MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
cristiano quevedo - não chora moreninha
Eu vou me'mbora morena
Mas eu não vou pra ficar
Teu coração é meu pala
Quando o inverno chegar
Saudade é dor de morada
Quem já sentiu sabe bem
Saudade de quem se vai
Saudade de quem não vem
Quem tem a alma gaviona
Conhece bem os caminhos
De um coração caborteiro
Que não se amansa sozinho
Mas não chora moreninha
Porquê quem vai logo volta
Pra te avistar lá de longe
Abrindo os braços na porta
Eu vou me'mbora morena
Mas eu não vou pra ficar
Teu coração é meu pala
Quando o inverno chegar
Saudade é dor de morada
Quem já sentiu sabe bem
Saudade de quem se vai
Saudade de quem não vem
Por isso eu volto pra casa
Como quem sabe o que quer
Apastam simples no rancho
E um coração de mulher
cristiano quevedo - bem na porteira
Circunstanciais os limites pra quem vive no moerão
Num rancho de terra bruta a um metro e tanto do chão
Um casal de João de barro com paciência, bico e asa
Escolheu bem na porteira pra erguer o sonho da casa
O barro depois da chuva bastou pra toda a morada
Mangueira de terra boa sovada com a cavalhada
O tempo fez dias claros e a construção foi parelha
Duas semanas o rancho foi do alicerce pras telhas
O macho levava cantos pro timbre do alambrado
Na partidura da cerca, anunciava os bem chegados
Cada manhã de setembro um canto novo acordava
Quando a fêmea emplumada, por sobre o rancho cantava
Porta por lado do sol, meter a cara em porfia
E um canto de passarinho chamando as barra do dia
Por que a vida tem sentidos, onde a razão não se cansa
De renascer todo o dia, aonde existe esperança...
Mas foi bem junto com a chuva que uma tropa de cruzada
Se apertou bem na porteira querendo pegar a estrada
E o moerão num trompaço perdeu o entono e a razão
E derrubou o ranchinho de terra e ninho pro chão
E a tropa cruzou por diante sem reparar o que fez
Casco e pisada quedaram dois sonhos de uma só vez
E o barreiro repousado no outro moerão da porteira
Parecia que buscava ao longe a sua companheira
Custou, mas cantou de novo, de asa e de bico aberto
Quando o casal se encontrou num cinamomo ali perto
Pra erguer um novo rancho no mesmo ciclo de espera
Longe do cruzo das tropas, na próxima primavera...
cristiano quevedo - bandeira do império
Quando o mundo veio à tona
Brotou império pampeano
Já trazendo soberano
No trono de um flete baio
Carregando desfraldada
Uma bandeira prateada
No mastro do papagaio
Por destino esse monarca
Já nasceu enforquilhado
Seguindo o rastro do gado
Mato adentro e cerro abaixo
Domo sol, vento e garoa
Mas sempre teve a coroa
Sinchada no barbicacho
Só o garrão do continente
Resiste a qualquer tirão
Cada homem a cavalo
De quatro esteios no chão
Pois um índio de a cavalo
Tá enraizado no chão (2x)
Depois de riscar divisas
A casco e ponta de lança
Deixou plantada essa herança
No lombo das sesmarias
Pois um gaúcho montado
Vai palanquear nosso estado
Pela extensão dos seus dias
Por isso quando Setembro
Trás fletes pras avenidas
Das páginas esquecidas
Renasce a lida campeira
É o Rio Grande que se entona
Nessa estampa que emociona
Tendo a espora por bandeira
Só o garrão do continente
Resiste a qualquer tirão
Cada homem a cavalo
De quatro esteios no chão
Pois um índio de a cavalo
Tá enraizado no chão (3x)
cristiano quevedo - flor de campeira
Uma milonga pachola pra se cantar a vida inteira
Tem que ser for de campeira com um laço a bate cola
Tem que falar de cavalos de tombos e gauchadas
Rodeios nas madrugadas contraponteando com os galos.
Saudades da sesta boa no galpão onde eu encilho
Meu pingo quebrando milho pelas tardes de garoa...
