MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
dino franco e mouraí - a inflação e o salário
Moda de Viola
A inflação e o salário se encontraram de repente
O salário cabisbaixo, a inflação toda imponente
Criticando a humildade foi dizendo mal criada
Seu baixinho inconformado você não está com nada.
O salário envergonhado foi dizendo bem Cortez
Afinal quem é a senhora, pra que tanta estupidez
A inflação muito arrogante respondeu toda orgulhosa
Sou a força poderosa que arrasa com vocês.
Eu sou filha do dinheiro ganho desonestamente
Sou neta do juro alto, do agiota sou parente
Eu sou prima do desfalque, do luxo desnecessário
Ajudar ao semelhante pra mim é cosa de otário.
Dificulto a prestação que aumenta sem piedade
Eu acelero a ganância e outras barbaridades
Quem esbanja do meu lado sempre tem aceitação
Sou a famosa inflação afligindo a sociedade.
O salário respondeu você é cheia de trama
Estou muito revoltado com a sua grande fama
A senhora é responsável por um sucesso aparente
E também por sua culpa veio miséria pra gente
Eu sou o pobre salário irmão da renda precária
O meu pai é o suor da nobre classe operária
Minha mãe é a lavoura de milho, arroz e feijão
Ouça bem dona inflação e senhora é mercenária.
Vê se você vai andando sua bruxa descarada
Vive ainda nesta terra gente bem intencionada
Deixe de rondar meu povo que trabalha honestamente
Saiba que sua presença esta sendo inconveniente
Não existe neste mundo o que Deus do céu não veja
O sol nasce, aquece a terra, venta, chove relampeja,
Eu sou o salário humilde da cidade e do sertão
E abraça neste chão toda a gente sertaneja.
A inflação foi respondendo no meio de uma risada
Sua ficha, seu salário não me assusta em quase nada
Agora me dá licença eu preciso ir adiante
Vou indo com meu cortejo pra negociata importante
O salário disse a ela todo cheio de razão
Eu nasci pra ser humilde e não mudo de opinião
Nunca fui inconformado como a senhora falou
Saiba você que eu sou o equilíbrio da nação.
dino franco e mouraí - nelore valente
Nelori Valente
Na fazenda que eu nasci
Vovô era retireiro
Em criança eu aprendi
Prender o gado leiteiro
Um dia de manhãzinha
Vejam só que desespero
Tinha um bezerro doente
E a ordem do fazendeiro
Mate já este animal
E desinfete o mangueiro
Se esse doença espalhar
Poderá contaminar
O meu rebanho inteiro
Eu notei que o meu avô
Ficou bastante abatido
Por ter que sacrificar
O animal, recém nascido
Nas lágrimas dos seus olhos
Eu entendi seu pedido
Pus o bichinho nos braços
Levei pra casa escondido
Com ervas e benzimentos
Seu caso foi resolvido
Com carinho eu lhe tratava
E o leite que o patrão dava
Com ele era dividido
Quando o fazendeiro soube
Chamou o meu avozinho
Disse: você foi teimoso
Não matando o bezerrinho
Vai deixar minha fazenda
Amanhã logo cedinho
Aquilo feriu vovô
Como uma chaga de espinho
Mas há sempre alguém no mundo
Que nos dá algum carinho
E sem grande scrifício
Vovô arrumou serviço
Ali num sítio vizinho
Em pouco tempo o bezerro
Já era um boi arado
Bonito, forte, troncudo
Mansinho e muito ensinado
Automóvel do atoleiro
Ele tirava aos punhados
Por isso na redondeza
Ficou bastante afamado
Até que um dia a noitinha
Um homem desesperado
Gritou pedindo socorro
Seu carro caiu no morro
Seu filho estava prensado
O carro da ribanceira
O boi conseguiu tirar
O menino estava vivo
Seu pai disse a soluçar
Qualquer que seja a quantia
Esse boi eu vou comprar
Eu disse:
?Ele não tem preço
A razão vou lhe explicar
A bondade do vovô
Veio o seu filho salvar
Esse nelore valente
É o bezerrinho doente
Que o senhor mandou matar
dino franco e mouraí - pioneiro do sertão
Seu moço preste atenção
Procure me compreender
Bem certinho vou dizer
Se o senhor me permitir
