MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
cristiano fantinel - a buscar guarida
Sempre que alçou a perna
Teve campeando onde bolear
Era gente dessa gente
Que tem léguas no olhar
Numa parelha de mouros
Que cismavam em não tranquear
Só pedia poso,senhores,
E um canto pra desencilhar
No outro dia bem cedo
Trocava de mouro o destino
Chapéu tapeado,ia embora,
Ficando o rastro do peregrino
Tinha poncho pra chuva e frio
E sonhos pra toda vida
Tinha o coração aberto
E alma inquieta a buscar guarida
Um dos sonhos era ter seu rancho
Com belas flores e um jardim
Com uma linda na espera
Pra busca inquieta ter seu fim
Na ânsia louca de realizar
Os sonhos que ele almejou
O coração já vinha ao tranco
E da distância se cansou
Só achou o rumo certo
Quando partiu pra vida eterna
Deixou os mouros no campo aberto
E pra sempre boleou a perna
â??Sem escrituras nem flores,
ficou uma cruz cravada.
Apenas uma simples lembrança
de quem viveu e morreu na estrada.â?
cristiano fantinel - arrastemo a sola, jorge
Arrestemo a sola jorge...
E mostremo pra gurizada
O tempo das "casa-véia"
Das "bailanta" atupetada
Dos gaitero que atracavam
Se rindo e sem toma água
Arrestemo a sola jorge...
Mas onde é que se viu
"muié" "dança" com "muié"
Bugiu "dança" com bugio
Maragato vê chimango
E se fazê que nunca viu.
Arrestemo a sola jorge...
"té" findá o sebo da vela
E "mostremo" "pre'sses" loco
Que garganta não é moela.
Arrestemo a sola jorge...
Que ainda "somo" do tempo
Que bigode não era enfeite
Pra combinar no setembro.
Arrastemo a sola jorge
Não tem como se explicá
Mas a cosa vai dum jeito
Que é brabo até de falá
Tem jasmim fedendo a rosa
Num pé de caraguatá
Arrestemo a sola jorge
Quem tem medo não se empaca
Mas nós do rio grande antigo
Que não refuga, e atraca
Já que o céu veio por cima
Fizemo um poncho com a faca
cristiano fantinel - e abram cancha
Não sou mais home que os outro
Mas não há mais home que eu
Basta olhá pra minha cintura
E pra aba do meu chapéu!
Esta cherenga de prata
Só carrego pra dá sorte,
Em comércio de carreira
Ã?s vez me apartô da morte.
A garrucha de dois cano,
De espoleta renovada,
Ã? apenas o conjunto
Da minha faca prateada.
E os três palmo de folha
Da minha adaga chimarrona
São só pra fazê bichinho
Quando batem na carona.
Ref.
O mango soiteira chata
Que uso ao cabo da faca
Ã? conselheiro de maula
E d'algum potro que se empaca.
Meu laço trança de oito
Que adereça os paisandú
Até botei o apelido
De mangueira de zebu.
Me protege um aba 15
Que anda sempre bem tapeado.
Meu pingo é um gateado ruano
Que tomei dum delegado.
Ref.
Meu banho à moda gaúcha
Eu tomo de madrugada,
Antes de cair na sanga
Me rebolqueio na geada.
Desde gurizito novo
Nas garra sou debochado,
Antes da muda de dente
Eu já surrava aporreado.
Mês passado, nas carpeta,
Me bateram oito macho,
Cuidei pra dá só de prancha
Pra não dexá guri guaxo.
Ref.
E aquelas china faceira
Que me lançaram olhar
Só acharam curto o meu pala
Quando foram se tapar.
Esses dia, nas vacina,
Me fizeram forcejá,
Largaram um touro brasino
Pra eu solito apertá.
O porteiro se atrapaia
E junto vêm um vermeio.
Eu tive que agarrá os dois
Pra mode não fazê feio.