Milonga flor de campeira de canto de pelo a pelo
Se cada verso é um sinuelo pra outro que vem de atrás
De faceiro encilho rindo esse potro colorado
Pois quando estou bem montado até o dia fica mais lindo
Cavalo que corcoveia conheço ao meter o freio
Não tiro pra os meus arreios se for mesquinho da oreia.
Eu posso ser feio assim mas quando encilho meu mouro
Falta janela no povo pras moças olharem par mim
Conheço parada feia mas peguei um malacara
Se nega o estribo dispara e se não nega corcoveia
Potro que anda gavionando eu ferro porteira afora
Me agrada de vez em quando dar comida pras esporas.
Tenho um lobuno mimoso e atacado das idéias
Disparou com a minha sogra nem os corvo acharam a véia.
cristiano quevedo - botando a corda
Pra quem gosta de rodeio,
O rio grande manda um recado
Venha num fim de semana,
Trazendo arreio imalado
Se acaso faltar espaço,
Já basta o laço chumbado
Aqui laçar é um vício,
Que afeta até a gurizada
Andam de corda na mão,
Treinando em vaca parada
Tem índio que gasta plata,
Tratando da cavalhada
Quem não laça faz de conta,
Aproveita que é um passeio
A arena já esta pronta
Te esperando pra o rodeio
Vindo de Piratini,
Um crioulo fachudaço
Lá na pista do Berni,
Fez mãe com filho no braço
Atira a cria pra cima,
Pra aplaudir o tiro de laço
Tem índio que perde a doma,
Laçando qualquer quantia
Cada armadão debochado,
Pra guardar fotografia
Mas o melhor do rodeio
Ã? a brincadeira sadia
Quem não laça faz de conta,
Aproveita que é um passeio
A arena já esta pronta
Te esperando pra o rodeio
cristiano quevedo - o dia em que artur arão não morreu
Sombreou a tarde entre silêncio e ventos
Era o prenuncio de intempérie e medo
De longe os cascos anunciavam passos
De alguns soldados e um bandido preso
Toda quietude anunciava morte
Nas armas postas lhe dizendo assim
Quem teve a fama de bandido e guapo
Hoje se encontra com seu próprio fimEram seis homens e o Artur Arão
Nalgum rincão da terra missioneira
Almas perdidas por seus desatinos
Vingando mortes com balas certeiras
Seis tiros cegos de estampido e fogo
Contra um bandido que diziam ser
Feriram a carne, lhe marcaram a alma
Mas não esperaram pra lhe ver morrer
Mas outro tiro que não foi certeiro
Cegou a tarde escureceu sombria
Ficou a imagem na retina e o ódio
Dos seis paisanos pra vingar-se um dia
Depois a morte aos poucos se foi
No tranco lento da milícia armada
Os seis partiram sem olhar a cena
Do corpo e o sangue na beira da estrada
Eram seis homens e o Artur Arão
Nalgum rincão da terra missioneira
Almas perdidas por seus desatinos
Vingando mortes com balas certeiras
Talvez a morte não lhe faça bem
Nem mesmo a dor lhe cobre o perdão
Quem teve a morte não merece a vida
Nem mesmo o nome de Artur Arão
Os olhos turvos depois da tormenta
Se abriram claros mal podendo ver
A morte agora vai buscar vingança
Porque uma lenda nunca vai morrer
Eram seis homens e o Artur Arão
Nalgum rincão da terra missioneira
Almas perdidas por seus desatinos
Vingando mortes com balas certeiras
cristiano quevedo - amor milongueiro
Iê, Iê, Iê, Iê, Iô, Iô
Te quero, amor milongueiro
Iê, Iê, Iê, Iê, Iô, Iô
Te quero, amor milongueiro
Eu cevo meu mate na tarde
Que invade minh?alma
A noite aproxima e me ensina
Que devo ter calma
Teu corpo moreno é veneno
Que ao meu corpo embriaga
Saudadeé sentida e ferida
Qual talho de adaga
Parceiro já parei rodeio
E me senti sozinho
Amor milongueiro
Flor que encontrei no caminho
To firme nos basto, mas gasto
De andar estradeando
Morena alivia a saudade
Te espero cantando
cristiano quevedo - carta a um poeta
Lá se foi a primavera aqui no sul
