MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
eli silva e zé goiano - rosa mulher e viola
A viola tem cintura
E as mulheres também
As mulheres tem perfume
Perfume que a rosa tem
Rosa, mulher e viola
Três coisas que eu quero bem
Da viola que eu ponteio
Eu quero choro dormindo
Da roseira eu quero a rosa
Só não quero o espinho
Da mulher eu quero tudo
O amor e o carinho
A viola tem cintura
E as mulheres também
As mulheres tem perfume
Perfume que a rosa tem
Rosa, mulher e viola
Três coisas que eu quero bem
No ponteio da viola
Está o meu sentimento
E a rosa na roseira
Lá no sol e no relento
E a mulher dos meus sonhos
Não me sai do pensamento
A viola tem cintura
E as mulheres também
As mulheres tem perfume
Perfume que a rosa tem
Rosa, mulher e viola
Três coisas que eu quero bem
Quem não gosta de viola
Não se meta a violeiro
E quem não gosta de rosa
Não pode ser jardineiro
Quem não gosta de mulher
Não é homem verdadeiro
A viola tem cintura
E as mulheres também
As mulheres tem perfume
Perfume que a rosa tem
Rosa, mulher e viola
Três coisas que eu quero bem
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
eli silva e zé goiano - fogo de viúva
Ritinha ficou viúva, eu fui velar o defunto
Me abracei naquela urna e chorei pelo presunto
Ritinha se comoveu e já foi puxando assunto
Me contou o acontecido, como foi que seu marido
Foi p'ra terra do pé junto.
Saiba meu caro vizinho, que meu marido Joaquim
Não era o que parecia, nunca foi tão bom assim
Me deixava no jejum, na hora do forniquim
Eu queimando feito brasa, ele não vinha p'ra casa
Metido no botequim.
Na verdade o pé de cana, que na urna está esticado
Já bateu as botas tarde, este tranqueira safado
Vivia de olho grande, na vizinha ali do lado
Danada de perna grossa, boa p'ra levar uma coça
De pau e laço dobrado.
Além, disso era um gambá, com o mau cheiro da cachaça
Braço curto p'ro trabalho, perna longa p'ra arruaça
Era levado da breca, estava sujo na praça
Devia p'ro seu Romeu, não pagou o pau comeu
Estava feita a desgraça.
Agora que estou sozinha, vou quebrar a minha jura
Essa tal fidelidade, foi p'ra mim uma tortura
Joaquim já é finado, vai baixar à sepultura
Você sendo meu vizinho, se quiser o meu carinho
Eu faço essa loucura.
eli silva e zé goiano - o machado e a motoserra
O machado e a motoserra, tiveram uma discussão.
Motoserra diz que é orgulho da evolução
Machado pra mim já era, pois vem do tempo de adão.
Você agora só serve pra fazer calo na mão.
Motoserra dá um ronco relou o dente no tronco, já se vê o pau no chão.
A serra chamou o machado, pra fazer uma porfia.
Machado aceitou na hora, e quando chegou o dia.
Entraram junto no mato pra mostrar a serventia.
A motoserra roncava, machado velho tinia.
E naquele matagal, foi só cavaco de pau, pó de serra que subia.
E esse grande duelo, deste jeito é que termina.
Na briga das ferramentas, o machado é que domina.
Motoserra parou cedo, ali no tronco da quina.
Machado seguiu cortando, mata grossa e mata fina.
Moto serra impotente, rebentou sua corrente, acabou a gasolina.
Que isto sirva de exemplo para toda humanidade.
E você que é tão jovem, tem que saber a verdade.
Respeite bem os mais velhos, não brinque com sua idade.
Uma pessoa idosa, também tem utilidade.
Ã? um diamante valioso, se não tivesse o idoso, não teria mocidade.
eli silva e zé goiano - tela quente
Com tanto carinho, já fora de hora
Fui ao telefone, liguei p'ra você
Veio atender-me quem tanto eu queria
Dizendo baixinho... alô... alô.....
Aqui tão distante, eu fiquei calado,
Só imaginando, com é tão bonita...
Nem ela imagina quem foi que ligou
{bis} Coragem não tive p'ra dizer alô....
Alô.......... alô.....
Coragem não tive p'ra dizer alô....
Sua reação, queria saber,
Se você soubesse quem sou p'ra você
Olhei p'ro relógio, quase meia noite
A tevê plim-plim, seção tela quente
Como estou carente, nem lhe disse alô...
Alô meu grande amor...
{bis} Coragem não tive p'ra dizer alô....
Alô... alô.....