Este imenso progresso
Que cobre o Brasil de glória
Analisando a história
Eu ajudei construir
Hoje os meios de transportes
São por vias asfaltadas
Mas as primeiras picadas
Fui eu que ajudei abrir
Com o meu carro de boi
Arrôxo de couro cru
Cambito de guatambú
Vueiro de cambuí
Cortava terras barrentas
Nas ferragens dos rodeios
Nos rigir dos tambueiros
Nos estalos dos cansis
Carregado de cereais
Eu seguia passo à passo
Caprichava no chumaço
Pros cocões poder zunir
A força do meu destino
Me deu esta sorte amarga
Deitei debaixo de carga
Ouvindo chuva cair
Sem lamentar minha vida
Depois que a chuva passava
De novo continuava
Minha jornada seguir
Com fé na Virgem Maria
Que meus passos abençoava
E sempre me acompanhava
Quando eu ia partir
A cantiga do meu carro
Na distante caminhada
Pra sempre ficou gravada
Na minha imaginação
Meu velho carro de boi
Que tanto gosto me deu
Carunchou e apodreceu
Lá no fundo do galpão
Onde eu for enterrado
Quero que deixe um letreiro
Descansa aqui um carreiro
Pioneiro do sertão
dino franco e mouraí - joão catira
DinoFranco
Dino Franco e Mourai
Moda de viola
Do fundo da serra grande, pelas furnas do Pari
Das rebarbas do sobrado, não distante Buriti
Distante também do tempo, há muitos anos daqui
A poeira levantada lá do céu não quer sair
Um sinal que ainda inspira
Sapateia João Catira pra poeira não cair.
Os peãs da lida bruta na poeira e na geada
Marcado pelos estribos e das pedras da estrada.
O arrepio da noite, na coragem redobrada
Pra quem tem felicidade no cheiro da madrugada
Os seus passos de felino
Eram pé de bailarino nas festanças afamadas.
Muitas mulheres bonitas de distantes paradeiros
Buscavam o coração do famoso catireiro
Trabalhador e artista, orgulho dos companheiros
João Catira sapateava, coração em desespero
Se apaixonou por Rosinha
Que foi a sua rainha, flor mimosa do roceiro
Saudoso tempo passado de romance a amores
Alma pura da campina que o poeta dá valor
A poeira levantada pelos pés do dançador
Borda no céu uma estrela como se fosse uma flor
João Catira sapateia
No clarão da lua cheia, dança pro Nosso Senhor.
dino franco e mouraí - minha mensagem
Minha Mensagem
Moro num sertão deserto
Naquele mundão aberto
Não se vê ninguém por perto
Do lugar que eu habito
Ao lado da minha roça
Eu tenho minha palhoça
Feita de madeira grossa
E com folha de palmito
Muita gente tem receio
Não vai lá nem a passeio
Dizem que o lugar é feio
Mas eu acho tão bonito
Pois é lá no cafundó
Que sinto prazer maior
Dizem que tem lugar melhor
Porém eu não acredito
Vou dizer uma verdade
Com toda sinceridade
Só vim hoje pra cidade
Comprar o que eu nessecito
Acabando de comprar
Eu já vou me retirar
Tenho pressa de voltar
Pro meu recanto bendito
Não me dou com esse ambiente
Agitado e diferente
O sotaque dessa gente
Eu acho tão esquisito
Por isso eu vou dar o fora
Logo mais eu vou embora
Pro meu rancho lá da flora
Meu cantinho favorito
Lá no mato eu não dependo
De ninguém me protegendo
Do perigo eu me defendo
Sou astuto e sou perito
Mas quando eu chego na praça
Eu já vou perdendo a graça
O barulho e a fumaça
Me deixa tonto e aflito
Quero ver a olho nu
O imenso céu azul
E o meu cruzeiro de sul
Brilhando no infinito
O ar puro do sertão
Não tem contaminação
A única poluição
É a fumaça do meu pito
Não tenho grande estatura
Nem tanta musculatura
Sou carente de gordura
Sou fino que nem um palito
Mas tenho boa saúde
E um pouco de juventude
Apesar de homem rude
Eu tenho meus requisitos
Adoro estar na floresta
Vendo a natureza em festa
Apreciando a orquestra
Dos bandos de periquitos
Esta moda é uma imagem
Da minha vida selvagem
É uma forma de mensagem
Que no mundo eu deixo escrito
dino franco e mouraí - noite triste
Esta noite vai ser para mim a mais triste do mundo