Bom dia meu amigo como vais
Este chasquito que te escrevo tem desejos
De poejos e ai cantar os banhadais
Só te peço não repares no papel
Que estas manchas são orvalhos da manhã
É que a cuia dos meus mates se emociona
E até briga com a cambona se eu pensa no Camaquã
Meu poeta agora eu sinto o que é saudade
E a verdade da distância agora eu sei
Mas bem pior do que não ter água pro mate
É ter um mate não sevar para ninguém
Manda notícias ai da serra do sudeste
Dos casarões da capital onde eu cresci
Conta da bica e dos segredos das taperas
Que é pra dor dessa distância aliviar dentro de mim
Manda notícias ai da serra do sudeste
Dos casarões da capital onde eu cresci
E se bandiares pra esses lados me visita
Pois não cabe numa folha todo o meu Piratini
cristiano quevedo - guri do campo
Aprimorei o faro nas esquinas
Entrei na dissonância dos mendigos
Na praça conversei com muito velhos
E andei nos seus caminhos percorridos
Eu fui guri do campo na cidade
Com a mesma liberdade das distâncias
Apenas o meu verso é que mudou
De doce se amargou
Chorou infância
No mais eu não mudei
Ainda canto milongas no violão, que é mais um vício
E busco na janela a inspiração
Falando de um galpão neste edifício
Eu quero manter vivo o que sorri
No tempo que eu nem vinha na cidade
E agora, que ironia, eu sou saudade
Querendo achar o tempo que perdi
Eu fui guri do campo na cidade
Com a mesma liberdade das distâncias
Apenas o meu verso é que mudou
De doce se amargou
Chorou infância
No mais eu não mudei
Ainda canto milongas no violão, que é mais um vício
E busco na janela a inspiração
Falando de um galpão neste edifício
cristiano quevedo - uma gaita toca um hino
Uma gaita toca um hino
Bem no alto da coxilha
Hoje o baile vai por conta
Da semana farroupilha
Pilchei bem o meu piquete
Ficou que é uma maravilha
Eu estou me preparando
Pra Semana Farroupilha
Potreiro Bueno é palanque
Esperando a cavalhada
Qual um floreio de bala
Pra alegrar a xiruzada
Neste piquete parceiro
Eu falquejo as emoções
Pois é assim que o Rio Grande
Vai mateando as tradições
Vai ser linda esta semana
Bem ao estilo gaúcho
Juntando preto com branco
E mesclando bofe com bucho
A chama da liberdade
Que arde com imponência
Berra a alma do Rio Grande
Berra o clarim da querência
Viva o vinte de setembro
Viva a indiada do pago
O Rio Grande nos desculpe
Mas vamo tomá uns trago
Uma gaita toca um hino
Bem no alto da coxilha
Hoje o baile vai por conta
Da semana farroupilha
Uma gaita, dois violão
E o pandeiro da negrada
E uns quatro ou cinco burracho
De goela bem afiada
Cachaça de Santo Antonio
Tem dez barril de carvalho
Charque de carne de ?buflo?
Jogo de osso e baralho
O cardápio é charque gordo
É espinhaço e quaiera
E pra queimar as gordura
Corre baile a noite inteira
Tem trinta metro de fumo
Pros taura fazer fumaça
E um chá de funcho fervido
Pra disfarçar a cachaça
A chama da liberdade
Que arde com imponência
Berra a alma do Rio Grande
Berra o clarim da querência
Viva o vinte de setembro
Viva a indiada do pago
O Rio Grande nos desculpe
Mas vamo tomá uns trago
cristiano quevedo - de caetano e aparício
Quem conhece uma milonga
Que fale muitas verdades
E tenha em si a ansiedade
De contar coisas ao mundo
Por certo é claro e fecundo
Naquilo que diz e pensa
E nunca foge a sua crença
De cantador por ofício.
Pois aprendeu fazer versos
Cruzando pelo universo
De Caetano e Aparício.
Quem aprende nunca esquece
Quem esquece, não entende
Que não se compra, nem vende
As verdades de um povo
Que nem tudo o que é novo
É melhor do que o de antes
Apenas trás os instantes
Que a vida tem desde o início.
