MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
mafalda arnauth - a casa e o mundo
Não me basta esta areia
Não me basta esta onda
Não me basta esta praia
Não me basta este mar
Estão já os meus olhos tão longe
Longe tão longe do adeus
Quem sabe até se sou eu
Que já estou pr?a lá do mar
Que já estou pr?a lá dos céus
Quem dera
que os meus olhos fossem asa
E ser gaivota que no céu
parada
Olhando o cais
Vê nele o mundo, vê nele a casa
E só sente, ao partir, que é
madrugada
Quantas vezes largaram
Do meu peito os navios
Se fiquei ou parti
Nem sei bem, pois andei
Sempre à volta de uma casa
Tão longe e perto daqui
Não é terra de habitar
É espaço sem ter lugar
Que eu gostava de encontrar.
mafalda arnauth - ai do vento
São as saudades que nos trazem as tristezas
É o passado que nos dá nostalgia
E é o mar, que tem sempre as marés presas
Àquela praia onde inventámos a alegria
São os meus olhos que não guardam o cansaço
De querer sempre, sempre amar até ao fim
E toda a vida é um poema que não faço
Que se pressente na paixão que trago em mim
Ai do vento, ai do vento
Que transparece lamentos
Da minha voz sem te ver
Ai do mar, seja qual for
Que me recorda um amor
E não mo deixa esquecer
É sempre calma, ou quase sempre a despedida
É sempre breve, ou quase sempre, a solidão
E é esta calma que destrói a nossa vida
E nada é breve nas coisas do coração
Ai do vento, ai do mar e tudo o mais
Que assim me arrasta e que me faz viver na margem
De um rio grande onde navegam os meus ais
E onde a vida não é mais que uma viagem.
mafalda arnauth - as fontes
Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total
À agitação do mundo irreal
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa
E nela cumprirei todo o meu ser.
mafalda arnauth - até logo, meu amor
Ando cansada das horas que não vivo
De calar dentro de mim a solidão
Das promessas e demoras sem motivo
E de sempre dizer sim em vez de não
Morro em cada despedida ao abandono
Paro o tempo à tua espera nos desejos
A estação da minha vida é o Outono
Não existe primavera sem teus beijos
Ergo a minha voz aos céus teimosamente
E depois deste meu rogo ao Deus Senhor
Não sei se te diga adeus ou, simplesmente
Deva dizer-te até logo, meu amor
mafalda arnauth - audácia
dá-me um pedacinho mais de coragem
e põe nos meus gestos audácia
diz que sou capaz de ser e fazer melhor
que eu não acredito
que isto seja tudo
e que fique mudo este meu pensar.
tira-me este frágil conforto
que me traz em paz simulada
nada é intocável na vida
que eu prefiro o cruel da verdade
que andar à toa e doer bem mais
descobrir a vida tarde demais
já lá vai o fado escuro
já lá vai o medo em muro
já lá vai não querer dizer o que aí vem
já lá vai não querer saber pra onde vai
já lá vai o não querer ver
que é sem segredo
que damos cabo do medo.
sou um pé de vento contido
procurando a rosa dos ventos
que todos trazemos na alma
eu não sei caminhar sem um norte
quero o como, por onde o porquê também
eu não vivo só entregue à minha sorte.
levanto a poeira das estradas
numa inquietante ansiedade
de quem tem a sede do mundo
e a explosão que acompanha a partida
faz-me crer que lá vai a tristeza
faz-me ter certeza que a noite está vencida
mafalda arnauth - bendito fado, bendita gente
Bendita esta forma de vida
Por mais estranha que seja
Não há outra maior...
Bendita travessa da palha
A de uns olhos garotos
Onde o fado é loucura.
Bendita essa rosa enjeitada
Rosa branca delicada
Ou rosinha dos limões.
Bendito miúdo da Bica
Bendigo a história que fica
Do pulsar dos corações.
Bendito fado
Corridinho ou compassado
Choradinho ou bem gingado
Em desgarrada singular
Bendito fado
Bendita gente
No seu estilo tão diferente
Numa fé que não desmente
A sua sina de cantar
Bendito fado, bendita gente.
Bendita a saudade que trago
Que de tanto andar comigo
Atravessa a minha voz.
Bendito o amor que anda em fama
Numa teia de enganos
Ou feliz, qual água que corre.
Bendita rua dos meus ciúmes
Do silêncio ao desencanto
Não há rua mais bizarra
Benditas vozes que cantam
Até que a alma lhes doa
Pois foi Deus que os fez assim.
REFRÃO
Bendita velha tendinha
De uma velha Lisboa
Sempre nova e com gajé
Bendita traça calé
Carmencita linda graça
Tão bonita a tua fé.
Bendito presente e passado
De mãos dadas num verso em branco
À espera de um futuro
Bendigo essas almas que andam
Uma vida à procura
De um luar que vem do céu.
mafalda arnauth - canção
Pelos que andaram no amor
Amarrados ao desejo
De conquistar a verdade
Nos movimentos de um beijo;
Pelos que arderam na chama
Da ilusão de vencer
E ficaram nas ruinas
Do seu falhado heroísmo
Tentando ainda viver!,
Pela ambição que perturba
E arrasta os homens à Guerra
De resultados fatais!,
Pelas lágrimas serenas
Dos que não sabem sorrir
E resignados, suicidam
Seus humaníssimos ais!
