MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
dino franco e mouraí - caboclo centenário
Caboclo Centenário
Não pretendo ser famoso
Nem quero ser milionário
Moro longe da cidade
Num ranchinho solitário
Não sou patrão de ninguém
Também não sou operário
O sertão me dá de tudo
Não dependo de salário
Pra vender minha colheita
Não tenho intermediário
Sei fazer os meus negócios
Não preciso de empresário
Eu não sou inteligente
Mas também não sou otário
Eu não caio em arapuca
Nem no conto do vigário
No meu rancho de barrote
Tenho só o necessário
Eu não uso anel de ouro
Nem relógio calendário
A floresta é meu jardim
A lavoura é meu aquário
A florada do ipê
Marca meu aniversário
Um cantinho do meu rancho
Que serve de santuário
Onde faço minha prece
Ao bom Jesus do calvário
Toda noite eu rezo um terço
A intenção de um missionário
As dez cordas da viola
São contas do meu rosário
Assim vou levando a vida
E comprindo meu fadário
Canto moda sertaneja
Só de tema imaginário
Escrevo versos de amor
Sem pegar no dicionário
Todo mundo assim me chama
De caboclo centenário
dino franco e mouraí - joão catira
DinoFranco
Dino Franco e Mourai
Moda de viola
Do fundo da serra grande, pelas furnas do Pari
Das rebarbas do sobrado, não distante Buriti
Distante também do tempo, há muitos anos daqui
A poeira levantada lá do céu não quer sair
Um sinal que ainda inspira
Sapateia João Catira pra poeira não cair.
Os peãs da lida bruta na poeira e na geada
Marcado pelos estribos e das pedras da estrada.
O arrepio da noite, na coragem redobrada
Pra quem tem felicidade no cheiro da madrugada
Os seus passos de felino
Eram pé de bailarino nas festanças afamadas.
Muitas mulheres bonitas de distantes paradeiros
Buscavam o coração do famoso catireiro
Trabalhador e artista, orgulho dos companheiros
João Catira sapateava, coração em desespero
Se apaixonou por Rosinha
Que foi a sua rainha, flor mimosa do roceiro
Saudoso tempo passado de romance a amores
Alma pura da campina que o poeta dá valor
A poeira levantada pelos pés do dançador
Borda no céu uma estrela como se fosse uma flor
João Catira sapateia
No clarão da lua cheia, dança pro Nosso Senhor.
dino franco e mouraí - a inflação e o salário
Moda de Viola
A inflação e o salário se encontraram de repente
O salário cabisbaixo, a inflação toda imponente
Criticando a humildade foi dizendo mal criada
Seu baixinho inconformado você não está com nada.
O salário envergonhado foi dizendo bem Cortez
Afinal quem é a senhora, pra que tanta estupidez
A inflação muito arrogante respondeu toda orgulhosa
Sou a força poderosa que arrasa com vocês.
Eu sou filha do dinheiro ganho desonestamente
Sou neta do juro alto, do agiota sou parente
Eu sou prima do desfalque, do luxo desnecessário
Ajudar ao semelhante pra mim é cosa de otário.
Dificulto a prestação que aumenta sem piedade
Eu acelero a ganância e outras barbaridades
Quem esbanja do meu lado sempre tem aceitação
Sou a famosa inflação afligindo a sociedade.
O salário respondeu você é cheia de trama
Estou muito revoltado com a sua grande fama
A senhora é responsável por um sucesso aparente
E também por sua culpa veio miséria pra gente
Eu sou o pobre salário irmão da renda precária
O meu pai é o suor da nobre classe operária
Minha mãe é a lavoura de milho, arroz e feijão
Ouça bem dona inflação e senhora é mercenária.
Vê se você vai andando sua bruxa descarada
Vive ainda nesta terra gente bem intencionada
Deixe de rondar meu povo que trabalha honestamente
Saiba que sua presença esta sendo inconveniente
Não existe neste mundo o que Deus do céu não veja
O sol nasce, aquece a terra, venta, chove relampeja,
Eu sou o salário humilde da cidade e do sertão
E abraça neste chão toda a gente sertaneja.
