MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
confraria da costa - as ovelhas são iguais
Qualquer Um era um cara como outro qualquer
Não era nenhum beatle, lao tsé ou Voltaire
Mas nele havia algo fora do comum
Uma vergonha, uma vergonha, seu nome era Qualquer Um!
Oh pobre Qualquer Um com um nome tão incomum!
Mas agora não há nada o que se possa fazer
Até você mudar de RG
Qualquer Um toda manhã sai para o seu trabalho
E ao chegar Qualquer Um gosta de um café com cigarro
Qualquer Um escuta quieto o seu chefe falar
E espera sexta-feira chegar
Oh pobre Qualquer Um com um nome tão incomum!
Mas agora não há nada o que se possa fazer
Até você mudar de RG
Qualquer Um às seis e meia está preso entre os carros
E ao chegar em casa, outro café com cigarro
Qualquer Um todo domingo recebe os jornais
E lê que agora as ovelhas são iguais!
Oh pobre Qualquer Um com um nome tão incomum!
Mas agora não há nada o que se possa fazer
Até você mudar de RG
confraria da costa - À deriva
Naquele barco não havia timoneiro
e uma bandeira erguia seu coração
que para o vento batia acelerado
já conformado de sua estranha condição
Quem te deixou nesse mastro à deriva
sabia nada de navegação
Enquanto recortava os mares mundo afora
nenhuma vela indicava direção
E ao redor havia apenas sal e água
e aquele estado de tamanha solidão
Quem te deixou nesse mastro à deriva
sabia nada de navegação
Durante anos nem sequer avistou terra
a qual já era a essa altura uma ilusão
Nenhuma bússola, um mapa ou mesmo um leme
Seguia apenas sua própria pulsação
Quem te deixou nesse mastro à deriva
sabia nada de navegação
confraria da costa - calmaria
Antes uma tormenta que essa calmaria
Nada se move até onde alcança o olhar
Nesse chão de água, liso, quieto, nada
Aqui se tem para fazer se não ventar
Eu ando em círculos em volta do meu posto
Penso se é hoje que eu volto a fumar
A cicatriz me doí no peito e em meu rosto
Sinal de que não tarda a trovejar
Eu ranjo os dentes, ando de um lado a outro
Faço mil planos só pra depois rasgar
Tá tudo tão parado e quieto aqui a bordo
Alguém aqui precisa ferir, sangrar
Mas chega de lamúrias nessa barca imunda
Já é tarde, e me cansei de rosnar
A fim de descobrir quem boia e quem afunda
Podem atirar todos ao mar!
confraria da costa - canto dos piratas
Eram nove piratas sobre o convés
Balançando canecos ao ar
E o vento na proa guiava o navio
E lançava suas vozes ao mar:
"A vida é cruel, não tem pena de nós
Cega nossos olhos, cala nossa voz
Ela quer que nós, juntos, fiquemos tão sós
Ela vem lentamente e foge veloz"
Feito o vento que carrega o navio
Os versos seguiram o mar
Eram nove canecos rolando o convés,
e os marujos no chão a cantar:
"A vida é cruel, e foge veloz
Ela vem lentamente, cala nossa voz
Cega nossos olhos, não tem pena de nós
Ela quer que nós, juntos, fiquemos tão sós!"
confraria da costa - certamente a mente mente
Certamente a mente mente
como dois e dois são quatro
como quem faz um assassinato
parecer um acidente
Gentilmente a mente mente
para o seu próprio cliente
Não saber o que se passa
Dentro da sua cabeça!
Certamente a mente mente
tanto mente que nem sente
A semente que plantou
Como uma mulher que chora
E, de joelhos, implora
Sincera como uma serpente
Friamente a mente mente
Mente com os olhos vendados
Com os dois pés amarrados
Mente até de trás pra frente
Cegamente a mente mente
Certamente a mente mente
tanto mente que nem sente
A semente que plantou
Febrilmente a mente mente
Mente até ficar doente
Pega um frasco de seu tédio
e engole mais um remédio
Ferozmente a mente mente
Mente com unhas e dentes
Rosna quando sente medo
E berra quando quer segredo
Certamente a mente mente
tanto mente que nem sente
A semente que plantou
confraria da costa - coisas piores acontecem no mar
Todos os ventos que sopravam a seu favor
Agora dão o último suspiro
A brisa é leve demais para você continuar
Mas se não há pra onde ir, que diferença faz?
