MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
catulo da paixão cearense - a flor do maracujá
Encontrando-me com um sertanejo,
Perto de um pé de maracujá,
Eu lhe perguntei:
Diga-me caro sertanejo,
Porque razão nasce branca e roxa,
A flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhi conto,
A estória que ouvi contá,
A razão pro que nasci branca i roxa,
A frô do maracujá.
Maracujá já foi branco,
Eu posso inté lhe ajurá,
Mais branco qui caridadi,
Mais brando do que o luá.
Quando a frô brotava nele,
Lá pros cunfim do sertão,
Maracujá parecia,
Um ninho de argodão.
Mais um dia, há muito tempo,
Num meis que inté num mi alembro,
Si foi maio, si foi junho,
Si foi janeiro ou dezembro.
Nosso sinhô Jesus Cristo,
Foi condenado a morrê,
Numa cruis crucificado,
Longe daqui como o quê,
Pregaro cristo a martelo,
E ao vê tamanha crueza,
A natureza inteirinha,
Pois-se a chorá di tristeza.
Chorava us campu,
As foia, as ribeira,
Sabiá tamém chorava,
Nos gaio a laranjera,
E havia junto da cruis,
Um pé de maracujá,
Carregadinho de frô,
Aos pé de nosso sinhô.
I o sangue de Jesus Cristo,
Sangui pisado de dô,
Nus pé du maracujá,
Tingia todas as frô,
Eis aqui seu moço,
A estória que eu vi contá,
A razão proque nasce branca i roxa,
A frô do maracujá
catulo da paixão cearense - luar do sertão
Não há, ó gente, oh não
Luar como este do sertão...
Oh que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão
Esse luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
A gente pega na viola que ponteia
E ao cair da lua cheia
A nos nascer do coração
Se Deus me ouvisse
Com amor e caridade
Me faria essa vontade
O ideal do coração:
Era que a morte
A descontar me surpreendesse
E eu morresse numa noite
De luar do meu sertão
catulo da paixão cearense - caboca di caxangá
Laurindo Punga, Chico Dunga, Zé Vicente
Essa gente tão valente
Do sertão de Jatobá
E o danado do afamado Zeca Lima
Tudo chora numa prima
E tudo quer te traquejá
Caboca di Caxangá
Minha caboca, vem cá
Queria ver se essa gente também sente
Tanto amor como eu senti
Quando eu te vi em Cariri
Atravessava um regato no Patau
E escutava lá no mato
O canto triste do urutau
Caboca, demônio mau
Sou triste como o urutau
Há muito tempo lá nas moita da taquara
Junto ao monte das crivara
Eu não te vejo tu passá
Todo os dia iate a beca da noite
Eu te canto uma toada
Lá debaixo do indaiá
Vem cá, caboca, vem cá
Rainha di Caxangá
Na noite santa do Natal na encruzilhada
Eu te esperei e descontei
Inté o romper da manhã
Quando eu saia do arfará o sol nascia
E lá na vota já se ouvia
Pipiando a acauã
Caboca, toda a manhã
Som triste de acauã
catulo da paixão cearense - adeus eulina
Adeus, adeus minha adorada Eulina
Eu cumpro a sina do destino meu
Sangra meu lenho, dessa desventura
Dessa amargura que o senhor me deuAdeus que eu parto, que me importa a vida
Se mal ferida, vai minh'alma ao sim!
Esquece Eulina, as minhas preces d'alma
Fere a minh'alma que eu revivo assim
Adeus, adeus minha saudosa Eulina
Rosa divina dos suspiros meus
Sangra meu lenho, dessa dor bendita
Dor infinita dos jardins de Deus
Adeus que eu parto pela estrada escura
De luz tão pura desse amor feliz
Minh'alma canta, por que a dor encanta
E tu és santa o coração me diz
Adeus, adeus minha adorada Eulina
Luz peregrina dos soluços meus
Alma dos sírios, roseiral dos lírios
Flor dos martírios divinais de Deus
Adeus que eu parto, vou partir que importa
Deus me conforta, o coração me diz
Adeus que eu parto, dolorosamente
Ledo e contente por te ver feliz
catulo da paixão cearense - cinzas
Álgida saudade me maltrata
Desta ingrata
Que não me sai do pensamento
Cesse o meu tormento
Tréguas à minha dor
Ressaibos do meu triste amor
Atro é o meu grande martírio
Das sevícias tenho n'alma a cicatriz
Deus, tem compaixão deste infeliz
Mata meus ais
Por que sofrer assim, se ele não volta mais?
