MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
aldir blanc - amigo É pra essas coisas
-Salve
.Como é que vai?
-Amigo há quanto tempo
.Um ano ou mais
-Posso sentar um pouco?
.Faça o favor
-A vida é um dilema
.Nem sempre vale a pena
-Pô
.O que que há?
-Rosa acabou comigo
.Meu Deus porque
-Nem Deus sabe o motivo
.Deus é bom
-Mas não foi pra mim
.Todo amor um dia chega ao fim
-Triste
.É sempre assim
-Eu desejava um trago
.Garçon mais dois
-Não sei quando eu lhe pago
.Se vê depois
-Estou desempregado
.Você está mais velho
-É
.Vida ruim
-Você está bem disposto
.Também sofri
-Mas não se vê no rosto
.Pode ser
-Você foi mais feliz
.Dei mais sorte com a Beatriz
-Pois é
.Tudo bem
-Pra frente é que se anda
.Você se lembra dela
-Não
.Lhe apresentei
-Minha memória é fogo
.E o "largent"?
-Defendo algum no jogo
.E amanhã?
-Que bom se eu morresse
.Pra que rapaz?
-Talvez Rosa sofresse
.Vá atrás
-Na morte a gente esquece
.Mas no amor a gente fica em paz
-Adeus
.Toma mais um
-Já amolei bastante
.De jeito algum
-Muito obrigado amigo
.Não tem de que
-Por você ter me ouvido
.Amigo é pra essas coisas
-Tá
.Toma um Cabral
-Sua amizade basta
.Pode faltar
-O apreço não tem preço
Eu vivo ao Deus dará
aldir blanc - anel de ouro
Desde menino sempre sonhei
Com a ciranda em que o amor nos faz rodar:
Fragilidade de porcelana...
Testemunhei o anel de vidro se quebrar.
A duração de um verso,
Doce murmúrio
E depois dizer pra sempre adeus.
Quando eu te conheci acalentei
Sonhos tão loucos que pudessem nos salvar
Do fim e foi assim
Que em tal paixão só sosseguei
Com o anel de ouro que eu te dei.
Vivi feliz sem suspeitar
Que a ciranda em que o amor nos faz rodar
Guarda o martírio das coisas lindas,
Faz até mesmo um diamante se quebrar.
Uma palavra amarga,
Um desencanto
E depois dizer pra sempre adeus.
Quando eu te vi partir acalentei
Triste delírio em que o amor fosse evitar
O fim, mas, ai de mim,
Dessa paixão só resgatei
No prego o anel de ouro que eu te dei.
aldir blanc - carta de pedra
Prezado amigo, escreve para esclarecer
Que, mesmo antes de nascer,
Meu coração se fez humano por ser suburbano
E o hiv
Deu positivo porque meus irmãos
Padecem de doença igual
E um degrau atrás de outro degrau
Me leva de joelhos à igreja onde deus me diz
Que o humano é estranho, sim,
Porque é meu pai e, ai de mim,
Nós nos desentendemos sempre
E é assim que se faz
Canções, escadas, catedrais
Que depois não visitamos mais
- dão de nós o melhor testemunho.
Prezado amigo, eu vi sair do papel
A pedra e o fogo que há no céu
E tudo parecia letra de chorinho
E então também chorei...
Os meus avós e o pai são degraus
Aonde eu piso em direção ao caos
Mas posso ver na beira goiabeiras,
Limoeiros, pés de sapoti
E a penha volta aqui
Feito o mito de uma ressureeição.
A hóstia é pedra - hei de ralar!,
A santa nao pode cumprir o qur não me crismar:
O pai que eu amo não demora,
A valsa chora e eu sei vou inventar
Até que a própria virgem
Mande eu descansar...
aldir blanc - constelação maior
Tenho um fiel companheiro
Que vigia meu lar...
Tantos me dirão
Quem é?
Mas não vou nomear...
Ele é bonito
E a minha garota
O recebe em seu leito...
Eu mesmo às vezes
Abro mão do orgulho
E com ele me deito...
Assim é o amor que ignora
Simplórias fronteiras...
O bombocado conhece a medida do fel...
Ciúmes tenho mas eu renuncio
Coisas maiores existem entre os três
Sabor antigo pela primeira vez...
aldir blanc - cordas
Bandolim, bandolim, bandolim diz que não,
Diz talvez, diz que sim,
Não diz coisa com coisa pra mim,
Diz que a vida anda assim, assim.
E me conta os anseios tristonhos que teus sons de cristal
Põem nos sonhos das mulheres do porto às princesas do reino.
Veneno... discórdia...
Quero sim, quero não, ai de mim...,
Não traí, traí sim, bandolim.
