MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
dori caymmi - desenredo
Por toda terra que passo me espanta tudo que vejo
A morte tece seu fio de vida feita ao avesso
O olhar que prende anda solto
O olhar que solta anda preso
Mas quando eu chego eu me enredo
Nas tranças do teu desejo
O mundo todo marcado à ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo, a morte o fim do novelo
O olhar que assusta anda morto
O olhar que avisa anda aceso
Mas quando eu chego eu me perco
Nas tramas do teu segredo
Ã? minas, ê minas, é hora de partir, eu vou
Vou-me embora pra bem longe
A cera da vela queimando, o homem fazendo seu preço
A morte que a vida anda armando, a vida que a morte anda tendo
O olhar mais fraco anda afoito
O olhar mais forte, indefeso
Mas quando eu chego eu me enrosco
Nas cordas do seu cabelo
Ã? minas, ê minas, é hora de partir, eu vou
Vou-me embora pra bem longe
dori caymmi - 365 igrejas
365 Igrejas. A bahia tem
Numa eu me batizei
Na segunda eu me crismei
Na terceira eu vou casar com uma mulher
Que eu quero bem
365 Igrejas a bahia tem
Numa eu me batizei
Na segunda eu me crismei
Na terceira eu vou casar com uma mulher
Que eu quero bem
Se depois que eu me casar
Me nascer um bacuri
Vou me embora pra bahia, vou
Vou batizar no bonfim
Mas se for me parecendo
Que os meninos vão nascendo
Por cada uma igreja que tem lá
Sou obrigado a comprar minha
Passagem pra voltar pra cá, não é
365 Igrejas. A bahia tem
Numa eu me batizei
Na segunda eu me crismei
Na terceira eu vou casar com uma mulher
Que eu quero bem
Se depois que eu me casar
Me nascer um bacuri
Vou me embora pra bahia, vou
Vou batizar no bonfim
Mas se for me parecendo
Que os meninos vão nascendo
Por cada uma igreja que tem lá
Sou obrigado a comprar minha
Passagem pra voltar pra cá, não é
365 Igrejas. A bahia tem
Numa eu me batizei
Na segunda eu me crismei
Na terceira eu vou casar com uma mulher
Que eu quero bem
dori caymmi - a porta
Abre a porta
Que alguém bate nela
E acende essa vela
Pra lhe iluminar
Abre a porta
Que os cães não latiram
Vai ver que quem viram
Ã? familiar
Abre a porta
Que eu abro a janela
Que a lua nos vela
Como guardiã
Abre a porta
A garrafa e a garganta
E a medalha da santa
Do teu talismã
Abre a porta
Que a porta encantada
Não vai dar em nada
Que em nada se dá
Abre a porta
Que a porta da frente
Da casa da gente
Não deve fechar
Abre a porta
Nós estamos calmos
Foram sete palmos
De porta a cumprir
Abre a porta
Lá fora eu pressinto
Mais um labirinto
De portas pra abrir
dori caymmi - alegre menina
O que fizeste sultão de minha alegre menina?
Palácio real lhe dei, um trono de pedraria
Sapato bordado a ouro, esmeraldas e rubis
Ametista para os dedos, vestidos de diamantes
Escravas para serví-la, um lugar no meu dossel
E a chamei de rainha, e a chamei de rainha
O que fizeste sultão de minha alegre menina?
Só desejava as campinas, colher as flores do mato
Só desejava um espelho de vidro prá se mirar
Só desejava do sol calor para bem viver
Só desejava o luar de prata prá repousar
Só desejava o amor dos homens prá bem amar
No baile real levei a tua alegre menina
Vestida de realeza, com princesas conversou
Com doutores praticou, dançou a dança faceira
Bebeu o vinho mais caro, mordeu fruta estrangeira
Entrou nos braços do rei, rainha mas verdadeira
dori caymmi - bala com bala
A sala cala
E o jornal prepara
Quem está na sala
Com pipoca e bala
E o urubu sai voando, manso
O tempo corre
E o suor escorre
Vem alguém de porre
E há um corre-corre
E o mocinho chegando, dando
Eu esqueço sempre nesta hora, linda, loura
Minha velha fuga em todo impasse
Eu esqueço sempre nesta hora, linda, loura
Quanto me custa dar a outra face
O tapa estala
No balacobaco
E é bala com bala
E é fala com fala
E o galã se espalhando, dando
No rala-rala
Quando acaba a bala
Ã? faca com faca
Ã? rapa com rapa
E eu me realizando, bambo
Quando a luz acende é uma tristeza, trapo, presa
Minha coragem muda em cansaço
Toda fita em série que se preza, dizem, reza
Acaba sempre no melhor pedaço
dori caymmi - berimbau
Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
Assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
Ã? o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom não cai
Mas se um dia ele cai, cai bem
Capoeira me mandou dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou vai ter briga de amor
Tristeza, camará
Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar
Melhor era tudo se acabar
Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa de amor ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei é que ninguém nunca teve mais, mais do que eu
Capoeira me mandou dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou vai ter briga de amor
Tristeza camará
dori caymmi - brasil
Brasil, meu brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O brasil do meu amor
Terra de nosso senhor
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim
Ah! Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil, pra mim
Deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim!
Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O brasil samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O brasil do meu amor
Terra de nosso senhor
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim!
Oh, esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil pra mim
Ah! Ouve estas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah! Esse brasil lindo e trigueiro
Ã? o meu brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil pra mim, pra mim, brasil!
Brasil pra mim, pra mim, brasil, brasil!
dori caymmi - choro bandido
Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim
Você nasceu para mim
Você nasceu para mim
Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim
Me leve até o fim
Me leve até o fim
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons
dori caymmi - conversa de botequim
Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do fute..bol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro,
Um envelope e um cartão,
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas,
Um isqueiro e um cinzeiro
Seu garçom faça o favor de me trazer depressa...
Telefone ao menos uma vez
Para três quatro quatro três três três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro,
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frente
Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do fute..bol
dori caymmi - de onde vens
Ah, quanta dor vejo em teus olhos
Tanto pranto em teu sorriso
Tão vazias as tuas mãos
De onde vens assim cansada
De que dor, de qual distância
De que terras, de que mar
Só quem partiu pode voltar
E eu voltei prá te contar
Dos caminhos onde andei
Fiz do riso amargo pranto
No olhar sempre teus olhos
No peito aberto uma canção
Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração
Saberias num momento quanta dor há dentro dele
Dor de amor quando não passa
dori caymmi - depois de tanto tempo
Tempo, tanto tempo
Já nem lembro, já nem sei
De onde eu vim
De onde vens
Pra que falar, pra que tentar
Se hoje eu sou
Sei lá quem sou
Só sei que o tempo nos passou
Mudou-se o som
Morreu-se a voz
Eu fui
Eu quis
Tempo, tanto tempo
E eu me lembro, agora eu sei
Porque eu vim
De onde eu vim
Melhor falar, melhor tentar
Saber quem sou
Sei lá quem sou
Nem sei se o tempo
Nos passou
Se é o mesmo som
Se é a mesma voz
Eu fui
Eu quis
dori caymmi - desafio
Éramos eu e um cavalo
No seu galope macio
Pulando cerca de arame
Pisando morro de pedra
Andando em leito de rio
Éramos eu e um cavalo
E era um cavalo bravio
Casco de lâmina forte
Andar de chão de montanha
Crina de véu e pavio
Ele bufando fagulha
E eu contraído de frio
Mandado pelo barroso
Éramos eu e um cavalo
Indo de encontro ao vazio
Éramos nós e os cavalos
Feitos do mesmo feitio
Vindo de todos os lados
E sobre eles sangrentos
Seus cavaleiros sombrios
Éramos nós e os cavalos
A nos causar calafrios
Todos os outros já mortos
Por essa causa contrária
Que se chamou poderio
E eu com uma bala no peito
Meu alazão nos baixios
Caímos da cordilheira
Deixando a causa nas lendas
Prá quem quiser desafio
dori caymmi - essa mulher
De manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah. Como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres
Pelos filhos, pelo pão
Depois sorri, meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo
Que a faz assim, feliz
De tardezinha essas menina se namora
Se enfeita se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista
Isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia qualquer dia
Entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enlouquece
Nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo
Que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
Ã? feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural
dori caymmi - evangelho
Eta mundo que a nada se destina
Se maior se faz, mais se arruína
Se mais quer servir, mais nos domina
Se mais vidas dá, são mais os danos
Se mais deuses há, mais são profanos
Estes pobres de nós seres humanos
Eta vida, essa vida de infelizes
Quanto mais coração, mais cicatrizes
No amor é que a dor cria raízes
De dentro do bem é que o mal trama
Da felicidade cresce o drama
Dessas tristes de nós vidas humanas
Eta tempo que em pouco nos devora
O pavio da vela apagará
Quanto mais se partir tempos afora
Mais nos tempos de agora se estará
E mais tarde quando o tempo melhora
A nossa mocidade onde andará?
Eta morte que acaba tempo e vida
O mundo não conseguiu saída
Ã? o fim mas pode ser o começo
Quem tenta fugir faz sempre o avesso
E quanto mais vidas se cultiva
Mais a morte alimenta a roda viva
Cds dori caymmi á Venda