MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
fátima guedes - passional
Já vai embora...
não diga adeus toda hora.
Diga só um que tente cortar
esse meu ar de sua senhora,
insuportavelmente um ar que te explora.
Não morra de pena de mim.
O que eu sinto
é coisa que passa e não mora.
Seja feliz pela vida.
pra mim é questão de tempo ou bebida.
Pode ser de tempo ou ser de temporal,
daquele que arrasa e que a tudo faz mal...
Depois tudo fica igual.
Esqueça meu pranto
e o meu rosto arrastando
esse amargo terror passional.
Veja meu caro,
nosso amor não foi nada de raro.
Teve um magro final.
O fim de toda trama
que começa na cama
e termina metade carnal.
Já vai embora...
Me deixe sozinha agora.
Que eu quero me despentear e me desesperar
pela casa afora,
sumir no rubor de quem chora,
clamar a explosão do desgosto
e acabar com esse meu ar
de sua senhora.
fátima guedes - a bailarina
Gira a bailarina
Na caixa de música
Lívida menina
Rodando, rodando...
Num pequeno círculo
De ouro e de espelho
Escrava do delicado
Mecanismo
Pálida e suave
Em seu bailado frívolo
Quantas vidas passa
Dançando, dançando...
Com a orgulhosa pose
De uma estirpe distante
Finita num infinito
Narcisismo
Roda a bailarina
A sua sina
De tonta
Guardiã de jóias e segredos
De família
Com a roupinha de balé
Com a sapatilha
Relíquia de passar
De mãe pra filha
Ela se persegue
Em seu passeio lúdico
Presa na caixinha
Girando, girando, girando...
fátima guedes - lápis de cor
Com amor, lápis de cor,
Desenhei uma casinha pra gente ir morar,
Com fumaça na chaminé
E o sol a brilhar
No canto da página.
Com amor e lápis de cera
Desenhei uma mangueira com uns passarinhos.
É difícil traçar bichinhos
Sem saber desenhar
Mas eu tentei.
Plantei um jardim caprichado,
Um pouco estilizado, diferente.
Pus uma cerca branquinha embora
Cerca nada tenha a ver com a gente
E foi tanto o meu empenho
Que o tal do desenho estava lindo
Com os pássaros cantando e o sol saindo
Do canto da página
fátima guedes - vô alfredo
Vô Alfredo
tinha febre lá na língua do frê
e danava a dançar o frevo
numa afrição africana,
uma macumba fremente
que não se vê mais não.
Minha língua se soltava do freio
e falava em tesão
hum, hum, hum, hum...
Ai, ai, como era bom
pular no cordão.
Friendship from Recife
sifu se o Mister Pou,
frajola pr'arriba da gente
com seu fru-fru fricoteiro,
um canhão de ketchup,
em onda de tubarão.
Minha língua manda à merda esse freio,
três veis salve o tesão
hum, hum, hum, hum...
Ai, ai, frevo e baião,
toada e sambão.
Canta o pau, acorda o zabumba
freme, freme o sertão.
Canarim, canarim, eu desfraldo
o frevo no coração.
Canarim, canarim, fraternal
fratura a fronteira, irmão.
Vovô Alfredo, eu vou ao frevo
frevendo de emoção.
fátima guedes - a dois
Mas de repente a luz,
A explosão me cega
Essa paixão me pega
E me reduz a dois
Então já sei que é dor
Rimando com amor
Um anjo diz amém
E falta ar depois
Mas só seu nome é lindo
Só seu corpo é bom
O mundo triste exílio
Não passa de um borrão
Você é nitidez
Melhor obra de deus
Quem sabe ele só quis
Se ver com os olhos meus
Mas de repente a luz...
fátima guedes - a rota do indivíduo
Mera luz
Que invade a tarde cinzenta
E algumas folhas
Deitam sobre a estrada
O frio e o agasalho
Que esquenta o coração gelado
Quando venta
Movendo a água abandonada
Restos de sonho
Sobre um novo dia
Amores nos vagões,
Vagões nos trilhos
Parece que quem parte é a ferrovia
Que, mesmo não te vendo, te vigia
Feito mãe, feito mãe
Que dorme, olhando os filhos
Com os olhos na estrada
E no mistério solitário da penugem
Vê-se a vida correndo parada
Como se não existisse chegada
Na tarde distante,
Ferrugem ou nada.
