madalena 19 - sorriso de ouro
Doença de branco é praga pra índio
Ã? febre de fogo é fome pra tribo
Não amola crioulo nem Mané que é louco
Ã? a tosse do cão não late mais morde
Menino banguelo é o Jose é o Marcelo
Caboclo da nave forte e educado
O aluno da enxada, da terra sem água
Da lata na testa com febre ou não
Ã? a tosse do cão que deixa amarelo o menino banguelo
Garoto marango garoto marango
Filho de índio branco crioulo
Garoto, marango, garoto marango
Mulato sorriso, sorriso de ouro
Ã? febre é fogo é barriga d`água
E morre o menino filho da enxada
Jesus Nazareno que é filho do índio crioulo e moreno
E é o pai da nação, oh cruz solidão
Doença de branco é negar ser irmão
Do homem que fez o almoço e lhe serviu o pão.
O aluno da enxada, da terra sem água
Da lata na testa com febre ou não
Ã? a tosse do cão que deixa amarelo o menino banguelo
Garoto marango garoto marango
Filho de índio branco crioulo
Garoto, marango, garoto marango
Mulato sorriso, sorriso de ouro
madalena 19 - velho homem
O velho homem não aguenta mais suas costas e a criana não tem colo pra dormir
O velho homem já perdeu as esperanças e a criança não aprendeu a sorrir
O mundo inteiro aplaude de pé a derrota
Honra glória o que é isso velho homem desse daí.
Como criança na madrugada com medo do escuro da rua pelada, debaixo da cama pensando em fugir.
Te conheço de algum lugar
De todas manhãs
Ã? meu teu olhar
Tão sábio ciente, tão fraco inocente
Velho tão menino deixou de brincar.
Vai ver que então, tudo que passou serviu de lição
E ainda mais traço os meus caminhos com os passos de trás. (2x)
Fugir de noite deixou de ser brincadeira, agora é maneira pra poder se encontrar
Com o velho menino trancado no homem que foge da noite e se tranca no velho assim é mais fácil de encarar.
O velho homem deitado no porto se finge de morto é só aparência na verdade se esqueceu que foi pescar
E quando levanta encontra do lado um anzol mastigado de peixe um recado:
-Meu senhor quando vai voltar
Me conheço de algum lugar, do ventre de minha mãe
O pássaro parou de cantar
Não canta, não voa pra nenhum lugar
Velho tão menino deixou de brincar.
Vai ver que então, tudo que passou serviu de lição
E ainda mais, traço os meus caminhos com os passos de trás. (4x)
Menino
Velho
Homem
Velho
Menino
Homem
Velho
Menino velho homem.
madalena 19 - zé limeiro
Zé Limoeiro tomava todas e mais duas
Sabia o nome das ruas onde não lhe davam atenção
Zé Limoeiro tomava todas e mais duas
Contava as estrelas e as luas
Amigas de sua solidão
Zé Limoeiro o autor da rima mais bela
Fugiu pulando janela, pulando num mar de limão
Zé Limoeiro filho de empregada e pedreiro
Da sua rima fazia barganha
Limão em troca de pão
E lá se vai de vez em quando batucando no caminho
E lá se vai recontando as moedas do dia
E lá se vai criando poesia sem rima
E lá se vai recobrando sem rimar sozinho
Vender Limão
Vai ganhando em cada dúzia um pedacinho do seu pão
Vender limão
Arriba, caipira, tequila, amor no coração
Vem cá irmão deixa de ser tolo e ouça a palavra,
instrução
Vem cá irmão acorda bem cedo e sem medo entrega o
coração
Adeus
Já vou
Já fui
Adeus
Zé Limoeiro conhecia o mundo inteiro
Escreveu na porta do banheiro meu trabalho é minha
diversão
Zé Limoeiro, boné, chinelo e obagarta pro senhor
vestindo gravata
Vendeu mais uma porção
Zé Limoeiro não negava da caipirinha que faziam com
açúcar e pinga usando seu próprio
limão
Zé Limoeiro procurava até em mato molhado pois quem
sabe um limão estragado da
semente eu faço um pão
E lá se foi de vez em quando batucando no caminho
E lá se foi recontando as moedas do dia
E lá se foi criando poesia sem rima
E lá se foi recortando sem rimar sozinho
Vender limão
Vai ganhando em cada duzia um pedacinho do seu pão
Vender limão
Arriba, caipira, tequila, amor no coração
Vem cá irmão
Deixa de ser tolo e ouça a palavra, instrução
Vem cá irmão
Acorda bem cedo e sem medo entrega o coração
Adeus
Já vou
Já fui
Adeus
madalena 19 - pé de chuteira
Como alguém já havia dito
Era ridículo achar que tinha outro igual
Pivete, magrelo pisando na pedra, pulando o muro com
bola na mão
Pra poder jogar bola no quintal
No quintal da vila inteira
Que tal se começasse fazendo peneira?