Tua voz me alicia em cetim, riso clinico em céu de jasmim.
Bandolim se você me ensinasse...
Bandolim, você sabe o disfarce entre o rei e o bobo:
A comédia da arte - o todo, a parte...
E um dia, na hora do fim, diz juntinho de mim,
Bandolim titim por tristeza
O elan de beleza que há na corda arrebentada.
Bandolim, bandolim, bandolim, recorda/ bandolim, diz que não,
Diz que sim, discorda
aldir blanc - dois bombons e uma rosa
Faço votos
De feliz casamento
Parabéns pra você,
Prevaleceu seu bom senso
Reconheço que era chato
Ser a outra eternamente
Com encontros marcados
Por coisas do tipo
Eu subo na frente
Finalmente teu garoto
Vai ter um pai de primeira
Você mais segurança
E um pinguim na geladeira
Na cabeceira um relógio
A hora mais luminosa
Churrascaria aos domingos
Dois bombons e uma rosa
Apenas quero fazer
A necessária ressalva
Jamais comente o passado
Lembre o conselho de Dalva
Não há xampu, não há creme
Que apague ou que desmarque
Da tua pele o meu beijo
Fedendo a conhaque.
aldir blanc - dry
Você foi embora dizendo
que eu era até gente boa
mulher não tolera essas frases
que homem a toa costuma dizer
Lembro as toalhas molhadas no chão
fios de barba na pia
e rezo pra virgem Maria
pra que filha minha não pegue homem assim
Eu me sentia um cinzeiro
repleto das pontas que você deixava
e que ironia essa imagem:
a guimba apagando é quando mais queimava.
Você saiu dando tchau
brincou que ao meu lado era o tal
fiquei pendurada no adeus
como um velho avental
Foi amor de trapaça e de tara,
de beijo na nuca, de tapa na cara
andei meio louca sem ser maltratada
parei com esse vício, mas quase morri
Hoje somente se bebo
o dia seguinte pode me afetar
é que a secura me lembra
teu jeito de amar
aldir blanc - entre o torresmo e a moela
Envelheci, mas continuo em exposição
A ex-mulher me chama de Sardinha de Balcão
Eu digo sempre que melhor que apodrecer ao lado dela
É ir mofando entre o torresmo e a moela
Porque lá em casa a barra era violenta
Eu padecia entre a mostarda e a pimenta
Agora vivo entre o cavaco e o violão
Lá em casa era entre o cutelo e o facão
Quem acordava entre a meleca e a remela
Prefere a vida entre o torresmo e a moela
De barco entre a tempestade e a piração do leme
Levava beiço do Ecad e bico da Capemi
Falavam mal de mim a sogra e a vizinha
Ai, eu penava entre o modess e a calcinha
Quem se amarrou entre cabresto, rédea e sela
Quer descansar entre o torresmo e a moela
Entrei para a política e votei no Leonel
Acabei entre o Agnaldo e a mãe, via Embratel
Pedi desculpa a um general que me deu na costela
O vice disse outra tolice, não lhe dei mais trela:
Entre o sambódromo e o bicheiro, rei da passarela
Quero é sambar entre o torresmo e a moela
aldir blanc - falha humana
Eu provoco desastres sinistros de amor
Aquelas tragédias que seja como for
Encerram fins de ano
Misturam na boca o pernil e a dor
O vinho e o horror
Um que anda no hall dos desaparecidos
Um outro que nem foi identificado
Ilusões soterradas, carinhos perdidos
Choro não resgatado
E a chuva em diferentes clarões de vermelho
As buscas inúteis pela noite inteira
O grito e a raiva, dois trens
Que se engavetaram em Mangueira
O choque permanente da decepção
Manchou minhas formas, apagou meu contorno
E não tenho seguro pra me proteger
De envelhecer nessa dor de corno
É um deslizamento daquelas barreiras
Que me sustentavam querendo descer
E que desabadas, vão ao ar deformadas
Em jornal de tv
Meu samba é a autópsia de amores passados
O atestado de óbito da vida insana
Teve meu laudo
Perito em paixão constatou:
Falha Humana
aldir blanc - flores de lapela
Você vai dizer que sabia
Que isto ia acontecer,
Que eu bebia em demasia
E maltratava você.
E eu vou dizer que você
Já não era mais aquela,
Um mero enfeite sem vida
Feito flores de lapela.
Tantos dirão tanta coisa
Mas maldade vai sobrar,
As bocas mudando as versões
Feito as toalhas de um bar...