A inflação foi respondendo no meio de uma risada
Sua ficha, seu salário não me assusta em quase nada
Agora me dá licença eu preciso ir adiante
Vou indo com meu cortejo pra negociata importante
O salário disse a ela todo cheio de razão
Eu nasci pra ser humilde e não mudo de opinião
Nunca fui inconformado como a senhora falou
Saiba você que eu sou o equilíbrio da nação.
dino franco e mouraí - nelore valente
Nelori Valente
Na fazenda que eu nasci
Vovô era retireiro
Em criança eu aprendi
Prender o gado leiteiro
Um dia de manhãzinha
Vejam só que desespero
Tinha um bezerro doente
E a ordem do fazendeiro
Mate já este animal
E desinfete o mangueiro
Se esse doença espalhar
Poderá contaminar
O meu rebanho inteiro
Eu notei que o meu avô
Ficou bastante abatido
Por ter que sacrificar
O animal, recém nascido
Nas lágrimas dos seus olhos
Eu entendi seu pedido
Pus o bichinho nos braços
Levei pra casa escondido
Com ervas e benzimentos
Seu caso foi resolvido
Com carinho eu lhe tratava
E o leite que o patrão dava
Com ele era dividido
Quando o fazendeiro soube
Chamou o meu avozinho
Disse: você foi teimoso
Não matando o bezerrinho
Vai deixar minha fazenda
Amanhã logo cedinho
Aquilo feriu vovô
Como uma chaga de espinho
Mas há sempre alguém no mundo
Que nos dá algum carinho
E sem grande scrifício
Vovô arrumou serviço
Ali num sítio vizinho
Em pouco tempo o bezerro
Já era um boi arado
Bonito, forte, troncudo
Mansinho e muito ensinado
Automóvel do atoleiro
Ele tirava aos punhados
Por isso na redondeza
Ficou bastante afamado
Até que um dia a noitinha
Um homem desesperado
Gritou pedindo socorro
Seu carro caiu no morro
Seu filho estava prensado
O carro da ribanceira
O boi conseguiu tirar
O menino estava vivo
Seu pai disse a soluçar
Qualquer que seja a quantia
Esse boi eu vou comprar
Eu disse:
?Ele não tem preço
A razão vou lhe explicar
A bondade do vovô
Veio o seu filho salvar
Esse nelore valente
É o bezerrinho doente
Que o senhor mandou matar
dino franco e mouraí - abandono
Abandono
A doçura de seus beijos
Em amargo se transformou
Nosso amor era tão lindo
E muito bom enquanto durou
Um dia você partiu
Dos meus braços se afastou
A dor do seu abandono
Não sei como não me matou
Ouça bem mulher
Meu verso que diz assim
Não queira fazer pra outro
O que você fez pra mim
Vai bem longe, muito longe
Esse tempo que eu sofri
As promessas mentirosas
Nunca mais também ouvi
Foi um martírio cruel
Essa dor que convenci
A sorte se desvanece
Parece até que morri
Ouça bem mulher
Meu verso que diz assim
Não queira fazer pra outro
O que você fez pra mim
dino franco e mouraí - caboclo na cidade
Seu moço eu já fui roceiro
No triângulo mineiro
Onde eu tinha o meu ranchinho.
Eu tinha uma vida boa
Com a Isabel minha patroa
E quatro barrigudinhos.
Eu tinha dois bois carreiros
Muito porco no chiqueiro
E um cavalo bom, arriado.
Espingarda cartucheira
Quatorze vacas leiteiras
E um arrozal no banhado.
Na cidade eu só ia
A cada quinze ou vinte dias
Para vender queijo na feira.
E no demais estava folgado
Todo dia era feriado
Pescava a semana inteira.
Muita gente assim me diz
Que não tem mesmo raíz
Essa tal felicidade
Então aconteceu isso
Resolvi vender o sítio
Pra vir morar na cidade.
Minha filha Sebastiana
Que sempre foi tão bacana
Me dá pena da coitada.
Namorou um cabeludo
Que dizia Ter de tudo
Mas foi ver não tinha nada.
Se mandou para outras bandas
Ninguém sabe onde ele anda
E a filha está abandonada.
Como dói meu coração
Ver a sua situação
Nem solteira e nem casada.
Até mesmo a minha velha
Já está mudando de idéia
tem que ver como passeia.
Vai tomar banho de praia
Está usando mini-saia
E arrancando a sombrancelha.
Nem comigo se incomoda
Quer saber de andar na moda
Com as unhas todas vermelhas.
