MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
cenair maicá - canto dos livres
Se meu destino é cantar, eu canto
Meu mundo é mais que chorar, não choro
A vida é mais do que pranto, é um sonho
Com matizes sonoros
Hay os que cantam desditas de amores
Por conveniência agradando os senhores
Mas os que vivem a cantar sem patrão
Tocam nas cordas do seu coração
Quem canta refresca a alma
Cantar adoça o viver
Assim eu vivo cantando
Prá aliviar meu padecer
Quisera um dia cantar com o povo
Um canto simples de amor e verdade
Que não falasse em misérias nem guerras
Nem precisasse clamar liberdade
No cantar de quem é livre
Hay melodias de paz
Horizontes de ternura
Nesta poesia de andar
Quisera ter a alegria dos pássaros
Na sinfonia do alvorecer
De cantar para anunciar quando vem chuva
E avisar que já vai anoitecer
E ao chegar a primavera com as flores,
Cantar um hino de paz e beleza
Longe da prisão dos homens, da fome
Prá nunca cantar tristeza
Quem canta refresca a alma
Cantar adoça o viver
Assim eu vivo cantando
Prá aliviar meu padecer
cenair maicá - mágoas de posteiro
Voltei ao rancho da querência onde nasci
Vim ao tranquito assobiando uma vaneira
Não vi ramada, não vi rancho nem mangueira
Pensei comigo, com certeza me perdi
Campo lavrado no lugar que era o potreiro
Campo lavrado no pelado do rodeio
E o braço erguido no pedaço de um esteio
Adeus pra sempre do meu rancho de posteiro
(Berro de gado, rincho de potro
Canto de galo, riso de gente
Tenho o passado, perdi o presente
Beira de povo, meu tempo é outro)
O ronco estranho do trator substituindo
A voz dos pastos, da ternura e da inocência
Monocultura, apenasmente destruindo
Memória e campo que roubaram da consciência
Eu tenho ganas que este maula sem respeito
Que fez lavoura da invernada onde eu vivia
Tente arrancar a grama verde de poesia
Deste Rio Grande que carrego no meu peito
cenair maicá - baile do sapucay
Neste compasso da gaita do sapucay
Se bailava a noite inteira lá na costa do Uruguai
Luz de candeeiro e o cheiro da polvadeira
Hermanava castelhanos e brasileiros na fronteira
Choram as primas no compasso do bordão
E o guitarreiro canta toda a inspiração
E a cordeona num soluço refrexando
Marca o compasso do posteiro sapateando
Neste compasso da gaita do sapucay
Se arrastava alpargatas lá na costa do Uruguai
Chinas faceiras de um jeito provocador
Vão sarandeando, é um convite para o amor
levanta a poeira do sarandeio da china
Recendendo a querosene com cheiro de brilhantina
Neste compasso da gaita do sapucay
O mandico se alegrava lá na costa do Uruguai
Até a guarda costeira se esqueceu do contrabando
E o sapucay chegava a tocar babando
E a gaita velha da baba do sapucay
Chegou apodrecer o fole neste faz que vai não vai
São duas pátrias festejando nesta dança
Repartindo a mesma herança, comungando a mesma rima
Disse o Sindinho que o Uruguai deixa os nubentes
Une o casal continente, pai Brasil mãe Argentina
E disse o poeta que o lendário rio corrente
Une o casal continente, pai Brasil mãe Argentina
cenair maicá - balaio lança e taquara
Caminha guaranis pelas estradas
trapos de gente se arrastando a pé
resto da raça do meu sete povos
últimas crias do sangue de sepé
fazem balaios de taquaras rachas