Apenas o armário de espelho
No banheiro
Diz o que é solidão:
Se o amor anda ausente
O armário só guarda
Uma escova de dente.
aldir blanc - lua sobre sangue salgueiro
"Se eu falar no Salgueiro
Ã? porque são muitas palavras que eu quis
Pois não basta um idioma inteiro
Pra dizer o que o Salgueiro diz
Imaginar o Salgueiro
Lua sobre o sangue de linda mulher
Ã? preciso o Universo inteiro
Pra mostrar o que o Salgueiro é
Canto Gargalhada na voz do Anescar
Geraldo Babão e o Bala são de lá
Noel Rosa de Oliveira, Pindonga e Iraci, o samba vem daí
Quando eu deixar o Salgueiro
Sinto que o céu não irá me agradar
Pois não basta o paraíso inteiro
Pra saudade que o Salgueiro dá
Canto Gargalhada na voz do Anescar
Geraldo Babão e o Bala são de lá
Noel Rosa de Oliveira, Pindonga e Iraci, o samba vem daí"
aldir blanc - lupicínica
- Aí, Nei, essa vai pra Valmir Gato Manso
Amei
uma enfermeira do Salgado Filho,
paixão passageira, sem charme nem brilho,
roteiro batido, romance na tarde.
E aí, numa seresta na Dois de Dezembro,
me perguntaram por ela: "-Nem lembro...",
eu respondi com um sorriso covarde.
Ouvi - que bofetada! - "Morreu duas vezes.
Uma aqui e agora, a outra há seis meses".
Balbuciei: "-Morrida ou matada?"
"-Depende do seu conceito de assassinato.
Um pobre amor não é amor barato.
Quem fala de tudo não sabe de nada."
Na rua do Tijolo, bloco 5, aquele de esquina,
morou uma enfermeira com a chama vital de Ana Karenina.
Dirá um dodói que Tolstói era chuva demais pra tão pouca planta.
Ô trouxa, heroínas sem par podem brotar na Rússia ou lá em Água Santa...
Aquela mulher que dosava o soro nas veias dos agonizantes
não teve sequer um calmante pra dor sem remédio que aflige os amantes.
Por mais que a literatura celebre figuras em vã fantasia
ninguém foi mais nobre que a Pobre da Enfermaria.
aldir blanc - mãos de aventureiro
Pensei que pudesse largar o batuque e a brahma
Chegar logo em casa, vestir o pijama
Ir cedo pra cama quando acordar
Sorrindo fazer teu café e levar de surpresa
Regar o jardim, voltar pra empresa
Pra teres um dia orgulho de mim, ah, meu Deus
Mas a tarde começa a cair e eu perco o sossego
Sentindo correr no meu sangue de negro
O chamado do samba e do botequim
Quando volto finges dormir
E manténs no semblante completa inocência
Mas minha vista apesar de turvada
Vai além da aparência
Minhas mãos de rude aventureiro
Vão em busca do seu travesseiro
Mas a fronha molhada me diz
Que choraste outra ausência
E a fronha molhada me diz
Que choraste outra ausência
aldir blanc - mastruço e catuaba
Veio a comadre bater no portão lá de casa
Pra contar que o meu compadre, nem começou já acaba
Esse cara precisa de um chá
De mastruço e catuaba
Disse que faz uns seis meses que o fuque fuque anda ruço
Esse cara precisa de um chá
De catuaba e mastruço
O miguel chegou da espanha
Pra abrir um restaurante, boate e boteco
Era louco por vedete
Mas na hora "h" não armava o boneco
Suava perdia os sentidos
Y voltaba a si sin saber donde estaba
Taí mais um caso pra chá
De mastruço e catuaba
Um moço tão delicado
Que longe de mim comenta que era paca
Voltou da lua-de-mel
Babando a gravata, esticado na maca
Disse que se constrangera
Que a noiva era mais cabeludo que urso
Esse nem com muito chá
De catuaba e mastruço
Entrevistaram o cacique
Famoso guerreiro tatutacuntara
Índio que além de peitudo
Também possuía vergonha na cara
Tem bem mais de trinta filhos
É o tacape maior que se viu lá na taba
Graças a tupã e ao chá
De mastruço e catuaba
aldir blanc - me dá a penúltima
Eu gosto quando alvorece
Porque parece que está anoitecendo
E gosto quando anoitece que só vendo
Porque penso que alvorece
E então parece que eu pude
Mais uma vez, outra noite
Reviver a juventude.
Todo boêmio é feliz
Porque quanto mais triste, mais se ilude.
Esse é o segredo de quem,
Como eu, vive na boemia:
Colocar no mesmo barco, realidade e poesia
Rindo da própria agonia
Vivendo em paz ou sem paz
Pra mim tanto faz, se é noite ou se é dia.
Cds aldir blanc á Venda