Depois que ficou madura
Começou a usar pintura
Credo em cruz que coisa feia.
Voltar "pra" Minas Gerais
Sei que agora não dá mais
Acabou o meu dinheiro.
Que saudade da palhoça
Eu sonho com a minha roça
No triângulo mineiro.
Nem sei como se deu isso
Quando eu vendi o sítio
Para vir morar na cidade.
Seu moço naquele dia
Eu vendi minha família
E a minha felicidade!
dino franco e mouraí - pioneiro do sertão
Seu moço preste atenção
Procure me compreender
Bem certinho vou dizer
Se o senhor me permitir
Este imenso progresso
Que cobre o Brasil de glória
Analisando a história
Eu ajudei construir
Hoje os meios de transportes
São por vias asfaltadas
Mas as primeiras picadas
Fui eu que ajudei abrir
Com o meu carro de boi
Arrôxo de couro cru
Cambito de guatambú
Vueiro de cambuí
Cortava terras barrentas
Nas ferragens dos rodeios
Nos rigir dos tambueiros
Nos estalos dos cansis
Carregado de cereais
Eu seguia passo à passo
Caprichava no chumaço
Pros cocões poder zunir
A força do meu destino
Me deu esta sorte amarga
Deitei debaixo de carga
Ouvindo chuva cair
Sem lamentar minha vida
Depois que a chuva passava
De novo continuava
Minha jornada seguir
Com fé na Virgem Maria
Que meus passos abençoava
E sempre me acompanhava
Quando eu ia partir
A cantiga do meu carro
Na distante caminhada
Pra sempre ficou gravada
Na minha imaginação
Meu velho carro de boi
Que tanto gosto me deu
Carunchou e apodreceu
Lá no fundo do galpão
Onde eu for enterrado
Quero que deixe um letreiro
Descansa aqui um carreiro
Pioneiro do sertão
dino franco e mouraí - noite triste
Esta noite vai ser para mim a mais triste do mundo
Nunca pensei que um dia fosse sofrer tanto assim
De que me adianta saber que vamos amar a noite inteira
Se no amanhecer você vai partir pra longe de mim
Vai ser tão difícil encarar sua partida
Já estou chorando só em pensar nesta triste hora
Sabe que vai levar com você parte da minha vida
Não sei se vou resistir ao vê-la indo embora
Me beije, me abrace bem forte minha querida
Nesta noite desta despedida
Em seus braços me faça dormir
E quando amanhecer não me acorde
Pegue sua mala saia de mansinho
Meu bem eu não quero ver você partir
dino franco e mouraí - minha mensagem
Minha Mensagem
Moro num sertão deserto
Naquele mundão aberto
Não se vê ninguém por perto
Do lugar que eu habito
Ao lado da minha roça
Eu tenho minha palhoça
Feita de madeira grossa
E com folha de palmito
Muita gente tem receio
Não vai lá nem a passeio
Dizem que o lugar é feio
Mas eu acho tão bonito
Pois é lá no cafundó
Que sinto prazer maior
Dizem que tem lugar melhor
Porém eu não acredito
Vou dizer uma verdade
Com toda sinceridade
Só vim hoje pra cidade
Comprar o que eu nessecito
Acabando de comprar
Eu já vou me retirar
Tenho pressa de voltar
Pro meu recanto bendito
Não me dou com esse ambiente
Agitado e diferente
O sotaque dessa gente
Eu acho tão esquisito
Por isso eu vou dar o fora
Logo mais eu vou embora
Pro meu rancho lá da flora
Meu cantinho favorito
Lá no mato eu não dependo
De ninguém me protegendo
Do perigo eu me defendo
Sou astuto e sou perito
Mas quando eu chego na praça
Eu já vou perdendo a graça
O barulho e a fumaça
Me deixa tonto e aflito
Quero ver a olho nu
O imenso céu azul
E o meu cruzeiro de sul
Brilhando no infinito
O ar puro do sertão
Não tem contaminação
A única poluição
É a fumaça do meu pito
Não tenho grande estatura
Nem tanta musculatura
Sou carente de gordura