Como eu queria ser seu grande amor.
eli silva e zé goiano - adeus mocidade
O sol nasce de frente pro rancho
A florada do ipê no terreiro
Solta flores douradas no ar
Canta triste o jaó tão matreiro
O meu peito velho chorador
Tem saudade dos tempos primeiros
Quando eu vivia carreando
Era estradeiro de muitas pousadas
Vida apaixonada vem dos boiadeiros
Como o rio que percorre a invernada
Suas águas regando a saudade
Foi assim que correu meu galope
Arribada deixei a vaidade
Os amores de um boiadeiro
Não amarra um peão de verdade
Amei todas como um beija-flor
Em toda cidade tive uma paixão
Parti coração, adeus mocidade
A famosa espora de prata
O meu laço de couro trançado
Se perderam com a minha tropa
Esquecida em currais do passado
Na estrada deixei meus repentes
Os amigos ficaram de lado
Eu voei como faz a perdiz
Em campo cerrado, asas tão ligeiras
Mas nas ribanceiras tem chão calejado
Se essa minha viola falasse
Nessas cordas tão bem afinadas
Certamente iria dizer
Boiadeiro morre com a boiada
O que resta é uma grande saudade
De velhice ficou disfarçada
Ã? a balança do tempo cruel
De vida pesada não erra seu peso
Pois agora mesmo eu pego outra estrada
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
eli silva e zé goiano - rabo de palha
Tanta gente enriquece
Com a desgraça alheia
Onde tiver dois malandros
Os dois trabalham à meia
Conheço gente que explora
Que embrulha e que dá peia
Eu conheço gente boa
Que virou gente à toa
Vigarista de mão cheia
Ã? dando que se recebe
Ã? um ditado que não falha
Quem não tiver o que dar
Tem que viver de migalha
Nunca vi homem do campo
Receber uma medalha
Nessa nossa terra amada
Tem valor quem não faz nada
Só se ferra quem trabalha
Tem gente metido a grande
Mas no fundo é um canalha
No primeiro atoleiro
Ele patina e encalha
Na hora do bate duro
Ele foge da batalha
Tem que desistir do jogo
Não pode entrar no fogo
Porque tem rabo de palha
Vou dizer outra verdade
No final desse pagode
Todo negócio mal feito
Algum dia se descobre
Não dou chance pra malandro
Comigo ele não bole
Quanta gente desonesta
Já tentaram fazer festa
Na sombra do meu bigode
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
eli silva e zé goiano - um pedaço da minha vida
Eu nasci numa data feliz
Sem meus pais foi que me criei
Quinze anos de idade já tinha
Quando o grupo escolar eu deixei
Trabalhando na lida pesada
Minha mãe viúva sustentei
Enfrentando as misérias da vida
Fui lutando e nunca reclamei
O destino é traçado por Deus
E na luta da vida nunca fracassei
Me ajustei numa comitiva
Fui ganhando só trinta por mês
Viajamos lá pra Mato Grosso
Na fazenda do seu Martinez
Meu patrão lá comprou uma boiada
Setecentos zebus javanês
Na contagem o mestiço Fumaça
Escapou foi no meio de três
Joguei o laço de rodilha
Lacei pelo chifre, as orelhas salvei
Fazendeiro ficou admirado
Me falou, faça isso outra vez
E mandou soltar um pantaneiro
Nessa hora meu laço aprontei
Quando o bicho pulou da mangueira
Atrás dele também eu pulei
Pra mostrar que eu sou guapo na lida
Foi de pealo que o boi eu lacei
Pantaneiro rolou na poeira
Segurei nas guampas e o laço eu tirei
Esta minha natureza
Não tem frio e nem calor
No mato sou ventania
No jardim sou beija-flor
No campo sou cobra verde
Na viola cantador
Dentro da água sou um dourado
E no laço sou laçador
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
eli silva e zé goiano - o esteio e o estorvo
Eu voltei morar no sítio veja bem como é que é
Estou vivendo distante dos filhos e da mulher
Ã?s vezes durmo na tulha do jeitinho que Deus quer
Durmo em cima do algodão que colhi com muita fé...
E o meu grande travesseiro que veio lá do terreiro,
Ã? um saco de café.
Voltar para a minha terra sempre foi minha vontade
A decisão lá em casa me machucou de verdade
Minha esposa e meus filhos ficaram lá na cidade
Ninguém me acompanhou pra minha infelicidade...
Mas eu não estou sozinho hoje aqui no meu cantinho,
Mora eu e a saudade.
A família não deu valor pra quem viveu trabalhando
Se eles têm hoje o que tem sou eu que estou deixando
Nessa terra abençoada estou colhendo e plantando
Aqui tenho quase tudo só a família está faltando...
