MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
adriano correia de oliveira - canção da fronteira
Moça tão formosa
não vi na fronteira
como uma ceifeira
que cantava, Rosa
Foi em Barca d´Alva
quando o sol nascia
uma ceifeira cantava
cantando vertia
trovas na fronteira
quando o sol nascia
A saia de chita
rosinha, limão
que coisa bonita
sobre o coração
nos ramos da luz
um fruto limão
De foice na mão
suspensa de um sonho
mordendo dois bagos
rubros de medronho
seus olhos dois bagos
suspensos de um sonho
Devia ser pobre
mas cantava Rosa
romã que se abria
na manhã formosa
Que canto que sonho
que engano de rosa
Foi em Barca d´Alva
quando o sol nascia
uma ceifeira cantava
cantando vertia
trovas na fronteira
quando o sol nascia
Moça tão formosa
não vi na fronteira
como uma ceifeira
que cantava Rosa
adriano correia de oliveira - cana verde
No cimo da cana verde
Voava a esperança e pousou.
Olhei-te nos olhos fundos
Teu olhar me incomodou.
Verde cana, cana verde
Entre o restolho se perde.
Verde cana, cana verde
Entre o restolho se perde.
Cana verde deu-lhe o vento
Tua mão me procurou.
No cimo da cana verde
Voava a esperança e pousou.
Cana verde deu-lhe o vento
Tua mão me procurou.
No cimo da cana verde
Voava a esperança e pousou.
Verde cana, cana verde
Entre o restolho se perde.
Verde cana, cana verde
Entre o restolho se perde.
INSTRUMENTAL
Cana verde deu-lhe o vento
Tudo em redor se agitou.
No cimo da cana verde
Voava a esperança e pousou.
Verde cana, cana verde
Entre o restolho se perde.
Verde cana, cana verde
Entre o restolho se perde.
No cimo da cana verde
Voava a esperança e pousou.
Procurai a cana verde
Que o vento agitou.
No cimo da cana verde
Voava a esperança e pousou.
Procurai a cana verde
Que o vento agitou.
Verde cana, cana verde
Entre o restolho se perde.
Verde cana, cana verde
Entre o restolho se perde.
adriano correia de oliveira - cantar de emigração
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai
Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará
adriano correia de oliveira - contemplação
Pus-me a olhar à janela
O voo das andorinhas.
Pus-me a olhar à janela
O voo das andorinhas.
Trazem-me saudades dela
Levam-lhe saudades minhas.
Trazem-me saudades dela
Levam-lhe saudades minhas.
INSTRUMENTAL
Pus-me a olhar à janela
O voo das andorinhas.
Pus-me a olhar à janela
O voo das andorinhas.
São como nós meus amores
Rodam, rodam são tolinhas.
São como nós meus amores
Rodam, rodam são tolinhas.
adriano correia de oliveira - desengano
Para que quero eu olhos
Senhora Santa Luzia.
Para que quero eu olhos
Senhora Santa Luzia.
Se eu não vejo o meu amor
Nem de noite, nem de dia
Senhora Santa Luzia.
INSTRUMENTAL
Nossa Senhora da Graça
Que tantos milagres fazes.
Nossa Senhora da Graça
Que tantos milagres fazes.
Estou de mal com meu amor
Senhora fazei as pazes
Senhora fazei as pazes.
adriano correia de oliveira - fado da mentira
Ninguém conhece no rosto
O que a nossa alma inspira.
Ninguém conhece no rosto
O que a nossa alma inspira.
A vida é gosto e desgosto
Mentira tudo mentira.
A vida é gosto e desgosto
Mentira tudo mentira.
INSTRUMENTAL
Fiz uma cova n'areia
P'ra enterrar minha mágoa.
Fiz uma cova n'areia
P'ra enterrar minha mágoa.
Entrou por ela o mar todo
Não encheu a cova d'água.
Entrou por ela o mar todo
Não encheu a cova d'água.
adriano correia de oliveira - fala do homem nascido
Venho da terra assombrada
Do ventre da minha mãe.
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
Por me trazerem aqui.
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci.
Trago boca pra comer
E olhos pra desejar.
Tenho pressa de viver
Que a vida é água a correr.
Tenho pressa de viver
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo
Não tenho tempo a perder.