Ref.
cristiano fantinel - frente e verso de quem anda
Andarei buscando um norte perdido lá no horizonte
Andarei buscando a fonte, que verte vida sem dor
Andarei buscando amor, que faz do ser um sereno
Andarei mesmo pequeno, no renascer de uma flor
Andarei pra ter os versos que foram pra não voltar
Andarei pra procurar, o que um dia eu perdi
Andarei pra descobrir, o porquê da solidão
Andarei pela razão, que fez do adulto um guri
Andarei reto aos meus sonhos na certeza de chegar
Andarei pra contrariar, os motivos de um solito
Andarei sempre ao tranquito, ao trote as vezes se cansa
Andarei pela criança... sorriso puro e bendito
Andarei em passos largos, lá mesmo onde o pisar
Deixa marcas ao passar... marcando nós... não o chão
Andarei na contra mão dos que andam contrariando
Andarei sempre buscando, tratar bem um coração
Andarei pelas estâncias montando potros alheios
Andarei junto aos anseios, daquele que nada fala
Andarei pelo que cala, um velho de voz serena
Andarei pela morena... que guardo o cheiro no pala
Andarei temente a deus quem anda precisa amparo
Pra mim está muito claro... que viver é um tempo lindo
Andarei sempre sorrindo, independente do assunto
Andarei peleando junto... aos que seguem construindo
cristiano fantinel - horizontes alheios
Avisto o horizonte sobre o mouro que enfreno
Sob um tarumã copado eu mateio sereno
E no meu pensamento afirmo os arreios
Sobre a vida que levam em horizontes alheios
Me chegam imagens de guerras e fome
Ataques violentos que ranchos â??consomeâ?
Coisas que tento e não consigo entender
As razões porque pagos fazem seu povo sofrer
Quem sabe essa gente esquecida e sofrida
No seu horizonte tenha a paz merecida
Que nas invernadas de onde tiram o sustento
Engordem carinhos e amores lá dentro.
Será que imaginam que além do horizonte
Tenha campos floridos, água pura na fonte
Que as batalhas que vejo aqui no rincão
São de touros peleando erguendo terra do chão
Que a saudade do campeiro pela mulher amada
Supera as distâncias ao longo da estrada
Que amigos reunidos no campo e cidade
Sentem pela sua terra um amor de verdade
cristiano fantinel - me largo pra manoel viana
Limpa teus â??Zóioâ? guria
Sexta-feira se â??encontremoâ?
Se o véio â??facilitáâ?
de vereda se â??atraquemoâ?
carreguei a bateria
do corcel véio Cariado
Só não largo no meu baio
porque o pobre vem judiado
Viro a semana na estância
Na panela e na campana
Passo mirando a â??foinhaâ?
Loco pra um fim de semana
Levo meu calção de tosa
E na mala as havaiana
Boto quinze no Cariado
E me largo pra Manoel Viana
Se eu te â??pegáâ? raposiando
Com o vestido colorado
Aquele que não saquei
Só enxergo pendurado
â??Vôâ? me embora pra Estância
Num desespero tamanho
Tomara que tu te afogue
Chorando e chupando ranho
cristiano fantinel - pra quando eu cruzar a linha
"faz tempo que ando na estrada
E carrego de tiro uma quatrilha mansa
Pelagem das buenas crismada a contento
Domadas por mim e de toda a confiança"
A potra verdade picaça de raça
Com força no encontro e "buenacha" de freio
As vezes violenta atropela por nada
A melhor das parceiras pra quem vive do arreio
Uma moura matreira da cabeça negra
Que se entrega por mansa só na carreteira
Por ser aragana batizei liberdade
Parceira de tiro cruzando a fronteira
Eu carrego uma quatrilha pela estrada da minha pampa
E o cincerro da consciência no pescoço da esperança
E nas "cruz" da minha saudade ao tranco faço reponte
Deixei todas bem domadas pra quando eu pegar a estrada
Da linha além do horizonte...