E quando você pensar, que tudo mais pode falhar
Lembre-se: coisas piores acontecem no mar
Se te incomoda quando cai uma garoa
É porque você não viu a tempestade
Se você acha que está chegando ao fundo
Nada é tão fundo quanto o fundo do mar
E quando você pensar, que tudo mais pode falhar
Lembre-se: coisas piores acontecem no mar
Há uma ilha do outro lado do oceano
A mais bela ilha que se pôde imaginar
Então zarpe teu barco, alce as velas, leve a espada
Porque coisa piores acontecem no mar
Se tudo que faz é se lamentar
Coisas piores acontecem no mar
Se alguma coisa ainda te faz chorar
Coisas piores acontecem no mar.
confraria da costa - confidencial
Tranquem a porta da minha casa
Depois preguem as janelas
Por uns tempos, eu acho,
vou me ausentar
Cortem o fio do telefone
Soltem os cães sobre o carteiro
Por uns tempos, eu acho,
vou me calar
Joguem fora a tv
Podem até vender meu rádio
Não é hora, eu acho,
de escutar
Toquem fogo nos meus livros
E no jornal todo domingo
Não é hora, eu já disse,
de me informar
Porque outro dia descobri o que é a vida
Mas agora não há mais como contar
confraria da costa - embaixo da mesa
O rei e a rainha assistem a luta dos peões
Espadas aos mocinhos, ouros aos ladrões
Sempre há uma carta embaixo da mesa
Sempre há uma peça fora do lugar
Eu aposto, eu aposto
Embaixo da mesa sempre há de estar
Se há um bispo branco, há um bispo negro
E sob a batina carrega um punhal
Seu rei aqui não vale nada
Quando vem um bispo na diagonal
Você conhece bem a regra
Neste jogo o que vale é o ouro
Mas seu castelo de cartas
Pra cair, basta um sopro
Sempre há uma carta embaixo da mesa
Sempre há uma peça fora do lugar
Eu aposto, eu aposto
Embaixo da mesa sempre há de estar
confraria da costa - És cadavérico
És cadavérico!
Cada vez mais, deveras cadavérico!
És cadavérico!
Deveras pra caralho!
Nesse mundo clorofórmico em que vives
Em cada cabeça cabe o quanto conta o conde
Queres ser cada coisa que nem me conte
Mas és passado
és desbotado
és atirado
escada abaixo
és cadavérico!
cada vez mais deveras, cadavérico!
És cadavérico!
Deveras pra caralho
confraria da costa - eu já esqueci mais do que você um dia vai saber
A verdade, na verdade
Pouca verdade contém
Uma história mal contada
Nunca fez mal a ninguém
Mas o que que eu vou dizer?
Eu já esqueci mais do que você um dia vai saber
Pouca coisa que se sabe
Pra alguma coisa lhe serve
Alguns nomes de pessoas
Especialmente as que te devem
Mas o que que eu vou dizer?
Eu já esqueci mais do que você um dia vai saber
Nada muito do que sabes, é
Nada muito do que queres, tens
Nada muito do que pensas, diz
Nada muito do que és, és sim
Nada muito do que disser
Moverá muito além
do que já está no ar...
Nada muito do que fizer
será pro mal ou pro bem
menos que possa pensar
confraria da costa - homo tudo sapiens
Foi na enciclopédia que eu li
Tudo o que eu tinha que saber
Porque cai a maçã, e sobe o balão
Deus, inferno, elétron, meteoro, furacão
E depois de amanhã vai chover
E não há nada que Homo não Sapiens
Não há nada que Homo não Sapiens responder
Com quantos paus se faz um avião
Pra onde vão as andorinhas no fim do verão
Como faz o fogo, de onde vem a água
Dois e dois são quatro noves fora sobra nada
E depois de amanhã vai chover
E não há nada que Homo não Sapiens
Não há nada que Homo não Sapiens responder
Quem disse que o leão ainda é o rei dos animais
Homo tudo Sapiens, Sapiens tudo e um pouco mais
Existe o que catalogamos e nada mais
Mataram Frederico, que sabia demais
Mataram Frederico, que sabia demais
E depois de amanhã vai chover
E não há nada que Homo não Sapiens
Não há nada que Homo não Sapiens responder
confraria da costa - não abra essa caixa com
Eu sei que vocês esperam que
Eu tenha algo a lhes dizer
Eu não posso fazer todo esse
Seu caminho ser em vão,
Então por favor eu lhes peço
Só um minutinho de sua atenção
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa, não abra essa caixa,
Não abra essa caixa com cobras
Eu era um cara nervoso,
Jogava minhas trouxas pela janela,
Cara eu sei que isso é ruim,
Mas pode acreditar que um dia foi pior
A minha menina coitadinha dela,
Nunca pôde olhar para o lado,
Então lá vai um recado de um cara
Que andou muito do lado errado:
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa, não abra essa caixa,
Não abra essa caixa com cobras
E o velho indiano sempre dizia à sua filha:
"não abra essa caixa com cobras
Menina o que sua mãe vai dizer?"