Amores nos vagões,
Vagões nos trilhos
Parece que quem parte é a ferrovia
Que, mesmo não te vendo, te vigia
Feito mãe, feito mãe
Que dorme, olhando os filhos
Com os olhos na estrada
E no mistério solitário da penugem
Vê-se a vida correndo parada
Como se não existisse chegada
Na tarde distante,
Ferrugem ou nada.
fátima guedes - absinto
Eu bebo essas águas passadas
Como um vinho
Que não há de voltar do seu caminho
Pra acabar com essa sede que ainda sinto
Um absinto
De mágoa, de insônia e de saudade
Como se enlouquecendo esta metade
Voltasse a metade que foi contigo
Eu bebo
Quando fico assim desesperada
Quem me dera ficar apaixonada
Pra encontrar o outro lado do moinho
Eu me embriago
Porque meu futuro é muito vago
Eu sinto a tua falta do meu lado
Eu bebo a tua ausência de carinho
Águas passadas
Que vinho amargo
Que gosto tão ruim
Eu tenho sede
Eu tenho medo
Do que será de mim
fátima guedes - água
Água porque fala baixo
Água porque teu murmúrio é um riacho
E água me apazigua
Água que corre em meu leito
Água enquanto esfria o bico do meu peito
Água é a tua saliva
E água me deixa limpa
Presa em minhas mãos inutilmente água
A tão elementar e tão urgente água
Medo de morrer em ti
Sede de beber-te
Ah! Água porque te desejo
Se o lar quando chove é muito mais bonito
Água porque não te vejo
Água porque te acredito
fátima guedes - ainda mais
Foi como tudo na vida que o tempo desfaz
Quando menos se quer
Uma desilusão assim
Faz a gente perder a fé
E ninguém é feliz, viu
Se o amor não lhe quer
Mas enfim, como posso fingir
E pensar em você como um caso qualquer
Se entre nós tudo terminou
Eu ainda não sei mulher
E por mim não irei renunciar
Antes de ver o que não vi em seu olhar
Antes que a derradeira chama que ficou
Não queira mais queimar
Vai, que toda verdade de um amor
O tempo traz
Quem sabe um dia você volta pra mim
E amando ainda mais
fátima guedes - aldeia modelo
Eles viram nossa face macilenta
Nossa barriga impaluda
Mas nada disseram, nada
Porque era caluda
Eles viram nossas casas de barro e palha
Como na intenção de abrigo
Mas não se fizeram entrar
Pois que havia perigo
Eles viram a nossa comida
Por nossas mãos do chão arrancada
De nossas mãos por outras arrancada
E não comeram nada
Não puseram nossas vestimentas
Poeiradas, mal cheirosas
E acharam feias nossas
fátima guedes - ngulos
Curvas dos sapatos
Espelhando esquinas
Números exatos
Cortam-se na brisa
Sóis luzem nos dentes
Você me diz
Vamos parar
Os ângulos retos
Domam seus cabelos
Automóveis pretos
Refletem sapatos
Lábios quase opacos
Você me diz
Vamos parar
Na sua voz
Passam tantas notas
Que não param pra notar
Dedos na mão
Que dorme à sombra do momento
Contam tempos soltos pelo bar
E o amor
Nuvem nos topos
Não encontra lagos
A curva dos copos
Reflete automóveis
Olhos quase secos
Você me diz
Vamos parar
Lágrima no pelo
Espelhando a nuvem
Álcool sobre o gelo
Nenhuma palavra
Unhas sobre a louça
Você me diz
Vamos parar
fátima guedes - apaixonada
Ela me diz
O que um produz um sentimento
Onda feliz
Corre no mar do pensamento
Mágica, vertigem, lucidez
Calmaria, dor, insensatez
Na conta do amor
Todo errado fica certo
Ela não sabe
O que fazer pra ser querida
Mas quando é
Desfaz a lógica da vida
Vai ver uma lua de manhã
Dança toda nua com satã
Na conta do amor
Todo pecado fica lindo
Rindo,
Passa sua idéia
Canta,
Agita a platéia
Ai! Que bom te olhar
Tão apaixonada
Deixa tua risada
Solta pelo ar
fátima guedes - arco-íris
Fadas e gnomos
Todos os duendes de todas as matas
Todas as pedreiras, fios d'água, cachoeiras,
As outras cores do íris
São segredo nosso
Quisera falar das coisas que não posso
Do que faz do ar, a brisa, e a brisa de vento
E o vento de ventania
Essa magia
Essa força que comanda cada elemento
É a poesia
De se recriar e escolher o momento
De ser uma rosa
E de ser o elfo que mora na rosa
Ter um brilho intenso
Como o sol e como o ouro no final do arco-íris
fátima guedes - artigo de luxo
Artigo de Luxo
Samba, agora
É artigo de luxo
É luxo só
Quem faz samba
Tem sempre um cartucho
Na manga do paletó
Ele aguenta o repuxo, bambeia,
cai no chão, sacode o pó
Mesmo fora da média,
da midia, da moda, da multi,
na manha, na moita,
ele sai di mocó
Chega e já vau dando um nó
Todo moreno, quando passa,
pode estar sambando
Toda morena, caminhando
Mexe com o quadril
É que o samba tá no sangue
Desse povo
Tá no coraçao
De onde ele nunca saia
Dois por quatro
É a cadência e o compasso
Do chão do Brasil
Cds fátima guedes á Venda