MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
olivar barreto - além dos muros
Tomara que você
Chegue macia como o vento
E roce o tempo que eu viver
Sem poesia
Mas fingindo ter você
Tomara que um de nós
Quando maduro
Fruto pelo chão
Quando o futuro
Souber no escuro ou mesmo sós
Quando é o trigo e o joio da ilusão
Tomara que essa espera passe calma na janela
E frutifique grão e hera
Além do muros
Por sobre os rumos
Que o meu coração sonhar
Tomara
Que amanhã, um pouco mais sábios
Mais que os lábios dos segredos
Mais que os brancos dos cabelos
Mais que o braço dos abraços
E a gente, sem mais embaraços
Queira ainda se abaraçar
olivar barreto - ana ortiz y castellar
Ana ortiz y castellar
A que, por amor, se quis matar
Tinha os cravos da paixão
E um punhal de prata em seu olhar
Una noche plena llenava sus cabellos
Urzes, pirilampos, sete estrelas, quatro rosas
Dez apelos e um raio de luar
Junto ao coração ardia o sol de uma ilusão
E restos, rotos restos, roucos de canção
Canção, perdida paz, dorido ai
Partido cais de su partir
Canção, doida canção, amargo pão
Triste razão de su vivir
Ana ortiz y castellar
Bruma da manhã, porto de mar
Tinha os cravos da paixão
E um punhal de prata em seu olhar
olivar barreto - anjo torto
Um anjo torto, quase barroco
Nasceu, cantou e depois morreu
Morreu no galho da goiabeira
Uma besteira que me comoveu
Se marcha de rancho fosse assim
Bombom pra nós, ruim pra mim
Bombom tutti-fruti, quase bom
Ruim de verso, melhor de som
Um som que seria programado
Para rimar com anjo torto
olivar barreto - batida
Diz que esse amor vai ficar
Vai vingar, vai sorrir
Essa amargura não dura
é contra-cultura, não vai resistir
Tanta macumba com som de zabumba
Afinada em tom chinfrim
Leva esse canto sambado e desafinado
Prá longe de mim
Dança aqui no meu terreiro
Invoca esse partideiro
Toca, retoca, balança, não cansa
Afina esse coração
Toca coco e baião...
Canta essa rima afinal
No final vai banir
Essa mandinga, esse arroto
Esse canto de esgoto não vai insistir
Tanto suingue com levada torta
Abre a porta prá mim
Leva esse toque marcado de tanta lambada
No meu tamborim
Dança aqui no meu terreiro
Invoca esse partideiro
Toca, retoca, balança, não cansa
Afina esse coração
Toca coco e baião...
Diz que esse som
Dá o tom desse amor, diz prá mim
Essa muamba de roda de bamba
O meu samba não vai repetir
Tanto bolero, você é quem quero
Balada de Antônio Jobim
Leva essa rumba aqui jazz nessa tumba
Parece que o show tá no fim
Dança aqui no meu terreiro
Invoca esse partideiro
Toca, retoca, balança, não cansa
Afina esse coração
Toca coco e baião...
olivar barreto - cabral 1500
Foi lá
Num branco de jardim
Foi lá
Que camões então piscou pra mim
Foi lá
Que já era quase Portugal
Foi lá
Que nasceu o hino nacional
Cabral inventou o cruzeiro e se deu mal
E era quase, quase carnaval
As armas e os barões assinalados
Cada qual assassinado
No presídio São José
Sem Grão-Pará
E os sobrados, soçobrados
Só sobraram nada mais
Ã? beira d'água
Nada mais do que Belém
olivar barreto - canção antiga
Vê
Como essa noite quer falar
Um verso antigo despertar
E o violão desfalecer
Por te saber sofrer de plena solidão
E cada estrela brilhou
Por teu sorriso perguntou
Se sofres por amor
Se choras por alguém
Se vais morrer de dor
Vê, como a brisa vem
Tentando te encontrar
Vê como a flor em flor se faz
O céu azul cantando a paz
A doce paz que de repente
Põe a lua mansamente
No teu triste olhar
olivar barreto - canto de casa
Santo de casa não traz presságio, eu sei
Não faz miragem, eu sei
Fruto da terra
Sofre na pele
Dorme com febre, eu sei
Febre de gente, eu sei
Gente sadia
Os elixires da mata tratam o a voz
Quem de nós sabia?
Não se dispensou quando semente
Passou por demente
Pra um novo dia
Ila ilaiá ila ilaiaá ilaaaa
Santo de casa não traz presságio, eu sei
Não faz miragem, eu sei
Fruto da terra
Sofre na pele
Dorme com febre, eu sei
Febre de gente, eu sei
Gente sadia
Os elixires da mata
Tratam o algoz
Quem de nós sabia?
