lúcio sanfilippo - canto dos cafezais
Acorda negro pra moer café
Acorda negro pra moer café
Negro já são cinco horas
Hora de ficar de pé
Sinhá não quer saber
Se negro é homem, menino ou mulher
Negro já são cinco horas
Hora de ficar de pé
Sinhá não quer saber
Se negro é homem, menino ou mulher
Acorda negro pra moer café
Acorda negro pra moer café
Negro já são cinco horas
Hora de ficar de pé
Sinhá não quer saber
Se negro é homem, menino ou mulher
Negro já são cinco horas
Hora de ficar de pé
Sinhá não quer saber
Se negro é
Homem, menino ou mulher
Negro chora
Chora pra manter sua fé
Negro chora
Chora pra manter sua fé
Negro chora
Chora pra manter sua fé
Negro chora
Chora pra manter sua fé
A fé que carrego na guia
Nas contas do meu orixá
Que me ampara noite e dia
Aonde quer que eu vá
Que me dá a melodia
Para eu poder cantar
As palavras e as rimas
Para eu orar com fé
Quando fraco estiver
Nas fazendas de café
Negro chora
Chora pra manter sua fé
Negro chora
Chora pra manter sua fé
Negro chora
Chora pra manter sua fé
Negro chora
Chora pra manter sua fé
Preto velho já dizia
Para não me preocupar
Pois meu pai me cuidaria
Sempre, em qualquer lugar
Oxalá é quem me guia
Pela mata ou pelo mar
Pelas mãos de iemanjá
Para eu orar com fé
Quando fraco estiver
Nas fazendas de café
Acorda negro pra moer café
Acorda negro pra moer café
Negro já são cinco horas
Hora de ficar de pé
Sinhá não quer saber
Se negro é homem, menino ou mulher
Negro já são cinco horas
Hora de ficar de pé
Sinhá não quer saber
Se negro é homem, menino ou mulher
Acorda negro pra moer café
Acorda negro pra moer café
Acorda negro pra moer café
lúcio sanfilippo - festa pra logum edé
COLHE AMENDOIM, MILHO E COCO
MANDA PREPARAR O AXOXÃ?
ARCO E FLECHA EM PUNHO, Ã? SÃ? BRAVURA
PLANTA ROÃ?A AGRICULTURA
IANSÃ?, OGUM, AGUÃ? E OXALÁ
BRINCA, GINGA, CORRE, REZA E CURA
PRESSA O PASSO, CRIATURA
A MÃ?E MATA CÃ?U E OURO CHAMA
JEJE, KETU E ANGOLA VÃ?M TE VER
DESFILAR TEU ABEBÃ?
VER TEU LUME SOL E BRONZE DE URUCUM
DESPE O VÃ?U, DERRAMA REALEZA
TECE, CRESCE COR RIQUEZA
Ã? LOGUM LOGUM
CAMARÃ?O, CEBOLA, AZEITE E OVO
TEMPERA O FEIJÃ?O DO OMOLOCUM
LAVA A ALMA, SAL, MEL E CANDURA
LAROIÃ?, DENDÃ?, DOÃ?URA
AJUNSUM, BESSEM, SOBÃ? E IEMANJÁ
NANÃ? NINA FLOR DE FORMOSURA
BENZE, BRINDA COM FARTURA
A MÃ?E ÁGUA CÃ?U E OURO CANTA
TODO ENCANTO CANTA, Ã? SÃ? BELEZA
OURO AMOR AZUL-TURQUESA
Ã? DE SONHOS CAÃ?ADOR E PESCADOR
VALHA-ME, PERFUMA E ME ARREBATA
PELAS CASCATAS E MATAS
Ã? LOGUM LOGUM ARÃ?