Sou fino que nem um palito
Mas tenho boa saúde
E um pouco de juventude
Apesar de homem rude
Eu tenho meus requisitos
Adoro estar na floresta
Vendo a natureza em festa
Apreciando a orquestra
Dos bandos de periquitos
Esta moda é uma imagem
Da minha vida selvagem
É uma forma de mensagem
Que no mundo eu deixo escrito
dino franco e mouraí - pé de cedro
Pé De Cedro
Foi no belo Mato Grosso
Há vinte anos atrás
Naquele tempo querido
Que não volta nunca mais
Nas matas onde eu caçava
Um pequeno arbusto achei
Levando pra minha casa
No meu quintal o plantei
Era um belo pé de cedro
Pequenino em formação
Sepultei suas raízes
Na terra fofa do chão
Um dia parti pra longe
Amei e também sofri
Vinte anos se passaram
Em que distante vivi
"Ó Virgem Santa Sagrada
Uma prece eu vou fazer
Junto ao meu pé de cedro
É que desejo morrer
Quero sua sombra amiga
Projetada sobre mim
No meu último repouso
Na cidade de Coxim"
Hoje volto arrependido
Para meu antigo lar
Abatido e comovido
Com vontade de chorar
Vim rever meu pé de cedro
Que está grande como o que
Mas é menor que a saudade
Que hoje eu sinto de você
Cresceu como minha mágoa
Cresceu numa coisa rara
Mas é menor que a saudade
Que até hoje nos separa
A terra ficou molhada
Do pranto que derramei
Que saudade pé de cedro
Do tempo em que te plantei
Que saudade pé de cedro
Do tempo em que te plantei
dino franco e mouraí - a volta do caboclo
Moda de Viola
Meu bem eu tenho muita saudade da nossa vida do interior
Você não tinha luxo e vaidade, fazia tudo com mais amor.
Tirava leite, fazia queijo, socava arroz e fazia pão
Ia buscar água na biquinha, lavava roupa no Ribeirão.
Você dormia em colchão de palha, passava pano com ferro a brasa
Estava sempre de bom humor, fazia tudo dentro de casa
E só saia junto comigo pra fazer compras ou ir na igreja
Se divertia com o radio a pilha, ouvindo musica sertaneja.
Mesmo morando em casa pobre você vivi sem reclamar
Me abraçava, me adorava e não enjoava de me beijar.
Mas foi pensando em lhe dar conforto que resolvi mudar pra cidade
Vendi o sitio, fiz o seu gosto e foi a nossa infelicidade.
Hoje aqui você tem de tudo, casa de luxo e enceradeira,
TV a cores, fogão à gás, bastante fruta na geladeira ?
Supermercado a cinqüenta metros, recebe em casa o leite e o pão,
Você nem quer mais dormir comigo amanhece vendo televisão.
Você agora tem nova vida se transformou em mulher moderna
Não se acanha sair de shorts, se rebolando e mostrando as pernas.
Já não me beija, nem me abraça e menor conta de mim não faz,
Não me acostumo com essas coisas eu vou voltar pra Minas Gerais
dino franco e mouraí - lavoura de maconha
Cururu
O seu Joaquim tinha um sitio nas bandas do pantanal
E por lá chegou um moço de são Paulo, capital
Falando em agricultura área experimental
- Eu trouxe para o senhor um ramo medicinal
Lugar que faz pouco frio
Se o senhor fizer um plantio o lucro é fenomenal.
Seu Joaquim ficou cismado, o mocinho convenceu
Eu mesmo faço o consumo de todo o produto seu ?
O custeio pra lavoura adiantado ofereceu
Seu Joaquim trabalhou muito, mas o lucro apareceu
Produção de qualidade
O moço lá da cidade tudo que levou vendeu.
Aquela fonte de renda de repente se acabou
A policia federal em sua casa chegou
Prendeu o pobre Joaquim, a plantação arrancou
Seu Joaquim lá na cadeia o tal moço encontrou
Quase morreu de vergonha
Ao saber que era maconha a planta que cultivou.