Nunca pensei que um dia fosse sofrer tanto assim
De que me adianta saber que vamos amar a noite inteira
Se no amanhecer você vai partir pra longe de mim
Vai ser tão difícil encarar sua partida
Já estou chorando só em pensar nesta triste hora
Sabe que vai levar com você parte da minha vida
Não sei se vou resistir ao vê-la indo embora
Me beije, me abrace bem forte minha querida
Nesta noite desta despedida
Em seus braços me faça dormir
E quando amanhecer não me acorde
Pegue sua mala saia de mansinho
Meu bem eu não quero ver você partir
dino franco e mouraí - a sementinha
Lá na casa da fazenda onde eu vivia
Numa manhã de garoa e de céu nublado
Achei no chão do terreiro uma sementinha
Pensei logo em plantá-la no chão molhado
O tempo passou depressa e a mocidade
Chegou como chega a noite ao cair da tarde
Veio morar na fazenda uma caboclinha
Graciosa, bela, meiga e na flor da idade
Iniciou-se um romance entre eu e ela
Na sombra aconchegante de uma paineira
Dei a ela uma rosa com muita esperança
Que eu colhi de um galhinho daquela roseira
Marcamos o casamento pra o fim do ano
Pra mim só existia ela e pra ela só eu
Pouco mais de uma semana pra o nosso idílio
A minha flor prometida doente morreu
Arranquei o pé de rosas na primavera
E plantei na sepultura de minha amada
Todas as tardes eu molhava com o meu pranto
A roseira foi murchando e acabou em nada
A chuva se foi embora e o sol ardente
Matou a minha roseira e secou meu pranto
Só não matou a saudade da caboclinha
Pois eu vejo sua imagem por todo o canto
Por isso é que vivo longe da minha terra
Seguindo a longa estrada de minha vida
Procuro viver sorrindo mas no entanto
Eu choro ao me recordar a mulher querida
O destino como sempre é caprichoso
É cheio de traições e de sonhos loucos
Tal qual aquela roseira e a minha amada
Eu pressinto que também vou morrendo aos poucos
dino franco e mouraí - abandono
Abandono
A doçura de seus beijos
Em amargo se transformou
Nosso amor era tão lindo
E muito bom enquanto durou
Um dia você partiu
Dos meus braços se afastou
A dor do seu abandono
Não sei como não me matou
Ouça bem mulher
Meu verso que diz assim
Não queira fazer pra outro
O que você fez pra mim
Vai bem longe, muito longe
Esse tempo que eu sofri
As promessas mentirosas
Nunca mais também ouvi
Foi um martírio cruel
Essa dor que convenci
A sorte se desvanece
Parece até que morri
Ouça bem mulher
Meu verso que diz assim
Não queira fazer pra outro
O que você fez pra mim
dino franco e mouraí - caboclo na cidade
Seu moço eu já fui roceiro
No triângulo mineiro
Onde eu tinha o meu ranchinho.
Eu tinha uma vida boa
Com a Isabel minha patroa
E quatro barrigudinhos.
Eu tinha dois bois carreiros
Muito porco no chiqueiro
E um cavalo bom, arriado.
Espingarda cartucheira
Quatorze vacas leiteiras
E um arrozal no banhado.
Na cidade eu só ia
A cada quinze ou vinte dias
Para vender queijo na feira.
E no demais estava folgado
Todo dia era feriado
Pescava a semana inteira.
Muita gente assim me diz
Que não tem mesmo raíz
Essa tal felicidade
Então aconteceu isso
Resolvi vender o sítio
Pra vir morar na cidade.
Minha filha Sebastiana
Que sempre foi tão bacana
Me dá pena da coitada.
Namorou um cabeludo
Que dizia Ter de tudo
Mas foi ver não tinha nada.
Se mandou para outras bandas
Ninguém sabe onde ele anda
E a filha está abandonada.
Como dói meu coração
Ver a sua situação
Nem solteira e nem casada.
Até mesmo a minha velha
Já está mudando de idéia
tem que ver como passeia.
Vai tomar banho de praia
Está usando mini-saia
E arrancando a sombrancelha.
Nem comigo se incomoda
Quer saber de andar na moda
Com as unhas todas vermelhas.
Depois que ficou madura
Começou a usar pintura
Credo em cruz que coisa feia.