em pobres rancho que parecem ninhos
onde se abrigam aves migratórias a
medigar alguns mil réis pelos caminhos
O balaio foi taquara a taquara foi a lança
O balaio foi taquara a taquara foi a lança
Que esteiou os sete povos quando o pago era criança
vão os indios pela estrada
como aguapé pelos rios
cantam ventos tristes nos seus balaios vazios
cantam ventos tristes nos seus balaios vazios
seguem os índios o destinos peregrinos dos sem terra
tropeçando nos caminhos já sem luz
afogados na fumaça do progresso
juntos aos animais em debandada
das florestas virgens violentadas pelos que vieram
pelos que vieram sobre o símbolo da cruz
Quem os vê na humildade dos pervios
nascendo a marca desses tempos novos
Não acredita que seu braço um dia
Levantou catedrais nos sete povos
Vende balaio índio que plantava
Um novo mundo do império das missões
Balaios de taquaras que eram lanças
Marcando a história das sete reduções
O balaio foi taquara a taquara foi a lança
O balaio foi taquara a taquara foi a lança
Que esteiou os sete povos quando o pago era criança
vão os indios pela estrada
como aguapé pelos rios
cantam ventos tristes nos seus balaios vazios
cantam ventos tristes nos seus balaios vazios
cantam ventos tristes nos seus balaios vazios
cantam ventos tristes nos seus balaios vazios
cenair maicá - bochinchando
Rosilho bem encilhado, badana e pelego novo
E na casca de ovo, ajoujado na guaiaca
Pra emparceirar uma faca, de fibra marca coqueiro
De peleguear bochincheiro e fazer touro virar vaca
Pro bochincho me boleio, estufado de confiança
Que esse chirú hoje dança com a mais linda do salão
E se a filha do patrão, se arreganhar pro meu lado
Não me faço de rogado, meto o peito e dou de mão Bis
(Hoje estou disposto a tudo envergo a melhor bombacha
Nas botas eu taco graxa e me englostoro as melenas
Encharco no trago as penas na guaiaca dou um desfalque
E depois tiro o recalque nos braços de uma morena)
E depois tiro o recalque nos braços de uma morena)
Mal se chega e é um abraço de tanta china bonita
Dessas que as ancas agita maliciando o pensamento
E eu me achico num momento, fico embevecido ao vê-las
Divido tropas e estrelas ponteando no firmamento
Vou preparar o meu laço e apartar uma pra mim
Sento a marca e digo sim e volto às lides de campeiro
No meu rancho de posteiro, um chimarrão e carinho
Vendo um bando de piazinhos a correr no meu terreiro
cenair maicá - da terra nasceram gritos
Mataram meus infinitos
e me expulsaram dos campos;
Da terra nasceram gritos,
Dos gritos brotaram cantos!
E me fiz canto
De tropeiros e ervateiros
Rasgando sulcos,
Com arado e saraquá;
Nas alpargatas dos ?quileiros?
e ?chibeiros?,
Andei as léguas
De Corrientes e Aceguá!
Meu canto é rio,
Meu canto é sol,
Meu canto é vento,
Eu tenho berço, Eu tenho pátria,
Eu tenho glória,
Eu só não tenho terra própria
Porque a história
Que eu escrevi,
Me deserdou no testamento!
Entretanto - bem ou mal,
Não me emociono,
Com os que combatem
As verdades do meu canto;
Sem ter direito de comer nem o que planto,
Só não entendo é tanta terra
E pouco dono!
Mas mesmo assim,
Tenho pra dar um outro tanto,
Se precisarem do meu sangue
Noutra guerra;
Mesmo sem terra,
Hei de voltar grito de terra,
Pelo milagre
Das espigas do meu canto!!!