LOSSI LOSSI
DANÃ?A FILHO DE TOBOSSI
OLHA QUANTA FLOR EU TROUXE
PRA EMBALAR TEU IJEXÁ
FARA, LOGUM
CAÃ?A FILHO DE OTOLU
PAI MAIOR QUE Ã? OLORUM
TROUXE AXÃ? PRO TEU OFÁ
lúcio sanfilippo - razões africanas
SEMENTES PLANTADAS DO BAOBÁ
TRAZIDO DA ÁFRICA
RAÍZES DA FLOR DE MARACUJÁ
QUINADAS COM MÁGICA
O TORSO COLORIDO DA NEGRA LINDA
QUE VEM DE LUANDA PRA ENCANTAR
LA LA LAIÁ LAIÁ LAIÁ
LA LA LAIÁ LAIÁ LAIÁ
O VENTO QUE SOPRA UMA BRISA LEVE
DESCANSA NA BEIRA-MAR
AS ÁGUAS QUE DANÃ?AM NA TERRA VERDE
PRESENTE DE IABÁ
A FORÃ?A DE ZAMBI, OLODUMARÃ?, OLORUM
Ã? AXÃ? PRO MEU ORIXÁ
LA LA LAIÁ LAIÁ LAIÁ
LA LA LAIÁ LAIÁ LAIÁ
A LUA QUE INUNDA UM OLHAR QUE ESTRELAS
NÃ?O CANSAM DE BRILHAR
O BALANÃ?AR DAS FOLHAS NA MATA
AS ERVAS PRA CURAR
SOL FOGO AQUECENDO TAMBORES E MÃ?OS
EMBALANDO A FONTE DA VIDA
LA LA LAIÁ LAIÁ LAIÁ
LA LA LAIÁ LAIÁ LAIÁ
A RAÃ?A, A COR, CORAÃ?Ã?O VALENTE
SEMENTE HÁ DE BROTAR
ENTRANHA NA TERRA MACIA E QUENTE
RAIZ DO JEQUITIBÁ
A TEMPESTADE CARREGA, ARREBATA
MAS JUNCO ENVERGA E NÃ?O QUEBRA
LA LA LAIÁ LAIÁ LAIÁ
LA LA LAIÁ LAIÁ LAIÁ
VOCÃ? ME PREGUNTA QUAL A RAZÃ?O
EU LHE DIGO QUAIS SÃ?O AS RAZÃ?ES ... AFRICANAS
Ã? QUE MANDINGA DE UMBANDA, QUIMBUNDO, CONGO, CAMBINDA
Ã? DAOMÃ?, IRÃ?, KETU, OIÃ?, IJEXÁ, BENIN
Ã? OPANIJÃ?, ADARRUM, OLODUM, VANINHA, QUENDÁ
VOCÃ? ME PERGUNTA POR QUE RAZÃ?O
EU RESPONDO, SÃ?O RAZÃ?ES AFRICANAS
Ã? ADO, AXOXÃ?, EBO YÁ, EBÃ?, AKARÁ
Ã? DOBURU, ACAÃ?Á, AMALÁ, PADÃ?, ACARAJÃ?, OMOLOCUM
Ã? CANDOMBLÃ?, IBEJI, OFÁ, OXÃ?, OPAXORÃ?
VOCÃ? ME PERGUNTA POR QUE RAZÃ?O
EU RESPONDO, SÃ?O RAZÃ?ES AFRICANAS
NA DANÃ?A SUAVE DA MELODÍA
QUISSANJE QUE UNE A CANÃ?Ã?O NOS GUIA
PRUM MUNDO DE PAZ E AMOR MAGIA
RAZÃ?ES AFRICANAS
Ã? LUZ Ã? CALOR QUE NOS IRRADIA
CAMINHOS DE COR ARCO-ÍRIS VIRA
PAIXÃ?O DE GUERREIROS NO DIA-A-DIA
RAZÃ?ES AFRICANAS
Ã? CAXAMBU, CANDONGUEIRO, TAMBÃ? QUE PUNGA RETUMBA
Ã? QUE BATUQUE, AFOXÃ?, CAPOEIRA, JONGO, ANGOLA
Ã? SARAVÁ, SEMBA, SAMBA, KALIMBAS, MARACATU
VOCÃ? ME PERGUNTA POR QUE RAZÃ?O
EU RESPONDO, SÃ?O RAZÃ?ES AFRICANAS
Ã? XAXARÁ, ABEBÃ?, ACORÃ?, ALUJÁ, ERUXIM
Ã? CABINDA, CUNENE, LUBANGO, BENGUELA, MUTAMBA, MAIANGA
Ã? MATETE, MUFETE, BATUQUEJÃ?, XULA E CATERETÃ?