Voltar "pra" Minas Gerais
Sei que agora não dá mais
Acabou o meu dinheiro.
Que saudade da palhoça
Eu sonho com a minha roça
No triângulo mineiro.
Nem sei como se deu isso
Quando eu vendi o sítio
Para vir morar na cidade.
Seu moço naquele dia
Eu vendi minha família
E a minha felicidade!
dino franco e mouraí - ingrata
Ingrata
Contratei a ventania que vai pra banda do oeste
E mandei notícias minhas pra um amor que me conhece
O vento foi e voltou resposta não aparece
Não sei se ela ainda me ama ou se talvez já me esquece
Cada vez que eu lembro dela o meu coração padece
Pego na viola de pinho com franqueza me aborrece
Meu peito geme e soluça a minha voz enrouquece
É bem triste agente amar alguém que não reconhece
Aqui no bairro onde eu moro cada vez que amanhece
O cantar dos passarinhos é como um hino celeste
Me faz lembrar o passado água dos meus olhos desce
Minha vida é como as folhas que caindo apodrece
Conforme o tempo se passa os meus cabelos embranquece
Abandono o sofrimento é o que a sorte me oferece
Ingrata vou me ausentar da minha vida terrestre
Dou-lhe um derradeiro adeus e você dai-me uma prece
dino franco e mouraí - meu cantinho favorito
Moro num sertão deserto
Naquele mundão aberto
Não se vê ninguém por perto
Do lugar que eu habito
Ao lado da minha roça
Eu tenho minha palhoça
Feita de madeira grossa
E com folha de palmito
Muita gente tem receio
Não vai lá nem a passeio
Dizem que o lugar é feio
Mas eu acho tão bonito
Pois é lá no cafundó
Que eu sinto prazer "maió"
Diz que tem lugar melhor
Porém eu não acredito
Vou dizer uma verdade
Com toda sinceridade
Só vim hoje pra cidade
Comprar o que eu necessito
Acabando de comprar
Eu já vou me retirar
Tenho pressa de voltar
Pro meu recanto bendito
Não me dou com este ambiente
Agitado e diferente
O sotaque dessa gente
Eu acho tão esquisito
Por isso eu vou dar o fora
Logo mais eu vou embora
Pro meu rancho la da flora
Meu cantinho favorito
Lá no mato eu não dependo
De ninguém me protegendo
Do perigo eu me defendo
Sou astuto e sou perito
Mas quando eu chego na praça
Eu já vou perdendo a graça
O barulho e a fumaça
Me deixa tonto e aflito
Quero ver a olho nu
O imenso céu azul
E o meu cruzeiro do sul
Brilhando no infinito
O ar puro do sertão
Não tem contaminação
A única poluição
Ã? a fumaça do meu pito
Não tenho grande estatura
Nem tanta musculatura
Sou carente de gordura
Sou fino que nem palito
Mas tenho boa saúde
E um pouco de juventude
Apesar de homem rude
Eu tenho meus requisitos
Adoro estar na floresta
Vendo a naturza em festa
Apreciando a orquestra
Dos bandos de periquitos
Esta moda é uma imagem
Da minha vida selvagem
Ã? uma forma de mensagem
Que no mundo
eu deixo escrito
dino franco e mouraí - nas ruas do mundo
O amor que lhe dou agora não lhe serve mais
Você esqueceu meu carinho e se entregou a outro
Sua cruel decisão tirou minha paz
Meu sonho todo colorido agora esta morto.
De hoje me diante a vida pra mim vai findar
O meu sorriso alegre vai emudecer
Nas ruas do mundo eu vou carregar minha dor
Nos braços da noite em delírio chamarei você.
Não tenho razão pra viver, se não me queres mais
Para que, me serve a vida se não tenho paz;
Se ouvir os gemidos na noite não temas querida
E meu corpo nas ruas do mundo já quase sem vida.
Nas ruas do mundo eu vou carregar minha dor
Nos braços da noite em delírio chamarei você.