INSTRUMENTAL
Minha barca aparelhada
Solta o pano rumo ao Norte.
Meu desejo é passaporte
Para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
Nem marés que não convenham.
Nem forças que me molestem
Correntes que me detenham.
Quero eu e a natureza
Que a natureza sou eu.
E as forças da natureza
Nunca ninguém as venceu.
INSTRUMENTAL
Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença
Mesmo morto hei-de passar.
Não há poder que me vença
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
INSTRUMENTAL
Venho da terra assombrada
Do ventre da minha mãe.
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui.
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci.
adriano correia de oliveira - história do quadrilheiro manuel domingos louzeiro
Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Meus senhores vão ouvir
A história do quadrilheiro
Manuel Domingos Louzeiro,
Que foi a pena cumprir,
Enquanto alguém de Salir,
Num primor de descrição,
Lhe chama até "Lampeão";
Mas, salirenses honrados,
Podeis dormir descansados,
Que lá foi preso o ladrão.
Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Pelas coisas que o povo diz,
Para uns, terrível bandido
Para outros, grande infeliz.
Mas eu, sem querer ser juiz,
Vi que ele se despedia
Da mulher com quem vivia
Numa amizade sincera
E não vi nele a tal fera
Que em toda a parte aparecia.
Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Desse rei dos criminosos
Direi aos que o conheceram,
Poucos crimes apareceram
E poucos são os queixosos;
Apenas alguns medrosos
Terrível fama lhe dão;
Para a justiça só são
Os seus crimes dois ou três,
Mas coisas que ele não fez
Contam-se mais de um milhão.
Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Por alguns sítios passava,
Onde há só gente honradinha,
Que roubava à vontadinha
E que ninguém acusava;
Tudo Domingos pagava,
E ele às vezes nem sabia
Que à sua sombra vivia
Gente que passa por justa,
Fazendo crimes à custa
Dos roubos que ele fazia.
Gente que passa por justa,
Fazendo crimes à custa
Dos roubos que ele fazia.
adriano correia de oliveira - lágrima de preta
Encontrei uma preta
Que estava a chorar
Pedi-lhe uma lágrima
Para analisar.
Recolhi a lágrima
Com todo o cuidado
Num tubo de ensaio
Bem esterilizado.
INSTRUMENTAL
Olhei-a de um lado
Do outro e de frente
Tinha um ar de gota
Muito transparente.
Mandei vir os ácidos
As bases e os sais
As drogas usadas
Em casos que tais.
INSTRUMENTAL
Ensaiei a frio
Experimentei ao lume
De todas as vezes
Deu-me o que é costume.
Nem sinais de negro
Nem vestígios de ódio
Água quase tudo
E cloreto de sódio.
adriano correia de oliveira - modinha do chapéu
Eu comprei um chapéu novo
Para ir a passear.
O chapéi vai-se rompendo
Vai-se o passeio a acabar.
Ai ai vai-se o passeio a acabar.
Ai ai vai-se o passeio a acabar.
INSTRUMENTAL
Às abas do meu chapéu
Devo mil obrigações.
Às abas do meu chapéu
Devo mil obrigações.
Ai ai devo mil obrigações.
Ai ai devo mil obrigações.
INSTRUMENTAL
Que me livraram do sol
Em certas ocasiões.
Que me livraram do sol
Em certas ocasiões.
Ai ai em certas ocasiões.
Ai ai em certas ocasiões.
INSTRUMENTAL
Em morrendo vou p'ró céu
Que eu já lá tenho lugar.
Em morrendo vou p'ró céu
Que eu já lá tenho lugar.
Ai ai que eu já tenho lugar.
Ai ai que eu já tenho lugar.
adriano correia de oliveira - o sol préguntou à lua
O Sol préguntou à Lua
O Sol préguntou à Lua
Quando a
Quando a vera amanhecer
Quando a
Quando a vera amanhecer
INSTRUMENTAL
Dos olhos teus
À vista dos olhos teus
À vista
Que vem o Sol cá fazer
Que vem
Que vem o Sol cá fazer
E o Sol préguntou à Lua
Quando a vera amanhecer
Lábios pego os olhos teus
Que vem o Sol cá fazer
E o Sol préguntou à Lua
Quando a vera amanhecer
Lábios pego os olhos teus
Que vem o Sol cá fazer
INSTRUMENTAL
O Sol préguntou à Lua
O Sol préguntou à Lua
Quando a
Quando a vera amanhecer
Quando a
Quando a vera amanhecer
INSTRUMENTAL
Dos olhos teus
À vista dos olhos teus
À vista
Que vem o Sol cá fazer
Que vem
Que vem o Sol cá fazer
adriano correia de oliveira - para rosalía
Vinha pela areia da praia eu vi-a passar.