Por estes caminhos gastos
De certo já havia rastos
De Caetano e Aparício.
A vida ensina o caminho
E eu resolvi ter o meu
E o coração entendeu
Que o destino não nos trai
Pois quem sabe aonde vai
Não cansa o cavalo á-toa
E sempre bebe água boa
Quem tem um rumo e munício.
E "às vez" há de ir sozinho
Só pra aprender o caminho
De Caetano e Aparício.
Talvez o tempo nos mostre
A vida num verso triste
Quem sabe a vida desiste
De ser apenas destino
E siga um verso teatino
Pra descobrir o sentido
Que nunca foi entendido
Da palavra em sacrifício.
Pois quem tem luz e razão
Tem na alma a inspiração
De Caetano e Aparício.
cristiano quevedo - por casa
Por casa quando me aquieto e a alma charla comigo
O Coração faz o resto tenteando um mate comprido
Pressinto que ele coiceia chuleando o pano do pala
E um chapelão aba larga de renegar tempo feio
Ah, meu sul que tal um chasque xirú
Conversa vai, conversa vem
Não tem ninguém igual a tu
Comadre terra a égua deu cria
Compadre sonho vamo que vamo
Pechando gado sempre a cavalo
Sovando rédea légua por légua
Maneando alçado somos da tropa
Dos aporriados pelo tordilho
Que por destino passam as horas
Tomando um mate com violão
cristiano quevedo - amigos muito mais
Quem serão os meus amigos
Meus amigos quem serão
Será que busco na alma
Segredos do coraçãoEu tenho tantos amigos
Por eles juro por Deus
E os que jurarem comigo
Também são amigos meus
Amigos são pedras raras
Que a inteligência conhece
São rudes braços de ferro
Que uma lágrima enternece
Quando os amigos faltarem
Sobrará uma verdade
Porque nem sempre o sangue
É a raiz da irmandade
Amigo é aquele que ouve
Amigo é aquele que fala
Amigo é aquele que chora
Amigo é aquele que cala
cristiano quevedo - contraponto
"Esse meu jeito de alçar a perna
De mirar ao longe o horizonte largo
É o contraponto de beber auroras
Quando cevo a alma pra sorver o amargo
Esse silêncio que me traz distância
Que me agranda o canto entre campo e céu
É o contraponto de acender o fogo
Meço um metro e pouco da espora ao chapéu
Essa coragem de pelear de adaga
De ser um gigante pela libardade
É o contraponto de ajuntar terneiros
E acenar aos velhos e ter humildade
Essa audácia de buscar o novo
Sem pisar no rastro e reacender as brasas
É o contraponto de ter prenda e filhos
E ficar tordilho ao redor 'das casa'."
cristiano quevedo - de volta
A tarde boleou a perna pelo lombo da cochilha
E um ouro de maçãnilha floresceu no descampado
Um salpicado de estrelas impeça bordar o céu
E um véu de neblina branca se acampa sobre o chapéu
O vento se tapa bruto contra as asas do meu pala
Um lenço pede bolada pra escaramuçar nessa hora
Meu baio pisa macio qual galo de boa pua
A lua se aninha prenha pela roseta da espora
Venho costeando açude bombeando minha silhueta
E uma traíra engambeta a focinha num bolcado
Pois sempre existe uma ânsia de quem volta pra morada
Com a idéia desnorteada de andejar enforquilhado
Até me vejo na ronda de algum fogo galponeiro
Tendo um angico campeiro findando num passo lento
E eu perciso de um amargo pra adoçar meu paradouro
E um sentimento mais touro pra atropelar os lamentos
O campo empresta o perfume que a noite tenta guardar
E o solitário estraviado me oferta o canto dos bastos
Por isso sofro calado aquela ausência morena
Que vêem meniando a melena pelo ondulado dos pastos
Embora o trote do baio conserve a mesma cadência
Basta voltar à querência pra renascer dum floreio
Um chamamê desfolhado no sobrelongo do vento
Onde a flor do sentimento vem lamber sal no rodeio
Cds cristiano quevedo á Venda