VOCÃ? ME PERGUNTA POR QUE RAZÃ?O
EU RESPONDO, SÃ?O RAZÃ?ES AFRICANAS
VOCÃ? ME PERGUNTA POR QUE RAZÃ?O
EU RESPONDO, SÃ?O RAZÃ?ES AFRICANAS
VOCÃ? ME PERGUNTA POR QUE RAZÃ?O
EU RESPONDO, SÃ?O RAZÃ?ES AFRICANAS
lúcio sanfilippo - a flor do velho engenho
O velho engenho amanheceu em festa
Sanhaço gorgeou linda canção
O céu azul em ouro se acendeu
E o amor floriu lá na federação
Do fundo do mais belo e cheio rio
Brotou a matriarca da raiz
Do ketu, do azeite e do dendê
E todo o panteão dançou feliz
Veio airá, veio odé
Pra ninar o seu keke
Embalar linda menina,
Consagrar ialoxundê
Foi oxum na casa branca
Que nasceu e o chão tremeu
Mãe nitinha, flor rainha
No jardim de ora ie ie ô
Ià nitinha, mãe rainha
No jardim de ora ie ie ô
lúcio sanfilippo - aprendendo o côco
Eu só quero aprender a dançar coco
Você pode me ensinar
Esse coco umbigado, embolado, rasgado.
Eu quero aprender a dançar
Seguro o coco, aperta o coco.
Sapateia, umbiga lá
Nessa virada apóia o pé
Pisa bem forte
Quebra o coco lá no norte
Ou na ladeira do pilar
É muito coco,eu fico louco
Eu quero mais,vou me acabar
Se eu danço um coco
Improvisado nessa roda
Nada mais me incomoda
Eu danço até o galo cantar
lúcio sanfilippo - baticum de bará
O dono do corpo quer dançar
Mavamba na barra do dia
No semba, Bombogira samba
Aluvaiá alivia
No baque do baticum do baobá
Bará é boca que tudo come
Menino travesso é Eleguá
Na gira quem tranca a rua é homem
Elegbara vodum
Exu Odara, Agô iê!
Ina, Ina, majubá
Ará de Orum no aiê
No tempo sem tempo que tempo tem
Acerta a pedra que não lançou
A pedra do tempo vai e vem
Num pássaro que já voou
lúcio sanfilippo - carapuça
Olha que essa carapuça serve (veste)
Que essa carapuça cabe
Que essa carapuça dá
Olha que o whisky que se serve
Pode vir sem coca-cola ou sem guaraná
Olha que não é sempre que esse espelho
Reflete fielmente a sua tara
Olha que essa roupa pode te fazer vexame
Mesmo que te custe a cara
Olha, até o céu reúne brilho
Mas não deixa a tempestade afastada
Olha, pra cada pé existe um trilho
Mas se há lama, a pata fica alagada (atolada)
Olha, não pense em nada do que eu digo
Não se mostre tão aflito e não se traia
Pense em algo certo, submisso
Que te dê sumiço
Antes que a carapuça caiba...
lúcio sanfilippo - ciranda sem fim pra lia
O lia iemanjá pediu
Que eu fosse à praia pra te ouvir cantar
E as ondas se agitavam de alegria
Nesta ciranda à vera, feita à beira-mar
Ciranda cirandeira
Oi ciranda no mar cirandeira
Oi ciranda na terra
Ciranda na ilha pro povo cantar
Ciranda cirandeira
Oi ciranda pro mar cirandeira
Oi ciranda pra terra cirandeira
Ciranda pra lia de itamaracá
Lia cirandeira merendeira
Que no tempero já traz letra e melodia
A madrugada dança feito uma criança
E a lua pede ao sol pra não nascer o dia
Ciranda cirandeira
Oi ciranda no mar cirandeira
Oi ciranda na terra
Ciranda na ilha pro povo cantar
Ciranda cirandeira
Oi ciranda pro mar cirandeira
Oi ciranda pra terra cirandeira
Ciranda pra lia de itamaracá
Lia, fina flor da realeza
Mãe da beleza, majestade da alforria
O povo em roda clama por tua presença
Que és de nascença, soberana da alegria
Ciranda cirandeira
Oi ciranda no mar cirandeira
Oi ciranda na terra
Ciranda na ilha pro povo cantar
Ciranda cirandeira
Oi ciranda pro mar cirandeira
Oi ciranda pra terra cirandeira
Ciranda pra lia de itamaracá
Lia negro amor vens de luanda
Cantar ciranda pra saudar iemanjá
E lá no alto as estrelas vão chegando, devagar
Dando suas mãos pra começar a cirandar
E quando a noite se cansar
E vir raiar um novo dia
A gente canta ciranda sem fim pra lia
Ciranda cirandeira
Oi ciranda no mar cirandeira
Oi ciranda na terra
Ciranda na ilha pro povo cantar