Na fronte uma estrela, na boca um cantar.
Vinha tão só na noite sem fim,
Que até rezei pela pobre louca.
Eu que não tenho quem reze por mim.
Eu que não tenho quem reze por mim.
INSTRUMENTAL
Musa do povo das gentes que eu vi passar.
Comida pelos lobos, comida morreu.
São dela os ossos que hi-des guardar.
Ai do que tem na fronte uma estrela.
Ai do que tem na fronte uma estrela.
Ai do que tem na boca um cantar.
INSTRUMENTAL
Vinha pela areia da praia eu vi-a passar.
Na fronte uma estrela, na boca um cantar.
adriano correia de oliveira - rosinha
Ó minha Rosinha eu hei-de te amar
De dia ou de noite, de noite ao luar.
De noite ao luar, de noite ao luar,
Ó minha Rosinha eu hei-de te amar.
INSTRUMENTAL
Ó minha Rosinha eu hei-de ir, hei-de ir
Jurar a verdade que eu não sei mentir.
Que eu não sei mentir, que eu não sei mentir,
Ó minha Rosinha eu hei-de ir, hei-de ir.
INSTRUMENTAL
Ó minha Rosinha eu quero eu quero
Entrar em teu peito, formar um castelo.
Entrar em teu peito, formar um castelo,
Ó minha Rosinha eu quero eu quero.
INSTRUMENTAL
Ó minha Rosinha eu hei-de te amar
De dia ou de noite, de noite ao luar.
De noite ao luar, de noite ao luar,
Ó minha Rosinha eu hei-de te amar.
adriano correia de oliveira - se vossa excelência
Se Vossa Excelência Senhor Presidente
Viesse cá almoçar mais vezes
Se um dia chegasse de surpresa
Iria ver onde é a nossa mesa
Pr'aí pela beira da estrada
Ou entre as pilhas da madeira
Podia ver como é que a gente come
Podia ver como é que a gente vive.
INSTRUMENTAL
Se Vossa Excelência Senhor Presidente
Viesse cá almoçar mais vezes
Iria ouvir discursos bem diferentes
Nas bocas que hoje foram tão galantes
Iria ver como essa gente
Tão boazinha e sorridente
Como essa gente trata quem trabalha
Como nos fala aqui no dia-a-dia.
INSTRUMENTAL
Se Vossa Excelência Senhor Presidente
Viesse cá almoçar mais vezes
Se cá viesse sem a comitiva
Então veria o que é a nossa vida
Veria a gente despedida
Ameaçada e ofendida
Por defender o pão das nossas bocas
Por defender o pão dos nossos filhos.
INSTRUMENTAL
Se Vossa Excelência Senhor Presidente
Viesse cá almoçar mais vezes
Se um dia aqui chegasse sem aviso
Então faria disto um bom juízo
Iria ver como é roubado
Quem dia a dia é explorado
Que aqui quem manda faz tudo o que quer
Mas não vai ser não vai ser sempre assim.
INSTRUMENTAL
Se Vossa Excelência Senhor Presidente...
adriano correia de oliveira - sou barco
Sou barco abandonado
Na praia ao pé do mar
E os pensamentos são
Meninos a brincar
Dei-lo que salta bravo
E a onda verde-escura
Desfaz-se em trigo
De raiva e amargura.
Ouço o fragor da vaga
Sempre a bater ao fundo,
Escrevo, leio, penso,
Passeio neste mundo
De seis passos
E o mar a bater ao fundo.
Agora é todo azul,
Com barras de cinzento,
E logo é verde, verde
Teu brando chamamento
Ó mar, venha a onda forte
Por cima do areal
E os barcos abandonados
Voltarão a Portugal.
Cds adriano correia de oliveira á Venda