Não se dispensou quando semente
Passou por demente
Pra um novo dia
Sou nosso canto
Que invade a rua, o rio e o mar
Sou uirapuru que se envolve na sina de saber cantar
Um beija-flor que perfuma as flores sem religião
Sou curumim que troca as frutas por qualquer tostão
Sou de violão, surrado, tão simples e naturais
Mas canto o que quero cantar
Santo de casa não traz presságio, eu sei
Não faz miragem, eu sei
Fruto da terra
Sofre na pele
Dorme com febre, eu sei
Febre de gente, eu sei
Gente sadia
olivar barreto - deus
Deus é Deus e Deus sou eu
E se Deus não sou mais eu
Dou adeus a quem eu sou
E se sou, foi Deus que me deu
E digo a Deus que Deus sou eu
Mais me perdi do que me achei
E mais me dei do que morri
E Deus, mais Deus que vivi
E muito mais da morte eu sei
Eu sei da morte o que vivi
olivar barreto - Ícones - criador e a criatura
A serpente, a maçã
Seculares símbolos
Da mácula da sanha de satã
Com o afã de atenuar
A fraqueza humana
Antes da cruz de Jesus
Houve a ave romana
Que domani
Americana águia seria
A guia do poder
A prevalecer
Sobre egípcios, hebreus
Gregos, macedônios, ontem
Hoje, descendentes, babilônios
Bisonhos serviçais
Como certos animais
A serpente, a maçã
Seculares símbolos
Da mácula da sanha de satã
Com o afã de atenuar
A fraqueza humana
Depois da cruz de Jesus
Cada ação insana
Cometida pela gana adormecida
No homem, ser brutal
Aquém do de neanderthal
Teve um ícone, um sinal
Tipo aquela herética suástica
Patética, holocáustica
Estranha aranha, vil
Que a tantos sucumbiu
A serpente, a maçã e satã
Em súmula
Oráculos do homem
Criador e criatura pagã
Cuja filosofia vã
Ã? manter a alma pura e sã
Atribuindo culpas à satã
Ã? serpente e à maçã...
olivar barreto - leva esta saudade
Leva esta saudade do meu peito
Que com a sede eu me entendo
E com a fome eu me ajeito
Você não deixou
Nem um pedaço de lua
Toda a beleza da rua
Que ouviu nossas juras de amor
Você levou
O meu pijama rasgado
Até o sapato furado
Só a saudade ficou
Leva esta saudade do meu peito
Que com a sede eu me entendo
E com a fome eu me ajeito
Você levou tudo
A cama e o fogareiro
O espelho do nosso banheiro
Nem a toalha deixou
Você levou
A alegria que eu tinha na vida
Minha vaidade ferida
Só a saudade ficou
Leva esta saudade do meu peito
Que com a sede eu me entendo
E com a fome eu me ajeito
olivar barreto - mãe maria
Ela brilha graciosa aos olhos de Tupã,
Bela no inferno verde, qual no céu, Luã
Pérola encantada do poeta, namorada
(Pérola encantada do poeta Rui Barata)
Amada, tens o meu afeto, meu afã
(Santarém, tens o meu afeto, meu afã)
Cunhã jogou o amuleto no rio, com alegria
Esperou dia após dia o retorno do seu bem
Além de lenda, de peixe, de ouro, de heresia
Por mercúrio, mau agouro
Negra profecia pra 2000
O rio que passa na minha cidade
Tem também a majestade da alegria azul
Dos olhos de Maria
Mãe Maria
Maria
Mãe Maria
olivar barreto - merênguera
Anun
Bica os meus olhos
Planta no balcedo
Planta os dois guaranás
Forte é o chão da lua nova
Braço de cabano, choro de quem baixa-mar
Nem que o sonoro vare a noite vadio
Da Sacramenta para o Brasil
Nem que tu venhas, merenguêra, dançar
Nem que tu venhas pra merengar
Pássaro-canto nas entrepernas da manhã
Índia cabocla feiticeira iauacanã
Fruta fruteira beida de rede igarapé
Morena linda tucuna ri tucunaré
Mela me bréia, puçangueira, me dá
Da goma quente do tacacá
Mela de novo, puçangueira, vem cá
Deixa o meu povo se levantar
Água doce amargou no fim
Canto o suor, palavra ruim
Livre ou preso canto o cantar
De Belém do Pará
olivar barreto - mesa de bar
Mesa de bar
Já nem sei mais o que vim fazer
Se vim lembrar
Ou quem sabe talvez esquecer
Que as viradas constantes do mar
Vêm de amor, me afogar
Norte da dor
Que a cidade e o sonho levou
Era mulher
E a bandeira do sul carregou
E eu marujo de copo e de bar
Já nem sei mais contar
Vento viajeiro
Diga a ela que primeiro
Naveguei no céu
Cavalguei no mar
Tanto que nem sei mais procurar
Nem sei em que porto me afogar
olivar barreto - nuvens são nuvens
Uns sonhos te sonhei
Verões te dediquei
Entre lua e embarcação
Entre o mar e a solidão
Sempre eu que te esperei
Chorei nas mãos do tempo
Por tempo imenso e lento
Vi meus olhos soçobrarem
Meu diário transbordar
Com mil trovas do além-mar
Mal posso acreditar
Quem ia imaginar
Que entre nuvens de penar
Tanto olhar do nunca mais
Estamos cá cheio de cais
Quem passa por aqui
Por conta de sonhar
Vê o amor se eternizar
olivar barreto - o vento e a viagem
Arriei a vela grande
Mexiana me chamou
Mãe do vento, quêde vento?
Vento vindo, vento vou
Vento que dorme no céu
Vento que ronca do mar
Se tu não vens
Não chego não
Chego não
Vem
Nesse mastro subir
Na vela grande deitar
E cantar
Rumo norte, trazer
Calmaria, levar e guiar
Se me perder
Vento que dor me no céu
Vento que ronca no mar
Sopra, sopra companheiro
Ligeiro, mais ligeiro
Acorda, canoeiro
Desperta, preamar
Solta o pano, João
Lá vou eu, meu irmão
Ai de quem vai ver seu bem
Mestre bento, puxe o bordo
Cambe a vela devagar
Vai de proa, meu proeiro
Que a maré já vai virar
Arriei a vela grande
Mexiana se calou
Cds olivar barreto á Venda