cenair maicá - gana missioneira
Esta gana missioneira que carrego inteira dentro do meu peito
Me faz caudatário de um rio que volta para o velho leito
E o mate que cevo pra sorver solito quando o sol se vai
É a seiva bugra da terra vermelha do alto uruguai Bis
Eu sou missioneiro nasci para a liberdade
Mas aqui finquei meu rancho pra não sentir mais saudade
Sou herdeiro de sepé retemperado na guerra
E se precisa eu tranco o pé pra defender minha terra
Hay os que se perdem por perder raízes que não acham mais
Hay os que se encontram por voltar as fontes dos seus ancestrais
E as encruzilhadas parecem caminhos a se afastar
Quando na verdade são pontos de encontro pra quem quer voltar
Eu sou missioneiro sei de bailes e potreadas
Também sei de mutirões no cabo liso da enxada
Por saber tudo o que sei me sinto bem a vontade
Sempre pronto a defender guerra honra e liberdade
cenair maicá - puente pessoa
Te recorda chinita,
do lugar tão lindo onde te beijei
Extasiada em meus lábios, tu me repetia, não te
esquecerei
Tarde linda de sol
testemunha de amor
Neste lugar tão lindo, amamos com alma, esquecidos da
dor
Como estará
pelas enseadas dos velhos herbais
os jasmineiros e orquideas em flor
onde cantou docemente um sorsal
Quero voltar
a contemplar-me em teu meigo olhar
e que me beijes como te beijei
junto a sombra do jacarandá
E este longo caminho
e hoje o destino de ti me afastou
não poderá a distância vencer esta ânsia de unirmos os
dois
Então cantarei
noites lindas de amor
a este céu divino, céu continentino, que a nós
abrigou
Como estará
pelas enseadas dos velhos herbais
os jasmineiros e orquideas em flor
a quem cantou docemente um sorsal
Quero voltar
a contemplar-me em teu meigo olhar
e que me beijes como te beijei
junto a sombra do jacarandá
cenair maicá - rancheira do tio bilia
Nesta rancheira campeira, compasso repiqueteado
Com a morena faceira dança um gaúcho largado
E nesse embalo animado a noite fica pequena
No sarandeado animado do corpo desta morena
Marca pra lá, vem pra cá marcando sempre certinho
Faz uma volta completa e agora é o puladinho
Assim é um baile de rancho no chão batido da sala
Na fraca luz do candieiro esta rancheira é que embala
E neste embalo animado a noite fica pequena
Dançando sempre agarrado no corpo desta morena
É neste baile gaúcho que a gaita do Tio Bilia
Roncava a boca da noite e chorava ao clarear do dia
E neste embalo gostoso a noite ficou pequena
Pelo olhar carinhoso e o calor da morena
cenair maicá - chimarrita sem fronteira
Conheci prenda dominga
Num comércio de carreira
Vendedora de empanada
Nas carpetas de primeira
Esta e prenda dominga
Filha da china ribeira
Que fazia gulodícias
Pra vender lá nas carreiras
Esta é prenda dominga
Filha da china ribeira
Que bailava chamarrita
Nas carpetas de primeira
Ela mesma foi quem trouxe
Lá da ilha da madeira
Esta é prenda dominga
Da minha terra missioneira
Que bailava chamarrita
Chamarrita sem fronteira
Chamarrita, chamarrita
Chamarrita sem fronteira
Que chegou na sul-américa
Pra viver a vida inteira
Esta e prenda dominga
Filha da china ribeira
Que bailava chamarrita
Nos comércios de carreira
Ela mesma foi quem trouxe
Lá da ilha da madeira
cenair maicá - fandango na fronteira
Vou te contar bem direitinho de um fandango na fronteira
Vanerão se dança xote, também se dança rancheira
Os gaúchos são valentes, e as chinocas são faceiras
E os índios tinem a espora no balanço da vaneira
Esse fandango que eu falo é na fronteira do estado
Primeira estância da querência
no rio grande é o mais falado
E é dos pagos missioneiros a catedral xucra do pago
Pra se dançar na fronteira o salão sempre é folgado
São gaúchos caprichosos sempre estão bem arrumados
Guaiaca, bombacha larga, lenço branco ou colorado
Vou te falar bem direitinho das chinocas missioneiras
Dos olhares feiticeiro, carinhosa e candongueiras
Umas que são argentinas, outras que são brasileiras
Quando vem clareando o dia que já termina o fandango
Se ouve o ronco dos trintas e o forte estalo de mangos
Mas não é briga e não é nada, é os gaúchos pacholeando
Já te contei bem direitonho do fandango na fronteira
Onde os gaúchos são valentes, e as chinocas são faceiras
E os índios tinem a espora, no balanço da vaneira
Cds cenair maicá á Venda