Mesmo sendo inocente ficou preso muitos dias,
Até provar na justiça que ele nada devia
Na frente do delegado envergonhado dizia,
Me faltou experiência, se tivesse não caia
Bem que falava meu pai
Que esmola quando é demais até desconfia.
dino franco e mouraí - meu cantinho favorito
Moro num sertão deserto
Naquele mundão aberto
Não se vê ninguém por perto
Do lugar que eu habito
Ao lado da minha roça
Eu tenho minha palhoça
Feita de madeira grossa
E com folha de palmito
Muita gente tem receio
Não vai lá nem a passeio
Dizem que o lugar é feio
Mas eu acho tão bonito
Pois é lá no cafundó
Que eu sinto prazer "maió"
Diz que tem lugar melhor
Porém eu não acredito
Vou dizer uma verdade
Com toda sinceridade
Só vim hoje pra cidade
Comprar o que eu necessito
Acabando de comprar
Eu já vou me retirar
Tenho pressa de voltar
Pro meu recanto bendito
Não me dou com este ambiente
Agitado e diferente
O sotaque dessa gente
Eu acho tão esquisito
Por isso eu vou dar o fora
Logo mais eu vou embora
Pro meu rancho la da flora
Meu cantinho favorito
Lá no mato eu não dependo
De ninguém me protegendo
Do perigo eu me defendo
Sou astuto e sou perito
Mas quando eu chego na praça
Eu já vou perdendo a graça
O barulho e a fumaça
Me deixa tonto e aflito
Quero ver a olho nu
O imenso céu azul
E o meu cruzeiro do sul
Brilhando no infinito
O ar puro do sertão
Não tem contaminação
A única poluição
Ã? a fumaça do meu pito
Não tenho grande estatura
Nem tanta musculatura
Sou carente de gordura
Sou fino que nem palito
Mas tenho boa saúde
E um pouco de juventude
Apesar de homem rude
Eu tenho meus requisitos
Adoro estar na floresta
Vendo a naturza em festa
Apreciando a orquestra
Dos bandos de periquitos
Esta moda é uma imagem
Da minha vida selvagem
Ã? uma forma de mensagem
Que no mundo
eu deixo escrito
dino franco e mouraí - viagem ao meu passado
Eu fui fazer um passeio no meu mundo de poesia
E divisei meu passado do jeito que pretendia
Em meu cavalo pedreis, a minha besta ruzia
Meu velho carro de boi rodeando a cercania
Meu avô cantando firme na sua viola macia
Batendo o pé num catira até no romper do dia
Eu vi a porteira grande que no balanço ringia
Toda vez que alguém chegava, toda vez que eu saía
O caminho da moenda era o mesmo que eu fazia
Quando pra escola mista bem cedo me dirigia
Avistei toda a baixada, minha roça que crescia
Muito milho foi plantado, meu pai de tudo colhia
O ribeirão Santa Helena do mesmo jeito corria
Quantas vezes de anzol eu fiz boa pescaria
E no pasto verdejante meu gado todo mugia
Ainda encontrei pedaços da cerca de alvenaria
As batidas do monjolo só o eco respondia
Vi balaios de farinha que a minha mãe fazia
Era por detrás da serra o lugar que eu vivia
Hoje só resta os sinais da casinha que existia
A saudade desse tempo me persegue, me judia
Recordo as chuvas de pedra quando o céu se escurecia
Seu moço, este cenário o senhor desconhecia
Meu pontão mal-assombrado, minha velha moradia
dino franco e mouraí - bandeirante fernão
Moda de Viola
A Bandeira Fernão Dias com seus homens escolhidos
Com o Zé Dias Borba Gato, bandeirantes destemidos
E o Capitão João Bernal, Padre Veiga decidido
Foram guias da bandeira, ai, ai, ao sertão desconhecido.
Também Mathias Cardoso, Garcia Paz, Francisco Dias
E Antonio Prado Cunha, foram servindo de guia
Junto a Antonio Bicudo entraram na mataria
Índio escravo e manetudo, ai, ai e animais de montaria.
Frei Gregório Magalhães, deu a benção e deu alento
Rezando a missa campal frente ao mosteiro São Bento
E o bandeirante partiu com grande carregamento
Cargueiro de munição, ai, ai e fumo em rolo e mantimento.
A bandeira avançou na direção que seguia
Rio da Velha e Roca Grande, Sumidouro e prosseguia
Passando por Tucumbira, da mata da Pedraria
Cerro Frio e Rio Doce, ai, ai, e foi chegar na Bahia.
Morreu na grande viagem o bandeira Fernão
Sete anos desse martírio, foi a conquista do sertão
O lugar da esmeralda que só foi uma ilusão ?
Cresceu São Paulo glorioso o diamante da nação.
Cds dino franco e mouraí á Venda