Não tenho razão pra viver, se não me queres mais
Para que, me serve a vida se não tenho paz;
Se ouvir os gemidos na noite não temas querida
E meu corpo nas ruas do mundo já quase sem vida.
dino franco e mouraí - pé de cedro
Pé De Cedro
Foi no belo Mato Grosso
Há vinte anos atrás
Naquele tempo querido
Que não volta nunca mais
Nas matas onde eu caçava
Um pequeno arbusto achei
Levando pra minha casa
No meu quintal o plantei
Era um belo pé de cedro
Pequenino em formação
Sepultei suas raízes
Na terra fofa do chão
Um dia parti pra longe
Amei e também sofri
Vinte anos se passaram
Em que distante vivi
"Ó Virgem Santa Sagrada
Uma prece eu vou fazer
Junto ao meu pé de cedro
É que desejo morrer
Quero sua sombra amiga
Projetada sobre mim
No meu último repouso
Na cidade de Coxim"
Hoje volto arrependido
Para meu antigo lar
Abatido e comovido
Com vontade de chorar
Vim rever meu pé de cedro
Que está grande como o que
Mas é menor que a saudade
Que hoje eu sinto de você
Cresceu como minha mágoa
Cresceu numa coisa rara
Mas é menor que a saudade
Que até hoje nos separa
A terra ficou molhada
Do pranto que derramei
Que saudade pé de cedro
Do tempo em que te plantei
Que saudade pé de cedro
Do tempo em que te plantei
dino franco e mouraí - rainha do meu rancho
Depois de tanta promessa me casei coma rosinha
No dia cinco de agosto, quinta feira de tardinha
Peguei a nossa mudança e levei lá pra colina
Comprei um alqueire e meio e formei uma chacrinha
Meti fogo na tigüera e plantei nossa rocinha
Enchi o paiol de milho e o quintal de galinha.
Aqui nesse pé de serra quase ninguém me vizinha
Eu respiro o ar mais puro, bebo água da biquinha
Eu planto feijão de vara e mandioca vassourinha
Tenho porco no chiqueiro e também uma vaquinha.
A mulher me ajuda muito, não reclama e é boazinha
Nossa vida deu tão certo que nem faca na bainha.
Nem bem amanhece o dia já levanta a caboclinha
Varre a casa e o terreiro cantarolando sozinha ?
Me serve café com broa e prepara a panelinha
Apronta nosso virado com ovo de cordorninha.
Fico tão envaidecido com a minha mulherzinha
O que faz falta na cama porém sobra na cozinha.
Agradeço a santo antônio por eu ter nessa casinha
Esta cabocla sincera da feição tão coradinha ?
Eu sou inteirinho dela e sei que ela é só minha
A té rezo de contente no altar da capelinha
Tem dia lá no meu rancho que afino a violinha
Ela senta do meu lado e escutando essa modinha
Para aumentar mais nossa sorte vai vir uma criancinha
Veja que felicidade, a mulher já tá gordinha
Ela quer que seja homem , eu quero uma menininha
Enfim o que vier tá bom, já vou arranjar madrinha
Nossa vida aqui no mato nunca sai fora da linha
No meu rancho eu sou o rei e a mulher minha rainha.
dino franco e mouraí - retrato de minha infância
Minha infância foi marcada por ausência de alegria,
Meu pai muito trabalhava porém nada possuía -
A pobreza nos rondava, com trapos eu me vestia,
Vira e mexe eu apanhava pelas artes que eu fazia!
Com os pezinhos descalços
Enfrentava os percalços
Que a vida oferecia!
Eu voltava da escola pertinho do meio dia
A panela de feijão no fogo ainda fervia
Mamãe servia o almoço bem ligeiro eu comia
Preparava isca e vara, rumava pra pescaria
Peixe, farinha e verdura
Quase sempre foi mistura
Que a família consumia!
No varjão muitos preás com bodoque eu abatia
Na mira da cartucheira a caça sempre morria -
Às vezes jogava bola, do campo logo saia
Tinha um gênio enfezado, com todos eu discutia;
Eu era de pouca prosa
Uma lama revoltosa,
Apanhava e batia!
Em noite de São João da minha casa eu fugia
Me escondia no moitão e uma fogueira acendia -
Ficava mirando estrelas que lá no céu reluzia
Apanhava algum balão que acaso ali caía;
Eu só voltava pra casa
Depois que a última brasa
Naquela cinza sumia!
Quando chegava o natal meu peito se contraía
É que mestre Nicolau de mim sempre esquecia -
Brinquedos eu não ganhava comprar papai não podia,
Só mamãe me consolava, ma tirava da agonia;
Na retina da razão
Ficou gravada a lição
Que Jesus também sofria!
Cds dino franco e mouraí á Venda