adelar bertussi - vida de gaúcho
De madrugada, no romper do dia
Em que o sol nasce iluminando o pampa
A vaca berra chamando o terneiro
E na restinga a passarada canta
Lá coxillha a perdiz pia forte
E na canhada o gado vai pastando
Eu que admiro a lei da natureza
Fasso os meus versos mesmo trabalhando
E o pingo zaino é igual ao pensamento
Que eu comprei em Lagoa Vermelha
E o cachorro companheiro e tanto
Que cuida o gado e também das ovelhas
No meu pescoço o lenço colorado
Que eu ganhei de um compadre meu
No coração um patriotismo bárbaro
Maior presente que Deus me deu
E o touro berra dono do rodeio
O galo canta dono do terreiro
E a porcada solta no pinhão
E na guaiáca um masso de dinheiro
Na minha fazenda eu tenho de tudo
Roças de milho de feijão e trigo
E de noitinha eu pego na minha gaita
E canto versos para os meus amigos
"Vida de gaúcho é boa mas tem que trabalhar muito,
lutando no pampa imenso cuidando da obrigação,
com pensamento no progresso e a Pátria no coração"
Minha xinóca que é linda demais
Me ajuda muito e muito me destrai
E a gurizada por alí brincando
E o companheiro que é meu velho pai
Levanta cedo e trabalha muito
Um gaúcho guápo que mora pra fora
Colhendo roça e campereando
Com fé em Deus e Nossa Senhora
E nos domingos eu vou nos rodeios
Violão e gaita em baixo do braço
Barraca armada e muita festança
Pingo encilhado pra ganhar no laço
Companheirada por alí farreando
Tomando trago e um bom chimarrão
No outro dia volto pro meu rancho
Assim eu honrro a nossa tradição
adelar bertussi - sanfoneiro pachola
Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira
Qualquer dia da semana, pra farrear sou companheiro
Me chamo Adelar Bertussi, cantador, bom sanfoneiro
Afamado no Rio Grande, também no Brasil inteiro
Meu chapéu de aba larga, de barbicacho de prata
Bombacha de friso largo, botinha fole-de-gaita
Na cintura um bom Schimidt, no cabelo um bom cheiro
Na espora muita honra, no bolso muito dinheiro
Se eu boto o traje gaúcho, só pra dar minhas volteadas
Se eu monto na égua estrela, por morena batizada
Se eu arrojo a estrela, dou um grito e páro a fala
Derrubo, piso na orelha nem se quer enleio o pala
Quando eu vou pra Criúva nos domingos de manhã
Dou uma volta pela vila, como se eu fosse um galã
Depois pra mim não tem hora, pra mostras que eu sou o cancan
Pego na minha gaita e toco, pra alegrar as minhas fãs
Se eu saio de São Jorge e vou pra outras encruzilhada
Eu não fico atrapalhado e já arrumo namorada
Se eu pego na minha gaita pra alegrar a moçada
Eu canto cada versinho, deixo as moças apaixonada
Se eu tô cantando um verso e resolvo de parar
Já paro na mesma hora sem ninguém me contrariar
Dou um floreio no teclado pra melhor desempenhá
Dou um nó na minha garganta e fecho a gaita pra encerrar
adelar bertussi - na forma
Bota na forma esses beiçudo Tio Florêncio
Que a indiana nova é contratada do patrão
E o João Cabelo capataz da estância velha
Cedo reparte a cavalhada pros seus peão
Forma cavalo grita o velho na mangueira e uma gateada mete as patas no sebruno
Grita pra o Juca escorado na tronqueira que é pachola, tira as cosca do lobuno
Me passa as garra neste ruano negro Adão que te garanto é de aparta briga de faca
De freio em punho, fala mansa em castelhano deixa pra mim esse tubiano anca de vaca
Pega essa preta que é égua pronta Juvenal
Doce de boca, lá das bandas da argentina
Toma cuidado no bancar ela no freio
Pois se der volta, abre a perna e sai de cima
Fica prá ti o João Capincho o colorado
Toma cuidado que ele é louco de baldoso
Vem bem a trote, quando vê derruba orelha
Coiceia um casco e sem demora esconde o toso
Esta cabana, doradilha frente aberta que pra laçar é bem serena e de confiança
Pega guri, tapeia o chapéu na testa só livra a sanga que no resto ela é bem mansa
De cacho atado onde a maruca prende o grampo vai a peonada pra tirar o gado da grota
A trotezito assoviando uma milonga dando pra ver o furo da sola da bota
Mas refugaram o mouro pampa marca Z
Até o Firmino que é ginete de bolicho
Só porque é torto, nega o estribo e se boleia
E ainda por cima sente cosca no rabicho
Bota na forma esses beiçudo Tio Florêncio
Bota na forma esses beiçudo Tio Florêncio
adelar bertussi - sangue de gaúcho
Sangue de Gaúcho
(Adelar Bertussi)
Sangue de gaúcho velho sangue de bravor,
Sangue de gaúcho aiii sempre teve seu valor
Gaúcho q estais me ouvindo sinta no sangue doer
Relembra teus velhos pagos onde o sol te vio nascer
Se és gaúcho da serra ou se for de campo fora
Não te esqueças que é um gaúcho onde o minuano mora
Gaúcho é supersticioso acredita em assombração
Acredita em lobisomem boi tatá e bicho papão
Mas quando é na hora do pega gaúcho tem nome na história
Pois o sangue de nossos bravos cobrem páginas de glória
Dentro do chão riograndense gaúcho nunca foi vencido
Sempre defendeu suas cores com orgulho destemido
Mesmo fora do estado lutava de peito erguido
Laçando metralhadoras e lutando contra o perigo
Gaúcho deu prova de sangue na revolução farroupilha
Que durou quase dez anos manchando nossas cochilhas
Gaúcho também deu prova nas planícies do Uruguai
E deixou nome na história na guerra do Paraguai
Gaúcho pra ser gaúcho acompanha evolução
Mas conserva no seu sangue de gaúcho a tradição
Gaúcho pra ser gaúcho se abraça num fuzil
Pra defesa do Rio Grande pra defesa do Brasil
Pra defesa do Rio Grande aiii pra defesa do Brasil