Esse pobre amor que um dia floresceu
Como todo amor que é sem vigor, morreu
Ai, mas eu não posso esquece-la, não
A saudade é enorme no meu coração
Versos que a pujança deste amor cantei
Lira de poeta que a sonhar vibrei
Cinzas, tudo cinzas eu vejo enfim
Esta saudade enorme que reside em mim
Mono ao dissabor do esquecimento
Num momento evanizado da paixão
Está um coração que muitas dores padeceu
Um pobre coração que é o meu
Dentro de minha alma que se aflige
Tem uma esfinge emoldurando muitas fráguas
Deus, por que razão que as minhas mágoas
A minha dor
Não fogem da minha alma
Como fugiu o andor?
catulo da paixão cearense - flor amorosa
Flor amorosa, compassiva, sensitiva, vem porque
Ã? uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa
Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor
Oh, dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor
Em uma taça perfumada de coral
Um beijo dar não vejo mal
Ã? um sinal de que por ti me apaixonei
Talvez em sonhos foi que te beijei
Se tu pudesses extirpar dos lábios meus
Um beijo teu tira-o por Deus
Vê se me arrancas esse odor de resedá
Sangra-me a boca, é um favor, vem cá
Não deves mais fazer questão
Já perdi, queres mais, toma o coração
Ah, tem dó dos meus ais, perdão
Sim ou não, sim ou não
Olha que eu estou ajoelhado
A te beijar, a te oscular os pés
Sob os teus, sob os teus olhos tão cruéis
Se tu não me quiseres perdoar
Beijo algum em mais ninguém eu hei de dar
Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim
A mim, a mim
Oh, por que juras mil torturas
Mil agruras, por que juras?
Meu coração delito algum por te beijar não vê, não vê
Só por um beijo, um gracejo, tanto pejo
Mas por quê?
catulo da paixão cearense - ontem ao luar
Ontem ao luar
(Catullo da Paixão Cearense e Pedro Alcântara)
Ontem, ao luar,nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste o que era a dor de uma paixão.
Nada respondi, calmo assim fiquei
Mas, fitando o azul do azul do céu
A lua azul eu te mostrei
Mostrando-a ti, dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e, assim, te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer
De ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que eu só sei sentir
Ã? mister sofrer para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunta ao luar, travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
Pergunta, ao luar,do mar à canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
E sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe um monte á beira mar, ao luar
Ouve a onda sobre a arei-a a lacrimar
Ouve o silêncio a falar na solidão
De um calado coração
A penar, a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal
A dor silente, universal
E a dor maior, que é a dor de Deus
Se tu quere mais, saber a fonte dos meus ais
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da merencória pulsação
Busca saber qual a razão
Porque ele vice assim tão trsite a suspirar
A palpitar em desesperação
A queimar de amar um insensivel coração
Que a ninguém dira no peito ingrato em que ele esta
Mas que ao sepulcro fatamente o levará
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catulo da paixão cearense - por um beijo
Ã?h ri, meu doce amor!
Sorri, lágrima da flor
Teu sorriso inspira
A lira que afinei por teu falar
E quer de amor vibrar
Ao sol de teu olhar
Ri, meu doce amor!
Sorri, pérola da flor
Abre em teu lábio um sorriso
Onde um coração diviso
De algum anjo que desceu do azul
Num teu sorriso, luz de poesia
Vem dar a melodia
E musicar os versos meus
Que eu mostrarei a DEUS
Como eu te amo, alma dileta
E eu sem ser poeta
Irei fazer o Eterno
Te aclamar dos céus
Irei estrelas lá no céu roubar
Trarei da lua um raio de luar
Depois dos céus eu descerei ao mar
E a pérola mais bela irei buscar
Sem recear as iras Senhor, irei
Roubar os cofres do Senhor
Trarei a essência do divino amor
Se tu, velada no mais casto véu
Concederes-me a vitória
A suprema glória de um só beijo teu
catulo da paixão cearense - talento e formosura
Tu podes bem guardar os dons da formosura
Que o tempo, um dia, há de implacável trucidar
Tu podes bem viver ufana de ventura
Que a natureza, cegamente, quis te dar
Prossegue embora em flóreas sendas sempre ovante
De glórias cheia no teu sólio triunfante
Que antes que a morte vibre em ti funéreo golpe seu
A natureza irá roubando o que te deu
E quanto a mim, irei cantando o meu ideal de amor
Que é sempre novo no viçor da primavera
Na lira austera em que o Senhor me fez tão destro
Será meu estro só do que for imortal
Tu podes bem sorrir das minhas desventuras
Pertenço à dor e gosto até de assim penar
Eu tenho n'alma um grande cofre de amarguras
Que é o meu tesouro e que ninguém pode roubar
Pois quando a dor me vem pedir alguma esmola
Eu lhe descerro as portas d'alma que a consola
E dou-lhe as lágrimas que vão lhe mitigar o ardor
Que a inspiração dos versos meus só devo à dor
Descantarei na minha lira as obras-primas do Criador
Uma color da flor desabrochando à luz do luar
O incenso d'água é que nos olhos faz a mágoa rutilar
Nuns olhos onde o amor tem seu altar
E o verde mar que se debruça n'alva areia a espumejar
E a noite que soluça e faz a lua soluçar
E a estrela d'alva e a estrela Vésper languescente
Bastam somente para os bardos inspirar
Mas quando a morte conduzir-te à sepultura
O teu supremo orgulho em pó reduzirá
E após a morte profanar-te a formosura
Dos teus encantos mais ninguém se lembrará
Mas quando Deus fechar meus olhos sonhadores
Serei lembrado pelos bardos trovadores
Que os versos meus hão de na lira em magos tons gemer
E eu, morto embora, nas canções hei de viver
Cds catulo da paixão cearense á Venda