Estou vivendo na fartura, mas engolindo amargura,
Desprezo está me matando.
Fiquei velho trabalhando posso dizer sem receio
E criei todos os filhos até o caçula que veio
Sofri como animal lá embaixo do arreio
A ingratidão da família me retalhou pelo meio...
Vivo longe do meu povo pra eles hoje é um estorvo,
Quem um dia foi esteio.
eli silva e zé goiano - por dois olhos negros
Por dois olhos negros que a beleza encerra
Deixei minha terra e parti de repente
Tem coisas que a gente faz despercebido
Eu fui atraído por uma serpente
Fiz como os pássaros, após a estiagem
Segui a viagem, porém sem destino
Por ser tão menino, me perdi nas trilhas
Tão só sem família, faltou tirocínio.
Transpus a fronteira da vida enganosa
E fiz cor-de-rosa meu jardim florido
Meus contos perdidos, meus versos e prosas
Nas tardes gostosas de céu colorido
De bem com o encanto da mãe natureza
Vi tanta beleza nos campos e matas
Banhei na cascata sentido a pureza
E tive a certeza que a saudade mata.
A maturidade me fez instruir
Foi todo banido no esquecimento
Livrei do tormento de um amor perdido
E mais prevenido criei meu talento
Voltei p'ra rever, o orvalho na relva
Eu vi minha terra, regressei enfim
E assim terminei a batalha perdida
E a aurora da vida sorriu para mim.
eli silva e zé goiano - velho poeta
Vou fazer um pedido a Deus
pra de mim ele ter piedade
refazendo voltar ao presente
meu passado de felicidade
a esperança da minha infancia
e os prazeres da mocidade
porque hoje meu corpo cansado
não suporta o peso da idade
sou a curva do rio que secou
aonde encostou a ingrata saudade.
Passo os dias na minha cabana
na soleira da porta sentado
relembrando as proesas que fiz
e o chão que por mim foi pisado
meus cabelos já parecem pano
e tem gente que acha engraçado
falar de minha pele enrugada
representa o mapa riscado
cada risco que tenho no rosto
retrata o desgosto que tenho passado.
Se meu Deus não poder devolver
o meu tempo feliz de outrora
que levava bem longe de mim
a tristeza que eu sinto agora
e trazer novamente alegria
para o meu pobre peito que chora
eu confesso com toda franqueza
que do mundo prefiro ir embora
de joelho eu peço perdão
e me dê sua mão ao chegar minha hora.
Nesta grande batalha da vida
reconheço que estou vencido
na trincheira da desilusão
solitário estou escondido
aos amigos eu peço desculpa
se por mim alguém foi ofendido
os meus versos eu deixo gravado
e a Deus faço mais um pedido
proteja quem lê poesia seleta
pra esse poeta não ser esquecido.
eli silva e zé goiano - areião da saudade
Numa tarde de agosto de fumaça e céu nublado
Foi na soleira do rancho que eu me vi ali sentado
Fumando o meu cigarro assim tão despreocupado
Senti a brisa carinhosa no rosto fazer agrado
Vi distante a minha infância, conversei com meu passado
E o velho ipê florido com as flores perfumadas
E as palmeiras imponentes que por mim foram plantadas
Era tudo o que enfeitava a curva daquela estrada
Suas folhas balançando como bandeira asteada
Belo marco e batente da minha velha morada
O velho carro de boi com seus cocões que rangia
E os gritos do velho pai ecos no grotão fazia
Quando o carro carreando naquela serra descia
Era o transporte da época por aquela cercania
E o carreiro não cansava da luta do dia a dia
Papai hoje está velhinho não tem mais agilidade
Como as pedras enfraquecidas distante da mocidade
O sol da sua existência passa o prelúdio da tarde
Igual ele estou sentindo o grande peso da idade
Somos dois carros encalhados no areião da saudade
eli silva e zé goiano - estranho no ninho
Amanha de manhã vou deixar a cidade
Porque a saudade no peito é um espinho
Aqui na floresta de cimento armado
Lembro do roçado e choro sozinho
Eu já decidi, vou voltar pro sertão
Ver o ribeirão, rio Monjolinho
Vou viver no mato da pesca e da caça
Caipira na praça é um estranho no ninho
Quero ver de novo lindas borboletas
Beijando violetas ao sol da manhã
E sobre as tulipas ver os beija-flores
Estampando as flores das obras cristãs
Vou ver a morena com seu requebrado