Esse é meu arqueiro é teu eu fico com nenhum
Cê fica com pé de chuteira
Se tiver onze ele vale por dez
Vem pro meu time que eu não quero perder
Se for pro banco ele se põe a chorar
E a torcida só consegue dizer:
Pé de chuteira e a torcida pede:
Pé de chuteira
E a torcida pede: pé de chuteira
E a torcida pede:
Pé de chuteira
Durante muito tempo ele sonhou em vestir a camisa
amarela
Até que um certo dia um espiador o viu jogando bola na
favela
Vem cá garoto disse o doutor eu vou te colocar na
seleção
Num time das bandas de lá que há muito tempo não é
campeão
Então tá certo deixa que eu vou
Mais uma coisa eu tenho que lhe explicar
A camisa eu visto sem dor,
Mais de chuteira não consigo jogar
Pé de chuteira e a torcida pede
Pé de chuteira, que vai descalço sem dor
Pé de chuteira e a torcida pede
Pé de chuteira
No banco ele esperou a sua vez e o time perdendo de
uns três
Daí chegou a hora dele provar que a reserva não era
sue lugar
Pé de chuteira entrou e o jogo logo empatou. Ninguém
acreditava no que via
Driblou a zaga, driblou o juiz driblou o torcedor,
driblou a miséria jogando com euforia
Mas o juiz tinha que acrescentar
Foi o tempo do amigo cruzar
No finalzinho pra quem sempre lutou
Pé de chuteira fez mais um gol
Pé de chuteira e a torcida grita:
Pé de chuteira, que foi descalço sem dor
Pé de chuteira e a torcida grita:
Pé de chuteira
madalena 19 - por do sol
De correntes águas
Fez profundas marcas
Que até hoje encharcam os meus pés
Silenciando o tempo
Um passado jogado contra o vento
Em cata-vento de memórias
Debruçada no por do sol
Com seus olhos de cores úmidas
Que fitavam o dia
E corria pra não chegar
E dormia pra anoitecer
Sonhando à deriva
Da ilha foste navegar
Depois pediu ao céu sua vida
Nada além de recordação
E o mar não deu lugar ao sol
Se deu por conta enfim
Quando todo o nosso ouro desapareceu
De correntes águas
Fez profundas marcas
Sua rede de mentiras foi lançada ao mar
Silenciando o tempo
Um passado jogado contra o vento
Desalento de tua história
Debruçada no por do sol
Com seus olhos de cores úmidas
Que fitavam o dia
E corria pra não chegar
E dormia pra anoitecer
Sonhando à deriva
Da ilha foste navegar
Depois pediu ao céu sua vida
Nada além de recordação
E o mar não deu lugar ao sol
Se deu por conta enfim
Quando todo o nosso ouro desapareceu
Debruçada no por do sol
Com seus olhos de cores úmidas
Que fitavam o dia
E corria pra não chegar
E dormia pra anoitecer
Sonhando à deriva
Da ilha foste navegar
Depois pediu ao céu sua vida
Nada além de recordação
E o mar não deu lugar ao sol
Se deu por conta enfim
Quando todo o nosso ouro desapareceu
Desapareceu
Desapareceu
madalena 19 - refugio dos anjos
"Existe vida após sua vinda
Coloque a minha na bagagem
Permita a vista que me ensina
Me vista de eternidade
E de tudo que se foi, e de tudo que virá
E o que se passa agora a gente deixa como está
Atravessando nós, o silencio da tua voz
Traz o medo que isso possa ser o que eu não quero ouvir
O meu refugio é teu descanso
Onde manso sonho em teu dormir
Domino a pausa do meu canto
Enquanto domino o teu sorrir
E tudo que escrevi talvez venha a se apagar
Por enquanto a gente vive o tempo voa devagar
Atravessando nós o silencio da tua voz
Traz o medo que isso possa ser o que eu não quero ouvir
Quando eu quiser cantar contigo,
Com os anjos vou te visitar dormindo