Eu sei que você sabe disso,
Mas nunca é demais falar mais de uma vez
O que todos os velhinhos da índia
Já sabem agora eu digo pra vocês:
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa, não abra essa caixa,
Não abra essa caixa com cobras
Eu sei que você deve ter
Olhado para os dois lados
Eu sei também que deve ter
Entrado pelo lado errado
Mas agora que nossa vida mudou,
Nada disso vai importar mais
Porque agora você já sabe
O lado errado do reino dos animais
Então, não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa com cobras, não, não, não
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa com cobras,
Não abra essa caixa com cobras, não, não, não
Não abra essa caixa com cobras, não
Não abra essa caixa com cobras, não
Não abra essa caixa com cobras, não, não, não..
Não abra essa caixa, essa caixa com cobras
confraria da costa - o fim
Os peixes estão boiando
O passáro caiu
Março mal chegou
E já é abril
O copo está seco
E a corda, no pescoço
Encontre-me em meia hora
No fundo do poço
O fim
O que ontem era novo
Agora etá senil
O cinzeiro está cheio
E o bolso, vazio
Já é quase hora
Do último trem
Ã? o fim da missa
Amém
O fim
O som está mudo
A luz está apagada
A loja está falida
E a barca quebrada
Ã? a ultima estrofe
Os ultimos compassos
A cortina baixou
Abraço
confraria da costa - preparar apontar fogo
Então agora você fala de diálogo
Que é na conversa que a coisa se resolve
Mas saiba que o que você faz a esse mundo
Chega o dia em que esse mundo te devolve
Você até pode achar um tanto extremo
Mas é assim que funciona o jogo
São três palavras que se aplicam ao seu caso
Preparar... apontar... FOGO! FOGO!
Não pense que alguém aqui sinta orgulho disso
Antes me dessem o dom do perdão
Se eu soubesse oferecer a outra face
Ou até quem sabe, estender a mão
Tivera eu nascido com a paciência
De esperar que Deus te devolvesse em dobro
Mas três palavras agilizam o processo
Preparar... apontar... FOGO!
E todos sabem que o sobe um dia desce
Mas poucos casos são os que passam do chão
Eu só conheço dois tipos de vacilo
Aqueles que têm, e os que não têm perdão
E você acha tudo isso uma injustiça
O que eu considero um tanto quanto duvidoso
Mas três palavras encerram a discussão
Preparar... apontar... FOGO!
confraria da costa - réquiem
Esvaziem meu armário
Mas deixem a cama como está
Guardem ao menos uma garrafa
Para o caso de eu voltar
Podem levar o violão
Mas deixem aqui o bandolim
Dêem algo para o rato
Sobreviver sem mim
Por favor tranquem a porta
E podem engolir a chave
Peguem o Tom no conserto
e me tirem da cidade
Só não perguntem quando vou voltar
Peguem cada disco meu
E tentem encontrar o dono
Façam o mesmo com os livros
Mas não me perguntem como
Não raspem minha barba
Talvez ela ainda cresça
Se eu tiver dinheiro, gastem
Antes que desapareça
Por favor tranquem a porta
E podem engolir a chave
Peguem o Tom no conserto
e me tirem da cidade
Só não perguntem quando vou voltar
Levem meus copos quebrados
e minhas facas sem ponta
E avisem lá no Sapo
que eu não vou pagar a conta
Não me esperem sexta-feira
Mas bebam um copo por mim
Até que eu saiba como é que
que se sai desse jardim
Por favor tranquem a porta
E podem engolir a chave
Peguem o Tom no conserto
e me tirem da cidade
Só não perguntem quando vou voltar
Cds confraria da costa á Venda