A tostada antiga, mansa, frente aberta
Recorreu comigo ranchos, corredores
De nome saudade num tranco de valsa
Levou na garupa todos meus amores
E as éguas que deixo mansas de arreio
Domadas de freio pra peonada da estância
Só levo do basto a tordilha da lida
Pra voltar "noutra" vida com o nome esperança.
cristiano fantinel - rancho solidão
Coberto de santa-fé
Frente norte, chão batido
Quatro paredes barreadas
Na quincha alguma goteira
Por onde olho as estrelas
Nas altas da madrugada
E os dias se tornam longos
Neste rancho solidão
Que há muito faço morada
Quando o sol vai se enterrando
Cevo um mate e de escoteiro
Minha alma pega a estrada
Repasso uma cantilena
Que eu fiz para a morena
Que há de ser minha namorada
Ser ginete não me basta
Quero descobrir os segredos
Do freio e da prenda amada
Quando o sol vem apontando
Já estou revisando a tropa
Lá da última invernada
Por companheiros
Um cusco amigo
E uma tostada buena
Das quatro patas calçada
E um rancho que é solidão
Enquanto eu não amansar
De garupa a minha tostada
cristiano fantinel - sentimento tropeiro
O velho peão de tropa
Que há tempos perdeu sua amada,
A lo largo em suas tropeadas
Foi cerrando a ponta da vida,
Como uma tropa estendida
Ao longo de um corredor
E o passo manso do gado
Deixou rastros no passado
E o tempo fez o fiador!
Tranqueando num corredor,
Na culatra de uma tropa,
Garoa fria tocada,
Chapéu erguido na copa.
Poncho Bueno, não bandeia,
Relíquia de Fiateci,
A baeta colorada
E a canha pura lhe aquecem.
O tordilho troca orelha
Olhando atendo pra o gado,
Um pingo de virar o xergão,
Por ele mesmo domado.
Na ronda um minuano sujo
Obriga o chapéu na aba,
Lhe toca o último quarto,
Hora em que a lua se apaga.
Já na culatra da vida
Não possui â??obrigaçãoâ?,
Só a saudade de um amor
Na ponta do coração.
E do ofício tropeiro
Resta o poncho por guarida,
O seu buerana estradeiro
E poucas braças de vida.
E uma saudade, de tiro,
Tranqueia junto ao tordilho.
Um sentimento tropeiro
De um viver andarilho.
Brota na alma a lembrança
De um amor que já se foi
E ele espanta a saudade
Num grito de â??era boi!â?
cristiano fantinel - sou patrão do meu destino
Chega a boca da noite
Pras bandas da fronteira,
Solito na carreteira
Venho pensando na vida.
As coxilhas florescidas,
Lua clara... â?? â??Vâmo em frenteâ?!
O matungo logo sente
O perfume da flor mais linda.
Sou patrão do meu destino,
Tropeiro de uma ilusão
Que a linha da minha mão
Me mostrou quando menino.
Mesmo dormindo ao relento,
Nunca estou mal abrigado,
Eu sou o pago emponchado
Com o manto do firmamento.
Ando sem pressa, afinal,
A fortuna que preciso
Está guardada num sorriso
Que vai me esperar no quintal.
Mato a saudade cunhã,
Ao chegar branco de geada,
Na anca da madrugada,
Trazendo o sol da manhã.
cristiano fantinel - teta de mula
"botei no rádio um aviso
Que eu precisava de um peão,
Um dos véio "ando" rodando
"tá" lastimado o cristão,
Me apareceu um cabeludo
Dizendo: faço de tudo
Sou da rédea ao esfregão".
O consumo da estância
Não se prestou pra carnear
Esculhambou o pelego
A carne deixou abichar
A lenha só corta verde
Que é mais fácil de cortar
Vez por outra sai pro campo
Não conhece gado alheio
Se um campeiro bota corda
Não se dá conta que é feio
Pra não ter que ir curar
Fica ajeitando os arreios
Senta com a cuia na mão
E o fogo deixa apagar
Onde pisa mata o pasto
Que nunca mais vai brotar
Sesteia sempre sentado
Que é pras botas não tirar
Quando tem banho de ovelha
Aí é triste a pegada
O tipo teta de mula
Sem serventia pra nada
Fica sentado na cerca
Atiçando a cachorrada
Já criou calo nos quarto
De tanto viver sentado
Só levanta se alguém chama
Anoiteceu tá deitado
Vive só de mão no bolso
Se queixando de cansado
cristiano fantinel - tropeiro da meia-noite
Nasceu num galpão distante
do movimento povoeiro
Sua mãe foi um diamante
de um negro velho tropeiro
Cresceu com sua mãe-sinhá
cantarolando faceira
como sabiá-laranjeira
que canta antes de acordar
Tropeiro da Meia-noite
cantando tropas,
tropeando versos.