Ciranda cirandeira
Oi ciranda pro mar cirandeira
Oi ciranda pra terra cirandeira
Ciranda pra lia de itamaracá
lúcio sanfilippo - ewa
Quando chove na beira do rio
A flor brinca na corredeira
Quando ela canta acende uma estrela
Celebra toda a natureza
Onde ela pisa, nasce uma flor
Tem cheiro de terra antes da chuva
Embeleza o céu e a terra
Brinca de moldar a lua
Brilha Ewa
Arco íris que cruza o firmamento
Branca Ewa
Dom (dan) que muda e desmuda qual camaleão
Ah Ewa
Dança cobra que cisca pra fazer brotar a vida
Tão somente o encanto e a luz do meu coração
Céu vermelho em fim de tarde
Ninguém sabe quando e onde
Manto de constelação
Estendido no horizonte
Quando foge é só neblina
Que disfarça e faz sonhar
Canto em cores, moça fina
Virgem que não quer casar
Brilha Ewa
Arco íris que cruza o firmamento
Branca Ewa
Dom (dan) que muda e desmuda qual camaleão
Ah Ewa
Dança cobra que cisca pra fazer brotar a vida
Tão somente o encanto e a luz do meu coração
lúcio sanfilippo - marcha-rancho da bênção
O clarão da lua
Iluminava os passos
Que espalhavam a mágoa
Que do rosto andava a rolar
A rua larga
Abrigava o corpo
Que de tão cansado
Bambeava torto a requebrar
A marcha-rancho ainda retumbava
Quando a doce amada
Desprezou meu todo bem-querer
E a fantasia
Antes caprichosa
Era só retalho fora do salão
Eu não contava
Que essa dor tão forte
Fosse como um corte
Bem profundo no meu coração
Que já batia fraco
Arritmado, atravessado
Torpe pela contramão
Do peito em vão
Eu destroçado
Abandonado ao léu
Descamisado ao céu
Rogando por clemência
A voz chorosa
Ã? chuva fina em prosa
Bem que foi sentida
A minha grande dor
A melodia doce embargada
Mensageira alada
Se chegou ao dó do criador
E quando a vida logo se esgotava
A alma embriagada
Recebeu do alto a bênção
Outra morena
Tão formosa e só no mundo cão
Abriu estrada
Fez morada
Cortou a sina ingrata
E deu guarita
Para o meu amor
lúcio sanfilippo - queijo com melado
Não me fale assim dessas coisas
Nem me olhe assim desse jeito
Que meu coração não entende
E começa a dar pulo em meu peito
E começa a gostar feito um doido
E desanda sentir arrepio
Em coração assim que nem o meu
Nem eu mesmo confio
Não me dê assim seu sorriso
Nem insinue assim teu amor
Esse amor que eu tanto preciso
Pra acalmar um pouco essa dor
Deixe de brincadeira comigo
Tô com medo até de você
Olha que meu coração
Tá querendo se envolver
Mas você é sol de primavera
É queijo com melado
Você é coisa que meu coração
Não tá acostumado
É sol de primavera
É queijo com melado
Você é coisa que meu coração
Não ta acostumado não
lúcio sanfilippo - reverso
Quem a ti negou fere os dedos nessa viola
Desencantado, sente a mesma dor
Que em ti morou a vida afora
Quem de ti zombou traz no rosto a mesma mágoa
Abandonado, sente o mesmo amor
Que em ti custou a ir embora
A carícia dessa toada
Molha os olhos sem querer
A saudade me aflora
O que faço pra conter
Quando a vida joguei fora
Pensei outra vida ter
Parto com meu verso agora
Cravo a espora no alazão
E, sabe Deus...
Hoje, quem por ti sufoca
Ainda ontem, despertou teu bem-querer
lúcio sanfilippo - santo maracatu
Eu vou pedir à Calunga
Força pra continuar
Quero levar meu cortejo
Em honra ao meu orixá
Meu bloco na rua
Que coisa mais linda
Minha majestade
Eu vim coroar
Com palha da costa
Com flores e contas
Panos coloridos
Vim presentear
Santa bendita Calunga
Encanto de nosso senhor
Faça minha festa tão linda
E encha o meu canto de amor
Lá vem minha corte
Trazendo de longe
Rainha do congo
Alegre a bailar
Luz de lanterneiro
Abrindo caminho
E a dama do paço
A nos abençoar
lúcio sanfilippo - guerreiro caçador
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