta tudo bem
Que nada então mudou
Mas é claro que só você Clara
Sabe o quanto pode
O quanto você é capaz
De passar por sobre tudo isto
De ser forte o bastante para lhe dizer não
De volta ele quer lhe pedir perdão
Sem teu amor não posso mais ficar! (Ele)
Foi você quem escolheu assim (Ela)
Eu te perdôo só não quero mais voltar! (Ela)
Em seu carro com o rádio mudo
Ainda pode vê-lo enquanto ia embora
Lhe dizendo adeus
A vida recomeçaria como um mundo novo
Não foi tão difícil quanto ela previu
Clara então sorriu ela conseguiu
Cds fausto á Venda