Saltou guri pra cidade.
Inocente, foi de a pé.
E viveu nos arrabaldes
cantando nos cabarés.
Era o xo dó das gurias,
vaqueano do coração,
tropeava sesmarias
no braço do violão
Tropeiro da Meia-noite
cantando tropas,
tropeando versos.
Na perdição da cidade
respira o rincão...
cantando tropas,
tropeando versos
Na luz vermelha da sala
um cantar de galpão...
cantando tropas,
tropeando versos
Verseja o mundo ao avesso
poema sem fim..
cantando tropas,
tropeando versos..
cristiano fantinel - por andejo e cantador
Se me falta plata me sobra argumento
Meu mundo se faz em outro quinhão
E quanto mais ando mais aprendo em meus dias
Que o simples da vida é a melhor direção
Eu busco sorrisos, abraços sinceros
E a serenidade de um antigo olhar
As vozes das águas e dos passarinhos
A presença daqueles que sabem chorar
Se enfreno saudades matreiras na pega
Encilho verdades e sonhos sem fim
Pois vejo os olhos daqueles mais puros
Um pouco daquilo que busco pra mim
Eu sigo meu rumo nesta longa estrada
Cabresteando as dores e amores também
Alegrias procuro deixar bem plantadas
Na alma daqueles que me fazem bem
No mais sigo adiante cantando paisagens
E o senhor do meu tempo regendo a razão
Cifrando a consciência me vou entendendo
Que a nota mais certa vem do coração?
cristiano fantinel - assim no osso do peito
Chapéu meio ladeado, trancão de enfrenta repecho
As "vez" um calor danado, noutras frio de bater queixo
Potreiro, canto de cerca, com calma enfrena a gatiada
E num upa alça a perna pra encerrar a cavalhada
Peonada verde de mate, conforme a hora, isso é certo
Cambona longe do fogo, um perro sempre por perto
Qualquer cosa é logo ali mesmo sendo uma lonjura
E os campos do patrão, vão até uma certa altura
Indiada sem cerimônia
Comem com o prato na mão
Gente simples, sem floreio
E um baita coração
São homens de compromisso
Depois de dito, tá feito
E vão topando os desafios
Assim no osso do peito
O dia é bem tocado e quase sempre a lida aperta
Mas ninguém faz cara feia isso é a coisa mais certa
Trabalham dando risada, com confiança e fé em deus
Do alheio nunca se sabe, cada um cuida dos seus
Esses homens de bom censo não são de arrar o pealo
Vestem uma pilcha com gosto e andam bem a cavalo
Nunca se negam pra nada, seja festança ou serviço
E antes de passar a adiante costumam pedir permiso
cristiano fantinel - campeando dança e namoro
Já que a cangalha só castiga quem ostenta
Levanto as? venta? farejando? Amor Gaúcho?
Aparo a barba, tiro o grosso dos? Garrão?
? Areio? as? mão? pra? sacá? o fedor de bucho
Com cinco pila compro um fumo no Marçal
Maço de palha e quatro dedo na boteja
Antes do passo, fecho um baio e tomo um trago
Pra? tira? o bafo masco folha de carqueja
Vivo do oficio do lombilho e das? ponteada?
Não tem de nada? bamo? lida com o bailado
Não sei bem certo quem foi que pediu licença
Mas na minha crença eu também? so? convidado
Chego no baile e a cordeona me toreia
Tiro a mais linda cobiçada pelos? outro?
Largo atirado como quem sujeita um pealo
No mesmo embalo de? sova? lombo de potro
Sigo cortando bem pela volta de fora
E o par de espora nem deu tempo de tirá
Pego lhe o grito - Gaiteiro? botá? encordoado
To desconfiado que a morena eu vou leva
Cds cristiano fantinel á Venda