O rosto rosado da cor da romã
E o astro rei com raios dourados
Se pôr no serrado e ouvir a acauã
De manhã cedinho eu quero ouvir
Mestre bem-te-vi cantando pra mim
Quero ver o sol nas gotinhas de orvalho
Fazendo rosário por sobre o capim
Ver o tico-tico com sua inocência
Tratar com imponência os filhos do chupim
E na sombra fresca de um bambuzal
Sentir o natural perfume do jasmim
Quero ver a Lua com sua magia
E as Três Marias que tanto me inspira
O sopro da brisa embaixo da paineira
Deitar numa esteira trançada de imbira
Quero ver o céu com seu manto encantado
De estrelas bordado da cor de safira
Vou morar no rancho feito de tapume
Voltar aos costumes do homem caipira
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
eli silva e zé goiano - lembrança de um passado
A lembrança e a saudade
No meu peito fez seu trono
A solidão me apavora
Eu não consigo ter sono
Meus pensamentos vagueiam
Na estrada do abandono
Ã? triste a gente amar
Um alguém que já tem dono
Se eu voltasse ao passado
Saindo do meu presente
Lá na minha mocidade
Que já ficou muito ausente
O meu primeiro amor
Reveria novamente
Mudaria meu destino
E seria diferente
Mas sinto o peso do tempo
Distante do meu passado
Só posso rever quem amo
Entre meus sonhos dourados
Vejo seu rosto risonho
Da janela do sobrado
Teu sorriso fascinante
E seus cabelos cacheados
Mas a vida leva a gente
Por caminhos diferentes
Ã? como as águas que correm
No murmurar tão dolente
Chorando na cachoeira
Por deixar sua nascente
Como o sol da minha vida
Que se perde no poente
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
eli silva e zé goiano - cama verde
Eu só queria pousar meus olhos
Na cama verde do meu sertão
Fazer das matas meu travesseiro
Da lua cheia meu lampião
Do céu azul meu cobertor
Da brisa mansa a minha rede
Sobre a folhagem da natureza
Adormecer numa cama verde
A cama verde é meu sertão
Sertão que cheira cheiro de chão
A cama verde é meu sertão
Sertão que cheira cheiro de chão
Eu só queria deitar meu sonho
Na mão da noite me entregar
Dormir na sombra de seus rochedos
E no seu colo me espreguiçar
Manhã mulher tão desejada
Vem depressa me buscar
Risonha aurora manda de longe
A estrela d'alva me despertar
A cama verde é meu sertão
Sertão que cheira cheiro de chão
A cama verde é meu sertão
Sertão que cheira cheiro de chão
Eu só queria pedir ao vento
Os meus cabelos acariciar
E os longos braços de seus caminhos
Todo meu corpo entrelaçar
Fazer de estrelas um acolchoado
E de flores meu lençol
Na cama verde ser visitado
Pelos primeiros raios de sol
A cama verde é meu sertão
Sertão que cheira cheiro de chão
A cama verde é meu sertão
Sertão que cheira cheiro de chão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
eli silva e zé goiano - cantinho do planeta
No recanto onde eu moro
Ninguém vive de mutreta
Passarinho logo cedo
Já começa na represa
Eu vou pro cabo da enxada
Enxadão e picareta
A noite eu entro feito
Num joguinho de caxeta
Vejo a lua e as estrelas
E o risco do cometa
Eu sempre tiro o chapéu
Pras belezas lá do céu
Que Deus me dá de gorjeta
As ruas aqui não tem
Nem calçada e nem sarjeta
São ruas do cafezal
Onde o arado faz valeta
Ã? dali que tiro o ouro
Todo final de colheita
Eu não sou nenhum letrado
Vivo longe da caneta
Sou um soldado da terra
Lá em baixo da palheta
Pra defender o brasil
Do cabo eu fiz um fuzil
E da enxada a baioneta
Eu tenho duas vaquinhas
A pintada e a preta
Ã? dali que sai o leite
Na hora que eu puxo a teta
Ã? o leitinho das crianças
Que ainda estão na chupeta
Também tenho uma viola
Muitas modas na gaveta
A viola afinadinha
Que parece clarineta
Pra fazer a coisa arder
Minhas modas de abater
Ã? pimenta malagueta
No dia que tem rodeio
O berrante é a corneta
Rojão estoura lá em cima
Já vem pra baixo a vareta
Meus vizinhos vão chegando
Vem gente até de carreta
Por aqui tem touro bravo
Que logo vira o capeta
Bicho bravo eu amanso
Ã? no bico da roseta
Ã? meu coração que diz
Assim é que eu sou feliz
Num cantinho do planeta
Cds eli silva e zé goiano á Venda