Pelo mistério subtil,
Imponderável, divino,
De um silêncio, de uma flor!,
Pela beleza que eu amo
E o meu olhar adivinha,
Por tudo o que a vida encerra
E a morte sabe guardar
-Bendito seja o destino
Que Deus tem para nos dar!
mafalda arnauth - cavalo à solta
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Minha laranja amarga e doce
Minha espada
Poema feito de dois gomos
Tudo ou nada
Por ti renego
Por ti aceito
Este corcel que não sossega
A desfilada no meu peito
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Minha alegria
Minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
mafalda arnauth - coisa assim
S?eu morrer de amor por ti
Ai leva-me a enterrar
Dentro daquela careta
Que fizeste numa hora
Em que me estavas a olhar
E a rir te foste embora
E eu quase vi o meu fim
Se eu morrer ou coisa assim
Faz desse riso um cantar
Para te lembrares de mim
Neste corpo dimensão
Que volume tem a crença
Qual a forma da diferença
A altura da paixão
A medida do valor
A largura da razão
A proporção do amor
Qual o tamanho do medo
A geometria da mão
O que é que nos mede a dor
Disse-te adeus quem diria
Eu até nem dei por nada
E digo mais nem sabia
De história tão mal contada
Nem mentira nem verdade
Mas como é que isto se sente
É como se o tempo um dia
Descobrisse a realidade
E a prendesse de repente
A ficar eternidade.
mafalda arnauth - contra ventos e marés
Hei-de cantar o meu fado
Pelo mundo lés-a-lés
Coração ao povo dado
Contra ventos e marés.
Só o fado canta saudade
Na sua voz mais sentida
Tembém canta liberdade
De ser gente nesta vida
Cantando às vezes tristeza
Mágoa de sede sem fonte
Foi nos mares da incerteza
Asa febril de horizonte.
Se o fado, se é fado inteiro
Fado antigo ou fado novo
Deste país marinheiro
Canta a alma deste povo
Minha terra que eu nem sei
Ó tanto que tanto és
Ao fado te cantarei
Contra ventos e marés.
mafalda arnauth - da cor da noite
não sei se ainda recordas esse dia
chegaste totalmente inesperado
tu eras a milonga em ventania
e eu trazia um xaile por meu fado.
que negro era o olhar que tu trazias
da cor da noite imensa por contar
de encantos, desencantos e agonias
do amor que a vida nunca quis te dar.
e forte foi o tango que dancei
o fruto da tristeza que trazia
que não lamento o tanto que te dei
por não saber que a vida me mentia.
que grande pode ser a ilusão
se grande for também a nossa dor
que nada engana mais o coração
que querer esquecer um amor, com outro amor.
mafalda arnauth - da palma da minha mão
Desfiz num rasto de chuva
Que me invadiu por inteiro
E deslizou p?lo meu rosto
Um quase sumo de uva
Um ébrio som, feiticeiro
Que me embalava o desgosto.
Então amei sem medida
Este condão de chorar
A morte de uma ilusão
Abri meus olhos à vida
Joguei as penas ao mar
Lavei o meu coração.
Desfiz as grades dos medos
De amar além da razão
De ser virtude ou pecado
Irei cumprir meus segredos
Que a palma da minha mão
Tem muito sonho guardado.
mafalda arnauth - da solidão
sempre que me encontro a sós
com a minha solidão
que lhe canto o mesmo fado
um que fala de abandono
e anda por aí escondido
num sorriso bem traçado.
são dois dedos de conversa
num silêncio que é só nosso
e em que o mundo nos perdeu
não sei onde te encontrei
solidão de onde me vens
p'ra afogar tudo o que é meu.
não tenho como parar
o lamento que se acende
numa voz feita de oração
vou rezando em cada fado
pela paz que tanto anseio
ter de volta ao coração.
mafalda arnauth - de não saber ser loucura
Vou desvendando sentidos
P´ra descobrir o que é meu
Será que os dias vividos
Me vão dizer quem sou eu.
Vou desbravando este nada
Eterna em mim a procura
Já tenho a alma cansada
De não saber ser loucura.
Vou numa ânsia de morte
Correr aquilo que sou
Quem sabe se um dia a sorte
Não me dirá ao que vou.
E se chegar, não sei onde
Ao onde vou perguntar
Se o que dentro em mim se esconde
É p´ra esquecer ou ficar.
mafalda arnauth - de quem dá
O meu amor
Tem o cheiro da vida
Tem a forma mais querida
De me querer.
O meu amor
Tem um rasgo de entrega
De quem dá e não nega
Só amor.
O meu amor
É tudo o que eu sempre quis
Quando quis ser feliz
E não fui.
E agora sou
Sem esperar ou querer
Por na vida,
Um amor, agora ter.
O meu amor
Bateu na porta esquecida
Por onde eu andei perdida
Sem razão, o meu amor troxe de volta ao meu dia
Carinhos que eu não sabia
Serem meus.
Ai amor
Mais vida que a própria vida
Mais sangue que o próprio sangue
Que nos faz vibrar
Que mata a fome
Que arde em nós
De na vida
Sermos muito menos sós.
O meu amor
Plantou raízes na esperança
De me apagar da lembrança
Tanta dor.
E foi de amor
Que me falou beijo a beijo
Murmírios do meu desejo
De mulher.
E é o amor
Que vem dizer a quem sente
Que a vida nem sempre mente
Que ainda há amor.
Cds mafalda arnauth á Venda